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Consequências do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes à saúde humana

RC: 21791
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NETO, Alcides Paulino da Silva [1], ACIOLE, Eliézer Henrique Pires [2]

NETO, Alcides Paulino da Silva. ACIOLE, Eliézer Henrique Pires. Consequências do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes à saúde humana. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 06, pp. 113-124 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Os esteroides androgênicos anabólicos (EAA ou AAS – do inglês anabolic androgenic steroids), também conhecidos simplesmente como anabolizantes, são uma classe de hormônios naturais e sintéticos geralmente derivados do hormônio sexual masculino, a testosterona, e podem ser administrados principalmente por via oral ou injetável. Os diferentes EAA têm combinações variadas de propriedades androgênicas e anabólicas. O consumo abusivo destas substâncias está aumentando cada vez mais, simplesmente com a intenção de melhorar a aparência física. Essa mesma droga pode trazer problemas a longo ou curto prazo. Em doses excessivas podem acarretar possíveis complicações para pessoas saudáveis causando vários efeitos colaterais como câncer de próstata, doença coronariana, ginecomastia, disfunções e câncer hepáticos, além de vários outros que serão tratados neste estudo. O grande problema acerca dos anabolizantes são as vendas ilegais, falsificações e o próprio uso, pois, na maioria das vezes sua utilização se dá de forma indevida. Na legislação brasileira é proibido o uso de anabolizantes sem que haja um motivo terapêutico e é proibida a venda destes compostos sem receita médica. O presente estudo objetivou descrever sobre as consequências do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes à saúde humana, e para tal foi realizada uma pesquisa através de revisão sistemática da literatura mais recente. Os resultados demonstraram que vários efeitos colaterais são causados pelo uso não terapêutico e abusivo dos EAA. Concluiu-se que alguns efeitos adversos parecem ser desconhecidos ou pouco evidenciados na literatura científica, devido, principalmente, à escassez de estudos randomizados controlados que utilizam dosagens supra fisiológicas de EAA em seres humanos.

Palavras-chave: Esteroides anabolizantes, Efeitos colaterais, Testosterona

INTRODUÇÃO

Os esteroides anabolizantes EEA foram desenvolvidos inicialmente para fins terapêuticos, passando posteriormente a ser usados por atletas que queriam obter um melhor desempenho e aumentar seus rendimentos nas competições, como também por jovens que se preocupam com o melhoramento de sua imagem estética. No atual contexto social, esses anabolizantes estão sendo usados com frequência significativa em âmbitos esportivos por jovens e atletas, como um recurso para proporcionar-lhes ganho de massa muscular e consequentemente aumento na força do usuário. Embora os esteroides anabolizantes apresentem resultados positivos, efeitos considerados benefícios ao usuário, o respectivo uso prolongado também tem sido associado a inúmeros efeitos colaterais ou resultados maléficos, principalmente quando administrados em doses excessivas. Assim, o uso abusivo de anabolizantes por jovens atletas ou não atletas tem causado grande preocupação, pois além dos efeitos colaterais já conhecidos, essa prática ocorre sem o devido acompanhamento médico. Além disso, entre os usuários estão aqueles que utilizam produtos clandestinos sem nenhum controle de higiene, seringas contaminadas por quem faz uso de anabolizantes injetáveis, ou usam produtos para fins veterinários, com todos os riscos que isso possa acarretar ao usuário humano. Apesar das medidas éticas e legais que vem sendo tomadas no atual contexto social brasileiro, percebe-se que a utilização desses anabolizantes vem aumentando significativamente entre jovens que buscam aperfeiçoar seu desempenho, sem avaliar os efeitos colaterais que tais drogas possam acarretar à saúde e qualidade de vida (CUNHA et al, 2017).

Apesar de os meios de comunicação publicar quase que diariamente matérias sobre o assunto, muitos usuários desconhecemos possíveis efeitos colaterais dos EAA ou não acreditam nos efeitos adversos dessas drogas. Ressalta-se que existem poucos estudos randomizados controlados que utilizam dosagens supra fisiológicas de EAA em seres humanos e, por essa razão, algumas pesquisas, principalmente em estudos transversos, revelam resultados incongruentes (ABRAHIN et al, 2013)

Dessa forma o presente estudo objetiva descrever sobre as consequências do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes à saúde humana, e para isso foi feito uma empregou-se uma pesquisa através de revisão sistemática da literatura onde foram utilizados artigos, revistas e monografias publicadas nos últimos anos tendo como base de dados: Scielo (www.scielo.org); LilacsBVS (lilacs.bvsalud.org); Pubmed e outros. As consultas foram realizadas por intermédio dos seguintes termos: anabolizantes, esteroides anabolizantes, efeitos colaterais e testosterona.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Antecedentes históricos

Desde a antiguidade a necessidade de ser superior ao seu semelhante e garantir uma posição de respeito dentro do convívio social fez o homem valorizar de forma extrema a aparência física e o tamanho corporal. Quem alcançasse determinado perfil antropométrico, ditado pela sociedade, seria visto como um exemplo de vigor, poder, beleza e sexualidade. Tais características começaram a ser atribuídas aos órgãos sexuais antes mesmo da palavra hormônio ser conhecida. Existem relatos na literatura que indicam que povos do passado, crentes na cultura de que havia alguma ralação entre os órgãos sexuais de animais e algumas substâncias fortificantes e afrodisíacas alimentavam-se de tais órgãos e suas secreções para desenvolverem maior coragem e aumentarem sua força e função sexual. A busca por substâncias que melhoram o desempenho físico é mais antiga do que se imagina. Antigamente os gregos faziam uso de cogumelos alucinógenos, já em Roma, os gladiadores do Coliseu usavam estimulantes naturais, os índios da América do Sul mascam folhas de coca como um estimulante natural e os noruegueses Vikings comiam fungos para se manterem acordados e descansados para as suas batalhas e conquistas, na China, onde a história documenta há mais de 2.700 a.C, o imperador da dinastia Cheng Shen-Nunge descreve o efeito estimulante de uma planta local chamada “machung”, utilizada por lutadores e desportistas chineses para dar mais ânimo e coragem nas disputas (OVIEDO,2013).

A distorção da imagem corporal feita por algumas pessoas é o fator agravante da busca por esse corpo perfeito, faz com que o indivíduo se sinta menos bonito perante a sociedade, o que o move para que procure este tipo de método de melhorar, e rapidamente o corpo. Os padrões de saúde fazem com que as pessoas criem também estereótipos, hoje podemos dizer que uma pessoa com um Índice de Massa Corporal (IMC), dentro dos valores da normalidade é uma pessoa que está bem fisicamente. O que dizer de alguém então que se têm músculos expressivamente desenvolvidos? Esta cultura que é plantada pela sociedade acarreta em influenciar muito as pessoas a mudar seus corpo e usar de métodos que talvez sejam os menos indicados para que se alcancem seus objetivos (DARTORA, et al, 2014).

2.2 OS PRINCIPAIS HORMÔNIOS ESTEROIDES SECRETADOS NO ORGANISMO

O principal hormônio esteroide é o cortisol, secretado pelas células da parte média do córtex adrenal humano (zona fasciculada), com diversos efeitos fundamentais para a vida do corpo. Dentre as ações do cortisol, a mais é conhecida é aumentar o suprimento de glicose sanguínea para os tecidos, principalmente cérebro e coração. Ele age pela promoção do catabolismo das proteínase pela estimulação da conversão dos aminoácidos resultantes em glicose (gliconeogênese), que ocorre principalmente no fígado. É por causa desse papel no metabolismo dos carboidratos que o cortisol e esteroides semelhantes são chamados de “glico-corticoides” Outros hormônios produzidos no organismo são as gonadotrofinas hipofisárias luteinizantes (LH) e o hormônio folículo estimulantes (FSH), que regulam o crescimento testicular, a espermatogênese e a esteroidogenese. Assim, o LH aumenta a síntese de AMP cíclico nas células intersticiais do testículo, o que aumenta a conversão de colesterol para estrógenos; já o FSH promove a espermatogênese e eleva a atividade da LH, aumentando a síntese de testosterona. Os glicocorticoides são substâncias de estrutura química relacionada à estrutura do cortisol, conhecidas como esteroides adrenais. O cortisol, que exerce importante papel no equilíbrio eletrolítico e no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos, possui um potente efeito anti-inflamatório (LIMA e CARDOSO, 2011).

2.3 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE ESTEROIDES

Foram produzidos vários tipos de esteroides anabólicos pela indústria farmacêutica: Supositórios, cremes, selos de fixação na pele e sublingual, porém os mais consumidos são os orais e os injetáveis. O córtex adrenal produz vários hormônios potentes, todos derivados de esteroides, onde os mesmos são agrupados em três classes gerais, cada uma com funções características: os glicocorticoides, mineralocorticoide e androgênios ou estrogênios (SILVA e LIMA, 2007).

Os anabolizantes também podem ser classificados em:

2.3.1 Esteroides anabólico-androgênicos: são medicamentos que funciona de maneirasemelha ao hormônio (Testosterona, Hemogenin, Decadurabolim,Durateston, etc.);

2.3.2 Hormônio do Crescimento (GH): são medicamentos à base de hormônio do crescimento, ou seja, anabolizante protéico, não androgênico e lipolítico;

2.3.3 Produtos derivados de hormônios: que não se enquadram nos grupos citados, como os hormônios de uso veterinário e aqueles que não puderam ser identificados no comércio local Equipoise, Equipost, Equifort, Anabol, etc.(SILVA e LIMA, 2007).

A utilização dos anabolizantes pode ser feita por meio da ingestão oral ou aplicação intramuscular. Os usuários costumam fazer o uso em ciclos, em que doses maiores são aplicadas progressivamente, com um intervalo de tempo que pode variar de 4 a 18 semanas. Entre vários compostos que geram efeitos anabolizantes, os administrados oralmente como a oximetolona, a oxandrolona, a metandrostenolona e o estanazolol – são os mais utilizados. Entre os injetáveis mais frequentemente utilizados estão o decanoato de nandrolona, o fenpropinato de nandrolona, o isocaproato detestosterona e o cipionato de testosterona (SANTOS, 2006).

Segundo (CUNHA et, al.2004) todos os esteroides que são chamados anabólicos são compostos derivados da testosterona. Atuando sobre os receptores androgênicos, modulam de forma indissociável tanto os efeitos androgênicos como os anabólicos. Tais substâncias variam na relação entre a atividade anabólica e androgênica, mas nenhum fármaco atualmente disponível é capaz de desencadear somente efeitos anabólicos. A manipulação da molécula original de testosterona para formulação dos EAA influencia sua farmacocinética, biodisponibilidade e/ou o balanço da atividade androgênica em prol da anabólica.

Tabela 1: Lista dos anabolizantes mais utilizados no mercado

Nome comercial Nome das substâncias (s) ativa (s) Apresentação
Anabol, Dianabol Metandrostonelona Cápsulas de 5mg
Anabolicum vister Quimbolona Cápsulas de 10mg
Anavar Oxandrolona Cápsulas de 2,5mg
Androxon Undecaonato de testoterona Cápsulas de 40mg
Deca-durabolin Decaonato de nandrolona Ampolas de 1ml com 25 e 50mg/ml
Durateston Propionato de testosterona, fenilpropionato de testosterona, isocaproato de testosterona, caproato de testosterona, óleo de amendoin. Ampolas de 1ml
Equipoiese Undecilenato de boldenone Ampolas de 2ml
Gabormon GABA e metiltestoterona Cápsulas com 1,5mg e 10mg
Gerosenil Metiltestoterona Cápsulas de 10mg
Hemogenin Oximetolona Cápsulas de 50mg
Proviron Mesterolona Cápsulas de 10mg
Testiormina, Deposteron Cipionato de testosterona Ampolas de 1ml com 30mg/ml
Winstrol Estanozolol Ampolas ou cápsulas de 10mg

Fonte: Revista Brasileira de Ciência da Saúde, ano 9 nº 29, jul/set 2011

2.4 AQUISIÇÃO DOS EAA

São pouquíssimas as pesquisas que avaliam a forma como os ex-usuários e usuários adquiriram os EAA. Nesta pesquisa foram encontrados apenas três estudos que analisaram este dado e foi observado que o acesso é mais frequente por meio de farmácias visto que, a maioria dos usuários declara que adquiriram o produto nelas, sem receita médica com uma enorme facilidade na compra, outro meio citado foi à compra online feita pela internet. Logo, percebe-se que os responsáveis pelas farmácias nas quais se pratica a venda de EAA sem receita médica estão agindo ilegalmente, pois de acordo com a lei Nº 9.965, de 27 de abril de 2000, “a dispensação ou a venda de medicamentos do grupo terapêutico ou peptídeos anabolizantes para uso humano estão restritos à apresentação e retenção, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrado nos respectivos conselhos profissionais” (ABRAHIN et, al. 2011).

2.5 LEGALIZAÇÃO NO BRASIL

O estatuto social que condena o consumo não medicamentoso de drogas na sociedade brasileira não é novidade nos relatos médicos, tendo em vista preceitos éticos ligados à preservação da vida. Essa se tornou uma importante questão que aparece nas análises sobre o crescimento do consumo atual de anabolizantes, orientando a sua condenação no âmbito da ética médica. No Brasil, os EAA não se enquadram em grupos de medicamentos como os opiáceos ou os benzodiazepínicos, que demandam receitas especiais para sua prescrição clínica. Isso indica, por sua vez, que este tipo de medicamento não é encarado com uma droga de abuso da mesma escala que os psicotrópicos. Os EAA no país brasileiro são classificados como medicamentos de uso controlado, conforme regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segundo portaria que aprova o regulamento técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, os anabolizantes pertencem ao grupo C5, específico dessas substâncias. A venda e a dispensação desses medicamentos ficam sujeitas à apresentação de receita médica em duas vias, das quais uma cópia fica retida no estabelecimento (Brasil, 1998). Entende-se, portanto, que esse uso controlado fica restrito ao que se considera como uso médico já descrito. Neste quadro, é curioso observar que a “bomba”, do ponto de vista dos usuários, funciona em diapasão análogo, ou seja, como uma forma de “uso controlado” do medicamento, no entanto, para outros fins que não os indicados clinicamente. Pode ser dito que a condenação do uso não médico contribui para que as formas descontroladas de consumo sejam reforçadas. Se, por um lado, a literatura biomédica atesta a existência de danos à saúde proveniente do uso não terapêutico de EAA, por outro lado, desconsiderar o uso não médico não permite a produção de conhecimento sobre a magnitude deste uso (CECCHETTO, MORAES e FARIAS, 2012).

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA – Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: No 9.965, de 27 de Abril de 2000.

Art. 1o A dispensação ou a venda de medicamentos do grupo terapêutico dos esteroides ou peptídeos anabolizantes para uso humano estarão restritas à apresentação e retenção, pela farmácia ou drogaria, da cópia carbonada de receita emitida por médico ou dentista devidamente registrado nos respectivos conselhos profissionais.

Parágrafo único. A receita de que trata este artigo deverá conter a identificação do profissional, o número de registro no respectivo conselho profissional (CRM ou CRO), o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e telefone profissionais, além do nome, do endereço do paciente e do número do Código Internacional de Doenças (CID), devendo a mesma ficar retida no estabelecimento farmacêutico por cinco anos.

Art. 2o A inobservância do disposto nesta Lei configurará infração sanitária, estando o infrator sujeito ao processo e penalidades previstos na Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das demais sanções civis ou penais.

Art. 3o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão celebrar convênios para a fiscalização e o controle da observância desta Lei.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de abril de 2000; 179o da Independência e 112o da República. (CARDOSO, GREGORI e SERRA, 2000)

2.6 EFEITOS COLATERAIS E MECANISMOS DE AÇÃO

Os EAA podem afetar as enzimas mitocondriais e sarcotubulares no músculo esquelético, a nível celular e além de proporcionarem efeitos deletérios nos músculos do sistema respiratório, diminuindo a densidade capilar e ocasionando edema e ruptura de mitocôndrias. O uso clínico e de abuso com alteradas formas de administração dos EAA: por via retal, nasal, transdérmica ou até mesmo implante de cápsulas para suplantar o metabolismo de primeira passagem do fígado os quais devem ser administrados por via oral ou parenteral. Os riscos de complicações aumentam à medida que o usuário combina vários esteroides anabólicos, ocasionado diferentes respostas pela interação entre eles, dessa maneira a prevalência dos efeitos colaterais está associado com os tipos de esteroides, idade e sexo do usuário e uso prolongado e a altas doses (DUTRA, PAGANI e RAGNINI, 2012).

Ainda segundo (DUTRA, PAGANI e RAGNINI 2012) o uso abusivo desses hormônios pode levar o individuo a ter tremores, acne grave, retenção de líquidos, dores nas juntas, aumento da pressão sanguínea, alteração do metabolismo do colesterol, assim diminuindo o HDL e aumentando o LDL, alterações nos testes de função hepática, icterícia e tumores no fígado, policitemia, exacerbação da apeia do sono, estrias e aumento de disposições de lesões do aparelho locomotor. O consumo de anabolizantes causa desequilíbrio hormonal com diminuição nos níveis de testosterona endógena podendo levar à ginecomastia, atrofia testicular, alterações na morfologia do esperma e infertilidade. O desequilíbrio na mulher manifestada pela masculinização, evidenciada pelo engrossamento de voz e crescimento de pêlos no corpo no padrão de distribuição masculino, ocasionando irregularidade no ciclo menstrual e aumento do clitóris. Quando o EA é usado na adolescência, acarreta o fechamento das epífises ósseas, causando déficit final do crescimento, devido o amadurecimento ósseo precoce, podendo também gerar virilização profunda em indivíduos saudáveis. São encontrados na literatura relatos de efeitos deletérios no sistema cardiovascular, observados em atletas usuários de esteroides anabolizantes, como insuficiência cardíaca, fibrilação ventricular, tromboses, doença isquêmica e infarto agudo do miocárdio além de transtornos psicológicos como: mudanças de humor, comportamento agressivo, depressão, hostilidade, surtos psicóticos e adições, ocorrendo, em alguns casos um quadro parecido com síndrome de abstinência.

Os efeitos colaterais dos EAA estão relacionados, principalmente, às suas propriedades androgênicas e tóxicas. Tais efeitos podem afetar vários órgãos e sistemas. A utilização de diversos EAA, inclusive outras drogas, como GH, insulina, efedrina, óleos localizados, entre outras, podem aumentar os riscos, em função da interação de diversas substâncias que podem potencializar os efeitos colaterais (ABRAHIN e SOUSA, 2013)

2.6.1 COMPLICAÇÕES NO SISTEMA CARDIOVASCULAR PELO USO DE EAA

Grande ênfase tem sido dada ao uso indiscriminado de EAs, já que entre os seus efeitos colaterais estão os sérios prejuízos causados ao sistema cardiovascular, como, por exemplo, as complicações vasculares, cardiomiopatias, aterosclerose, hipertensão e aumento do colágeno tecidual cardíaco, no entanto seus verdadeiros efeitos ainda esperam por esclarecimento. (CARMO; FERNANDES e OLIVEIRA 2012).

Ainda segundo (CARMO; FERNANDES e OLIVEIRA 2012) um dos fatores já bastante documentados na literatura relacionados aos efeitos dos EAs sobre o sistema cardiovascular é a sua ação sobre os lipídios plasmáticos. Trabalhos mostram que usuários destas drogas tiveram aumento do LDL e diminuição do HDL sendo que suas ações podem estar relacionadas ao aumento na atividade da enzima lipase triglicerídea hepática (HTGL), a qual regula os níveis de lipídios e lipoproteínas, inibindo a redução da placa aterosclerótica.

Além dos seus efeitos sobre a PA, o uso de EAs também pode ser associado ao infarto agudo do miocárdio e morte súbita em jovens.

2.6.2 COMPLICAÇÕES MUSCULARES

O uso de anabolizantes esteroides é feito por alguns atletas como forma de ganho de massa muscular, definição e melhor desempenho, como sua aplicação é feita na maioria das vezes sem assepsia adequada, o local da administração se torna potencial foco de infecção. Essa infecção local geralmente evolui para abscessos que costumam ser bastante exuberantes e o tratamento precoce com ação enérgica se faz necessário para controle desses processos infecciosos que podem evoluir rapidamente para quadros mais graves como necrose muscular ou sepse (FILHO et, al. 2011).

3. CONCLUSÃO

O comportamento de risco é o fator primordial para que o corpo fique vulnerável e susceptível as mais diversas situações. O uso de esteroides nos deixa vulneráveis já que de fato aceleram o metabolismo e deixam as pessoas com aspecto saudável além da facilidade e rapidez para ganho de força e músculos. Por outro lado oferece um grande risco a saúde podendo causar efeitos colaterais irreversíveis e até a morte. Apesar de existir um controle para a compra deste tipo de medicamento, este não é de todo efetivo, originando um alto risco no surgimento de doenças nos usuários, além do crescente número de adeptos sem controle na população. Portanto, necessita-se de mais estudos que abordem esta problemática, maior controle na comercialização destes produtos e intervenção por parte dos entes governamentais responsáveis.

REFERÊNCIAS

ABRAHIN et, al. Análise sobre os estudos científicos do uso de esteroides anabolizantes no Brasil: um estudo de revisão. FIEP BULLETIN – Volume 81 – Special Edition – ARTICLE II – 2011.

ABRAHIN, ODILON SALIM COSTA e SOUSA EVITOM CORRÊA DE. Rev Bras Med. Esporte – Vol. 19, No 1 – Jan/Fev, 2013

ABRAHIN, ODILON SALIM COSTA e SOUSA EVITOM CORRÊA DE. Rev. Educ. fis. UEM, v.24n; 4,p 669-679 4. Trim. 2013.

CARDOSO, FERNANDO HENRIQUE; GREGORI, JOSÉ e SERRA, JOSÉ. Presidência da República. Subchefia para assuntos jurídicos Lei No 9.965, de 27 de Abril de 2000. Disponível em (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9965.htm) acessado em 23/11/2017 às 22:30h.

CARMO, EVERTON CRIVOI DO; FERNANDES TIAGO; OLIVEIRA EDILAMAR MENEZES DE. Esteroides anabolizantes: do atleta ao cardiopata. Rev. educ. fis UEM vol.23 no. 2 Maringá 2012.

CECCHETTO, F.; MORAES, D.R.; FARIAS, P.S. Distinct approaches towards anabolic steroids: risks to health and hypermasculinity. Interface – Comunic. Saúde Educ., v.16, n.41,p.369-82, abr./jun. 2012 9.

CUNHA, LUCAS FRANKLIN BEZERRA DA- et, al. Uso progressivo de anabolizantes: abordando efeitos desejados e malefícios causados a jovens e atletas. Rev. temas em saúde /volume 17, Número 2 ISSN 2447-2131 João Pessoa, 2017.

CUNHA, TATIANA SOUSA et, al. Esteroides anabólicos androgênicos e sua relação com a prática desportiva-Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 40, n. 2, abr./jun., 2004.

DUTRA, BRÍGIDA SOUZA CORTÊS; PAGANI-MARIO MECENAS e RAGNINI, MILLENA PANCOTTI / Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 3(2):21-39, jul-dez, 2012

FILHO, NIVALDO SOUZA CARDOSO et, al. Piomiosite em atletas após o uso de esteroides anabolizantes – relato de casos. Rev. bras. ortop. vol.46 no.1 São Paulo  2011

JONES, DARTORA WILLIAM et, al .Rev Cuid. 2014; 5(1): 689-93

LIMA ALISSON PADILHA DE e CARDOSO FABRÍCIO BRUNO – Alterações fisiológicas e efeitos colaterais decorrentes da utilização de esteroides anabolizantes androgênicos- Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 9, nº 29, jul/set 2011.

OVIEDO, EDDIE ALFONSO ALMMARIO 2013-DF. As Consequências do uso indevido dos Esteroides Anabolizantes Androgênicos nas esferas civil, penal e administrativa: conhecer, prevenir, fiscalizar e punir.

SANTOS, ANDRÉ FARO et, al. Anabolizantes: conceitos segundo praticantes de musculação em Aracaju (SE).Psicologia em Estudo, Maringá, v.11, n. 2, p. 371-380, mai./ago. 2006.

SILVA KAYTIANE GALDINO e LIMA, RODRIGO MACIEL. Prevalência da utilização de anabolizantes pelos estudantes de Educação Física na cidade de Campos dos Goytacazes Vértices, v. 9, n. 1/3, jan./dez.2007.

[1] Graduado em Licenciatura plena em ciências biológicas pela FABEJA-faculdade de formação de professores do Belo jardim.

[2] Professor orientador. Mestre em Saúde humana e meio ambiente.

Enviado: Janeiro, 2018

Aprovado: Outubro, 2018

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Alcides Paulino da Silva Neto

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