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Posto avançado de primeiros socorros: saúde e esportes

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

VICENTIN, Daniele Cristina [1], SOUZA, Ednalva Vasconcelos de [2], FARIAS JUNIOR, Josivan Gomes de [3], BARCA, Francisco Napoleão Tulio Varela [4]

VICENTIN, Daniele Cristina. Et al. Posto avançado de primeiros socorros: saúde e esportes. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 07, Vol. 10, pp. 05-18. Julho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/saude-e-esportes

RESUMO

Introdução. As pessoas estão suscetíveis a acidentes ou agravos de saúde, especialmente idosos e crianças devido a fragilidade. Nesse sentido, é notório que em locais de grandes aglomerações de pessoas, como eventos esportivos, o risco de intercorrência na saúde é maior, por isso a necessidade de pessoas capacitadas para a execução do atendimento em primeiros socorros, e de um posto de primeiros socorros para capacitação dos estudantes e apoio em eventos universitários. Objetivo. Este presente trabalho visa demonstrar a construção de um posto avançado em primeiros socorros junto ao Campus Central da UERN, assim como os primeiros trabalhos executados pela sua equipe. Metodologia. A sede do posto avançado foi doada pela Direção da Faculdade, foram feitas reformas com financiamento a partir de cursos anteriores ofertados pela instituição.  Um planilha de plantonistas estudantes foi elaborada de acordo com eventos da Faculdade. Estudantes e o professor coordenador foram responsáveis por auxiliar em casos de primeiros socorros em eventos da própria instituição. Resultados. O posto de práticas de primeiros socorros da UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte) foi estruturado e é composto por discentes e docentes das Ciência em Saúde, tendo como objetivo aprimorar suas habilidades, técnicas e levar para comunidade geral conhecimentos através de cursos de extensão e também suporte para eventos esportivos ou não no âmbito da UERN.  A alguns eventos desportivos foram dado suporte e novas turmas de primeiros socorros foram concluídas. Conclusões. Através dessa parceria foi possível capacitar equipes de profissionais da saúde e difundir o acesso ao atendimento de emergências, prevenindo complicações.

Palavras-chaves: Primeiros Socorros, Saúde, Esportes.

1. INTRODUÇÃO

O atendimento inicial de situações de emergência é conhecido como Primeiros Socorros e o Suporte Básico de Vida (SBV) trata das técnicas básicas que garantem suporte de à vítima, até que tenha acesso ao ambiente hospitalar, ou seja, até que uma equipe especializada com médico possa chegar ao local do acontecimento. Os primeiros socorros são essenciais e devem ser aplicadas de imediato, muitas vezes sendo mais eficazes que o suporte avançado na manutenção da vida. O SBV inclui as manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) nas vítimas em Parada Cardiorrespiratória (PCR), a desfibrilação por meio dos Desfibriladores Externos Automáticos (DEA) e as manobras de manutenção de vias aéreas pérvias. O reconhecimento dessas situações e o atendimento básico imediato podem ser realizados por leigos desde que devidamente orientados e capacitados (AGUIAR et al., 2018; FERREIRA JUNIOR et al., 2018).

Os benefícios dos primeiros atendimentos a pessoas em situações de urgência e emergência já vem sendo demostrado há muito tempo.  Já no final do século XVIII, em muitas guerras, principalmente as napoleônicas, foram colocadas em prática o atendimento de imediato dos soldados feridos, entretanto os primeiros socorros registrados e que se perpetua entre as gerações da humanidade foram os que ficaram registrados na parábola do bom samaritano na bíblia sagrada da religião católica. Desde então, estes períodos, os conhecimentos e técnicas relacionados aos primeiros socorros foram colocados em prática e aprimorados, dando a oportunidade do treinamento para pessoas comuns, leigos que pudessem praticar com eficiência a prestação de auxílio às vítimas em situações emergenciais. Assim, o emprego destas técnicas corretas é possível evitar o aparecimento de complicações e/ou sequelas relacionadas a doença emergencial, prevenindo também danos às pessoas que estão prestando o auxílio, que muitas vezes podem surgir como resultado do impulso e desespero de querer auxiliar (GOMES et al., 2016).

Todo profissional universitário sempre se depara com uma tríade, que normalmente é composta pelo ensino, a pesquisa e a extensão. Estes formam um tripé universitário, onde o conhecimento adquirido na pesquisa é posto na prática diária através da extensão, ou mesmo no ensino dos estudantes que estão na universidade. Tais atividades podendo ser executadas, tanto pelo pesquisador, quanto os estudantes e/ou ainda pela população em geral. Cursos de primeiros socorros e de suporte básico de vida servem para preencher certas lacunas que o ensino público ou privado possui, e possibilita o conhecimento sobre o suporte básico de vida e os primeiros socorros às pessoas da sociedade (FERREIRA JUNIOR et al., 2018; MENEGON et al., 2015).

A forma como as pessoas na sociedade veem o atendimento primário de pessoas em situações de risco de vida mostra-se de extrema importância em todos os setores da sociedade humana. Na universidade tal visão também se torna importante, principalmente quanto a complementação dos programas curriculares de vários cursos na mesma. Um curso de primeiros socorros e de suporte básico de vida pode oferecer formação para pessoas leigas serem capazes de intervir nos mais diversos tipos de agravos e situações que geram quadros de urgência e emergência como objetos estranhos no ouvido ou olho, queimaduras, diarreias, paradas cardiorrespiratórias, crises hipertensivas, traumas, entre outros quadros de complicações, gerados a partir das mais diferentes áreas de atuação da saúde (KAWAKAME e MIYADAHIRA, 2015; KNOPFHOLS et al., 2015).

Assim, dessa forma, com o intuito de a princípio manter uma complementação do ensino superior universitário, o curso de primeiros socorros e suporte básico de vida vem sendo construído e executado por professores e estudantes, principalmente universitários, junto ao Departamento de Educação Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Este curso já teve vários formatos, até o momento o que persistiu, foi a sua versão presencial. Porém em 2016, foi construída e executada um formato diferente, o curso à distância, que se ocorreu por meio de uma plataforma computacional na rede mundial de computadores, que continha elementos em textos e vídeos, também utilizados no curso presencial, além de exercícios para verificação e certificação do aprendizado. O curso a distância ofertava, assim, uma instrução que compreendia uma melhor forma de promover o atendimento de pessoas em situações de urgência e emergência no meio pré-hospitalar, que abrange toda a sociedade acadêmico-científica, além da comunidade em geral (não acadêmicos). As ofertas do curso de primeiros socorros vem acontecendo quase que de forma ininterrupta desde 2013 no seu formato presencial e, excepcionalmente em 2017 foi ofertado na modalidade a distância. Esta modalidade teve grande sucesso na época. Em ambas modalidades, vem sendo abordado temas como crise hipertensiva, imobilização de vítimas, choques, eletrocussão, traumas, cólica nefrética, crises epiléticas, paradas cardiorrespiratórias, ferimentos, hemorragias, retirada de capacete de motos, engasgamento, dentre outros assuntos (VARELA-BARCA et al., 2016; CUNHA et al., 2016; PINHEIRO et al., 2019; ZANATA, 2019).

Como novidade, o antigo projeto de oferta de cursos de primeiros socorros, ganha novos rumos. No Campos Central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), está sendo estruturado um Posto Avançado em Primeiros Socorros e que, no momento, está realizando algumas atividades neste campo, das quais já incorpora os cursos de primeiros socorros e suporte básico de vida, que são ofertados semestralmente a qualquer pessoa, além destes curso o posto avançado pretende dar suporte em primeiros socorros em eventos desportivos realizados pela FAEF (Faculdade de Educação Física). Neste semestre dois eventos desportivos já foram contemplados, citamos aqui O Festival de Natação executado junto a piscinas de outra instituição de ensino (Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA) e o Festival de Futebol de Campo no Estádio Nogueirão.

2. METODOLOGIA

No tocante a parte bibliográfica e descritiva deste trabalho, trata-se de um estudo qualitativo de caráter exploratório descritivo, desenvolvido na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. A base da teoria se deu pela busca de informações sobre atendimento em postos de primeiros socorros ou médicos avançados que vem sendo instalados em eventos, principalmente, desportivos, além da procura de textos científicos que pudesse melhor demonstrar a situação de cursos preparatórios relacionados aos Primeiros Socorros e de Suporte Básico de Vida. Foram feitas buscas e selecionados artigos científicos do banco de dados das plataformas NCBI (PubMed), Scielo e LILACS para embasamento e elaboração desse artigo científico e também dos textos usados em aulas dos cursos presenciais (BARBOSA et al., 2019).

O curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida (SBV) sempre vem sendo executado na UERN desde 2013, teve duas vertentes não-usais de sua forma de execução no segundo semestre do ano de 2017. Neste ano teve uma forma presencial e uma outra à distância. Sendo a forma presencial a que vem sendo executada de forma semestral e quase ininterrupta. As últimas edições da forma presencial e similar a outras edições foram executadas junto as dependências da Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACS-UERN), onde as aulas teórico-práticas foram ofertadas aos sábados, no turno matutino e vespertino. Nas primeiras turmas do curso a execução era feita junto a Faculdade de Educação Física, no campus central, mas logo se deslocou em decorrência da principal clientela do mesmo. Outro local de execução de parte das aulas foi o Corpo de Bombeiro Militar (CBM-RN) de Mossoró, além da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que fica situada no bairro do Alto de São Manoel do município de Mossoró – RN (VARELA-BARCA et al., 2016; CUNHA et al., 2017). O curso sempre foi ofertado para população em geral, apesar da tendência significativa de participação preponderante por estudantes acadêmicos, nunca há limitação do número de vagas, e sempre foi pré-requisito fundamental o domínio da língua portuguesa para a participação, como principal objetivo obter um maior número de inscritos e uma maior expansão dos conhecimentos sobre as técnicas de salvamento de pessoas em urgência ou emergência.

Todos os participantes dos cursos presenciais são normalmente treinados, através de simulações práticas, de oficinas teatrais, de vídeos demonstrativos, de aulas teóricas para que possam realizar as formas mais apropriadas de uma abordagem as vítimas de situações potencialmente causadoras de risco de morte. Nas sessões de realização de treinamentos, como exemplo em Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), retiradas de capacetes de motos e manobras de desobstrução de vias aéreas, são comumente utilizados manequins, um total de três: um adolescente, um adulto e um infantil, que simula seres humanos nestes estágios da vida, além dos próprios componentes do curso que, por vezes, podem assumir um papel de socorrista (as vezes dois) ou de vítima, porém em nenhuma destas situações são colocadas em risco a vida dos participantes. Dentre os instrumentos importantes e frequentemente utilizados nas abordagens teatrais e que simulam atendimentos às pessoas vítimas de situações de urgência incluem: os esfigmomanômetros (para aferição de pressão arterial), oxímetros (para verificação de saturação de oxigênio no sangue e frequência cardíaca), estetoscópios (para ausculta cardíaca, pulmonar e aferição de pressão arterial) e máscaras de silicone ou de tecido (para auxílio na reanimação cardiopulmonar), ataduras para simulação de torniquetes e prática de administração de injetáveis eram executadas com cadáveres cedidos pela instituição (FACS).

Em todas as edições dos cursos de extensão sempre fomos agraciados com monitores, sejam voluntários ou ainda bolsistas, apesar de serem sempre em número reduzido.  Nesta edição do curso e criação do posto de primeiros socorros formos agraciados com dois monitores voluntários (da FAEF) e um bolsista (FACS) pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (PIBEX). Os monitores foram de grande auxílio na apresentação e execução das aulas expositivas e práticas, bem como na execução dos atendimentos de Primeiros Socorros nos eventos realizados pelos professores da FAEF.

Nesta turma do curso de Primeiros Socorros foram elaboradas um total de onze aulas de forma gratuita, e que contavam com aulas teóricas e práticas presencias e executadas nos ambientes já descritos nos parágrafos anteriores. Cada aula era composta por vídeos, discussão de textos e de casos clínicos, e ao final do curso foi sugerido uma atividade de preparação de um projeto de pesquisa ou de extensão fictício por parte dos estudantes. Os temas abordados durante as aulas teóricas foram: Acidente Vascular Cerebral (AVC); crises convulsivas; eletrocussão, paradas cardiorrespiratórias (PCR) e Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) em adultos, crianças e bebês; traumas abdominal, crânioencefálico, de membros e torácico; afogamentos, choques. Os vídeos são apresentados em todas as aulas teóricas, servido para melhor compreensão dos quadros clínicos e para melhor abordagem de cada situação. A atividade final, como já dito antes, incluiu a produção de um texto sob a forma de um projeto de pesquisa ou de extensão.

No que se refere aos atendimentos realizados a princípio, neste semestre, foram durantes os torneios de Natação e de Futebol de campo, ambos realizados por professores da Faculdade de Educação Física da UERN. Os postos de primeiros socorros nos eventos possuíam os seguintes equipamentos para auxílio de eventuais lesões dos participantes: guarda-sol, prancha de madeira para remoção, colar de controle cervical, refrigerador contendo 10 bolsas de gelo para diminuição de dores por parte dos participantes, esfigmomanômetro e estetoscópio, rolos de ataduras 15 cm de largura, gases estéreis, luvas de procedimentos, talas de imobilização, esparadrapo de 10 cm largura e pomada para massagear.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida (SBV) teve já completa nestes semestres uma turma presencial e está programada uma segunda turma para o próximo semestre. Ambas as turmas presenciais com duração semestral. A última turma presencial foi executada de forma similar a outras turmas, ou seja, foi executada junto as dependências da Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACS-UERN), onde foram ofertadas aulas teórico-práticas nos sábados, em turnos por vezes alternados ou as vezes nos turnos matutino e vespertino. As aulas realizadas em outras instituições foram a de retirada e imobilização de pacientes de carros em casos de acidentes, realizada junto ao Corpo de Bombeiro Militar (CBM-RN), e a prática de manuseamento e compreensão de função de um desfibrilador semi-automático, realizada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do bairro do Alto de São Manoel em Mossoró – RN (VARELA-BARCA et al., 2016; CUNHA et al., 2016). As turmas são sempre abertas a população em geral, nunca há limitação de número de vagas, tendo sempre como pré-requisito básico o domínio da língua portuguesa para que a participação possa ser eficiente, sempre com o objetivo de ter o maior número de inscritos e a maior difusão possível e correta das técnicas. Como já descrito anteriormente a maioria das vagas foram ocupadas por acadêmicos de Medicina, desta vez totalizando 15 inscrições.

Os estudantes que estavam participando do curso foram instruídos, através de teoria, aulas em vídeos, simulações práticas e oficinas, para executar as estratégias apropriadas de abordagem e salvamento de vítimas em situações potenciais de risco de morte. Em algumas técnicas especiais foi necessário o uso de manequins para tal, exemplo temos os treinamentos de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), as manobras de desobstrução e manutenção pérvia das vias aéreas, manobra de Heimlich, para tal foram usados três manequins: um adulto, um adolescente e um que simula um bebê antes de 1 ano de idade.  Em outras práticas, como a retirada de capacetes de motos, ou ainda posição lateral de segurança, os próprios participantes da turma assumiam os papéis de socorrista e/ou de vítima, sem haver perigo de risco a vida dos mesmos. Como já dito no desenvolvimento, vários instrumentos foram necessários e utilizados nas abordagens para simulação de atendimento às vítimas, são eles: esfigmomanômetros, oxímetros, estetoscópios e máscaras de silicone, assim como ataduras para confecção de torniquetes e agulhas com seringas para práticas de aplicação de injeções.

A monitora bolsista ficou encarregada da elaboração e execução de todas as aulas práticas dentro da UERN, a mesma foi contemplada com bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (PIBEX), as aulas práticas sempre foram acompanhadas também pelo professor orientador e por vezes também executadas pelo mesmo. Na prática do corpo de bombeiros foi somente exigida a presença da mesma, pois esta prática foi executada por membros do próprio corpo de bombeiros.

A visita ao Corpo de Bombeiros Militar de Mossoró (2º subgrupo) contribuiu para aperfeiçoamento das questões práticas do curso e permitir o contato com a realidade do trabalho de outros profissionais atuantes no atendimento de vítimas de quadros emergenciais e de urgência e que tanto necessitam do Suporte Básico de Vida (SBV) e Primeiros Socorros. Além disso, as visitas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alto de São Manoel serviria de oportunidade única para maior assimilação e integração do que foi demonstrado nas aulas teóricas a partir da vivência da abordagem e de procedimentos, além de compreender melhor a atuação dos profissionais da saúde com Suporte Básico de Vida. Alguns autores ressaltam a grande importância do treinamento adequado das equipes de socorros, e destaca a relevância da participação médica no local com objetivo de aumentar as chances de sobrevida do paciente (FERREIRA JUNIOR et al., 2018).  Entretanto pela primeira vez nenhum participante teve vontade de fazer tal visita. Diante disso é interessante tornar tal atividade como obrigatória, para aproximar os participantes da realidade de tratamento pelo uso do desfibrilador aos futuros profissionais. Em outros cursos de Suporte Básico de Vida oferecidos pela UERN, direcionados a populações-alvo, como vigilantes e escolares de forma pontual, são também essenciais para atingir uma melhora significativa nas estatísticas de pacientes que chegam a UPAs sem tratamento prévio.

Como já dito no desenvolvimento, foram selecionados artigos científicos do banco de dados das bibliotecas virtuais Scielo, NCBI (PubMed) e LILACS para a construção deste texto e das aulas teóricas. As aulas teóricas executadas foram ao total de onze, similar ao que muitos programas de disciplinas de primeiros socorros do país, ou do exterior.  No tema sobre parada cardiorrespiratória e ressuscitação cardiopulmonar normalmente são adotadas as diretrizes da Sociedade Norte Americana de Cardiologia (American Heart Association), por tratar-se de um dos mais efetivos e respeitados protocolos mundiais e efetivos no assunto (ALVES et al., 2018).

As inscrições para esta primeira turma do curso de 2019, somente com curso teórico com o preenchimento total das vagas disponíveis, sendo 17 o número total de inscritos, porém somente 15 concluíram. A maioria desses alunos cursavam bacharelado em Medicina na UERN. Em anos anteriores foi algo diferenciado, pois este semestre houve uma estabilidade no total de inscritos, enquanto em semestres anteriores claramente havia um aumento crescente na demanda.  Em 2014 das 10 vagas ocupadas houve a integralização de indivíduos de outros cursos além de Educação Física, como Medicina, Física e Química, sendo que 2 desses desistiram. Em 2015, houve duplicação no número total de vagas, por exigência em reunião departamental, passando a 20 inscritos, mas que somente 12 finalizaram o curso. A partir de 2015 ampliou-se o número de vagas ofertadas e de concluintes, e a maioria dos integrantes passaram a ser estudantes de Medicina, apesar da divulgação. Em 2016, foram totalizados 40 inscritos, dos quais 29 conseguiram terminar. Em 2017, foram 42 inscritos, com um número de concluintes aumentado para 32 alunos (VARELA-BARCA et al., 2016; CUNHA et al., 2016).

No tocante a carga horária do curso deve se ressaltar que, nas turmas de 2013 e 2014 a carga horária compreendia 30 horas em sala de aula, com a exigência de elaboração de projeto científico de conclusão de curso relacionado à área de urgência e emergência como forma de avaliação e, quando aprovado, o participante teria mais 30 horas de atividades contada na carga horária. Já a partir de 2015, a carga horária de frequência efetiva em sala de aula passou a ser de 60 horas, associada a elaboração teórica de um projeto, mas que não contabilizaria como carga horária. Em todas as modalidades seria permitido um total de faltas de 25% da carga horária como aceitável. Foi observado com isso que muitos dos estudantes deixaram de concluir, muito provavelmente pelo excesso de carga horária. Este ano foi adotado o mesmo sistema aplicado nas turmas de 2013 e 2014 (VARELA-BARCA et al., 2016; CUNHA et al, 2016).

Como já foi apresentado na introdução e no desenvolvimento, dois eventos principais foram a princípio auxiliados pela equipe do Laboratório de Primeiros Socorros da FAEF, o evento denominado Festival de Natação da UERN, executado por professor de Natação do Departamento de Educação Física da UERN, ocorrido no dia 02 de agosto de 2019, no qual várias escolas de Natação da região, inclusive de outras cidades além de Mossoró tiveram participação, e no qual a grande maioria dos participantes eram crianças de várias faixas etárias e realizado nos três turnos (matutino, vespertino e noturno), tendo tido mais de 50 participantes, no mesmo não houver qualquer intervenção de primeiros socorros.  O evento de Natação foi realizado nas dependências do polo aquático da UFERSA (Universidade Federal Rural do Semiárido), devido a condições outras que impossibilitaram o evento na própria UERN.

Já no segundo evento (Festival de Futebol da UERN) que ocorreu dia 30 de setembro de 2019 houveram mais 7 times de Futebol de campo de várias escolas de Futebol do Município, inclusive contou com grandes renomes como a Escolinha do Flamengo, perfazendo mais de 100 participantes, todos de categorias mirins e realizado no período matutino no estádio de Futebol o Nogueirão localizado no município de Mossoró. O torneio de Futebol de campo também foi realizado por professor de disciplina da FAEF como atividade final da disciplina. Nesta atividade houve grande participação das equipes de primeiros socorros, pois sempre há pequenas intercorrências como: tombos, colisões entre jogadores, leves contusões, tontura, insolação, mas todos resolvidos sem necessidade de afastamento de nenhum dos competidores, nem tampouco de suspender as partidas por mais de 10 min em cada caso, apesar de numerosos.

Não podemos nunca esquecer de comentar como são importantes as atividades competitivas esportivas para o desenvolvimento das pessoas como indivíduos e também para interação entre elas, servido, principalmente nos países em desenvolvimento para afastamento das população infantil de ambiente com risco de deturpação do caráter e para incentivar o trabalho em equipe e o jogo justo, com regras a serem seguidas pelo conjunto (CARVALHO e ARAÚJO, 2018).

O curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida também não deixa de lado um fator importantíssimo que trata-se do incentivo aos monitores que tanto deram contribuição ao longo do tempo desde as primeiras turmas de 2013 até o presente momento, onde os mesmo tiveram de importante, principalmente a formação enquanto seres humanos, num processo de humanização de futuros agentes de saúde, além do aprendizado na contribuição de construção de aulas teóricas e execução de aulas práticas, além da participação em forma estruturada de plantões de cuidados de outros indivíduos. Não pode-se esquecer também que os mesmo foram inseridos em um projeto de extensão e sempre induzidos a reciclagem e a indagação de fatores possíveis de pesquisas científicas que pudessem advir da prática diária, reforçando, de certa forma, a função social extensiva da universidade diante da comunidade na qual está inserida, incentivando até mesmo a criação de novos curso a partir da elaboração de projetos (MENEGON et al., 2015). Assim, o curso foi capaz de integrar os estudantes e monitores à realidade na atividade profissional, dando a possibilidade de simular e colocar em prática situações que muito provavelmente serão vivenciadas em suas áreas de trabalho (ADAMI et al., 2018; RÊGO et al., 2015; SENRA e VARELA-BARCA, 2017).

Por último e não muito menos importante, temos que monitores voluntários também participavam de disciplinas correlacionadas no meio acadêmico ao curso Higiene e Socorros Urgentes. Assim, vemos a clara combinação e interação entre ensino (pelos monitores que cursam disciplinas relacionadas), pesquisa (pelos projetos sempre indagados no final do curso e incentivando a prática da indagação) e a extensão (pelos estudantes que vão a comunidade vivenciar suas práticas adquiridas em sala de aula). Assim os estudantes, expandem seus horizontes de conhecimento e vivência, além de aperfeiçoarem a busca da criação, execução e aquisição do conhecimento científico e extensionista significativos (OLIVEIRA et al., 2018). No que se diz respeito a coordenação e execução do projeto, a estes profissionais é dada a oportunidade de trabalhar com estudantes de todas as áreas da universidade, é ofertada a chance de colocar em prática conhecimentos teóricos e expandir em grupo isso a comunidade.  Este projeto já ganhou 6 anos de experiência com múltiplas vertentes, algumas que malograram como o curso pioneiro extensionista à distância da UERN, mas que ainda poderá em seu futuro serem de grande valia (PEREIRA et al., 2015; SILVA et al., 2016; TAVARES et al., 2015; TOMAZINI et al., 2018).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto extensionista de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida vem sendo executado na UERN desde 2013, e tem qualificado e capacitado muitas pessoas que tem interesse em conhecer as melhores formas de dar assistência às vítimas em situações de urgência e emergência. Pode-se observar que a última turma foi constituída principalmente por acadêmicos do curso de Medicina da própria instituição. Em cada nova oferta semestral do curso, percebe-se uma atualização e aperfeiçoamento constante dos estudantes, através dos protocolos e diretrizes mais recentes das sociedades brasileiras e internacionais em cada campo específico, permitindo um direcionamento mais adequada aos futuros socorristas.

O projeto ainda dará continuidade com as parcerias com outros serviços com experiência na assistência de tratamento das vítimas em situações críticas de emergência e urgência. Da mesma forma o projeto tem por objetivo ampliar as formas de atendimentos dos componentes do Laboratório de Primeiros Socorros da UERN, onde o mesmo servirá de instrumento inserido no campus central da universidade e que se propõe a levar o conhecimento de Primeiros Socorros a comunidade universitária. Além de assessorar a academia em assuntos relacionados na atenção e aos primeiros atendimentos em casos de acidentes e comorbidades, auxiliar em eventos esportivos promovidos por ela e ou em seu campus, com o objetivo de resolver o máximo possível as demandas geradas pelo próprio evento.

Os resultados obtidos por esse verdadeiro centro de treinamento tem demonstrado relevante papel devido ao aumento de pessoas capacitadas no atendimento de primeiros socorros em diversas áreas de graduação e principalmente no campo da saúde, além da experiência teórica prática que tem tornado essa vivência mais produtiva e impactante na formação dos discentes, principalmente para aqueles que não possuem essa disciplina em sua grade curricular. Somando a satisfação da comunidade e dos organizadores esportivos devido ao aumento da segurança pelos atendimentos e pelos serviços prestados.

Dessa maneira, cumpre-se a missão do projeto de extensão que é aliar ensino e pesquisa para o benefício da população local, colocando nesta o protagonismo de nossas ações. Reduzindo as complicações de um primeiro socorro incorreto e favorecendo a sobrevida das pessoas vítima de acidentes que forem atendidas corretamente por pessoas capacitadas.  É ainda pretencioso por parte da coordenação do Laboratório de Primeiros Socorros, promover nos próximos semestres mais ações relacionadas a eventos da Faculdade de Educação Física e que ocorrerão também nas dependências da mesma, como atividade relacionadas ao uso do Ginásio Poliesportivo e em outros ambientes da mesma.  Os cursos ainda continuarão em execução com ampla aceitação por todo tipo de público e pretendemos equipar o laboratório para as aulas práticas possam ser melhor executadas e desta forma atingir com qualidade um público maior cada vez mais contribuindo para redução dos índices de mortalidade e também redução da sobrecarga em serviços públicos de saúde do município.

REFERÊNCIA

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[1] Acadêmica de Medicina.

[2] Acadêmica de Educação Física.

[3] Acadêmico de Educação Física.

[4] Orientador. Doutorado em Ciências da Saúde.

Enviado: Janeiro, 2021.

Aprovado: Agosto, 2021.

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Francisco Napoleão Tulio Varela Barca

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