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Rastreio nutricional e risco cardiometabólico em idosos

RC: 151774
434
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/rastreio-nutricional

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Helyson Tomaz da [1], DAMASCENO, Melissa Bomfim [2], SICHINEL, Angela [3], AUGUSTO, Flaviani Diogo Reis [4], DUTRA, Aryléia Barbosa [5], CALÇAS, Natalí Camposano [6], FERNANDES, Luciane Perez da Costa [7]

SILVA, Helyson Tomaz da et al. Rastreio nutricional e risco cardiometabólico em idosos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 02, Vol. 01, pp. 176-193. Fevereiro de 2024. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/rastreio-nutricional, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/rastreio-nutricional

RESUMO

Introdução:  No processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações progressivas e degenerativas, dentre elas, redução da massa corporal magra, de líquidos e aumento do percentual de gordura. Outros fatores agravam estas transformações: a má nutrição, a Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) e a inatividade física. A avaliação do risco cardiovascular está associada às análises bioquímicas, às medidas e razões antropométricas e à presença de Síndrome Metabólica (SM). Objetivo: Avaliar o perfil nutricional e cardiometabólico de idosos assistidos ambulatorialmente. Método: Trabalho do tipo corte, analítico e transversal executado no ambulatório, com coleta de dados retrospectiva. No tocante a investigação nutricional foram avaliadas as variantes sociodemográficas, hábitos de vida e antropometria (Índice de massa Corpórea – IMC e Circunferência Abdominal – CA). O risco cardiometabólico foi estimado a partir de indicadores de adiposidade visceral, presença de comorbidades como alterações de pressão arterial, Diabetes Mellitus (DM) e de dislipidemias e alterações bioquímicas. Resultados: Foram avaliados 480 idosos, sendo 60,8% do sexo feminino e 37,2% do sexo masculino. Quanto à idade, 56,5% apresentavam-se entre 60 e 80 anos. A Mini Avaliação Nutricional (MAN) revelou que a amostra estudada não apresentava risco de desnutrição, quanto à antropometria 58,7% das mulheres tinham sobrepeso, dentre os homens 50,6 % apresentavam-se eutróficos. Em relação à CA, 79,1% das mulheres e 32,1% dos homens possuíam risco elevado para aparecimento de doenças cardiovasculares. Quanto ao risco cardiometabólico, as alterações bioquímicas apresentaram-se dentro dos padrões de normalidade para o sexo feminino. Já no sexo masculino, as alterações quando comparadas ao sexo feminino, demostrou diferença estatística significativa (p < ou igual 0,05). A SM, de acordo com o critério Joint Interim Statement JIS, apresentou-se mais frequente no sexo masculino, correspondendo a 73,7%. Considerações finais: Os idosos analisados pela MAN não apresentavam risco para desnutrição, no entanto observou-se que embora os idosos do sexo masculino sejam em sua maioria eutróficos e praticantes de atividade física, apresentaram SM e CA preditivos para alterações cardiometabólicas. Enquanto as idosas manifestaram-se com sobrepeso e risco cardiometabólico alto.

Palavras-chave: Idosos, Rastreio Nutricional, Síndrome Metabólica.

1. INTRODUÇÃO

O aumento da chance de tempo de vida da população refletiu-se em uma maior quantidade de trabalhos acerca do envelhecimento populacional. A Síndrome Metabólica (SM) é estudada em conjunto com outras patologias, como as Doenças Cardiovasculares (DCVs), renais, osteoarticulares, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM), dislipidemia e obesidade (Rocha; Melo; Menezes, 2016).

O envelhecimento é uma ocorrência natural, caracterizada pela hegemonia de doenças agudas e crônicas, com alterações fisiológicas que tocam o estado nutricional das pessoas idosas (Moraes et al., 2023).

A população idosa está aumentando no Brasil. Na década de 1950 eram 2,6 milhões, em 2100 deve alcançar 72,4 milhões (Alves, 2019).

As DCNT correspondem à parcela substancial de óbitos no mundo. No ano de 2008, 36 mlhões, ou 63% das mortes no mundo decorreram pelas DCNTs, evidenciando-se as doenças cardiovasculares, câncer,DM, doenças respiratórias crônicas (Brasil, 2011), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e as dislipidemias. Os principais fatores de risco modificáveis são: o etilismo, sedentarismo, má alimentação, tabagismo, sobrepeso e obesidade (Assunção; França, 2020)

Bao et al. 2022, em um estudo com idosos chineses, constataram que há necessidade de aumentar o cuidado dessa população, devido ao aumento das DCNT, que agravam o estado geral desses pacientes, causando impacto na saúde e economia.

Segundo Carvalho e Ramos 2014, o rastreio nutricional nesta faixa etária deve ser realizado precocemente detectando o risco nutricional de desnutrição.

O diagnóstico nutricional pode ser obtido por meio de ferramentas de identificação de risco nutricional, como Mini Avaliação Nutricional (MAN) e Índice de Massa Corporal (IMC). Esses indicadores antropométricos são utilizados para identificar risco nutricional, obesidade e risco cardiovascular (Oliveira, 2019; Pohl et al., 2018).

A Doença Cardiovascular (DCV) é um grave problema de saúde pública, altamente incapacitante. Prever o risco cardiometabólico requer uma ampla análise dos

fatores e suas influências no desenvolvimento das DVC (WHO, 2018). As diretrizes europeias sobre prevenção de DCVs revelam que o rastreio do risco cardiovascular é uma forma que oportuniza a prevenção na atenção primária e evita o encaminhamento para hospitais (Piepoli et al., 2016).

Um dos métodos de avaliação de risco é a detecção da presença de Síndrome Metabólica (SM), observando os fatores de risco relacionados ao perfil lipídico, glicêmico, níveis pressóricos e obesidade abdominal (Silva et al., 2019).

Sendo assim, trabalhos como esse justificam-se por fazerem um levantamento do perfil de saúde da população estudada. Conhecer esse perfil é fundamental para a tomada de decisões dos órgãos públicos, como a alocação de recursos e desenvolvimentos de políticas públicas de saúde coletiva.

Este estudo objetivou avaliar o risco cardiometabólico e o perfil nutricional de idosos atendidos ambulatorialmente.

2. MÉTODO

Trabalho do tipo corte, analítico e transversal executado no ambulatório com coleta de dados retrospectiva, quantitativa e descritiva. As informações foram retiradas do prontuário dos participantes do projeto Atendimento Multidisciplinar ao Idoso, a nível ambulatorial de um hospital na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, de fevereiro a julho de 2023. As informações coletadas foram adicionadas no formulário de pesquisa.

Por se tratar de uma população idosa foi escolhida a classificação do IMC proposta por Lipschitz (1994), que classifica os indivíduos conforme a tabela 1.

Tabela 1. Estratificação do IMC para idosos.

CLASSIFICAÇÃO IMC
Baixo peso < 22 kg/m2
Eutrofia 22 – 27 kg/m2
Sobrepeso > 27 kg/m2

Fonte: Lipschitz, 1994. 

Para a Circunferência Abdominal (CA) foram adotados os parâmetros preconizados pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), classificando a CA em risco aumentado ou muito aumentado para desenvolver DCVs de acordo com a tabela 2.

Tabela 2. Classificação de CA e risco para desenvolver DCVs.

  Risco aumentado Risco muito aumentado
Feminino ≥ 80 cm ≥ 88 cm
Masculino ≥ 88 cm ≥ 102 cm

Fonte: WHO, 1995.

Para rastreio nutricional foi utilizada a MAN -Nestlé que é um método simples e pode ser aplicado em idosos em domicílio, ambulatórios e hospitais. Consiste em um questionário com perguntas sobre: estilo de vida, alimentação, perda de peso, aspectos psicológicos, antropometria e autoavaliação da saúde. Classificando os avaliados em risco ou não de desnutrição (Acuña; Cruz, 2004).

As variáveis laboratoriais foram obtidas através dos resultados inclusos nos prontuários e no sistema computadorizado do hospital. Os valores de referência são determinados na tabela 3.

Tabela 3. Valores de referência das variáveis laboratoriais Glicemia

GLICEMIA
Normoglicêmia <100 mg/dl
Intolerância à glicose >100 e < 126 mg/dl
Diabetes melittus ≥ 126 mg/dl
TRIGLICEÍDEO
Desejável com jejum <150 mg/dl
Desejável sem jejum <175 mg/dl
HDL
Homens Desejável >40 mg/dl
Mulheres Desejável >50 mg/dl

Legenda: HDL: high density lipoprotein: ♂: masculino; ♀: feminino.

Fonte: Bertoluci, 2023; Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (2016).

O predomínio da SM respeitou a norma do Joint Interim Statement (JIS) que estratifica a SM através de no mínimo 3 dos critérios citados no National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III NCEP-ATPIII, sendo o valor de parâmetro para a circunferência abdominal é ≥ 94,0 cm para homens ou ≥ 80,0 cm para mulheres, conforme Tabela 4.

Tabela 4. Norma JIS para diagnóstico de síndrome metabólica

  JIS
Pressão arterial ≥ 130/85 mmHg ou tratamento de HAS
Circunferência abdominal ♂ ≥ 94 cm

♀ ≥ 80 cm

Glicose ≥ 110 mg/dL
Triglicerídeos ≥150 mg/dL
HDL ♂ < 40 mg/dL

♀ < 50 mg/dL

Critérios SM 3 ou mais componentes

Legenda: JIS: Joint Interim Statement; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; HDL: high density lipoprotein; ♂: masculino; ♀: feminino.

Fonte: Alberti et al., 2009.

Os dados foram processados através do programa   Statical Package for the social Sciences SPSS versão 18.0 (spss Inc., Chicago, USA). As variáveis quantitativas contínuas foram testadas quanto a sua normalidade pelo teste de Kolmogorov–Smirnov e como apresentaram distribuição normal foram descritas na forma de média e desvio padrão para as variáveis contínuas. Foi considerada significância estatística quando p<0,05. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFMS) sob o parecer no 5.895.559 (CAEE 66022022.2.0000.0021).

3. RESULTADOS

Foram processados 480 prontuários, destes (60,83%; (292) eram de mulheres e (37,19% (;188) eram de homens, em conformidade com a Figura 1.

Figura 1 – Ordenamento percentual de acordo com o sexo dos idosos atendidos no ambulatório do Hospital São Julião, Campo Grande – MS, 2023

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

A Tabela 5 apresenta as faixas etárias dos pacientes e a escolaridade.

Tabela 5. Distribuição percentual do perfil dos pacientes atendidos na Unidade ambulatorial, Campo Grande – MS, 2023

Variável/variação % (n)
Idade
60 a 70 anos 34,58(166)
71 a 80 anos 21,87 (105)
81 a 90 anos 3,75 (18)
   >90 anos 0,63 (03)
Escolaridade
Analfabeto 10,63 (51)
1o grau completo 40,21 (193)
1o grau incompleto 8,75 (42)
2o grau completo 4,38 (21)
2o grau incompleto 0,21 (1)
Ensino superior completo 1,46 (7)
Ensino superior incompleto 0,21 (1)

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Observa-se que a faixa de 60 a 80 anos concentrou a maioria (56,45%) dos pacientes. Quanto à escolaridade grande parte (40,21%) completou apenas o 1° grau.

Os dados relacionados à Síndrome Metabólica estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Indicadores da síndrome metabólica entre os sexos em uma unidade Ambulatorial, Campo Grande – MS, 2023

  Amostra
Feminino (n = 292) Masculino (n = 188)
IMC (kg/m²)   60,83% (138)   41,49% (85)
Magreza <22 2,90 (4) 14,12 (12)
Eutrofia >22<27 38,41 (53) 50,59 (43)
Sobrepeso >27 58,70 (81) 35,29 (30)
Circunferência abdominal (cm) 44,17% (129)   41,49% (78)
Risco aumentado ≥ 94 CM 32,05 (25)
Risco elevado ≥ 102 CM 25,64 (20)
Risco aumentado ≥ 80 CM 13,18 (17)
Risco elevado ≥ 88 CM 79,07 (105)
Sem risco cardiovascular 5,43 (7) 42,30 (33)

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Em relação à avaliação antropométrica, 58,70% das mulheres tinham sobrepeso, ou seja, um valor de IMC maior que 27 kg/m2, dentre os homens 50,59% apresentavam- se eutróficos, indicando valores entre 22 a 27 kg/m2 de IMC. Cerca de 80% das mulheres possuíam CA maior ou igual a cm, enquanto cerca de 30,% dos homens

tinham CA maior ou igual a 94 cm, o que representa risco aumentado para o desenvolvimento de DCV.

A frequência de praticantes de atividade física classificados quanto ao nível de atividade física, é apresentada na Figura 2.

Figura 2 – Periodicidade de indivíduos ativos fisicamente entre homens e mulheres em uma Unidade Ambulatorial, Campo Grande – MS, 2023

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

Diagnóstico nutricional em conformidade com a MAN é apresentada na Tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição da amostra estudada, segundo variáveis do estado por meio da MAN em uma Unidade Ambulatorial, Campo Grande – MS

  Feminino

 (n = 292)

Masculino

 (n = 188)

                    %(n)                        %(n)
MAN reduzida
Normal ≥ 12 pontos  85,61 (250) 86,17 (162)
Possivelmente desnutrido ≥ 11 pontos 14,38 (42) 13,83 (26)
MAN Final
risco desnutrição 17 a 23,5 pontos 6,51 (19) 3,72 (7)
Desnutrição < 17 pontos 1,37 (04) 0,00 (0)
Sem desnutrição > 23,5 6,51 (19) 10,11 (19)

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

A classificação da MAN revelou que 85,83% estavam nutridos e apenas 6,51% entre as mulheres e 3,72% entre os homens estavam em risco de desnutrição. Destacando-se que a MAN não avalia o excesso de peso.

Tabela 8. Correlação entre gêneros quanto análise bioquímica de acordo com o gênero, em uma Unidade Ambulatorial, Campo Grande – MS, 2023

  Feminino (n = 292) Masculino (n = 188) Valor de p
Média ± DP Média ± DP
Glicemia (mg/dl) 99,23 ± 38,27 112,24 ± 39,01 0,0202
Triglicerídeos (mg/dl) 144,72 ± 71,45 165,39± 77,25 0,0002
HDL – Colesterol (mg/dl) 48,72 ± 16,48 36,9 ± 10,13 0,1166
LDL – Colesterol (mg/dl) 125,48 ± 36,66 123,72 ± 34,94 0,0025

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

As avaliações bioquímicas apresentaram-se dentro dos padrões de normalidade para o sexo feminino. Para o sexo masculino, as alterações quando comparadas ao sexo feminino demostraram diferença estatística significativa (p < ou igual 0,05). Quanto ao HDL colesterol apresentou-se dentro dos valores de normalidade, porém sem diferença estatística significativa.

Frequência da presença de SM na população estudada é apresentada na Figura 3.

Figura 3 – Frequência da presença de SM na população estudada de acordo com o critério JIS, em uma Unidade Ambulatorial, Campo Grande – MS, 2023

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023.

A SM apresentou-se mais frequente nos homens segundo o critério JIS (Alberti et al., 2009).

4. DISCUSSÃO

A maioria dos participantes do estudo tinham entre 60 e 80 anos, semelhante ao estudo de Silva et al. (2021), com idade média de 75,23 anos, em idosos atendidos em uma unidade de saúde. Esta alta frequência desta faixa de idade é reflexo do processo de envelhecimento populacional no Brasil, propiciado pelas melhorias de saúde e aumento da expectativa de vida. Contudo essa população tem maior taxa de hospitalização, o que requer atenção das políticas públicas de saúde (Menezes et al., 2018).

O sexo feminino apresentou maior frequência de sobrepeso, semelhante ao encontrado por Tavares et al. (2018) Que avaliou o excesso de peso em idosos, em uma amostra de 592 idosos, observou-se prevalência de excesso de peso no sexo feminino de 52,6%. O acúmulo de gordura, a maior expectativa de vida, a menopausa e o número de filhos podem relacionar-se à maior prevalência de excesso de peso (Gonçalves et al., 2020; Silveira; Kac; Barbosa, 2009).

Quanto ao nível de escolaridade, semelhante a esta pesquisa, Freitas et al., (2016) encontraram 52,4% de um total de 103 idosos apenas alfabetizados, em seu estudo sobre capacidade funcional, fragilidade e qualidade de vida de idosos. Sousa et al. (2020), verificaram que 49,6% tinham o ensino primário incompleto, e 7,1% possuíam ensino superior completo, em 294 idosos avaliados. O grau de instrução de acordo com a literatura possui relação com o autocuidado, melhor compreensão da saúde e adesão ao tratamento e esses fatores interferem na qualidade de vida (Adams et al., 2009; Passamai et al., 2012).

A prevalência de risco para DCVs em ambos os sexos é semelhante ao encontrado por Cardozo et al. (2017), que avaliou o estado nutricional de idosos, e encontrou 84% com obesidade central.

Costa et al. (2021) constataram que dos 54 idosos avaliados, 46% apresentavam risco moderado e 26% risco elevado de DCVs de acordo com CA. O aumento da CA prediz maior concentração de gordura visceral que está relacionada com alterações metabólicas e risco de morbimortalidade (Milagres et al., 2019).

A SM foi mais frequente nos homens, segundo o critério JIS proposto por Alberti et al. (2009), que considera a CA como triagem inicial para risco de SM. No estudo de Saad et al., (2014), que avaliou a prevalência de SM em 242 idosos, foi encontrado 69% de idosos do sexo masculino com SM pelo critério JIS.

No estudo de Oliveira et al. (2020) que analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 mensurando a prevalência de SM no Brasil, constatou-se que com o aumento da idade maior era o aumento da prevalência de SM. A mortalidade geral e a mortalidade cardiovascular sofrem aumento de 1,5 e 2,5 vezes respectivamente quando a SM está associada às DCVs (Bortoletto et al., 2016; Ferreira, 2016).

No tocante à atividade física, o trabalho de Quinot et al. (2022) avaliou a relação do estado nutricional com o nível de atividade física em 350 idosos e encontrou 68,9% sedentários. A prática de atividade física tem como benefícios a melhora da autonomia, da autoestima, do funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso e muscular (Sousa et al., 2020).

Quanto à avaliação pela MAN, os resultados deste estudo foram semelhantes aos encontrados por Pereira et al., (2021), que avaliou a concordância do estado nutricional entre o IMC e a MAN em 51 idosos. Eles encontraram 64,7% de idosos de ambos os sexos que não possuíam risco nutricional. A MAN é a avaliação mais indicada para a população idosa, por identificar a desnutrição ou o risco nutricional. A MAN leva em consideração, dados antropométricos, avaliação global, avaliação dietética, mobilidade e fatores psicológicos para a classificação do risco nutricional (Santana; Ramos, 2022).

O tamanho da amostra é uma limitação desse estudo, no entanto representa a realidade dos idosos em acompanhamento ambulatorial na instituição, não podendo, portanto, extrapolar os resultados para outras populações. Por ser uma pesquisa do tipo descritiva não é possível predizer associações. Contudo, diante dos resultados encontrados e da literatura sobre o tema, percebe-se a prevalência de peso e do acúmulo de gordura visceral na população idosa.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados desta pesquisa, percebe-se a prevalência de SM e acúmulo de gordura visceral nos idosos.

Os idosos avaliados por meio da MAN não apresentavam risco para desnutrição, no entanto observou-se que embora os idosos do sexo masculino estivessem, em sua maioria eutróficos, e fossem praticantes de atividade física, ainda assim apresentaram SM e CA preditivos para alterações cardiometabólicas. Já as mulheres idosas apresentaram sobrepeso e risco cardiometabólico elevado relevantes.

Em virtude dos atuais desafios relacionados à população idosa, este trabalho investigou temas relevantes relacionados a essa população como DCVs, SM, dislipidemias, risco de DCNTs e sedentarismo.

Assim, trabalhos como esse são importantes para o embasamento em evidências científicas para a proposição de estratégias de políticas públicas visando à saúde e o envelhecimento saudável das pessoas.

REFERÊNCIAS

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NOTA

Os autores utilizaram a IA Chat GPT Try Version 2015-2024, para correção ortográfica, coesão textual, melhora do vocabulário, resumo e estilística textual. No entanto, todas as buscas pelos conteúdos, classificação da qualidade dos artigos, construção, escrita, revisão, dados, anotações, informações e desenvolvimento foram realizadas de maneira autoral.

[1] Bacharelado em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco- UFPE/Recife. ORCID: https://orcid.org/0009-0001-9563-9151. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5992435215464793.

[2] Graduada em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Graduando Nutrição na Universidade Católica Dom Bosco. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3759-0000. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8128881732337319.

[3] Especialista em Cardiologia pela SBC/AMB- Pós Graduação  lato senso em Geriatria e Gerontologia pela Faculdade Unimed -Graduação em Medicina pela UFMS -Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. ORCID: http://orcid.org/0009-0006-5260-2072. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9291089647805844.

[4] Pós-graduação Lato Sensu do Programa de Residência em Nutrição Clínica – UFPE. Pós-graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica nas Fases da Vida – UNIREDENTOR. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8849-4292.

[5] Bacharela em Nutrição pela Universidade Federal do Maranhão; Pós-graduação lato sensu na modalidade de residência multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (em andamento). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4533-654X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9325757720638950.

[6] Mestre em Biotecnologia e Nutricionista pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1538-1016. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2148507249248154.

[7] Orientadora. Possui graduação em Nutrição pela Universidade Católica Dom Bosco (2004). Especialização em Nutrição Clinica (UNIDERP) e Mestre em Biotecnologia pela (UCDB) (2016). Doutora em Biotecnologia pela (UCDB). Pós-doutoranda em Biotecnologia (UCDB).  ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3524-588X. Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/6373866783863721.

Material recebido: 21 de novembro de 2023.

Material aprovado pelos pares: 30 de novembro de 2023.

Material editado aprovado pelos autores: 14 de fevereiro de 2024.

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Helyson Tomaz da Silva

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