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Assistência de enfermagem em cuidados com neonatos portadores de icterícia: revisão integrativa

RC: 25538
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CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA 

GUTIERREZ, Natália da Silva [1]

GUTIERREZ, Natália da Silva. Assistência de enfermagem em cuidados com neonatos portadores de icterícia: revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 01, Vol. 07, pp. 130-152. Janeiro de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Icterícia ou hiperbilirrubinemia define a condição clínica de coloração amarelada da pele e membranas mucosas, resultante da deposição de bilirrubina (Bb) ou pigmentos biliares no plasma, uma manifestação clínica mais evidente e muito frequente entre os recém-nascidos. A hiperbilirrubinemia pode ocorrer tanto em processos fisiológicos quanto patológicos do recém-nascido, ainda podem ser classificadas quanto às suas associações a amamentação (IAA) e leite materno (ILM). O diagnóstico é feito primeiramente através do exame físico, portanto, a semiologia tem grande valor na avaliação, diagnóstico e tratamento precoce da icterícia. Já o diagnóstico laboratorial, está baseado na técnica desenvolvida por van den Bergh, por meio da coleta de amostra sanguínea do RN. As formas de tratamento da icterícia incluem fototerapia, a exsanguineo transfusão e a utilização de drogas capazes de acelerar o metabolismo e excreção da bilirrubina. O papel do enfermeiro frente ao recém-nascido submetido à fototerapia está centralizado na qualidade do tratamento e na precaução de complicações.

Palavras chave: assistência, enfermagem, neonatologia, icterícia.

INTRODUÇÃO

O termo icterícia significa amarelo, a partir das variações do latim icterus que, por sua vez, tem origem no radical grego ikteros. Icterícia ou hiperbilirrubinemia define a condição clínica de coloração amarelada da pele e membranas mucosas, resultante da deposição de bilirrubina (Bb) ou pigmentos biliares no plasma, uma manifestação clínica mais evidente e muito frequente entre os recém-nascidos (RN) no período neonatal (ENK et al., 2009).

A icterícia neonatal ocorre tanto em recém-nascidos a termo (RNTs) quanto prematuros (RNPTs). Estudos apontam que cerca 60 a 70% de RN a termo e 80 a 90% prematuros desenvolvem a icterícia. A icterícia torna-se evidente quando os níveis séricos de bilirrubina total ultrapassam o valor de 5-7mg/dL (GOMES et al., 2010).

Essa manifestação clínica da hiperbilirrubinemia, por muitas vezes é apenas um sinal de maturação do organismo, tratada como um processo fisiológico transitório, portanto definir um padrão de normalidade do nível de bilirrubina total sérico torna difícil manter a padronização dos resultados encontrados, tendo em vista como um processo transitório, o valor muda muito rápido durante as primeiras 48-72 horas de vida e variam com a mesma frequência, considerando ainda alguns fatores como idade gestacional, sexo, fatores genéticos, fisiológicos e epidemiológicos (ENK et al., 2009).

A bilirrubina é o resultado final da degradação/catabolismo do grupo heme, que pode ser das hemoglobinas envelhecidas, dos eritrócitos da medula óssea por eritropoese ineficaz e, em menor parte, resultado da degradação de outros complexos proteicos, como a catalase e mioglobina. Esse processo de degradação ocorre especialmente no baço, e depois é transportado para o fígado por meio da circulação esplênica (MARTELLI, 2012).

Como produto final do catabolismo da hemoglobina é transportada para o fígado, a bilirrubina passa por um processo de conjugação no interior do hepatócito, agregando-se ao ácido glicurônico sob a ação da glicuronil transferase. Assim a bilirrubina possui duas formas dispensas no plasma: conjugada (glicuronatos de bilirrubina), que é hidrossolúvel, e não-conjugada (bilirrubina livre), que está ligada às proteínas, principalmente à albumina, devido à sua insolubilidade (MORO, 2004).

Segundo interpretação de Moro (2004), no RN o processo de metabolismo e excreção de bilirrubina passa por uma transição, na fase fetal todo material metabolizado, incluindo a bilirrubina lipossolúvel, e tem como principal via de excreção, a placenta. Na fase neonatal, a via de excreção da bilirrubina conjugada hidrossolúvel são os hepatócitos. Qualquer alteração encontrada entre o processo de metabolismo e excreção de Bb, (bilirrubina) pode levar ao acúmulo de bilirrubina e caracterizar a icterícia.

A hiperbilirrubinemia pode ocorrer tanto em processos fisiológicos quanto patológicos do recém-nascido, ainda podem ser classificadas quanto às suas associações a amamentação (IAA) e leite materno (ILM). Várias causas podem estar relacionadas a icterícia fisiológica, sejam causas relacionadas a mãe, ao RN, ao meio ambiente e avaliações laboratoriais. Já a icterícia de causa patológica, envolve distúrbios hemolíticos de várias causas, aumento da circulação êntero-hepática, como jejum prolongado, retardo na eliminação de mecônio, processos obstrutivos intestinais e certas substâncias presentes no leite materno de algumas mães, diminuição da captação hepática da bilirrubina ou da conjugação da mesma (BASTOS, 2007).

Alguns outros fatores, além do aleitamento materno também são considerados de risco para o desenvolvimento da hiperbilirrubinemia, como o peso de nascimento, a idade gestacional, sexo do recém-nascido e incompatibilidade sanguínea (ENK et al., 2009).

O diagnóstico é feito primeiramente através do exame físico, portanto, a semiologia tem grande valor na avaliação, diagnóstico e tratamento precoce da icterícia. O registro do grau de icterícia pode ser feito por uma avaliação quantitativa, usando-se a escala de uma a quatro cruzes (+,++,+++ e ++++) (MORO, 2004).

A Associação Espanhola de Pediatria destaca ainda uma parte muito importante na detectação de icterícia neonal, observando branqueamento da pele pela pressão dos dedos, o que revela a pele subjacente e a cor do tecido subcutâneo, tendo em vista que a icterícia é vista primeiro no rosto e, em seguida, avança para o tronco e os membros, sendo então importante uma avaliação progressiva cefalocaudal, podendo ser útil para avaliar o grau em que a hiperbilirrubinemia se encontra (MIGUÉLEZ; ALOY, 2008).

O diagnóstico laboratorial, é baseado na técnica desenvolvida por van den Bergh, por meio da coleta de amostra sanguínea do RN, a bilirrubina é exposta ao ácido sulfanílico diazotizado, dividindo-se em 2 frações: direta, que que reage com o ácido sulfanílico na ausência de uma substância aceleradora e fornece uma determinação aproximada da bilirrubina conjugada no soro. A bilirrubina sérica total é a diferença entre a bilirrubina total e a direta, e fornece uma estimativa da bilirrubina não conjugada no soro (MORO, 2004).

Estudos comprovam que Brasil nascem cerca de 200 mil crianças com índices elevados de bilirrubina no sangue, o que equivale em média a 5% dos nascimentos. As formas de tratamento da icterícia incluem fototerapia, a exsanguineo transfusão e a utilização de drogas capazes de acelerar o metabolismo e excreção da bilirrubina. Alguns fatores com nível sérico da bilirrubina, presença de incompatibilidade sanguínea, peso, idade cronológica, co-morbidades associadas, tipo de icterícia, idade gestacional e outros, devem ser levados em consideração para a escolha da terapia mais adequada e eficaz (GOMES, 2010).

O enfermeiro é o profissional responsável pelos cuidados de enfermagem a ser prestados durante a terapêutica prescrita dentro das unidades hospitalares, assim como faz parte de suas atribuições o correto acondicionamento e manutenção de equipamentos utilizados, incluindo o aparelho de fototerapia, portanto possui um papel fundamental no tratamento dos RNs diagnosticados com icterícia neonatal (LOPES, 2015).

A atuação do enfermeiro inicia-se na detecção precoce da icterícia, através do exame físico do RN e estendendo-se durante a terapia proposta. A equipe de enfermagem é participa desde o recebimento e preparação do recém-nascido para a terapêutica, ao preparo dos aparelhos que serão usados para a fototerapia, como os focos de luz, as incubadoras, entre outros. Outro fator que deve ser levado em consideração nesse diagnóstico e terapêutica é a importância a humanização durante todo o processo por meio do profissional que assiste (GERMANO, 2014).

No tratamento da icterícia neonatal, a enfermagem tem papel fundamental, visando prioritariamente garantir a segurança do neonato durante o processo da terapia implementada para prevenção de possíveis complicações desencadeadas pela mesma (GOMES, 2010).

Levando em consideração ao perfil atual de nascimentos no Brasil e entendendo que hoje 70% da mortalidade infantil, ocorre no período neonatal, e essas mortes possuem diversas causas, destacando-se a prematuridade e suas complicalções, principalmente distúrbios metabólicos como a hiperbilirrubina caracterizada pela icterícia, pretende-se com esse estudo, estabelecer os principais cuidados de enfermagem desde a avaliação, diagnostico e tratamento dos Rns em UTI neonatal.

Sendo assim, questiona-se: como tem sido a assistência de enfermagem, diante do RN com diagnóstico de Icterícia?

OBJETIVOS

Diante do exposto, os objetivos dessa investigação foram:

Objetivo Geral:

– Analisar o conteúdo dos estudos realizados sobre assistência de enfermagem em cuidados e tratamento da icterícia neonatal.

Objetivos Específicos:

– Apresentar as principais causas e fatores de riscos da icterícia neonatal;

– Identificar os principais agravos consequentes da icterícia não tratada;

– Descrever os principais cuidados de enfermagem na prevenção, diagnóstico e tratamento da icterícia neonatal.

METODOLOGIA

Tipo do Estudo

Tipo de Estudo

Trata-se de uma Revisão Integrativa, um método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos já publicados e possibilitando conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. A construção de uma análise ampla da literatura, que contribui para futuras discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de novos estudos. O objetivo primordial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores (MENDES, 2008).

A construção de uma revisão integrativa percorre por seis etapas distintas e similares aos estágios de desenvolvimento de pesquisa convencional. As etapas são:

1- Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa;

2- Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura;

3- Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos;

4- Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa;

5- Interpretação dos resultados;

6- Apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Local de Estudo

O estudo foi desenvolvido através de busca de artigos, disponíveis on line, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF. Também foi realizada busca artigos indexados na SciELO.

Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram incluídos no estudo, artigos disponíveis on line em inglês, português e espanhol, no período compreendido entre 2014 a 2018, abordando o que mais recente tem sido publicado acerca da temática. Serão excluídos os artigos que abordarem sobre a assistência de enfermagem em pacientes acima de 28 dias, adolescentes adultos e idosos portadores de icterícia.

Coleta de Dados

A coleta de dados foi feita utilizando os seguintes descritores, disponíveis no DECS (Descritores em Ciências da Saúde), e operadores booleanos: enfermagem AND assistência AND icterícia neonatal OR fototerapia.

Os artigos foram identificados por meio de busca ativa nos volumes e números dos periódicos disponíveis on line incluídos no estudo, selecionando-se somente aqueles que, na leitura prévia dos títulos e dos resumos indicaram abordagem sobre enfermagem em cuidados aos pacientes com até 28 dias portadores de icterícia baseados na prática profissional ou em pesquisas.

Os artigos foram separados por ano de publicação, submetidos a uma leitura cuidadosa e registrados em um instrumento que contém itens como ano e local da publicação, natureza do artigo, descritores utilizados, conteúdo específico do artigo (Apêndice).

ANÁLISE DE DADOS

A leitura dos artigos seguiu a proposta de Gil (2002, p. 78) que inclui as leituras exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. A exploratória e seletiva envolve a determinação do “material que de fato interessa à pesquisa”.

A leitura analítica ordena e sumaria as informações das fontes, permitindo a “obtenção de respostas ao problema da pesquisa”. Inicialmente é feita uma leitura integral da obra, com identificação, hierarquização e sintetização das ideias-chaves. Já a leitura interpretativa, “relaciona o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução” (GIL, 2002, p.79).

O material foi organizado pela similaridade de conteúdo, separando o que foi publicado pelos enfermeiros sobre cuidados com icterícia com neonatos, o que permitiu o uso da análise estatística descritiva simples do conteúdo encontrado

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os artigos analisados tiveram, em sua maioria, publicações no Brasil e em língua portuguesa. Somente dois artigos foram publicados em espanhol para a síntese da pesquisa. Diversos foram os periódicos de publicação, sendo destacados a Revista Brasileira de Materno-infantil e a Revista de Enfermagem.

Na Tabela 1 apresentam-se algumas informações sobre os artigos incluídos nesta revisão da literatura. Goiânia, GO – 2018.

Título do artigo Periódico País de publicação Idioma Ano
(1) Perfil epidemiológico de Neonatos ictéricos internados em uma unidade de cuidados progressivos neonatais Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR Brasil Português 2018
(2) Assistência de enfermagem ao recém-nascido em Fototerapia: uma revisão de literatura CONACIS Brasil Português 2014
(3) Do sofrimento à resignação: experiência materna com recém-nascido em fototerapia na abordagem Grounded Theory Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil Brasil Português 2018
(4) Cuidados oculares ao recém-nascido sob fototerapia: conhecendo a prática de enfermagem Revista de Enfermagem Brasil Português 2016
(5) Factores predisponentes para ictericia neonatal en los pacientes egresados de la UCI neonatal, Hospital Infantil los Ángeles de Pasto Universidad Salud Colombia Espanhol 2017
(6) Assistência de enfermagem ao recém-nascido pré-termo frente às possíveis intercorrências Revista de Enfermagem da UFMS Brasil Português 2014
(7) O cuidado ao recém-nascido em uso de fototerapia e o conhecimento da equipe de enfermagem para manuseio do equipamento Faculdade Ciências da Vida Brasil Português 2016
(8) Icterícia neonatal: o enfermeiro frente ao diagnóstico e à fototerapia como tratamento UNIT: Universidade de Tiradentes Brasil Português 2017
(9) A importância da atuação do Enfermeiro no tratamento da icterícia neonatal Revista Eletrônica Estácio Saúde Brasil Português 2015
(10) Os cuidados de enfermagem com os recém-nascidos na uti Saúde em foco Brasil Português 2016
(11) Ictericia Neonatal Pediatr Integral Espanha Espanhol 2014
(12) Icterícia: uma doença comum entre os recém-nascidos Conbracis Brasil Português 2018
(13) Possíveis diagnósticos e intervenções da enfermagem a neonatos em fototerapia Revista Científica da FHO Brasil Português 2015
(14) Icterícia neonatal: caracterização dos neonatos e o diagnóstico de enfermagem Universidade Federal do Ceará Brasil Português 2017
(15) Icterícia neonatal no recém-nascido de termo Instituto de Ciências Biomédica de Abel Salazar Brasil Português 2017
(16)Diagnósticos de enfermagem em pacientes pediátricos hospitalizados segundo a taxonomia nanda-i: revisão integrativa Revista Uningá Brasil Português 2018

Fonte: próprio autor

Após a leitura e análise dos artigos buscados e selecionados para a pesquisa, obteve-se três subtemas para estudo, sendo eles:

1- Fatores de risco da icterícia neonatal;

2- Principais agravos da icterícia não tratada e consequências da fototerapia;

3- Assistência e cuidado de enfermagem na prevenção, diagnóstico e tratamento da icterícia neonatal.

FATORES DE RISCO DA ICTERÍCIA NEONATAL

Segundo Carvalho et al. (2018) as chances de o neonato apresentar icterícia crescem quando este, nasceu de parto cesariana, prematuridade, baixo peso ao nascer e incompatibilidade materno-fetal do sistema ABO. Também destacou o sexo masculino como um fator de maior risco a desenvolver icterícia, entretanto, não há estudos que expliquem este dado. Fatores genéticos também são apontados como relevantes para o desenvolvimento de hiperbilirrubinemia.

Romano et al. (2017) e Teres e Gallardo (2014) destacam alguns fatores de risco para o neonato desenvolver hiperbilirrubinemia como: Bilirrubina total > Percentil 95, Icterícia nas primeiras 24h, Incompatibilidade sanguínea ou deficiência na G6PD, Idade gestacional entre 35-36 semanas (prematuro) e fototerapia prévia em irmão e/ou irmão com icterícia

A prematuridade é responsável pelo grande índice de internações na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, sendo fomentado os avanços tecnocientíficos que estão voltados ao aumento da sobrevida de recém-nascidos prematuros extremos. Não obstante, a imaturidade dos sistemas do prematuro predispõe o recém-nascido a inúmeras complicações, sendo um dos agravos mais prevalentes a hiperbilirrubinemia (GERMANO; NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2014; GONZALEZ et al., 2017).

PRINCIPAIS AGRAVOS DA ICTERÍCIA NÃO TRATADA E CONSEQUÊNCIAS DA FOTOTERAPIA

Para Sena, Reis, Cavalcante (2015) e Oviedo (2017) a icterícia neonatal Icterícia neonatal é evidenciada e caracterizada pelo aumento na concentração de bilirrubina plasmática, pela cor amarelo alaranjada da pele, perfusão sanguínea anormal e idade entre 1 a 7 dias de vida, e apresentando em seu estudo que 80% dos prematuros nascidos apresentaram icterícia neonatal.

Segundo Aires et al. (2018) o exame físico não é a forma mais confiável de se medir as bilirrubinas séricas. A hiperbilirrubinemia é estimada de acordo com o peso. Devendo analisar o nível de bilirrubina no sangue para melhor diagnóstico, pois a icterícia não é um sinal clínico totalmente confiável.

Sacramento et al. (2017) trazem que em relação aos exames, devem ser realizados rotineiramente a dosagem sérica da bilirrubina que pode ser feita através do hemograma, devido apresentar um resultado mais fidedigno em comparação ao bilirrubinômetrotranscutâneo, por mais que este último equipamento forneça as informações de forma instantânea e indolor.

Germano; Nogueira e Nogueira (2014) ainda trazem que diagnóstico e o tratamento precoce são muito importantes no enfrentamento dessa complicação. Trabalhos recentes têm demonstrado que em um recém nato ictérico, submetido à fototerapia, a bilirrubina sofre reações fotoquímicas que produzem dois tipos de isômeros: os configuracionais e os estruturais.

Nascimento, Ávila e Bocchi (2018) afirma que durante o processo de fototerapia o bebê permanece o maior tempo possível, despido em bercinho, apenas com proteção genital e ocular, sob foco de luz contínuo. Assim, a bilirrubina presente no tecido subcutâneo é irradiada e pode ser reduzida e transformada em molécula solúvel em água, para ser rapidamente excretada pelo sistema biliar e urinário.

Com tal tratamento, o recém-nascido é protegido da neurotoxicidade da bilirrubina, que varia desde as manifestações sutis até a falta de coordenação por disfunção extrapiramidal, incluindo neuropatia auditiva e perda auditiva neurossensorial (NASCIMENTO; ÁVILA; BOCCHI, 2018).

No caso de o RN ter constante contato com os raios da fototerapia, como consequência pode ocorrer o ressecamento da córnea, assim como o estímulo luminoso constante em região ocular favorece o descolamento da retina, devido a vascularização imatura nessa fase da vida do bebê (GONÇALVES et al., 2016).

Nesse contexto, ainda com Gonçalves et al. (2016) as alterações oculares decorrentes da fototerapia podem ocorrer devido a exposição acidental à energia luminosa, por causa do uso ou posicionamento inadequado do protetor ocular, bem como a não dispensação dos cuidados oculares preconizados durante a terapêutica.

Outras complicações são apresentadas, dentre elas estão a diarreia, fezes esverdeadas, erupções cutâneas, hipertermia, choque, queimaduras, alteração no equilíbrio hídrico (desidratação), letargia, distensão abdominal, metabolismo aumentado, e alterações nas hemácias (LOPES; PAES, 2015; NASCIMENTO; SILVA, 2014).

O profissional da saúde, precisa realizar a continuidade da assistência de forma integral e individual, examinar o posicionamento adequado, a temperatura axilar, o controle da irradiação, precaver queimaduras, realizar o balanço hídrico rigoroso e iniciar a fototerapia o mais precocemente (SOUSA et al., 2016).

Sena, Reis e Cavalcante (2015) enfatizam que o enfermeiro precisa estar atento quanto a distância do aparelho de fototerapia e o recém-nascido, o que requer que as lâmpadas sejam examinadas periodicamente, para constatar se estão acesas e também se a proteção ocular está apropriadamente colocada com intenção de impedir as lesões do nariz e olhos.

Para Nascimento, Ávila e Bocchi (2018) é imprescindível o uso da cobertura radiopaca, pois a não utilização pode ocasionar episódios de alergia e irritação superficial da epiderme, que são efeitos obtidos devido as substâncias adesivas utilizadas no esparadrapo ou pequenas lesões decorrentes das arestas dos recortes de filmes de raios-X em contato com a pele da criança.

ASSISTÊNCIA E CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ICTERÍCIA NEONATAL

A assistência de enfermagem ao neonato com hiperbilirrubinemia é de suma importância, pois acarreta em um menor tempo de internação, além de evitar possíveis sequelas irreversíveis. Torna-se necessário conscientizar-se quanto a identificação precoce dos fatores de risco para o recém-nascido, melhorando a condição de ajuda no tratamento (PAIVA; LIEBERENZ, 2016).

Devido aos riscos oculares decorrentes da fototerapia, torna-se de grande importância que os cuidados oculares tenham uma atenção redobrada por parte da equipe de enfermagem, já que a não realização desses cuidados pode levar à perda da capacidade visual, o que representa consequências adversas para o indivíduo e a sociedade (GONÇALVES et al., 2016).

Martins et al (2017) e Santos et al. (2018) complementam a pesquisa ao afirmar que o avanço da enfermagem depende de estudos desenvolvidos na área, inclusive quanto a Icterícia em neonatos, pois em seu estudo voltado a análise dos diagnósticos de enfermagem do NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), que é um material de auxílio e autonomia do enfermeiro, constatou-se que há uma limitação quando envolve o uso da taxonomia na saúde da criança.

Entretanto, baseado em nas possíveis complicações comumente encontradas nos neonatos ictéricos, há alguns diagnósticos que auxiliam o enfermeiro na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) destacando-se cinco diagnósticos de enfermagem de risco, sendo eles: o risco de volume de líquidos deficiente, o risco para integridade de pele prejudicada, o risco de integridade tissular prejudicada, o risco de desequilíbrio na temperatura corporal e o risco de motilidade gastrintestinal disfuncional (LOPES; PAES, 2015).

Desta forma, o trabalho de Enfermagem em neonatologia é um desafio constante, pois exige respeito, vigilância, habilidade e sensibilidade, devido o cliente assistido ser extremamente vulnerável e altamente dependente da equipe que lhe presta assistência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O papel do enfermeiro frente ao recém-nascido submetido à fototerapia está centralizado na qualidade do tratamento e na precaução de complicações.

Dentre os efeitos indesejáveis da fototerapia, as alterações oculares são um dos que mais prejuízos podem trazer ao paciente, pois podem levar até à deficiência visual parcial ou completa, comprometendo todo o desenvolvimento e vida futura dos RN.

É importante destacar que, nesse setor em específico, o RN fica acompanhado pela mãe, cabendo ao profissional o cuidado de orientá-la quanto aos cuidados inerentes ao neonato sob fototerapia, principalmente no que diz respeito ao monitoramento constante do posicionamento do protetor ocular e a necessidade de uma boa adesão ao tratamento. Outra responsabilidade do enfermeiro, está na orientação à sua equipe quanto ao tratamento correto e cuidados com os aparelhos e RN’s em fototerapia.

O conhecimento dos profissionais de Enfermagem sobre a condução da terapêutica desta doença é de grande importância no que se diz respeito a eficácia e a segurança do procedimento. Uma terapêutica simples, porém se não conduzida de forma correta, diminui sua eficácia e acarreta em riscos à segurança e prognóstico do paciente.

REFERÊNCIAS

AIRES, A.M.N. et. al. Icterícia: uma doença comum entre os recém-nascidos. CONBRACIS. 2017.

BASTOS, F; SEGRE, C.A.M; BRITTO, J.A.A. Estudo preliminar sobre a abordagem ao tratamento da icterícia neonatal em maternidades do município de São Paulo, Brasil. Einstein online. São Paulo. 2007; v.5 n.1, p- 56-62.

CARVALHO, E.G. et. al. Perfil epidemiológico de neonatos ictéricos internados em uma unidade de cuidados progressivos neonatais. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR. 2018 set-nov; v.24 n.1, p 23-28.

ENK, I. et. al. Icterícia como causa de internação neonatal: a experiência em um serviço terciário de Porto Alegre, RS. Revista daAMRIGS. Porto Alegre. 2009 out-dez; v.53 n.4, p. 361-367.

GERMANO, F.T; NOGUEIRA, A. E; NOGUEIRA, A. L. Assistência de Enfermagem ao Recém-nascido em fototerapia: Uma Revisão de literatura. CONACIS: Congresso Nacional de Ciências da Saúde. Avanços, interfaces e práticas integrativas. Cajazeiras –PB.

GOMES, N.S; TEIXEIRA, J.B.A; BARICHELLO, E. Cuidados ao recém nascido em fototerapia: o conhecimento da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFG on line. 2010; v.12 n.2, p 342-347.

GONÇALVES, P.A. et. al. Cuidados oculares ao recém-nascido sob fototerapia: conhecendo a prática de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFPE online. Recife, 2016 jan; v.10 n.7, p 2386-94.

GONZÁLES, A.L.G. et. al. Factores predisponentes para ictericia neonatal en los pacientes egresados de la UCI neonatal, Hospital Infantil los Ángeles de Pasto. Universidad y Salud. 2017 set-dez; v.19 n.3, p 352-358. Acesso: < http://revistas.udenar.edu.co/index.php/usalud/article/view/3466>

LOPES, L.C; PAES, I.A.D.C. Possíveis diagnósticos e intervenções da enfermagem a neonatos em fototerapia. Revista Científica da FHO|UNIARARAS. 2015. v. 3, n. 2.

MARTELLI, A. Síntese e metabolismo da bilirrubina e fisiopatologia da hiperbilirrubinemia associados à Síndrome de Gilbert: revisão de literatura. Revista de Medicina.. Minas Gerais. 2012; v.22 n.2, p 216-220.

MIGUÉLEZ, J,M,R; ALOY, J.F. Ictericia neonatal. Protocolos Diagnóstico Terapeúticos de la AEP: Neonatología. Associação Espanhola de Pediatria. 2008, p 372-383.

MORO, A.N.D; SILVESTRI, K; SILVA, R.M. Avaliação clínica de icterícia: Correlação com níveis séricos de bilirrubina. Arquivos Catarinense de Medicina. Santa Catarina. 2004; v. 33 n.4, p 15-22.

NASCIMENTO, T.F; AVILA, M.A.G; BOCCHI, S.C.M. Do sofrimento à resignação: experiência materna com recém-nascido em fototerapia na abordagem Grounded Theory. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife, 2018 jan – mar; v.18 n.1, p 153-161.

NASCIMENTO, V.F, SILVA, R.C.R. Assistência de enfermagem ao recém-nascido pré-termo frente às possíveis intercorrências. Revista de Enfermagem da UFSM. 2014 Abr-Jun; v.4 n.2. p 429-438.

PAIVA, E.I, LIEBERENZ, L.V.A. O cuidado ao recém-nascido em uso de fototerapia e o conhecimento da equipe de enfermagem para manuseio do equipamento. Faculdade Ciências da Vida. 2016.

ROMANO, D.R. Icterícia neonatal no recém-nascido de termo. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina. Artigo de revisão Bibliográfica. Instituto de Ciências Biomédica de Abel Salazar. Centro Hospitalar do Porto Universidade do Porto. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina. 2017.

SACRAMENTO, L.C.A. et. al. Icterícia neonatal: o enfermeiro frente ao diagnóstico e à fototerapia como tratamento. UNIT – International Nursing Congress Theme: Good practices of nursing representations In the construction of society. 2017 maio.

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SENA, D.T.C; REIS, R.P; CAVALCANTE, J.B.N. A importância da atuação do enfermeiro no tratamento da icterícia Neonatal. Revista Eletrônica Estácio Saúde. 2015; v.4 n.2. Acesso:< http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/saudesantacatarina/index>

SILVA, A.C.D; ENGSTRON, E.M; MIRANDA, C.T. Fatores associados ao desenvolvimento neuropsicomotor em crianças de 6-18 meses de vida inseridas em creches públicas do Município de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2015 set. v.31, n.9. p1881-1893.

APÊNDICE

Instrumento de Coleta de Dados

Periódico: ________________________

Ano de publicação: _____ Vol.: _____ Nº: ____ Suplem. ____ Pág.: ____

Local de publicação: _____________________

Natureza do artigo: ( ) tese ( ) dissertação ( ) reflexão teórica ( ) relato de experiência ( ) pesquisa ( ) atualização ( ) outro _______________

Tipo de Publicação: ( ) resumo ( ) publicado na íntegra

Área temática; ___________________

Conteúdo específico: ___________________

Descritores: ________________

Título: _________________________________________________________

Autores: ________________________________________________________

Descrição das formas de assistência/principais cuidados de enfermagem neonatos com icterícia: ______________________________________________________________________________________________________________________________________

Principais dificuldades da enfermagem acerca da icterícia neonatal: ______________________________________________________________________________________________________________________________________

[1] Enfermeira assistencial.

Enviado: Dezembro, 2018

Aprovado: Janeiro, 2019

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