ARTIGO ORIGINAL
PINTO, Raynara Emanuelle Alves [1], GONÇALVES, Jéssica Rayanni Martins Faria [2], GRAMELICH, Thallis Coelho da Silva [3], PEIXOTO, Paulo Henrique de Araújo [4], FELIPE, Tiago Tavares Santos Barbosa [5], BARCA, Francisco Napoleāo Tulio Varela [6]
PINTO, Raynara Emanuelle Alves. et al. Primeiros socorros na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN: medidas adotadas para o enfrentamento da pandemia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 12, Vol. 04, pp. 191-199. Dezembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/enfrentamento-da-pandemia, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/enfrentamento-da-pandemia
RESUMO
Introdução. Os primeiros socorros são importantes procedimentos realizados com intuito de salvar vidas. O projeto de primeiros socorros na UERN já vem há mais de 6 anos em prática de atualização e auxílio em eventos desportivos da UERN. Devido a pandemia da COVID-19, muitas atividades tiveram que parar durante algum tempo. Neste trabalho, tentou-se resolver o questionamento se seria possível a manutenção de um projeto extensionista, mesmo durante uma pandemia de vírus. Objetivo Geral. Este trabalho pretende demonstrar as medidas tomadas para a continuidade do ensino e prestações de serviços de um projeto extensionista mesmo durante uma pandemia viral. Metodologia. Foram realizadas aulas presenciais e a distância. Para realização das aulas foram usadas plataformas de reuniões à distância. Vários eventos desportivos e aulas práticas foram amparados pelos participantes do curso, logo após a flexibilização da reclusão de pessoas. Resultados e Conclusões. Apesar da necessidade de reclusão de pessoas aos domicílios, aulas à distância foram executadas através de plataformas de internet. Aulas práticas foram realizadas para os participantes após a flexibilização das leis de contenção da pandemia do COVID-19. A vários eventos foram dados suporte no âmbito da universidade. Assim o projeto de primeiros socorros na UERN mais que cumpriu com o esperado antes da execução do projeto. Para os próximos semestres, serão mais divulgados os cursos à distância em múltiplas instituições de ensino do município com o intuito de mais qualificar pessoas na área.
Palavras-chave: Primeiros socorros, Extensão, Pandemia.
1. INTRODUÇÃO
Os primeiros socorros são os atendimentos iniciais prestados às vítimas de qualquer acidente ou mal súbito, os quais têm como objetivo manter a vida e isentar o agravamento de lesões existentes até a chegada de apoio especializado ou durante o transporte até a instituição hospitalar (CARVALHO et al., 2021). Vale ressaltar que, antes de qualquer intervenção, é necessária uma avaliação criteriosa do cenário em que ocorre a emergência, com a finalidade de identificar quaisquer condições ameaçadoras à vida da vítima ou do provedor de cuidados, para que o auxílio seja prestado com segurança (CARBOGIM et al., 2020). Salvar uma vida envolve uma sequência de passos que envolvem o acesso rápido ao sistema integrado de emergência médica, o início imediato de Suporte Básico de Vida (SBV) a desfibrilação precoce e Suporte Avançado de Vida (SAV) (DIXE; GOMES, 2015).
O Suporte Básico de Vida (SBV) corresponde a procedimentos com metodologias padronizadas que têm a finalidade de reconhecer as situações em que há risco de vida iminente, saber quando e como pedir ajuda e iniciar imediatamente manobras que contribuam para preservar nível de saúde adequado até a chegada das equipes especializadas (DIXE; GOMES, 2015). O fator tempo é uma variável determinante, pois qualquer demora no atendimento pode gerar sequelas e ter impacto na sobrevida do paciente, por isso, o atendimento imediato e padronizado dessa situação clínica pode ter implicações prognósticas favoráveis (PELEK et al., 2021).
Entre as situações que requerem primeiros socorros o infarto agudo do miocárdio, a doença coronariana e as arritmias cardíacas configuram fatores que podem levar à Parada Cardiorrespiratória (PCR), já as causas externas, como acidentes de trânsito, ferimentos por arma branca ou de fogo e obstrução de via aérea por corpos estranhos, representam a segunda principal causa de morte no Brasil (PELEK et al., 2021). Além disso, com o aumento da população que pratica algum tipo de atividade física, seja com objetivo de mais qualidade de vida ou preocupados com a estética, a realização de exercícios de maneira exaustiva, sem orientação/monitoramento ou mesmo a carga de treinamento inadequada, pode contribuir para aumento do número de lesões esportivas (HINO et al., 2009).
Os acidentes e violências consistem em um conjunto de agravos à saúde que podem levar ao óbito ou não, sendo assim, a falta de conhecimento sobre o primeiro atendimento pode gerar inúmeros problemas, como a omissão de socorro e a manipulação incorreta da vítima, causando agravo da situação ou solicitação desnecessária do serviço de emergência (LIMA; NEVES JUNIOR, 2016). Frente a tal fato, os cursos de graduação da área de saúde são ambientes propícios para a formação de recursos humanos preparados para lidar com primeiros socorros, no entanto, estudos têm mostrado baixo conhecimento sobre SBV entre graduandos de cursos da área da saúde (PELEK et al., 2021). Nesse caso, é perceptível a necessidade de implementação de disciplinas que viabilizem, já nos primeiros anos de curso, conhecimentos básicos e introdutórios sobre primeiros socorros bem como o encorajamento à capacidade de pensamento crítico em situações nas quais é preciso domínio e perícia (CARBOGIM et al., 2020).
Nesse contexto, é evidente a importância do Curso de Primeiros Socorros como um elemento estratégico para reduzir a mortalidade e a morbidade provocados por acidentes e emergências, pois o correto e rápido atendimento pode salvar vidas ou minimizar dor e evitar possíveis sequelas. Outro ponto que também se faz importante é a assistência em primeiros socorros em eventos ligados à UERN e seus participantes, algo que já vem sendo colocado à disposição da universidade nos últimos anos.
Durante a pandemia COVID-19 seria possível instituir de alguma forma a continuidade do projeto extensionista que envolve aulas teóricas e práticas, além de assistência a eventos desportivos? Especialmente em um momento em que todos os cidadãos deveriam ficar em clausura para evitar a aceleração da propagação da pandemia. Assim, este trabalho tem por objetivo demonstrar que a execução do projeto extensionista é possível, mesmo de forma remota. Foram necessárias novas abordagens de ensino e aprendizagem aliando recursos tecnológicos ao momento vivido a fim de viabilizar a manutenção de uma prática pedagógica adequada. Estudos identificaram que as habilidades de SBV podem ser aprendidas com a mesma facilidade por uma combinação de autoaprendizagem (em vídeo ou computador) e ensino ministrado por instrutores, com treinamento prático, como alternativa aos tradicionais cursos (AHA, 2020). Mesmo organizações internacionais que estruturam diretrizes sobre Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) citam a importância de treinamentos e enfatizam que devem acontecer em diferentes modalidades, de forma adaptada ao público-alvo, oferecendo múltiplos métodos de ensino, para garantir a aquisição e retenção de conhecimentos, habilidades e atitudes no atendimento (ALVES et al., 2020).
2. METODOLOGIA
O presente trabalho é observacional e corresponde ao período compreendido entre 2021 e 2022, correspondente ao período da pandemia do COVID e ao período vacinal.
Nas aulas à distância foram utilizados programas de comunicação remota como o Meet, Whatsapp, Google Chrome e Google Classroom. Cada um com uma finalidade específica. Aulas práticas não foram possíveis, entretanto foi deixada à disposição dos participantes a possibilidade de realização de práticas no período vacinal, onde houve redução dos impactos populacionais da pandemia.
No período vacinal foram colocadas em prática as aulas presenciais, permitindo a possibilidade de turmas à distância, porém com todas as práticas no formato presencial.
Na realização das práticas foram utilizados bonecos de ressuscitação cardiopulmonar específicos, além de esfigmomanômetros, auscultadores, capacetes e oxímetros.
As práticas foram executadas por monitores e uma bolsista do PIBEX, na presença do coordenador do curso.
No período vacinal, foi dada assistência a eventos no campus da UERN, como os jogos “Brincando na Areia”, Triatlo na UERN, os JUVERNS.
O apoio dado foi para cuidados e orientações diante de situações de primeiros socorros. Todos os participantes do curso de primeiros socorros, também auxiliaram durante os eventos citados anteriormente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida (SBV) teve uma turma completa neste semestre (2021.1), mesmo com a pandemia do coronavírus-19 e estão programadas duas para o próximo, ambas com duração semestral (uma a distância e outra presencial). O último curso foi dado de forma presencial e remota, junto às dependências da Faculdade de Educação Física (FAEF), porém as práticas realizadas na Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACS-UERN), onde foram ofertadas aulas teórico-práticas aos sábados. Os estudantes que realizaram o curso foram instruídos através de aulas teóricas, videoaulas, simulações práticas e oficinas. A forma remota foi necessária, como uma forma de enfrentamento à pandemia. Uma vez que haviam portarias que impediam a livre circulação de pessoas. Sendo realizado o curso à distância, não haveria contribuição para expansão viral, e mesmo assim, o curso seria realizado (MACHADO, 2020).
Em um segundo momento da pandemia, as aulas passaram a ser presenciais (2021.2), todas as faculdades foram adaptadas a realização de aulas, porém com obrigatoriedade de máscaras cirúrgicas, distanciamento, arejamento das salas, além do uso do álcool gel (MORAIS, 2021). Em algumas técnicas especiais foi necessário o uso de manequins, tais como os treinamentos de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), as manobras de desobstrução e manutenção pérvia das vias aéreas e a manobra de Heimlich. Nestas práticas foram minimizados os contatos entre os participantes, sendo os mesmos sempre com uso de máscaras e limpeza dos objetos utilizados nestas práticas. Em práticas, como na retirada de capacetes de motocicletas e posição lateral de segurança, os próprios participantes da turma assumiram os papéis de socorrista e/ou de vítima, sem haver perigo de risco à vida dos mesmos e sempre com uso de máscaras, somente entravam nas salas de práticas o mínimo possível de participantes. Diversos instrumentos foram necessários e utilizados nas abordagens para simulação de atendimento às vítimas, sendo eles: esfigmomanômetros, oxímetros, estetoscópios, máscaras de silicone, ataduras para confecção de torniquetes onde, como em outras situações, há dificuldade de obtenção (BRITO et al., 2020).
A monitora bolsista e os voluntários ficaram encarregados da elaboração e execução de todas as aulas práticas nas dependências da UERN, contemplada com bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (PIBEX), fato que já vem prestigiando de longa data (VARELA-BARCA et al., 2016). As aulas práticas foram acompanhadas pelo professor orientador e por vezes também executadas pelo mesmo. Algumas aulas teóricas foram executadas pela bolsista e os monitores.
Foram um total de 34 inscritos, dos quais 4 corresponderam à modalidade remota, sendo a maioria das vagas ocupadas por acadêmicos de Educação Física. No entanto, os alunos que optaram pelo curso à distância não foram aprovados por conta de excederam o número máximo de faltas e sem razão óbvia.
Em se tratando de carga horária do projeto de extensão em questão, é válido pontuar que para as turmas nos anos de 2013 e 2014 eram disponibilizadas 30 horas de aula em sala e, ao final, para garantir a conclusão do curso era exigido dos participantes a elaboração de um projeto científico com um tema relacionado a alguma área da Urgência e Emergência (mediante a aprovação desse projeto, seriam adicionadas 30 horas complementares ao certificado final do curso). Já, a partir do ano de 2015, a configuração do curso sofreu alterações, passando a ofertar uma carga horária de 60 horas em sala de aula, mediante a realização de um projeto ao final do período. Além disso, outro aspecto relevante se trata da presença mínima para conclusão, equivalente a 75% da carga horária total, similar aos anos anteriores (BARBOSA et al. 2020). Nesse ponto, é observado que alguns estudantes acabam não completando esse tempo mínimo.
No dia 9 de abril de 2022, foi realizado um evento na Faculdade de Educação Física (FAEF), o qual consistiu em um campeonato de vôlei de praia para os alunos da faculdade, esse evento recebeu o nome de “Brincando na Areia”. Nesse dia, os estudantes que estavam no projeto de extensão foram convidados a participar atuando em caso de qualquer intercorrência que possivelmente ocorresse durante a realização do campeonato. Durante tal atividade, não foi registrado qualquer tipo de intercorrência. Posto isso, esse tipo de prática mostrou-se fundamental como uma forma de fomentar a prática e vivência dos primeiros socorros, além disso, ela serviu como uma forma de complementar a carga horária de extensão do curso. Neste período já não haviam mais leis de reclusão no Estado, porém leves medidas de higiene ainda eram recomendadas como uso de máscara e álcool-gel (MORAIS, 2022).
Outros dois eventos também foram assistidos, o Triatlo (com mais de 50 participantes) e mais recentemente o JUVERNS (no mês de julho, quando houve maior flexibilização das regras sanitárias), que incluiu esportes como natação, foram um total de 30 atletas participando da modalidade na competição, e vôlei de areia. Os casos atendidos foram de crise depressiva e uma leve contusão. Com o decorrer do curso, outros eventos deverão ser assistidos pelos alunos, como uma forma de fortalecer a prática dos primeiros socorros. Em uma última etapa, os JERNS também tiveram assistência, nas etapas envolvendo as áreas da UERN.
4. CONCLUSÃO
Turmas de curso de primeiros socorros foram executadas no período compreendido entre 2021 e 2022, correspondente ao período da pandemia do COVID 19.
As turmas, neste período, foram realizadas à distância com ajuda de softwares de comunicação e execução de aulas. A todos os participantes foram ofertadas aulas práticas presenciais após flexibilização das regras de contenção populacional do COVID-19, mesmo um ano após o término das turmas. Uma turma presencial foi realizada no início de 2022, com uso de máscaras, álcool gel e distanciamento, além de contenção do número de estudantes por sala de aula. As práticas foram executadas juntos às faculdades da UERN.
Todos esses fatos contribuíram para melhoria do atendimento pré-hospitalar, ajudando a reduzir e melhor conduzir casos básicos de atendimento. Além de evitar a propagação rápida do COVID-19.
Vários eventos foram assistidos por representantes destas turmas, após flexibilização das medidas de higiene populacional, evitando em todos os casos sobrecarga no sistema de saúde do município, com atendimentos de baixa complexidade.
No futuro pretende-se expandir mais os cursos à distância com maior divulgação junto à comunidade externa a UERN, para melhorar ainda mais os atendimentos básicos em primeiros socorros e também aumentar a probabilidade de sobrevivência em casos fatais.
Mais estudantes participarão em um número maior de eventos, devido a estruturação da extensão na UERN.
REFERÊNCIAS
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[1] Acadêmica de Educação Física. ORCID: 0009-0007-5711-6994.
[2] Acadêmica de Medicina. ORCID: 0009-0006-5087-4058.
[3] Acadêmico de Medicina. ORCID: 0009-0005-3471-8672.
[4] Acadêmico de Medicina. ORCID: 0009-0007-5545-4105.
[5] Acadêmico de Medicina. ORCID: 0009-0001-0221-2889.
[6] Professor Adjunto do Departamento de Educação Física. ORCID: 0000-0002-8432-447X.
Enviado: Setembro, 2022.
Aprovado: Dezembro, 2022.
