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Prevalência de Dor Lombar em Ciclistas Praticantes em Goiás, Amadores das Modalidades: Mountain Bike, Time Trial e Road

RC: 7123
113
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CONTEÚDO

RODRIGUES, Aparecida Cristina [1], COSTA, Ronaldo Almeida [2], PORTO, Vitor Hugo Braga [3], RIBEIRO, Diogo Suriani [4]

RODRIGUES, Aparecida Cristina. Prevalência de Dor Lombar em Ciclistas Praticantes em Goiás, Amadores das Modalidades: Mountain Bike, Time Trial e Road. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 15, pp. 235-246, fevereiro de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Introdução: as bicicletas têm sido cada vez mais utilizadas pela população em geral, observando-se um crescente número de praticantes e de competidores. Objetivo: verificar a prevalência da dor lombar em ciclistas amadores goianos, de três modalidades (moutain bike, time trial e road) e comparar esta prevalência entre estas modalidades. Método: trata-se de um estudo quantitativo analítico, transversal, com ciclistas amadores de Goiás, de dezoito a sessenta anos, que utilizem os seguintes modelos de bicicletas: mountain bike, time trial e road. Foram utilizados como instrumentos de avaliação a Escala Visual Analógica e o Questionário OSWESTRY. Resultados: foram avaliados 105 atletas, sendo que 62 (59%) destes atletas apresentaram dor lombar. Os participantes foram divididos em três grupos de acordo com a modalidade praticada. Na modalidade time trial 56,8% apresentaram dor lombar, enquanto que na road 51,4% referiram o sintoma e na moutain bike 71,0%. Conclusão: foi encontrado um grande índice de dor lombar nos três grupos, porém para uma comparação entres as três modalidades citadas, sugerimos novos estudos.

Palavras-chave: Dor Lombar, Ciclistas, Atletas Amadores.

INTRODUÇÃO

O vocábulo lombalgia refere-se à dor na região lombar, o que não caracteriza necessariamente uma doença, mas um sintoma que pode apresentar-se de três formas: agudo ou curto prazo, desaparecer em duas semanas, subaguda permanece de quatro a doze semanas e crônica persiste por um maior período de doze ou mais semanas, o sintoma pode apresentar de forma moderada ou intensa. As principais causas de lombalgia podem ser tanto a má postura como a permanência em uma posição por um período prolongado de tempo 1.

A lombalgia em ciclistas é relativamente comum e, segundo alguns estudos epidemiológicos, chega a acometer de 30% a 60% dos praticantes, sempre relacionada ao tempo e intensidade do treino e à falta de adequação da bicicleta 2. Além disso, o desequilíbrio da musculatura lombo pélvica, a fragilidade de um grupo muscular chamado de core (reto abdominal, oblíquos interno e externo, transverso do abdominal anterior do abdome, parte da lombar; eretores da espinha, e multífido, incluindo psoas ilíaco, reto femoral, pectíneo, sartório e os glúteos máximo, médio, mínimo, piriforme, isquiotibiais) contribuem para a prevalência do sintoma 3.

A bicicleta vem sendo utilizada como meio de transporte de baixo custo e de fácil manutenção desde a sua criação, além de ser usada também para a prática de exercícios físicos no dia-a-dia. Atualmente o número de praticantes e competidores têm se expandido, atraindo grandes empresas que investem em novas tecnologias de materiais e equipamentos 4.

Devido à cobrança por melhores resultados, os atletas incluem em sua rotina muito treinamento, podendo ocasionar a sobrecarga na coluna lombar, vez que o pedalar não é considerado algo verdadeiramente fisiológico para o ser humano e que qualquer perturbação musculoesquelética pode desencadear dores nessa região do corpo 5.

No caso do mountain bike, a dor relatada pode ocorrer devido ao impacto do movimento do ciclista sobre o selim, tanto para anterior quanto para posterior. O praticante realiza esse movimento na posição ficando de pé com semiflexão de joelho e flexão de quadril, podendo agravar a dor lombar. Já na modalidade road (estrada), a dor lombar é mais comumente referida quando não se realiza o ajuste adequado, vez que este tipo de bicicleta apresentar um tubo maior e maior inclinação anterior do selim. No time trial acredita-se que a dor lombar nos ciclistas esteja relacionada à má a postura do atleta na bicicleta, pelo fato de a mesma possui um guidão estendido, favorecendo o aumento da flexão do tronco e quadril excessiva 6.

Alguns autores relacionam a associação da prática do esporte como fator causador ou de aumento da dor lombar 7.

Devido ao alto índice de praticantes do ciclismo e pelo fato de muitos destes relatarem sentir ou já ter sentindo dor lombar em algum momento da prática do mesmo, este estudo tem como finalidade verificar a prevalência da dor lombar em ciclistas amadores goianos de três de suas principais modalidades: moutain bike, time trial e road, comparando a prevalência entre estas três modalidades.

MATERIAIS E MÉTODOS

TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo quantitativo, transversal.

POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população do presente estudo são ciclistas amadores praticantes das modalidades mountain bike, time trial e road no estado de Goiás.

Critérios de inclusão: ciclistas do sexo masculino, que possuam de dezoito a sessenta anos e que treinem acima de três horas por semana há mais de um ano. Que sejam praticantes das modalidades em Goiás.

Critérios de exclusão: ciclistas que apresentem qualquer tipo de diagnóstico clínico de alguma patologia lombar.

A coleta de dados, foi realizada no autódromo Airton Senna, em vários dias, no período matutino e pós-treino dos atletas. Os participantes preencheram dois questionários, sendo o primeiro uma ficha de avaliação geral, caracterizada pela quantificação da dor pela escala visual analógica (EVA), e o outro questionário OSWESTRY para avaliar a dor lombar. O preenchimento foi realizado sobre uma prancheta de acrílico com caneta azul, tendo os participantes permanecidos em ortostatismo (posição de pé). Foram coletados dados de 120 atletas, 40 de cada modalidade, dos quais apenas 105 preencheram os critérios de inclusão na pesquisa.

O número sugerido pelos autores do trabalho leva em conta o tamanho amostral da população de praticantes do ciclismo e que realizam a atividade com a regularidade exigida para o presente estudo.

ASPECTOS ÉTICOS

A condução do estudo obedeceu aos padrões éticos legais, sem prejuízos ao indivíduo, tendo sido prestados todos os esclarecimentos de como seria conduzida a pesquisa. Para possibilitar o entendimento do projeto, foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido, sendo os questionários auto avaliativos.

INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Questionário com ficha de avaliação e EVA para quantificar a dor e Questionário de OSWESTRY para avaliar dor lombar.

ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram analisados no (Statistical Package for Social Sciences) (SPSS) versão 20.0. A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Inicialmente foi realizada uma análise descritiva com cálculo de média e desvio padrão para as variáveis absolutas e de frequência e porcentagem para as relativas. Para a análise inferencial foram realizados os testes de Kruskal Wallis (variáveis quantitativas), qui-quadrado e exato de Fisher (variáveis qualitativas) com nível de significância de p <0,05. A correção de Bonferroni foi utilizada quando necessária para analisar as comparações entre os pares, nesses casos foi utilizado nível de significância de p<0,017.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 105 homens, sendo que 62 (59%) apresentavam dor lombar enquanto que 43 (41%) não apresentavam. A média de idade foi de 38,12 anos (±7,94), de peso de 73 Kg (±8,38), de altura de 1,76 metros (±0,83) e de IMC de 23,2 Kg/m² (±2,17). Estes foram divididos em três grupos e, na comparação entre os mesmos, temos que 37 (51,4%) formaram o grupo road (A), 37 (56,8%) o time trial (B) e 31 (29,6%) o mountain bike (C).

Figura 1

As características dos grupos quanto à prática do esporte e em relação à dor lombar foram expressas na Tabela1.

Tabela 1– Características dos grupos quanto à prática do esporte e dor lombar.

  Road Time Trial Mountain Bike  
Média DP Média DP Média DP p*
Prática do esporte
Dias por semana 04 01 05 01 04 01 0,003*
Horas por semana 08 03 11 04 07 02 0,001*
Tempo em anos 10 09 08 05 07 06 0,513
Dor lombar
EVA 02 02 02 02 03 02 0,733
Tempo em anos 02 3,31 0,87 1,12 1,28 2,04 0,078

Legenda: DP: Desvio Padrão; EVA: Escala Visual Analógica. Teste estatístico: Teste de Kruskal-Wallis.

Nível de significância de p<0,05.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela1, somente as variáveis referentes à frequência com que os sujeitos praticam o esporte apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p=0,003 e p=0,001). Para especificar tais diferenças, realizou-se a correção de Bonferroni e observou-se que em relação aos dias da semana foram encontradas diferenças significantes entre os grupos A e B (p=0,006) e B e C (p=0,002), já com relação às horas por semana, diferenças foram encontradas somente entre os grupos B e C (p=0, 001). A prevalência de dor lombar nos grupos foi demonstrada na Tabela 2.

Tabela 2– Prevalência de dor lombar nos sujeitos do estudo.

  Road Time Trial Mountain Bike
f % F % f %
Presença de dor lombar
Não 18 48,6 16 43,2 9 29,0
Sim 19 51,4 21 56,8 22 71,0
Tipo de bicicleta 37 100,0 37 100,0 31 100,0

Legenda f: frequência; %: porcentagem.

A comparação na prevalência de dor lombar entre os três grupos foi demonstrada na Tabela 3.

Tabela 3– Comparação entre os três grupos (Road, Time Trial e Mountain Bike) em relação à prevalência de dor lombar nos sujeitos do estudo.

Presença de dor lombar Não Sim

 

Total
 

Road

f           %

18       41,9

f          %

19       30,6

f          %       *p = 0,242

37       35,2

Time Trial 16       37,2 21       33,9 37       35,2
Mountain Bike 9         20,9 22       35,5 31       29,6
Total 43      100,0 62      100,0 105     100,0

Legenda f: frequência; %: porcentagem;

*Nível de significância de p<0,05. Testes estatísticos: Qui Quadrado

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 3, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes quanto à prevalência de dor lombar entre os grupos do estudo (p=0, 242).

As características dos grupos quanto à bicicleta utilizada, outras atividades realizadas e trabalhos foram expressos na Tabela 4.

Tabela 4–Características dos grupos quanto à bicicleta utilizada, outras atividades realizadas e trabalho do atleta.

  Road Time Trial Mountain Bike
f % F % F % p*
Realiza regulagem
Não 06 16,2 0 0 0 0 0,003*
Sim 31 83,8 37 100 31 100
Bicicleta específica
Não 05 13,5 0 0 0 0 0,011*
Sim 32 86,5 37 100 31 100
Outra atividade
Não 33 89,2 16 43,2 25 80,6 0,001*
Sim 04 10,8 21 56,8 6 19,4
Realiza Bike Fit
Não 33 89,2 0 0 0 0 0,001*
Sim 04 10,8 37 100 31 100
Ergonomia
Sentado 06 16,2 1 2,7 1 3,2
Em pé 05 13,5 1 2,7 1 3,2 0,006*
Ambos 26 70,3 35 94,6 29 93,6
Movimentos repetidos
Não 04 10,8 24 64,9 18 58,1 0,001*
Sim 33 89,2 13 35,1 13 41,9

Legenda: f: frequência; %: porcentagem;

*Nível de significância de p<0,05. Testes estatísticos: Teste exato de Fisher (regulagem da bicicleta e ergonomia); Qui-quadrado (bicicleta específica, outra atividade, realiza bike fite movimentos repetidos).

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 4, diferenças estatisticamente significantes entre os grupos foram encontradas para todas as variáveis avaliadas (p<0,05). Para especificar tais diferenças, realizou-se a correção de Bonferroni e observou-se que entre os grupos A e B houve diferenças para as variáveis “realiza regulagem”, “bicicleta específica”, “outra atividade”, “realiza Bike Fit“, “ergonomia” e “movimentos repetidos” respectivamente p=0, 003; 0,001; 0,001; 0,001; 0,010; 0,001. Entre os grupos A e C foram encontradas diferenças para as variáveis “realiza Bik e Fit” e “movimentos repetidos” ambos com p=0,001. Entre os grupos B e C foram encontradas diferenças somente para a variável “outra atividade” p=0, 002.

As comparações dos grupos quanto ao Questionário OWESTRY foram demonstradas na Tabela 5.

Tabela 5– Comparações entre os grupos para o Questionário Owestry

  Road Time Trial Moutain Bike
f % f % f % P*
Seção 1 – Intensidade da dor
Sem dor no momento 18 41,9 16 37,2 9 20,9  

 

0,303

Dor leve nesse momento 3 16,7 9 50 6 33,3
Dor moderada nesse momento 14 38,9 9 25 13 36,1
Dor mais ou menos intensa nesse momento 2 28,6 2 28,6 3 42,9
Dor é muito forte nesse momento 0 0 1 100 0 0
Seção 2 – Cuidados pessoais
Posso cuidar de mim sem provocar dor extra 22 44 19 38 9 18  

 

 

 

0,120

Posso me cuidar, mas me causa dor 4 21,1 7 36,8 8 42,1
Doloroso me cuidar e sou lento e cuidadoso 9 28,1 10 31,3 13 40,6
Doloroso me cuidar e sou lento e cuidadoso 2 66,7 0 0 1 33,3
Preciso de ajuda em todos os aspectos para cuidar de mim 0 0 1 100 0 0
Seção 3 – Pesos
Posso levantar coisas pesadas sem causar dor extra 19 38 20 40 11 22  

 

 

 

 

0,153

Se levantar coisas pesadas sinto dor extra 7 26,9 9 34,6 10 38,5
Dor me impede de levantar coisas pesadas, mas dou um jeito, se estão bem posicionadas 5 25 6 30 9 45
Dor me impede de levantar coisas pesadas mas dou um jeito de levantar coisas leves ou pouco pesadas se estiverem bem posicionadas 6 75 1 12,5 1 12,5
Só posso levantar coisas muito leves 0 0 1 100 0 0
Seção 4 – Andar
Dor não me impede de andar (qualquer distância) 18 34 21 39,6 1 26,4  

 

 

 

0,238

Dor me impede de andar mais que 2 Km 4 19 8 38,1 9 42,9
Dor me impede de andar mais que 500 m 11 40,7 8 29,6 8 29,6
Dor me impede de andar mais que 100 m 3 100 0 0 0 0
Só posso andar com bengala ou muleta 1 100 0 0 0 0
Seção 5 –Sentar
Posso sentar em qualquer tipo de cadeira pelo tempo que quiser 18 34,6 20 38,5 14 26,9  

0,504

Posso sentar em minha cadeira favorita pelo tempo que quiser 8 25,8 12 38,7 11 35,5
Dor me impede de sentar por mais de 1h 9 45 5 25 6 30
Dor me impede de sentar por mais de meia hora 2 100 0 0 0 0
Seção 6 – De pé
Posso ficar de pé pelo tempo que quiser sem dor extra 18 31 21 36,2 19 32,8  

 

 

 

0,409

Posso ficar de pé pelo tempo que quiser, mas sinto um pouco de dor 8 28,6 11 39,3 9 32,1
Dor me impede de ficar de pé por mais de 1 hora 9 52,9 5 29,4 3 17,6
Dor me impede de ficar de pé por mais de meia hora 2 100 0 0 0 0
Seção 7 –Sono
Meu sono não é perturbado por dor 23 35,9 22 34,4 19 29,7  

 

0,920

Algumas vezes meu sono é perturbado por dor 9 30 12 40 9 30
Por causa da dor durmo menos de 6 horas 5 45,5 3 27,3 3 27,3
Seção 8 – Vida sexual
Minha vida sexual é normal e não me causa dor extra 27 39,1 21 30,4 21 30,4  

 

0,420

Minha vida sexual é normal, mas me causa dor extra 8 28,6 14 50 6 21,4
Minha vida sexual é quase normal, mas é muito dolorosa 2 28,6 2 28,6 3 42,8
Seção 9 – vida social
Minha vida social é normal e eu não sinto dor extra 25 35,7 24 34,3 21 30  

 

0,883

Minha vida social é normal, mas aumenta o grau de minha dor 8 30 11 42,3 7 26,9
Dor não altera minha vida social, exceto por impedir que faça atividades de esforço 4 50 2 25 2 25
Seção 10 –Viagens
Posso viajar para qualquer lugar sem dor 23 32,9 25 35,7 22 31,4  

 

 

0,840

Posso viajar para qualquer lugar, mas sinto dor extra 9 34,6 10 38,5 7 26,9
Dor é ruim, mas posso viajar por 2 horas 4 57,1 2 28,6 1 14,3
Dor restringe minhas viagens para distâncias menores que 1 hora 1 100 0 0 0 0

Legenda f: frequência; %: porcentagem;

*Nível de significância de p<0,05. Testes estatísticos: Teste exato de Fisher.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela5, não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos para as seções avaliadas no questionário OWESTRY (p>0,05). Também foi realizada a comparação referente a pontuação geral do questionário, todavia também não foram encontradas diferenças significantes (p=0,819).

DISCUSSÃO

No presente estudo transversal, foram avaliados 105 atletas, sendo que 62 atletas apresentaram dor lombar, ou seja, 59% dos praticantes tiveram a moléstia. Ainda neste estudo os atletas foram divididos em grupos de acordo com modalidade de suas bicicletas em três partes de diferentes números e observados a prevalência entre as três modalidades.

Na bicicleta, time trial encontramos dor lombar em 56,8% dos praticantes, enquanto que na road 51,4% e na moutain bike 71% ou seja, não houve diferença significativa estatisticamente entre os grupos de praticantes em números. A mountain bike, apresentou maior número de dor lombar, estatisticamente não tem relevância, possivelmente, seja devido ao tamanho da amostra. Mas houve sim uma prevalência muito alta, mais de 50% dos praticantes goianos apresentam a sintomatologia de dor na coluna lombar.

Segundo os estudos sobre prevalência a dor lombar pode acometer de 30 a 60% dos ciclistas em geral, sendo uma limitação bastante comum neste meio, podendo até mesmo ao afastamento do esporte 8.

Estudos afirmam que as competições são de longa duração em posturas inadequadas fisiologicamente e isso favorece a tensão na musculatura lombo pélvica, aumentando o quadro doloroso 1.

Já no estudo transversal os resultados da tabela1 corroboram com os dados citados, pois nela foi constatado que a frequência da praticado esporte esta sim relacionada com a dor no praticante. Mesmo esta dor sendo considerada baixa na EVA3.

Segundo alguns autores o ciclismo esportivo de alto rendimento, depende de alguns fatores, como a postura adequada, composição corporal, aptidão física, e equipamento adequado. Levando em consideração esses fatores pode levar o indivíduo a melhores resultados 3.

Estudos afirmam que a maioria dos ciclistas não realiza um ajuste adequado de suas bicicletas, o que pode levar a quadros dolorosos e até mesmo a lesões 9. Comparando com nosso estudo, isso se diverge, os ciclistas que participaram da nossa pesquisa transversal, afirmam ter realizado os ajustes e bike fit.  Manteve-se a mesma prevalência de dor citada em outros estudos, que não ajustaram suas bicicletas. O nosso estudo avaliou somente prevalência de dor nos ciclistas.

Autores da atualidade defendem para uma prática esportiva regular, é necessário levar em consideração a postura correta do ciclista, a interação ciclista-bicicleta que se refere a um aspecto ergonômico e principalmente no que se refere ao ajuste do selim, o que é importante para evitar desconfortos e dor, o que pode ser o causador de problemas na coluna, durante a prática do ciclismo, sendo este um dos fatores para o abandono deste esporte 10.

Outros autores alertam sobre os prejuízos da técnica e na eficiência, ciclistas são muitas vezes confrontados com lesões e dores crônicas causadas por desvios na postura, que se encontra de forma inadequada na bicicleta, causando como por exemplo, o aumento da flexão de quadril e de joelho, mas que pode ser evitado quando o posicionamento na bicicleta é correto 11.

Um estudo de análises cinemáticas da coluna têm a finalidade de identificar fatores de risco para a ocorrência de lombalgia, que ocorre na maioria dos ciclistas. No ciclismo, a busca por um método padrão para análise cinemática da coluna lombar ainda é limitada, pois existem poucos estudos desenvolvidos 12.

Uma pequena parcela dos avaliados não realizam o ajuste correto da bicicleta e este fator não foi determinante para termos uma porcentagem relativamente alta de dor lombar.

Pesquisas demonstram que aqueles ciclistas que fazem um percurso maior de treino, estão mais propensos a dor lombar 13.

Nesta análise, isso se diverge, pois, os atletas que treinam em um maior percurso são os atletas do time trial e road, porém os que apresentaram um maior índice de dor foram os atletas do moutain bike. Também, há outros fatores determinantes para a dor lombar, como desequilíbrio e a fraqueza muscular, degeneração relacionada às articulações vertebrais lombares e discais 13.

CONCLUSÃO

Dor lombar é uma disfunção que acomete mais da metade dos praticantes de ciclismo, tendo uma prevalência alta, em todas as modalidades, mesmo apresentando características totalmente diferente, não interfere na incidência da dor.

O estudo transversal apontou que temos um grande número de ciclistas que apresentaram dor lombar, mas com intensidade baixa, não tendo relevância considerável. Não interfere em suas atividades de vida diária e profissional, e entres os grupos comparando as modalidades, não houve diferença significativa estatisticamente entre os praticantes de mountain bike, time trial e road.

O estudo transversal, apoiado em estudos renomados, afirmam alta prevalência de dor lombar em ciclistas goianos, porém para uma comparação entres as três modalidades citadas, sugerimos novos estudos.

REFERÊNCIAS

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13. Wilber CA, Holland GJ, Madison RE, Loy SF. An epidemiological analysis of overuse injuries among recreational cyclists.Int J Sports Med. 1995;16(3):201-6.

[1] Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira.

[2] Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira.

[3] Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira.

[4] Fisioterapeuta e Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira.

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Aparecida Cristina Rodrigues

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