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Osteoma de conduto auditivo externo: relato de caso

RC: 129235
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/conduto-auditivo

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

XAVIER, Tarcísio Redes [1], ESPÓSITO, Mário Pinheiro [2]

XAVIER, Tarcísio Redes. ESPÓSITO, Mário Pinheiro. Osteoma de conduto auditivo externo: relato de caso. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 10, Vol. 03, pp. 48-54. Outubro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/conduto-auditivo, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/conduto-auditivo

RESUMO

Osteoma é uma lesão tumorosa de natureza benigna que se estabelece a partir da proliferação do osso. Nesse contexto, objetivou-se apresentar um relato de caso sobre osteoma de conduto auditivo externo, identificado durante a vivência de um residente médico na área de otorrinolaringologia. Foi relatado o caso de um paciente do sexo masculino, 38 anos de idade, previamente hígido, que relatou quadro de hipoacusia e plenitude aural há cerca de 6 meses. Na realização de tomografia computadorizada de mastóide e ouvidos, foi visualizada hipopneumatização de mastoide e nodulação arredondada de consistência óssea em conduto auditivo direito, com obstrução parcial da luz. Os achados do caso em questão apresentam semelhanças com a literatura sobre idade, gênero e sintomatologia. Espera-se que esse trabalho possa contribuir para a comunidade científica e estimular outras pesquisas sobre os osteomas auditivos, principalmente no que diz respeito a compreensão da etiopatogenia, diagnóstico, tratamento e possíveis formas de prevenção.

Palavras–chave: Osteoma de conduto interno, Otorrinolaringologia, Relato de caso.

INTRODUÇÃO

Em termos de definição, o osteoma é uma lesão tumorosa de natureza benigna que se estabelece a partir da proliferação do osso. Pode ser classificado, histologicamente, como: compacto, esponjoso ou misto. Um osteoma compacto é aquele onde há a presença de pouco tecido fibroso, o que corresponde à maioria dos casos. Já o esponjoso, é caracterizado pela predominância de trabéculas fibrosas. A forma mista, por sua vez, apresenta as características das duas formas anteriores (REBOUÇAS et al., 2014).

De acordo com a literatura, os osteomas podem acometer diferentes estruturas, sendo os seios paranasais os mais comuns. Outros locais de acometimento incluem: a região maxilar, a calota craniana e o canal auditivo (HORIKAWA et al., 2012).

Os osteomas do tipo auditivo, tema em questão, são considerados raros e podem se localizar tanto no conduto auditivo externo (tipo mais frequente), quanto no conduto auditivo interno (MIZIARA; IANASE e BENTO, 1995).

Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo apresentar um relato de caso clínico sobre osteoma de conduto auditivo externo, identificado durante a vivência de um residente médico na área de otorrinolaringologia.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 38 anos de idade, previamente hígido, sem comorbidades, trabalhador rural, apresenta quadro de hipoacusia e plenitude aural há cerca de 6 meses, com aparecimento de nodulação em conduto auditivo externo direito. Durante a realização do histórico, referiu, ainda, tratamento recente de quadro de otite média.

Ao exame de otoscopia foi visualizado abaulamento em conduto auditivo, com cerca de 1 cm, pouco móvel, de consistência endurecida, sem presença de secreção em conduto. Palpação periauricular não dolorosa e sem presença de edemaciação. Na realização de tomografia computadorizada de mastoide e ouvidos, foi visualizada hipopneumatização de mastóide e nodulação arredondada de consistência óssea em conduto auditivo direito, com obstrução parcial da luz (figura 1).

Figura 1. Visualização de osteoma de conduto interno em ouvido direito, com cerca de 1 cm, em tomografia computadorizada

Visualização de osteoma de conduto interno em ouvido direito, com cerca de 1 cm, em tomografia computadorizada.
Fonte: autores.

Após a análise do caso, optou-se pela remoção cirúrgica por incisão retroauricular, seguida de dissecção dos tecidos e brocamento de parte da porção óssea do conduto auditivo externo. A figura 2 apresenta a visualização do osteoma antes da remoção e a figura 3 mostra o resultado após o procedimento cirúrgico.

Figura 2. Visualização de osteoma de conduto interno em ouvido direito, durante o procedimento de remoção cirúrgica por incisão retroauricular

Visualização de osteoma de conduto interno em ouvido direito, durante o procedimento de remoção cirúrgica por incisão retroauricular.
Fonte: autores.

Figura 3. Resultado da remoção cirúrgica por incisão retroauricular de osteoma de conduto interno em ouvido direito

Resultado da remoção cirúrgica por incisão retroauricular de osteoma de conduto interno em ouvido direito.
Fonte: autores.

DISCUSSÃO

De acordo com a literatura, o osteoma de conduto auditivo externo é uma doença pouco frequente, considerada três vezes mais comuns em pacientes do sexo masculino (NOORDZIJ; ARRIAGA e STONE, 1995; TESTA et al., 2003). O fato de ser um tipo de tumor de crescimento lento, pode ser a possível explicação para o acometimento ser considerado em maior escala em pacientes adultos (REBOUÇAS et al., 2014).

A etiologia para esse tipo de osteoma não se encontra totalmente definida. Entretanto, sabe-se, até o momento, que o surgimento pode ter associação com infecções, traumas ou mecanismos reacionais (TESTA et al., 2003; CARVALHO et al., 2008). Dessa forma, nota-se que os achados do relato corroboram com a literatura, uma vez que o paciente relatou ter sido submetido ao tratamento de otite média, uma inflamação de mucosa que reveste a cavidade timpânica (FOBE et al., 2002; LUBIANCA NETO; HEMB e SILVA, 2006).

Por sua vez, a sintomatologia do osteoma apresentado pelo paciente, também, mantém relação com outras pesquisas sobre a temática, onde se evidencia que o surgimento dos sintomas está ligado ao aumento tumoral (REBOUÇAS et al., 2014; VIEIRA; MANCINI e GONÇALVES, 2009). A hipoacusia ocorre devido a obstrução do conduto auditivo em decorrência da formação tumoral. A presença do cerume e restos de descamação de pele, também, podem contribuir para a hipoacusia junto ao osteoma (VIEIRA; MANCINI e GONÇALVES, 2009). Essas circunstâncias são capazes de explicar a presença da plenitude aural referida no caso.

No que se refere ao diagnóstico, evidencia-se a importância da avaliação auditiva e exames de imagem, como é o caso da tomografia computadorizada, na determinação da extensão do osteoma (VIEIRA; MANCINI e GONÇALVES, 2009).

Por outro lado, destaca-se a importância da análise histológica para o diferencial diagnóstico, principalmente buscando estabelecer e distinguir o osteoma de exostose (MIZIARA; IANASE e BENTO, 1995) que, por sua vez, é um tipo de crescimento ósseo localizado e periférico, cuja composição é formada por osso compacto e esponjoso (SUASSUNA et al., 2020). Além disso, considera-se que a precisão diagnóstica, também, implica diretamente no planejamento do tratamento.

A conduta terapêutica considerada para o caso relatado foi a remoção cirúrgica por incisão retroauricular. A literatura mostra que essa opção cirúrgica pode ser adotada no caso de osteomas localizados na região medial ao istmo ou quando a lesão é maior que o istmo. Além disso, o procedimento cirúrgico é recomendado diante de situações de perda auditiva devido a obstrução óssea. Cabe salientar que o tratamento, também, pode ser por método conservador, através da prevenção de otites externas, a partir da remoção de epitélio descamado e aplicação de antibióticos tópicos (TESTA et al., 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O osteoma de conduto auditivo externo, apesar de ser considerado benigno, é capaz de impactar na qualidade de vida do paciente, principalmente quando a sua evolução leva ao surgimento de sintomas auditivos. Nesse contexto, cabe ressaltar a importância da avaliação minuciosa dos casos, tendo em vista a escolha do caminho terapêutico adequado.

Reflete-se, por outro lado, que a literatura sobre a temática ainda se apresenta escassa, talvez por conta da raridade com que a doença se apresenta. Contudo, espera-se que esse trabalho possa contribuir para a comunidade científica e estimular outras pesquisas sobre os osteomas auditivos, principalmente no que diz respeito a compreensão da etiopatogenia, diagnóstico e avanços, no que diz respeito a métodos, tecnologias de tratamento e prevenção.

REFERÊNCIAS 

CARVALHO, R. W. F.; ANTUNES, A. A.; MELO, M. R. T.; ANDRADE, E. S. S.; PEREIRA, C. U. Osteoma craniofacial: estudo de 35 casos. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, vol. 37, n. 4, p. 212-214, 2008. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-507896. Acesso em: 03 out. 2022.

FOBE, L. P. O.; MELO, E. C.; CANNONE, L. F.; FOBE, J. L. Cirurgia de osteoma de seio frontal. Arq. Neuropsiquiatr., vol. 60, n. 1, p. 101-105, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-282X2002000100018. Acesso em: 03 out. 2022.

HORIKAWA, F. K.; FREITAS, R. R.; MACIEL, F. A.; GONÇALVES, A. J. Peripheral osteoma of the maxillofacial region: a study of 10 cases. Braz. J. Otorhinolaryngol., vol. 78, n. 5, p. 38-43, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bjorl/a/VtDDGBvBgbhx9s5zPLSjZ4n/?lang=en&format=pdf. Acesso em: 03 out. 2022.

LUBIANCA NETO, J. F.; HEMB, L.; SILVA, D. B. Systematic literature review of modifiable risk factors for recurrent acute otitis media in childhood. J Pediatr., vol. 28, n. 02, p. 87-96, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/MCHGMn3mmnTbsPvq8DTxZGh/?format=pdf&lang=en. Acesso em: 03 out. 2022.

MIZIARA, I. D.; IANASE, M. M.; BENTO, R. F. Osteoma de conduto auditivo interno associado a surdez súbita contralateral. Braz. J. Otorhinolaryngol., vol. 65, n. 05, p. 396-398, 1995. Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=2123. Acesso em: 03 out. 2022.

NOORDZIJ, J. P.; ARRIAGA, M. A.; STONE, A. B. Differentiating bony lesions of the external auditory canal. Ear Nose Throat J., vol. 74, n. 1, p. 49-51, 1995. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7867531/. Acesso em: 03 out. 2022.

REBOUÇAS, D. S.; FERREIRA, T. G.; ANDRADE, E. L.; FORTUNA, T. C.; ASSIS, A. F.; FREITAS, C. E. Abordagem cirúrgica de osteoma em osso frontal: relato de caso. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe, vol. 14, n. 3, p. 9-14, 2014. Disponível em: https://www.revistacirurgiabmf.com/2014/3/brjoms14.3.1.pdf. Acesso em: 03 out. 2022.

SUASSUNA, T. M.; SILVA, C. J.; ABREU, N. M. R.; SAMPAIO, F. C. Exostose palatina aberrante. Rev. Cubana Estomatol., vol. 57, n. 2, 2020. Disponível em: https://www.medigraphic.com/pdfs/revcubest/esc-2020/esc202p.pdf. Acesso em: 03 out. 2022.

TESTA, J. R. G.; PIZARRO, G. U.; VUONO, I. M.; VALERIANO NETO, M. E. L. R. B. Osteoma de meato acústico externo: relato de nove casos e revisão de literatura. Rer. Bras. Otorrinolaringol., vol. 69, n. 4, p. 527-532, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-72992003000400014. Acesso em: 03 out. 2022.

VIEIRA, A. B. C.; MANCINI, P.; GONÇALVES, D. U. Doenças infecciosas e perda auditiva. Rev. Med. Minas Gerais, vol. 20, n. 1, p. 102-106, 2009. Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/388. Acesso em: 03 out. 2022. 

[1] Médico residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital otorrino. ORCID: 0000-0003-4096-8123.

[2] Doutor pela Faculdade de medicina da santa casa de são paulo – SP; mestre em otorrinolaringologia pela UFRJ – RJ. ORCID: 0000-0001-5080-3424.

Enviado: Setembro, 2022.

Aprovado: Outubro, 2022.

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Tarcísio Redes Xavier

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