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Aneurisma micótico em paciente portadora de comunicação interventricular complicada com endocardite

RC: 88346
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

OLIVEIRA, Naiade Moreira De [1], CARMO, Lucas Santiago Do [2], MANSOUR, Josélia Pantoja Oliveira [3], MIRANDA, Rogério Dos Anjos [4], ALVES, Jessica Lorena [5]

OLIVEIRA, Naiade Moreira De. Et al. Aneurisma micótico em paciente portadora de comunicação interventricular complicada com endocardite. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 07, pp. 65-71. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/comunicacao-interventricular

RESUMO

O presente estudo tem como tema o aneurisma micótico verificada em uma paciente portadora de civ complicada com endocardite em vigência de cardite reumática aguda, do sexo feminino, de 4 anos de idade, usuária do SUS, com histórico de febre recorrente há 30 dias tratada previamente com antibioticoterapia oral sem melhora do quadro, evoluindo com artrite em joelho e tornozelo direito. Trata-se de um estudo descritivo do tipo Relato de Caso, cujas informações foram obtidas durante o atendimento da paciente na unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica da FHCGV-PA. A análise dos dados foi realizada a partir de entrevista, exame físico, avaliação de exames de imagem, e a revisão do prontuário do paciente. Objetivo: Este trabalho objetiva relatar o caso de uma paciente portadora de cardiopatia congênita e cardite reumática, que evoluiu com endocardite infecciosa e embolização de vegetação para tronco pulmonar. Conclusão: O aneurisma micótico, apesar de raros em adultos e ainda mais na população pediátrica, com escassez de casos descritos nessa faixa etária, apresentou evolução satisfatória na paciente deste relato após as medidas de suporte e tratamento.

Palavras–chave: aneurisma micótico, endocardite, cardite reumática.

1. INTRODUÇÃO

As cardiopatias congênitas (CC) consistem em alterações da estrutura ou funcionalidade do sistema cardiovascular presentes ao nascimento, podendo estar relacionadas a síndromes genéticas, alterações embrionárias e exposição a teratógenos como álcool e infecções durante a gestação, sendo uma importante causa de morbimortalidade neonatal e no primeiro ano de vida, é um problema de saúde pública haja vista que interfere diretamente no desenvolvimento e qualidade de vida de seus portadores. Classificadas em cianóticas e acianóticas de acordo com a clínica do paciente, o exame de primeira escolha para confirmação da suspeita da presença de CC é o ecocardiograma (ECO), cuja aplicação pode diagnosticar os principais defeitos cardíacos tais como: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV), defeito no septo atrioventricular total (DSAVT) ou parcial (DSAVP), estenose aórtica (EA), dentre outros persistência do canal arterial (PCA) e a tetralogia de Fallot (T4F) (CAPELESSO, 2017).

As cardiopatias na infância também podem ser adquiridas, sendo o principal agravo causadora febre reumática (FR), que pode evoluir com cardite e cardiopatia reumática crônica (CRC), necessitando de acompanhamento clínico e em alguns casos, intervenção cirúrgica ou cateterismo devido a insuficiência cardíaca por acometimento valvar (CRUZ, 2019). O diagnóstico da FR é baseado em critérios clínicos e laboratoriais denominados critérios de Jones, dentre eles incluso a cardite e provas inflamatórias positivas (MEIRA, 2006). Outras infecções bacterianas, fúngicas ou até mesmo e virais na infância podem evoluir com manifestações no sistema cardiovascular – como as endorcadites infecciosas (EI), originando o surgimento de aneurismas micóticos (AM) , contribuindo para a alta mortalidade das patologias cardíacas na infância (GARCIA, 2011). A presença de CC constitui fator de risco para o desenvolvimento de EI na infância (HABIB, 2010).

Aqui será relatado o caso de uma paciente pediátrica com CC que evoluiu endocardite e posterior diagnóstico de com FR em atividade e aneurisma micótico durante a internação no HCGV-PA, sendo submetida a cateterismo (CATE) diagnóstico e terapêutico.

2. MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo do tipo Relato de Caso, cujas informações foram obtidas durante o atendimento da paciente na unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica da FHCGV-PA. A análise dos dados foi realizada a partir de entrevista, exame físico, avaliação de exames de, e a revisão do prontuário da paciente.

3. RELATO DO CASO

Paciente feminina, 4 anos deu entrada na unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica da FHCGV-PA com histórico de febre recorrente há 30 dias tratada previamente com antibioticoterapia oral sem melhora do quadro, evoluindo com artrite em joelho e tornozelo direito. Ao exame admissional: dispneica, acianótica, hipocorada e febril. Realizado ECO, o qual evidenciou: CIV de 8,7mm com shunt esquerda/direita ao Dopller, aumento das dimensões de artéria pulmonar esquerda, do ventrículo esquerdo (VE) e átrio esquerdo (AE), refluxo mitral moderado, além da presença de vegetação em protrusão para tronco pulmonar, sendo diagnosticada com endocardite e introduzido antibiótico tratamento com oxacilina, ceftriaxone e cefepime. Durante a internação realizada Tomografia computadorizada (TC) de Tórax que evidenciou formação expansiva com densidade de partes moles, central, localizada adjacente à origem do brônquio do lobo médio, medindo 3,5 x 3,0 cm sugestiva de aneurisma; bem como provas inflamatórias para FR – proteína C reativa (PCR), VHS e ASLO positivas, adiando programação de tratamento cirúrgico para tratamento da fase aguda da febre reumática, a paciente fez uso de penicilina benzatina e corticoterapia. Após estabilização do quadro da paciente realizada esternotomia mediana na qual foi realizada a correção da CIV e decidida abordagem pulmonar em segundo momento, evoluindo sem intercorrências no pós-operatório e realizado novo ECO que evidenciou: “patch” em septo ventricular aparentemente sem sinais de shunt residual e refluxo mitral leve. Realizado CATE diagnosticando presença de aneurisma micótico sacular gigante em ramo da artéria pulmonar esquerda sendo realizada embolização de aneurisma com posicionamento e liberação de prótese CERA – de embolização vascular (plug)- de 8mm, em posição de colo de aneurisma. Controle angiográfico pós procedimento mostrou bom posicionamento da prótese, com shunt residual mínimo pelo corpo da prótese, e boa evolução pós procedimento. Recebeu alta no dia seguinte com prescrição de Benzetacil 600.000 UI a cada 21 dias e AAS 100mg/dia e orientações de seguimento clínico.

4. DISCUSSÃO

As CC são uma importante causa de internação hospitalar em pediatria, muitas vezes com necessidade de suporte intensivo de UTI, dada a necessidade de tratamento cirúrgico e a complexidade de muitos casos, sendo as crianças com faixa etária menor de 5 anos de idade que possuem maior necessidade de internação hospitalar. Em estudo realizado na cidade de Manaus entre os anos de 2011 a 2015, essa faixa etária compreendeu 82,6% das internações de crianças com CC, sendo 14,4% delas entre 1 a 4 anos de idade. As CC acianóticas – sendo a CIV uma dos tipos – corresponderam a 86,1% das internações (CAPELESSO, 2017). No Paraná, em 2014, 36,4% das internações de crianças com CC possuíam o diagnóstico de CIV (BELO, 2016).

Os critérios de Jones para FR citam a artrite – principalmente de grandes articulações – como joelhos e tornozelos, e a cardite – geralmente com acometimento de endocárdio e valva mitral, em seus critérios maiores, e febre, VHS e PCR elevados como critérios ditos menores, contemplados pela paciente do caso descrito, justificando a antibioticoterapia a corticoterapia realizadas. Em países em desenvolvimento a FR configura como a principal causa de cardiopatia adquirida (MEIRA, 2006).

A incidência de endorcardite infecciosa (EI) em crianças vem aumentando nos últimos anos, com mudança no perfil nos países desenvolvidos, dada a diminuição na incidência de doença valvar reumática e o aumento da taxa de sobrevivência de crianças com CC, cujos portadores muitas vezes são submetidos a procedimentos invasivos, cirúrgicos, uso de cateter, além de manejo pós-operatório em UTI e uso de próteses cardíacas, que contribuem para a propensão ao desenvolvimento de EI (FERRIERI, 2002). Os critérios de Duke modificados auxiliam no diagnóstico da EI, sendo um deles o ECO sugestivo (THUNY, 2005). Por se tratar de um processo infeccioso, complicações com elevada taxa de morbimortalidade devido ao processo inflamatório podem ocorrer, gerando abscessos, fístulas e vegetações cardíacas, insuficiência valvar e aneurismas micóticos, este último mais raro, tendo em sua fisiopatologia o processo tromboembólico decorrente da infecção vigente, cujo tratamento é realizado com antibioticoterapia, cirurgia ou tratamento endovascular (ALVES, 2005). Além do ECO, exames de imagem como TC e o próprio CATE auxiliam na confirmação diagnóstica e planejamento terapêutico dos pacientes portadores de AM e outras afecções cardíacas (LIPHAUS et al., 2007).

A paciente aqui relatada além de ter predisposição para EI haja vista a CC, deu entrada hospitalar com FR em atividade que também possui acometimento cardíaco de caráter inflamatório, evoluindo com aneurisma micótico em artéria pulmonar esquerda, recebendo tratamento medicamentoso e cirúrgico, tratamento semelhante ao descrito em 2003 por Liphaus et al. (2007) no qual uma paciente de 10 anos portadora de CRC evoluiu com EI e AM em artéria mesentérica superior, sendo submetida a antibioticoterapia e tratamento cirúrgico de urgência, haja vista a alta taxa de mortalidade e complicações e por serem incomuns em crianças.

5. CONCLUSÃO

O aneurisma micótico aqui descrito, apesar de raros em adultos e ainda mais na população pediátrica, com escassez de casos descritos nessa faixa etária, apresentou evolução satisfatória na paciente deste relato após as medidas de suporte e tratamento enumeradas na literatura, apesar das morbidades associadas ao caso (CC e FR em atividade), que constituíam em fatores de risco para um desfecho negativo.

REFERÊNCIAS

ALVES, C. M. R. Tratamento endovascular em situações especiais: doenças do tecido conectivo, aortites não-infecciosas, aneurismas micóticos, aneurisma isolado das artérias ilíacas e urgências. Rev Bras Cardiol Invasiva, v. 13, n. 4, p. 292-300, 2005.

ATIK, E. Cateterismo cardíaco intervencionista na cardiologia pediátrica: o posicionamento médico quanto às aplicações atuais e perspectivas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 79, n. 5, p. 443-445, 2002.

BELO, W. A. et al. Perfil clínico-hospitalar de crianças com cardiopatia congênita. Cadernos Saúde Coletiva, v. 24, n. 2, p. 216-220, 2016.

CAPPELLESSO, V. R.; DE AGUIAR, A. P. Cardiopatias congênitas em crianças e adolescentes: caracterização clínico-epidemiológica em um hospital infantil de Manaus-AM. O Mundo da Saúde, v. 41, n. 2, p. 144-153, 2017.

CRUZ, R. C. C. et al. Preditores de desfecho desfavorável em crianças e adolescentes submetidos à valvoplastia mitral cirúrgica secundária à cardiopatia reumática crônica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 113, n. 4, p. 748-756, 2019.

FERRIERI, P. et al. Unique features of infective endocarditis in childhoodCirculation, v. 105, n. 17, p. 2115-2126, 2002.

GARCIA, S. S.  et al. Aneurismas infecciosos: incidência, diagnóstico e tratamento. Arq Bras Neurocir, v. 30, n. 3, p. 146-9, 2011.

HABIB, G. et al. Recommendations for the practice of echocardiography in infective endocarditis. European Journal of Echocardiography, v. 11, n. 2, p. 202-219, 2010.

LIPHAUS, B. L. et al. Aneurisma micótico abdominal e embolia cerebral associados à endocardite infecciosa em paciente com doença valvar reumática crônica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 88, n. 1, p. e7-e9, 2007.

MEIRA, Z. M. A. et al. Estudo comparativo das avaliações clínica e ecocardiográfica Doppler na evolução das lesões valvares em crianças e adolescentes portadores de febre reumática. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 86, n. 1, p. 32-38, 2006.

PEREIRA, B. Á. de F. et al. Febre reumática: atualização dos critérios de Jones à luz da revisão da American Heart Association. 2015. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 57, n. 4, p. 364-368, 2017.

THUNY, F. et al. Risk of embolism and death in infective endocarditis: prognostic value of echocardiography: a prospective multicenter studyCirculation, v. 112, n. 1, p. 69-75 2005.

[1] Médica Pela Universade Federal Do Pará.

[2] Cardiologista Pediátrica Pela Fundação De Clínicas Gaspar Viana; Médico Pela Universidade Do Estado Do Pará.

[3] Especialista Em Ecocardiografia Pediátrica E Fetal Pelo Instituto Do Coração; Cardiologista Pediátrica Pela Santa Casa De São Paulo;Médica Pela Universidade Federal Do Pará.

[4] Cardiologista Intervencionista Da Fundação Hospital De Clínicas Gaspar Viana; Médico Pela Universidade Federal Do Pará.

[5] Orientadora. Mestranda Pela Universidade Federal Do Pará; Cardiologista Pediátrica Pela Fundação De Clínicas Gaspar Viana; Médica Pela Universidade Federal Do Pará.

Enviado: Abril, 2021.

Aprovado: Junho, 2021.

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