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Relato de Experiência: A visão de um enfermeiro frente a escolha de novos tipos de coberturas para feridas e as práticas utilizadas

RC: 37975
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PAULA, Patrick Rodrigues Cardoso de [1], BRASILEIRO, Marislei [2]

Relato de Experiência: A visão de um enfermeiro frente a escolha de novos tipos de coberturas para feridas e as práticas utilizadas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 10, Vol. 03, pp. 05-13. Outubro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/coberturas-para-feridas

RESUMO

Objetivo: relatar a visão de um enfermeiro no cotidiano de sua unidade em relação à resistência, e ou a aceitação da equipe de novos tipos de coberturas para feridas. Resultados: na análise das práticas verificou-se que, para os profissionais com mais tempo de formação e de atuação na profissão, há uma resistência no emprego de novos tipos de coberturas para feridas. Por outro lado, os calouros na profissão e os profissionais que sempre buscam por ampliar seus conhecimentos e técnicas não demonstram a rejeição. Conclusão: durante a vivência conclui-se que a busca pelo aperfeiçoamento e conhecimento de novas práticas está diretamente relacionada aos interesses pessoais de cada profissional, independendo do tempo de formação e ou tempo de atuação na área.

Palavras-chave: enfermagem, observação, prática baseada em evidências.

1. INTRODUÇÃO

A enfermagem, enquanto profissão atuante na área da saúde, age diretamente nos cuidados das lesões e feridas dos pacientes, visando sempre ampliar condições favoráveis a promoção da recuperação, evitando o surgimento de complicações. É fundamental saber realizar a avaliação da ferida, bem como o conhecimento dos produtos que trará ao paciente melhor eficácia em sua cura. ¹,²

O enfermeiro deve estar atento as queixas de dor, ao dimensionamento da ferida (extensão, profundidade), surgimento de edemas e sinais flogísticos, quantificando e qualificando quando há presença de exsudato. Neste sentido, o conhecimento dos aspectos fisiológico bem como a adequada caracterização da ferida proporcionará ao enfermeiro a melhor escolha de tipo de cobertura na realização do tratamento de uma determinada ferida. ³

A aquisição de ciência realiza-se em toda situação social formando conhecimentos, aptidões e desenvolturas, inteiramente atreladas à vida cotidiana por meio do ensino, da prática e da observação científica instituídas em intento coerente. 4

A modernização dos procedimentos para cuidado à saúde torna este campo um dos mais ativos no tocante à assimilação de novas tecnologias, que são lançadas e consumidas segundo a coerência do mercado. Passando a ter um valor em si mesmo, independentemente de sua eficácia. As mercadorias incorporadas à metodologia técnica, muito mais no aspecto da importância que representam do que as necessidades. 5

Assim, a constante capacitação dos prestadores dos cuidados ao paciente na composição da eficaz avaliação da ferida, bem como a compreensão de agentes que poderão interferir diretamente no tratamento: o que causou a lesão; quanto tempo do aparecimento; surgimento ou não de processos infecciosos. ³

A resolução do Conselho Federal de Enfermagem6 (COFEN) N° 0567/2018 regulamenta os cuidados de Enfermagem aos pacientes com feridas. Onde nas disposições gerais garante ao enfermeiro autonomia para: analisar, preceituar e efetuar curativos em todos os tipos de feridas em pacientes sob seus cuidados, além de ordenar e supervisionar a equipe de enfermagem na precaução e cuidado de pessoas com ferimentos. 6

Neste estudo, pretendemos refletir através da visão do autor, em seu cotidiano em enfermagem frente à equipe na qual ele se encontra inserido, e sua aceitação aos novos tipos de cobertura para feridas.

2. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo mostrar através da visão de um profissional de enfermagem como a equipe na qual ele se encontra inserido adere ao uso de novos insumos para o tratamento de feridas.

3. TRAJETÓRIAS METODOLÓGICAS

O estudo foi realizado em forma de relato de experiência, dada pela vivência do autor junto aos seus colegas de trabalho em um hospital situado no município de Uberlândia MG, tendo início em setembro de 2018.

Tem como base a observação das práticas em uma unidade hospitalar na qual o autor estar inserido, onde não foi realizada nenhuma entrevista, nem aplicado avaliação por meio de questionários.

Esta ocorreu a partir da vivência do pesquisador com uma equipe de técnicos de enfermagem durante os cuidados aos pacientes com feridas.

O relato de experiência possibilita a aproximação da prática com a teoria. Estudos dessa modalidade descrevem e analisam a aplicação de processos, métodos ou ferramentas, contextualizando a experiência e mostrando os resultados obtidos e lições aprendidas. Tendo como finalidade registrar todo o percurso desenvolvido pelo pesquisador em sua experiência de pesquisa científica. 7

Foi observada a realização prática do procedimento em um hospital no município de Uberlândia-MG. A unidade atende mensalmente 500 pessoas advindas do município no qual se realizou a pesquisa. Utilizou-se caderneta e caneta para anotar o que foi observado durante os dias de observação.

Esse estudo foi realizado em consonância com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Os participantes da prática não sofreram intervenções, não foram entrevistados e não participaram diretamente. Não foram utilizados dados dos pacientes. 8

O estudo previu procedimentos que asseguram a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e não estigmatizarão os participantes, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros.

A pesquisa respeitou os referenciais da bioética, tais como: autonomia; não maleficência; beneficência; justiça e equidade; dentre outros, e assegurará os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes.

A melhor opção para municiar a atualização dos profissionais foi o empreendimento de estudiosos que passaram a sintetizar conhecimentos sobre um apontado tema em um único artigo, empregando as melhores análises da área, a fim de que o fruto final seja de elevada propriedade e credibilidade. 9

4. RESULTADOS

Foi realizada a observação por 60 dias, sendo que, em cada dia a prática durou aproximadamente 4 horas, sendo efetuados dois procedimentos em cada observação. A equipe de técnicos de enfermagem é composta por dezesseis profissionais, sendo observado a cada dia um funcionário diferente, conforme a escala da instituição.

4.1 A ESCOLHA DO PRODUTO UTILIZADO PARA COBERTURA DE FERIDAS

No cotidiano do trabalho hospitalar, percebeu-se que quando ocorria uma mudança para um produto ideal e inovador, alguns enfermeiros que eram veteranos e trabalhavam há tempo considerável tinham preferência por produtos tradicionais. Procurou-se, ao máximo, não interferir na rotina, de modo que eles não percebessem o real motivo da observação que era advertida na realização dos procedimentos.

Observou-se, também, que a diferenciação na escolha do produto vinha dos mais interessados e aplicados aos estudos científicos. Nesse aspecto, a escolha do produto independia do tempo de trabalho. Mesmo os mais antigos de casa, aplicados aos estudos, tendiam a escolher os melhores produtos para curativos.

Um exemplo observado foi a utilização da Polihexanida (PHMB), muito útil na limpeza mecânica da ferida, enquanto alguns profissionais preferiam utilizar a solução fisiológica a 0,9%.

Importante lembrar que o PHMB é uma substância indicada para uso contínuo e repetido, tendo como validade 8 semanas após a rotura do frasco. É uma solução de irrigação de feridas que atua como acessório no efeito de limpeza. Devido a sua ação tenso ativa, extrai revestimentos, biofilmes e dispõe o leito da ferida para receber curativo. 10

Outro exemplo é o uso do filme de poliuretano, utilizado na oclusão de feridas em relação ao uso de compressas de gases. Sendo formado por poliuretano e adesivo acrílico hipoalergênico, é semipermeável e proporciona uma capa protetora sobre a pele, colaborando para o impedimento para danos por fricção e fluidos corporais. 10

Com a rotina das execuções, notou-se que a preferência pelos produtos era proporcionalmente ligada ao interesse pessoal por parte do profissional em se aprimorar, de modo que o tempo de serviço não está diretamente ligado ao desejo em ampliar os conhecimentos.

4.2 RELAÇÃO TEMPO DE SERVIÇO E O INTERESSE EM NOVAS TÉCNICAS

Durante a convivência entre um plantão e outro observou-se o desejo maior na ampliação dos conhecimentos em profissionais recém inseridos no mercado de trabalho, o que se aplica também aos profissionais da enfermagem com um significativo tempo de atuação, onde os mesmos não se acomodam com as técnicas, buscando sempre se manterem atualizados, acolhendo as novidades à medida que elas vão surgindo no mercado.

Por outro lado, encontrou-se profissionais com resistência à aplicação de novas técnicas, estando estes felizes com as práticas que já empregam em suas atividades, demonstrando resistência a outros materiais para a realização de curativos.

O profissional precisa ir além de sua própria ciência e procurar na literatura a complementação da informação, que nessa situação é imprescindível. No caso de interferências, é fundamental ampliar o “como eu faço” para o “que existe de melhor e mais atual”, decorrente da averiguação científica com propriedade sobre o tema. 11

Diante dos fatos observados, conseguiu-se dividir os grupos onde a aceitação para os novos tipos de cobertura independe do tempo em que o profissional tenha de formação e/ou esteja inserido na área de atuação. Formou-se, portanto, um comparativo onde a parte mais relevante é o interesse em buscar o que é benéfico ao paciente, levando em conta a adequação ao que é melhor no tratamento ao cliente.

Percebeu-se que a atuação do enfermeiro no campo da dermatologia vai além do cuidado técnico, e as atitudes não desconsideram a ética e a bioética. As escolhas devem ser baseadas em evidências científicas, e os comitês de ética das instituições de referência em saúde devem nortear os profissionais. Assim, no cuidado com feridas a enfermagem deve auxiliar o paciente na tomada de decisão por meio da orientação clara e segura, garantindo o princípio da autonomia do paciente. Além disso, o autoconhecimento é essencial para dissipar a tendência aos julgamentos morais e às tomadas de decisão equivocadas, gerados por estereótipos e preconceitos. 11

Durante o cotidiano no qual foi aplicado conclui-se esta pesquisa, onde a busca pelo aperfeiçoamento e conhecimento de novas práticas está diretamente relacionada aos interesses pessoais de cada profissional, independendo do tempo de formação e ou tempo de atuação na área.

A busca pelo aperfeiçoamento teórico e prático, além do desenvolvimento profissional, proporciona ao enfermeiro a melhora da oferta dos cuidados aos seus pacientes, atendendo as suas necessidades respeitando sempre suas particularidades.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse relato foi mostrar através da visão de um profissional de enfermagem como a equipe na qual ele se encontra inserido adere ao uso de novos insumos para o tratamento de feridas.

Observou-se que a adesão está ligada a dois principais fatores:

  • Quanto à escolha do tipo de cobertura de feridas, os profissionais que buscam constantemente se atualizarem demonstram maior interesse na utilização de novas tecnologias na sua prática;
  • Na busca pelo aperfeiçoamento profissional, por parte da equipe analisada, os interesses individuais ficam em evidência, onde cada um possui suas questões e gostos, o que acaba por direcionar suas preferências.

Assim, esperamos contribuir para que mais estudos como este possam ser desenvolvidos, de forma que a busca por novos meios para uma boa promoção da enfermagem enquanto ciência, ampliando os saberes e práticas, cuja finalidade é o exercer com embasamento científico, possa se tornar uma prática constate dos profissionais de enfermagem.

REFERENCIAS

1- MORAIS, Gleicyanne Ferreira da Cruz; OLIVEIRA, Simone Helena dos Santos; SOARES Maria Julia Guimarães Oliveira. Avaliação de feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000100011&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000100011. Acesso em: 28/11/2018

2- SILVA, Rodrigo Marques da; SOARES, Rhea Silvia de Ávila; GUIDO, Laura de Azevedo. Cuidados de enfermagem a cliente submetido à fasciotomia – relato de Experiência. Disponível em: HTTP:// http://enfermagem.bvs.br/lildbi/docsonline/get.php?id=035. Acesso em: 28/11/2018

3- SANTOS, Joseane Brandão dos; PORTO, Sheila Ganzer; SUZUKI, Lyliam Midori; SOSTIZZO, Luciana Zinn; ANTONIAZZI, Jorge Luiz.  Avaliação e tratamento de feridas: orientações aos profissionais de saúde. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/34755. Acesso em: 28/11/2018

4- GOMES, Vale Eu Cléa; FREITAG, Pagliuca Lorita Marlena; RIBEIRO, Quirino Régio Hermilton. Saberes e práxis em enfermagem. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452009000100024&lng=pt.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452009000100024. Acesso em: 28/11/2018

5- BARRA, DCC; NASCIMENTO, ERP; MARTINS, JJ; ALBUQUERQUE, GL; ERDMANN AL. Evolução histórica e impacto da tecnologia na área da saúde e da enfermagem. Rev. Eletr. Enf. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm. Acesso em: 28/11/2018

6- COFEN. Resolução COFEN N° 0567/2018. Regulamenta a atuação da Equipe de Enfermagem no Cuidado aos pacientes com feridas. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-567-2018_60340.html. Acesso em 29/11/2018

7- BARROS, A. J. P; LEHFELD, N. A.S. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

8- BRASIL. Conselho nacional de Saúde. Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, de  12 de dezembro de 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html Acesso em: 28/11/2018

9- CLARKE, Mike; OXMAN, Andrew D; PAULSEN, Elizabeth; HIGGINS, Julian PT; GREEN, Sally. Reviews of Interventions Version 5.1.0. The Cochrane Collaboration, 2011. Acesso em 30/01/2019. Disponível em: http//www.cochrane-handbook.org

10- RIBEIRO, Gulliver Rezende Teodoro; COSTA, Guilherme Alves da. Atlas de Curativos baseado nas Coberturas padronizadas no Hospital Anchieta. Revisão Nº 03. 19 de setembro de 2017. Disponível em: http://portal.hospitalanchieta.com.br/docs/Atlas%20de%20Curativos%20baseado%20nas%20Coberturas%20padronizadas%20no%20Hospital%20Anchieta.pdf . . Acesso em 29/11/2018

11- MANDELBAUM, Samuel Henrique; SANTIS, Érico Pampado di; MANDELBAUM, Maria Helena Santana. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares – Parte II. Anais Brasileiro de Demartologia. Disponível em: http://www.anaisdedermatologia.org.br/detalhe-artigo/10066/Cicatrizacao–conceitos-atuais-e-recursos-auxiliares—Parte-II. Acesso em 29/11/2018

[1] Enfermeiro especialista.

[2] Enfermeira, doutora em Saúde.

Enviado: Junho, 2019.

Aprovado: Outubro, 2019.

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