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Acidentes domésticos infantis: uma revisão de literatura

RC: 99921
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SOARES, Maissa Jessyka Silva [1], FERNANDES, Orquideia da Silva [2], BASTOS, Laíse Fernandes [3], GOMES, Benedita Maryjose Gleyk [4]

SOARES, Maissa Jessyka Silva. Et al. Acidentes domésticos infantis: uma revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 10, Vol. 08, pp. 31-48. Outubro 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/acidentes-domesticos

RESUMO

Os acidentes domésticos na infância são considerados uma situação frequente dentro dos prontos socorros, podendo causar graves danos à saúde da criança. Estes podem ser evitáveis, de forma que, a orientação aos pais e/ou responsáveis é uma ferramenta essencial para redução dos índices de traumas familiares. A problemática, do presente artigo, consiste em responder: quais os principais registros de acidentes domésticos infantis encontrados na literatura? O objetivo consiste em descobrir os principais registros de acidentes domésticos infantis encontrados por meio de revisão de literatura, bem como discorrer sobre a atuação do profissional enfermeiro frente a problemática. Para isto, foi realizada uma revisão bibliográfica, através do método da Pesquisa Narrativa. A coleta de dados foi realizada no segundo semestre do ano de 2021, com periódicos de 2013 a 2020. Os resultados evidenciam que é papel da Enfermagem estabelecer estratégias para minimizar os riscos de acidentes por meio de ações de proteção e promoção da saúde. O enfermeiro, por sua vez, age como uma espécie de educador e difusor de conhecimentos da problemática dos acidentes domésticos. Portanto, conclui-se que, prevenir acidentes é um desafio para os órgãos e profissionais que se encontram envolvidos no acompanhamento do crescer e desenvolver das crianças, e essa necessidade de orientação educacional é urgente para a população e comunidade, com o objetivo de despertar mudanças comportamentais, que possam contribuir para uma redução dos acidentes domésticos na infância.

Palavras-chave: Acidentes Domésticos, Enfermeiro, Infância.

1. INTRODUÇÃO    

Em nível mundial, os acidentes domésticos estão entre as cinco principais causas de mortalidade, estando em quase todos os países na segunda ou terceira colocações. No Brasil, estima-se que as pessoas vítimas de acidentes domésticos chegam a totalizar 37% de todos os feridos atendidos em hospitais (SILVA et al., 2020).

O acidente doméstico, especialmente na infância tornou-se um problema de bastante expressão, podendo de maneira significativa interferir no desenvolvimento da criança e no seu convívio familiar (FERREIRA et al., 2014).

Na maioria das vezes, os principais fatores que estão ligados às ocorrências são de faixa etária, sendo que, quanto mais for precoce a idade da criança aumenta bastante o risco de acontecer acidentes; nível escolar da criança e da família, pessoas que apresentam nível maior de escolaridade são mais capazes de realizar uma melhor prevenção; o ambiente físico da residência, sendo que, casas que apresentam estrutura defasada tendem a ter maior número de acidentes (MACIEL, 2014).

Além disso, foram identificados nos estudos que os principais acidentes domiciliares acontecem durante a infância. Assim, quando se trata de uma faixa etária de 6 meses a 9 anos prevalecem os afogamentos, quedas, queimaduras e intoxicações (BRASIL, 2013). No caso de óbitos, o Ministério da Saúde (MS) destaca que as principais causas foram os riscos acidentais à respiração como, por exemplo, sufocação na cama, asfixia com alimentos, afogamentos, ficar exposto a fumaça, ao fogo e às chamas.

O interesse pela temática surgiu pelo fato de que os acidentes domésticos na infância são considerados um sério problema de saúde pública atual, e com a pandemia ainda em estado de alerta máximo, com as crianças passando mais tempo dentro de casa, é notório que os acidentes domésticos devem aumentar.

Nesse sentido, a motivação principal para a realização do tema “acidente doméstico na infância”, decorre da pouca quantidade de estudos locais produzidos, além da necessidade do cuidado com a criança que o profissional de enfermagem traz consigo (LIMA et al., 2018)

A problemática consiste em responder: quais os principais registros de acidentes domésticos infantis encontrados na literatura?

O objetivo do presente estudo consiste em descobrir os principais registros de acidentes domésticos infantis encontrados por meio de revisão de literatura, bem como discorrer sobre a atuação do profissional enfermeiro frente a problemática. E os específicos foram: investigar junto a literatura, em que idade ocorreram mais acidentes domésticos infantis; levantar informações sobre o sexo que mais é acometido de acidentes domésticos infantis e identificar as principais consequências e possíveis sequelas que os acidentes domésticos podem provocar nas crianças, referente a literatura.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 TIPO DE PESQUISA

O referido estudo consiste numa pesquisa bibliográfica sendo contemplada através do método da Pesquisa Narrativa. Por outro lado, segundo Aimi (2020, p. 3), “uma narrativa é composta por uma sequência singular de eventos, estados mentais, ocorrências envolvendo seres humanos como personagens ou autores” e acrescenta, mais à frente que “ela ode ser “real” ou “imaginária” sem perder seu poder como história”.

Cabem apresentar na metodologia, os meios de levantamentos da pesquisa, os quais serão obtidos através estudo bibliográfico. Para tanto, segundo Gil (2010, p. 29), “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado”. Daí, facilitará uma melhor forma de o investigador analisar o fenômeno.

Para melhor compreensão sobre a pesquisa bibliográfica adota-se o conceito de Cervo; Bervian e Silva (2007, p. 60) que nos diz:

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser realizada independentemente ou como parte de pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema.

Neste sentido, a abordagem metodológica exige ainda o caráter exploratório-descritivo com enfoque na revisão de literatura especializada, procurando tornar evidente as diversas situações encontradas (MARCONI; LAKATOS, 2008).

2.2 BUSCA NA LITERATURA

Para coletar os dados foi realizada uma investigação nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS), e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Os descritores foram Acidentes Domésticos. Enfermeiro. Infância.

A busca e coleta de dados foi realizada no segundo semestre do ano de 2021, com periódicos de 2013 a 2020. No período da busca foram encontrados um total de 161 artigos relacionados à ao tema levantado, destes foram selecionados, seguindo os critérios de inclusão de estudos transversais observacionais, de revisão de literatura do tipo narrativa, onde no final tiveram resultado de 13 estudos selecionados.

2.4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Os critérios de inclusão utilizados para a seleção da amostra foram: artigos disponíveis eletronicamente; revista científica e dissertação. Foram excluídos durante a busca: produção duplicada, editoriais e cartas ao editor.

2.5 PROTOCOLO DE TRIAGEM

A avaliação crítica dos estudos selecionados consistiu-se na leitura na íntegra dos mesmos (prisma), seguida da elaboração de quadros contendo ano de publicação e sujeitos do estudo.

3. RESULTADOS

A amostra final desta revisão foi constituída por 13 artigos científicos, selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. O quadro 1 representa as especificações de cada um dos artigos, distribuídos, segundo: ano; periódico; nome dos autores e título.

Quadro 1. Relação dos estudos selecionados quanto ao ano, periódico, autores, título, abordagem metodológica e resultados.

AUTOR/ANO DE PUBLICAÇÃO TÍTULO AMOSTRA ABORDAGEM METODOLÓGICA RESULTADOS
AMARAL, Ana Cristina da Silva; PASCON, Daniela Miori; COSTA, José Augusto, 2017 Acidentes domésticos infantis: percepção e ações dos profissionais de saúde da urgência e emergência 52 funcionários pesquisa exploratória, de natureza quantitativa Os resultados obtidos apontam que a 69,2% dos profissionais acreditam identificar os fatores de riscos que levam a ocorrência de acidentes domésticos e 55,7% prestam assistência para minimizar os agravos
LIMA, Ivana Cristina Vieira de, et al, 2014 Acidentes domésticos e diagnósticos de enfermagem de crianças nascidas expostas ao HIV 12 famílias Estudo exploratório-descritivo, qualitativo Os acidentes identificados de maior risco para ocorrência foram: quedas e traumas; intoxicações; choque elétrico e asfixias/sufocações/engasgos. Os riscos identificados serviram de base para a classificação dos diagnósticos de enfermagem
LIMA, Essyo Pedro Moreira de, 2016 Intervenção educativa sobre acidentes domésticos com crianças para famílias atendidas em um ambulatório de puericultura 32 cuidadores Estudo descritivo-exploratório, com abordagem predominantemente quantitativa. Os resultados evidenciaram que há predominância elevada de acidentes domésticos infantis principalmente em populações de baixa renda, de escolaridade média, de idade jovem e com várias pessoas morando na mesma residência
SANTOS, Carolai Conceição dos, 2019 Conhecimento de pais e cuidadores portugueses sobre primeiros socorros em acidentes domésticos 54 participantes Estudo transversal Dentre os 54 participantes, 33 (61,2%) possuíam conhecimento bom/muito bom; predominou a falta de conhecimento dos cuidados com ferimentos após queda e queimadura.
SILVA, Manalde Ferreira da, et al, 2017 Fatores determinantes para a ocorrência de acidentes domésticos na primeira infância 21 cuidadores Estudo exploratório e descritivo, transversal Em relação aos fatores intrapessoais para ocorrência de acidentes domésticos, os pré-escolares foram as principais vítimas (57,2%)
BRITO, Mychelangela de Assis; ROCHA, Silvana Santiago da A criança vítima de acidentes domésticos sob o olhar das teorias de enfermagem 2000 a 2013 revisão integrativa Os acidentes domésticos têm se revelado uma importante causa de atendimentos, internações, incapacidades e óbitos em crianças, principalmente do sexo masculino, na faixa etária de 1 a 4 anos.
FERREIRA, Tadeu Nunes, et al. 2014 Principais causas de acidentes domésticos com crianças menores de 5 anos de idade: uma revisão da literatura 9 textos revisão integrativa Fica claro que tais acidentes estão diretamente relacionados às fases do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, pois são características do seu desenvolvimento o desejo de explorar o novo, conhecer o meio onde se encontra, ficando estas expostas a acidentes. Adotar medidas preventivas tem uma grande eficácia, no que se refere aos acidentes em crianças na faixa etária de 1 a 5 anos.
FILÓCOMO, Fernanda Rocha Fodor et al Perfil dos acidentes na infância e adolescência atendidos em um hospital público 2.440 registros pesquisa transversal, descritiva e correlacional Os acidentes corresponderam a 12,1% do atendimento; predominância do sexo masculino (62,5%); faixa etária mais acometida foi a de 10 a 13 (33,6%). O tipo de acidente mais frequente foi queda (48,7%).
PASSOS, Daniele de Almeida; SANTOS, Walquiria Lene dos, 2016 O enfermeiro como educador para a prevenção dos principais acidentes ocorridos na primeira infância 69 pessoas pesquisa descritiva de caráter quantitativo Os resultados demonstraram que 40% dos pesquisados relataram que souberam agir no momento do acidente, sendo que 38% afirmaram que tomaram medidas adequadas, cerca de 21% relataram que entraram em pânico no momento do acidente. 81% dos pesquisados relataram que não foram orientados pelos enfermeiros. Dentre os acidentes abordados nas consultas 10% referem queda, 6% intoxicação e queimaduras e 4% afogamento.
BRASIL. Ministério da Saúde. 2013 Caderneta de saúde da criança Não informada Não informada À medida que a criança vai crescendo, faz parte do seu desenvolvimento a curiosidade; movimentar-se em busca de novas descobertas passa a ser constante no seu dia a dia, o que aumenta o risco de sofrer acidentes. Atitudes simples com supervisão contínua podem impedir acidentes, que podem matar ou deixar sequelas, comprometendo as outras fases do ciclo de vida.
MACIEL, Wilson, 2014 Acidentes domésticos. São Paulo Não informada Não informada Sobretudo, os pais devem adotar algumas atitudes, como supervisão constante e atenta; estar cientes dos perigos e riscos; e conhecer as fases do desenvolvimento de seu filho.
SILVA, Caio Vinicius da Fonseca, et al, 2020 Isolamento social devido à COVID-19 – epidemiologia dos acidentes na infância e adolescência 4.169 acidentes Estudo transversal, descritivo. Diante do exposto, a gravidade da COVID-19 no Brasil, na cidade de São Paulo e no mundo, e a necessidade de esforços para reduzir a velocidade da transmissão do vírus no nível populacional e reduzir a incidência da doença, até o momento, o distanciamento social faz parte do conjunto de medidas necessárias para o alcance desses objetivos, é necessária a educação permanente em saúde para pais, familiares e sociedade na prevenção dos acidentes domésticos.
LIMA EPM, ALMEIDA AOA, BESERRA EP, CARNEIRO EP, ANDRADE FMR, GUBERT FA, 2018 Identificação dos conhecimentos de mães na prevenção de acidentes domésticos com crianças da primeira infância 32 mães Estudo descritivo-exploratório Percebeu-se ainda que as abordagens prevencionistas não devem ser pautadas apenas nos agentes lesivos, visto que as variáveis levantadas influenciam umas às outras, direta ou indiretamente, na ocorrência de acidentes domésticos.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2021)

4. DISCUSSÃO

Silva et al. (2020) apresenta a problemática dos acidentes domésticos, como sendo mais um problema de saúde pública, apontando ainda que os acidentes por quedas, são os que apresentam maior prevalência, tanto em âmbito nacional quanto internacional.

De acordo com informações do Conselho Regional de Enfermagem, a atitude preventiva de acidentes na infância é uma das competências do enfermeiro, e esse profissional precisa fazer esse alerta de maneira antecipada a família sobre os fatores de riscos com criança no lar ou em suas imediações (BRASIL, 2013).

Nas palavras de Lima et al. (2018), a infância é caracterizada pelo desenvolvimento de habilidades motoras e intelectuais, nessa fase as crianças em geral possuem uma enorme curiosidade, sendo indefesas e vulneráveis a fatores do ambiente, dessa forma, são mais susceptíveis para se envolverem em acidentes domésticos. Logo, a prevalência de acidentes domésticos se agrava quando se trata de crianças, em especial, na faixa etária de 0 a 9 anos.

O mesmo autor destaca que são dos mais variados tipos os acidentes que afetam menores dentro de suas residências, podendo ser destacado entre os principais: as quedas; o choque elétrico; contusões; cortes; queimaduras; escorregões; obstrução de vias aéreas e as intoxicações (LIMA et al., 2014). Além disso, Ferreira (2014 ) em seus estudos destaca que as principais causas de acidentes domésticos com crianças menores de 5 anos de idade tem sido cada vez mais frequente.

Filócomo et al. (2017) destaca que os acidentes são previsíveis, sendo assim, é necessário o conhecimento dos fatores de risco e de proteção presentes no ambiente da ocorrência desse agravo. Conhecer o cenário e o contexto do acidente possibilita uma avaliação da sua apresentação em uma determinada população, dimensionando sua extensão, reunindo subsídios para direcionar ações específicas de prevenção na tentativa de minimização desse problema.

Maciel (2014) comenta que os acidentes domésticos atualmente são considerados um grande problema de saúde pública, diante das taxas de morbidade e mortalidade de crianças em todo o mundo, constituindo-se em um grande desafio, mesmo sendo, um problema considerado passível de solução, por meio da prevenção. A maioria dos acidentes (45%) ocorre no ambiente domiciliar, fato que prova a necessidade da identificação, mapeamento e prevenção aos fatores de risco para a ocorrência desse agravo a saúde.

Além disso, Brito; Rocha (2015) comentam a respeito de números mais precisos, é importante destacar que o risco de lesões na infância é alto principalmente em desenvolvimento, como o Brasil, e isso reflete nas taxas de mortalidade desses países, que são em média 50,5 por 100.000 para as crianças do sexo masculino e 43,5 por 100.000 para crianças do sexo feminino. Em outras palavras, a carga global maior de acidentes na infância nos países em desenvolvimento em relação aos desenvolvidos pode ser demonstrada pelas populações muito maiores e mais jovens demograficamente.

Para Passos; Santos (2016), a segurança e proteção de menores dependem dos responsáveis. Assim, as estratégias voltadas para a família como a educação, são medidas imprescritíveis para a redução dos acidentes infantis na perspectiva da promoção da saúde e da qualidade de vida. Destacando ainda que os acidentes domésticos estão intimamente relacionados com o comportamento familiar, ambiente social, estilo de vida, fatores educacionais, econômicos, sociais e culturais, além de está diretamente relacionado com as fases específicas do desenvolvimento infantil, caracterizadas pela curiosidade e contínuo aprendizado.

De acordo com Ferreira et al. (2014), a infância é uma fase de grandes mudanças, as quais marcam a vida de uma criança. Essa é uma fase de muitas curiosidades e rápidas transformações, onde a criança descobre objetos e enfrenta frequentemente riscos de acidentes em vários ambientes, principalmente no meio domiciliar.

Brito; Rocha (2015) destaca que tal fato pode estar relacionado ao nível de conhecimento das famílias a respeito dos riscos a que as crianças estão expostas em seus domicílios, onde essas crianças são deixadas sozinhas em casa pelos pais para poderem trabalhar e/ou mesmos acompanhadas por irmãos menores.

Além disso, os acidentes infantis são considerados fatores que põem em risco a vida das crianças, de forma que, esse tipo de acidente contribui para o aumento das morbimortalidades de crianças em todo o mundo. Embora a morte seja considerada a consequência mais grave dos acidentes, as sequelas psicológicas, físicas e sociais provenientes desses acontecimentos, demanda assistência e altos custos para o sistema de saúde, diante disso, pode-se considerar um grave problema de saúde pública. De acordo com Passos; Santos (2016), os acidentes que mais ocorrem na infância estão entre os principais problemas da saúde pública no Brasil. O domicílio é considerado o principal local onde esses acidentes acontecem, e estes podem ser leves e moderados, porém, em determinadas situações podem ter sequelas e/ou invalidez.

A partir de inúmeros agravos decorrentes destes acidentes, o Ministério da Saúde adotou a “Política de redução de mortalidade por acidentes e violência”. O objetivo dessa política, além de reduzir a mortalidade por acidentes e violência, consistem em destacar a importância do enfermeiro como educador na promoção e prevenção destes acidentes (PASSOS; SANTOS, 2016).

Passos; Santos (2016) continuam afirmando que o enfermeiro deve ter amplo conhecimento científico sobre estes acidentes. E os estudos confirmam também que as quedas, o afogamento, as queimaduras, as intoxicações e as asfixia são os campeões de ocorrência. Esse profissional, no entanto, precisa estar apto a identificar, intervir e tratar se necessário.

É imprescindível que o enfermeiro tenha uma ampla visão sobre estes acidentes, para que seja facilitada a identificação dos fatores de risco, o preparo da equipe e a formação de estratégias de saúde também devem ser eficazes para atender a demanda da comunidade. Dessa forma, quanto maiores os índices de educação dos pais, melhor rendimento familiar e adequado acesso a sua saúde básica, serão menores os índices de mortalidade infantil. Em consideração aos programas criados pelo Ministério da Saúde, percebe-se novamente o quão importante é a ação do enfermeiro na promoção em saúde (PASSOS; SANTOS, 2016).

Lima et al. (2014), também se preocupa com os índices de acidentes domésticos na infância que tem sido alarmante, o que transparece um grave problema de saúde pública, em decorrência dos prejuízos à saúde da criança e de seus familiares.

Além disso, a autora citada, acredita que as características físicas e psicológicas da criança em cada etapa do seu desenvolvimento, atrelado ao estilo de vida da família e os fatores de ordem socioeconômica e cultural são determinantes para a ocorrência de acidentes. Além disso, os riscos são, especificamente, relacionados à educação, ao salário, à moradia e ao acesso aos serviços de saúde; ou seja, o risco de acidentes é resultado de uma série de fatores de ordem ambiental, emocional e educacional.

Em concordância com Passos; Santos (2016), a autora também destaca que os profissionais de saúde têm uma grande responsabilidade na orientação junto às famílias, pois, são considerados como ativos na mudança de comportamentos e atitudes no sentido da prevenção de acidentes domésticos e diretamente participantes das consequências que deles podem advir.

De acordo com Lima et al. (2014), quando se discute acidentes na infância, a enfermagem nunca pode ser descartada, pois o profissional enfermeiro é reconhecido como agente ativo indispensável para o cuidado e está apto para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança. Ressalta-se principalmente o enfermeiro que atua nos serviços de Atenção Básica, onde sua visão privilegiada da necessidade da sua atuação na orientação e conscientização, por exemplo, das pessoas que se encontram envolvidas no cuidado de crianças em creches para que elas possam, de maneira consciente e responsável, reconhecer fatores de riscos que podem acometer as crianças e consequentemente criar estratégias de minimização destes riscos (LIMA, 2016).

Continuando Lima (2016), o enfermeiro, por sua vez, age como uma espécie de educador e difusor de conhecimentos da problemática dos acidentes domésticos. Para isso, seu dever é orientar e aconselhar os cuidadores e/ou responsáveis a respeito das injúrias durante as consultas de puericultura, e pode ser mesmo antes da criança nascer, ainda no pré-natal – realizar visitas domiciliares, programar grupos de apoio e implementar programas educativos, dentre outras atividades que envolvam a conscientização e o empoderamento dos cuidadores em prol da melhoria da proteção e da qualidade de vida das crianças.

O profissional enfermeiro, quando está realizando uma consulta de puericultura, segundo Amaral; Pascon; Costa (2017), pode agir na detecção precoce de riscos potenciais à saúde e suas orientações consistem em prescrever cuidados, subsidiado pelos indicadores de saúde da sua área de abrangência e pela avaliação física e das necessidades básicas da criança frente ao meio em que está inserida. As repercussões dos agravos com crianças na família e na sociedade também devem ser consideradas em consideração como um grande problema dessa área, e que são passíveis de prevenção.

Diante disto, Lima et al. (2014) destaca que a enfermagem é uma profissão que possui uma dimensão educacional voltada para a prevenção da saúde. O enfermeiro é um educador nato em sua área e não deve enfatizar o cuidado apenas na dimensão patológica, mas, especialmente, ele precisa ter um olhar perceptivo para que a criança, como ser social em desenvolvimento, possa ser atendida preferencialmente antes do adoecimento, levando em consideração toda a sua amplitude social, cultural, psicológica, econômica (LIMA, 2016).

Rodrigues et al. (2013), destaca que a orientação, aconselhamento, educação e promoção em saúde devem ser exercidas de maneira integral pelo enfermeiro, e esse profissional precisa ter plena consciência do seu papel na prevenção dos acidentes domésticos infantis, sendo imprescindível a sua atualização contínua sobre temas relevantes a respeito do assunto, levando à comunidade e à sua clientela uma assistência compatível com a respectiva realidade, de forma individualizada, integrada, holística e humanizada.

O referido autor finaliza seu posicionamento ressaltando que não é demais ratificar que o enfermeiro é fundamental não apenas em questões de mudanças baseadas na orientação, mas sua participação consiste em mudanças nas ações e comportamentos frente às crianças e seus familiares na prevenção dos Acidentes Domésticos na Infância, assim contribuindo para a diminuição de seus índices de ocorrência.

Por outro lado, Amaral; Pascon; Costa (2017), reforça que na infância, o comportamento preventivo precisa ser fortalecido, haja vista, os danos causados por acidentes podem prejudicar completamente o desenvolvimento infantil. A adoção de comportamento preventivo aos acidentes nem sempre é uma preocupação direta das famílias, por isso, o enfermeiro entende todo o contexto do evento traumático para que atuem na perspectiva de preservação dos vínculos familiares e proteção à saúde da criança.

Amaral; Pascon; Costa (2017) e Brito; Rocha (2015), ainda revelam que existe em maior ou menor incidência em todos os países os acidentes domésticos na infância, ficando caracterizado como a primeira causa de morte a partir do terceiro ano de vida até o adulto jovem, gerando alto ônus para a sociedade e provocando também um alto impacto na morbimortalidade da população (BRITO; ROCHA, 2015).

Portanto, conforme salienta Brito; Rocha (2015), há uma grande necessidade de estudos mais profundos que invistam tanto na mudança de comportamento sobre conceito de que os acidentes estão relacionados com casualidade e imprevisibilidade como numa conscientização centrado nos familiares e dos profissionais de saúde na busca de medidas preventivas.

5. CONCLUSÃO

São vários os acidentes que afetam as crianças dentro de seus domicílios, podendo ser destacado os principais tipos encontrados, as quedas; o choque elétrico; contusões; cortes; queimaduras; escorregões; obstrução de vias aéreas e as intoxicações. Com isso, esse estudo descobriu que é papel da Enfermagem estabelecer estratégias para minimizar os riscos de acidentes por meio de ações de proteção e promoção da saúde.

As pesquisas apontam que, no contexto domiciliar das crianças e de sua  família,  a Enfermagem tem papel fundamental, fazendo uso de estratégias de educação em saúde, respeitando o seu modo de viver, buscando novas alternativas para que todos possam a cada dia viver de forma mais saudável, minimizando a ocorrência, logicamente, dos acidentes domésticos, os quais tem se apresentado com significativas de morbimortalidade infantil, a fim de evitar as hospitalizações, gastos excessivos e mortes que poderiam ser evitadas.

Além disso, ficou esclarecido que a idade em que ocorrem mais acidentes domésticos infantis foi de 5 anos. Com base nos resultados alcançados foi possível destacar que além dessa idade a predominância é do sexo masculino. Embora a morte seja considerada a consequência mais grave dos acidentes, as sequelas psicológicas, físicas e sociais provenientes desses acontecimentos, demanda assistência e altos custos para o sistema de saúde, diante disso, pode-se considerar um grave problema de saúde pública.

No entanto, é importante destacar, que o sucesso dessas estratégias depende diretamente de um trabalho em parceria com os familiares das crianças, educadores e profissionais de saúde. A prevenção, de uma maneira geral, necessita ser direcionada para cada etapa do desenvolvimento da criança, e as orientações individuais nas atividades de puericultura ou coletivas, que podem ser realizadas nas escolas e comunidades, conscientizando pais e cuidadores sobre o conhecimento necessário para a prevenção de acidentes na infância.

Portanto, prevenir esses acidentes é um desafio para os órgãos e profissionais que se encontram envolvidos no acompanhamento do crescer e desenvolver das crianças, e essa necessidade de orientação educacional é urgente para a população e comunidade, com o objetivo de despertar mudanças comportamentais, que possam contribuir para uma redução dos acidentes domésticos na infância.

REFERÊNCIAS

AIMI, D. R. da S. Pesquisa narrativa: reflexões sobre produções dos últimos 14 anos. Educação em Perspectiva. Viçosa, MG v. 11 p. 1-15| e 020018|2020

AMARAL, A. C. da S.; PASCON, D. M; COSTA, J. A. Acidentes domésticos infantis: percepção e ações dos profissionais de saúde da urgência e emergência. Serv. Soc. & Saúde, Campinas, SP v.16, n. 2 (24), p. 171-188, jul./dez. 2017.

BRITO, M. de A; ROCHA, S. S. da. A criança vítima de acidentes domésticos sob o olhar das teorias de enfermagem. J. res.: fundam. care. online 2015. out./dez. 7(4): 3351-3365.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança – menino. 8 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 92p. Passaporte da cidadania. Acesso em: 18-04-2019.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

FERREIRA, T. N, et al. Principais causas de acidentes domésticos com crianças menores de 5 anos de idade: uma revisão da literatura. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd190/causas-de-acidentes-domesticos-com-criancas.htm. Acesso em: 31/08/2020.

FILÓCOMO, F. R. F. et al. Perfil dos acidentes na infância e adolescência atendidos em um hospital público. Acta Paulista de Enfermagem, v. 30, n. 3, p. 287-294, 2017.

GIL, Antônio. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LIMA, I. C. V. de, et al. Acidentes domésticos e diagnósticos de enfermagem de crianças nascidas expostas ao HIV. Esc Anna Nery 2014;18(2):215-219.

LIMA, E. P. M. de. Intervenção educativa sobre acidentes domésticos com crianças para famílias atendidas em um ambulatório de puericultura. Trabalho de Conclusão de curso. Fortaleza, 2016.

LIMA, E.P.M, ALMEIDA, A.O.A, BESERRA, E.P, CARNEIRO, E.P, ANDRADE, F.M.R, GUBERT, F.A. Identificação dos conhecimentos de mães na prevenção de acidentes domésticos com crianças da primeira infância. Enferm Foco. 2018;9(4):77-80.

MACIEL, W. Acidentes domésticos. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2014. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/acidentes-domesticos/>. Acesso em: 25/07/2021.

MARCONI, M. de A; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

PASSOS, D. de A; SANTOS, W. L. dos. O enfermeiro como educador para a prevenção dos principais acidentes ocorridos na primeira infância. Rev. Cient. Sena Aires.2016 Jul-Dez; 5(2): 124-35.

SANTOS, C. C. dos. Conhecimento de pais e cuidadores portugueses sobre primeiros socorros em acidentes domésticos. Rev baiana enferm (2019); 33:e31874.

SILVA, M. F. da, et al. Fatores determinantes para a ocorrência de acidentes domésticos na primeira infância. J Hum Growth Dev. 27(1): 10-18, 2017.

SILVA, C. V. da F., et al. Isolamento social devido à COVID-19 – epidemiologia dos acidentes na infância e adolescência. Residência Pediátrica; 2020.

[1] Graduanda em Enfermagem pela Universidade CEUMA.

[2] Mestre em Doenças Tropicais.

[3] Mestranda.

[4] Mestre.

Enviado: Outubro, 2021.

Aprovado: Outubro, 2021.

5/5 - (4 votes)
Maissa Jessyka Silva Soares

Uma resposta

  1. Podemos dizer que, literalmente crianças são imprevisíveis, hora está aqui hora perto do perigo.

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