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Políticas públicas e mobilidade urbana: Impactos na saúde física e mental

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MACEDO, Alessandra da Silva [1], ANTUNES, Josiene Camelo Ferreira [2], LIMA, Daniela Kedna Ferreira [3], MENEZES, Nayara Ruben Calaça De [4]

MACEDO, Alessandra da Silva. Et al. Políticas públicas e mobilidade urbana: Impactos na saúde física e mental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 06, pp. 127-140. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/impactos-na-saude

RESUMO

O artigo teve como objetivo analisar a implantação do Projeto “Ciclovia”, abordando as vantagens do mesmo para a saúde mental e física do habitante silvaniense, além disso, o estudo visa: apresentar o município de Silvânia, sua história e ascensão à modernidade; identificar o que é globalização e quais os prejuízos que este elemento tem trazido para a saúde física e mental da população e as perspectivas da população silvaniense em relação a isso. Para isso, a utilizou-se de pesquisa bibliográfica e entrevistas. Concluímos que a ciclovia realmente é um projeto que pode contribuir para a qualidade de vida do silvaniense.

Palavras-chave: Ciclovia, globalização, atividades físicas, bem estar.

INTRODUÇÃO

O presente estudo teve como tema “A implantação da ciclovia na cidade de Silvânia”, e visa analisar se tal projeto é benéfico ou não à população, de acordo com suas próprias perspectivas. Pensar na saúde física e mental do ser humano é um questionamento que remete às políticas públicas ou cada pessoa deve pensar em si e buscar práticas que colaborem com seu bem estar e saúde? É este questionamento que tal estudo visa responder.

Os objetivos propostos para este estudo foram: apresentar o município de Silvânia, sua história e ascensão à modernidade; identificar o que é globalização e quais os prejuízos que este elemento tem trazido para a saúde física e mental da população, principalmente da classe trabalhadora; em que a estruturação de uma ciclovia pode contribuir para modificar o quadro apresentado em consequência da globalização e quais as perspectivas da população silvaniense em relação a isso.

DESENVOLVIMENTO

UM RETORNO À ORIGEM

A cidade de Silvânia tem mais de dois séculos de história, mais aproximadamente, duzentos e vinte nove anos. Silvânia foi palco de minerações intensas. De início não se almejava estruturar nem ao menos um povoado neste local, mas com o passar dos dias com descoberta de ouro, os mineiros foram se assentando aqui, e até trouxeram uma imagem do Senhor do Bonfim para proteger suas vidas. Assim aos poucos surgiu um povoado e com o passar dos tempos deu-se a origem a um arraial conhecido como Bonfim, posteriormente foi elevado à categoria de cidade que recebeu o nome de Silvânia em homenagem aos Silvas, família que contribuiu na estruturação desta cidade.

Analisando alguns textos sobre a descoberta das lavras, percebe-se que há três versões para a origem de Silvânia. De acordo com o que Crispim (1981) mostra em seu livro Histórico de Silvânia: Fundação Cultural de Goiás, a primeira dá a primazia ao empreendimento a Antônio Bueno de Azevedo, descendente do Anhanguera e de Amador Bueno.

A segunda hipótese, levantada pela Câmara Municipal de Bonfim, em 1848, a uma consulta do Presidente da Província, oferece apenas o local de saída dos aventureiros, sem se fixar em nenhum vulto. O documento em tela, na posse do Arquivo Histórico de Goiás, em uma de suas passagens reza o seguinte: “O município de Bonfim compreende dois distritos, o da vila do mesmo nome e o de Campinas. O primeiro foi descoberto em 1774 por pessoas vindas de Santa Luzia, das quais não há tradição de nomes…”. (BORGES, 1981, p.13).

A terceira versão é defendida por Henrique Silva, dando aos pioneiros, procedência do arraial de Santa Cruz, com base no manuscrito José Ribeiro da Fonseca, arquivado na Biblioteca Nacional. No trabalho em apreço, um a um estão gravados os nomes dos descobridores. São eles: Pedro Monteiro da Silva, Vicente Gomes, Manoel Ribeiro da Silva, João da Silva Guimarães, João Dias de Sousa e Custódio Monteiro Mascarenhas. (BORGES, 1981).

Assim pode-se observar que não há uma fonte fidedigna que retrata quem foi o “verdadeiro” descobridor das lavras neste município. O que vimos foram hipótese de nomes que realmente passaram por esta região. Todavia, nenhuma obra foi bastante objetiva para identificar realmente quem o foi o primeiro a colocar os pés nesta terra. Não há um documento que prove concretamente a origem de nossa cidade, apenas livros que contam o que autores pesquisaram e descobriram.

Bonfim inicialmente era apenas um caminho que levaria os mineiros a diversas outras regiões em busca de ouro, mas com a descoberta de resquícios que provavam que nesta região havia ouro, muitos foram acampando e procurando esses minérios por aqui e, assim, foi tomando consistência o povoado e, logo, o que era apenas um caminho de transição entre as demais regiões tornou-se vila, crescendo e dando lugar a uma cidade.

Crispim, em uma passagem cita Oscar Leal (1980) que diz:

…Bonfim, lugar povoado em 1774 por aventureiros e mineiros, é hoje uma cidadezinha notável pela disposição de suas ruas e o magnífico local em que está edificada, o que nos faz lembrar da França de São Paulo, com a qual se parece alguma cousa. _ Se não fosse à falta de vida e o pouco movimento que ali se nota, seria sem dúvida uma das principais cidades goianas. O centro da cidade é o largo do rosário, onde existe o respectivo templo cujo aspecto nos parece melhor do que o da Matriz, edifício mal construído e de nenhuma vista…

Bonfim faz um minucioso relato sobre o município, onde descreve uma vasta planície picada de lavras, que bem atestam a sua passada riqueza áurea bem como as características de suas construções. Silvânia possui bons edifícios, como cadeia, onde funciona o conselho municipal, matriz feita em 1849, capelas do Rosário e de S. Sebastião; chafariz feito em 1868. Suas minas de ouro foram descobertas em 1774, por mineiros que saiam do julgado de S. Luzia, começando, então, o povoado pela construção de uma capela dedicada ao Senhor do Bonfim, padroeiro, e de uma única rua chamada Santa Luzia, da qual nem vestígios restam hoje. (BORGES, 1981).

Dessa forma, percebe-se que a cidade tem uma história linear, ou seja, começou sendo apenas um local de acampamento de mineiros, dando origem a um pequeno povoado, ampliando-se e tornando-se vila, e, logo, tomou categoria de cidade. Uma ressalva importante é a fé que predominou desde os primórdios. A população adotou a religião católica e como padroeiro Nosso Senhor do Bonfim, o santo protetor dos mineiros.

O escritor e historiador Edmar Camilo Cotrim, em seu livro Silvânia: Personagens e Enredos afirma possuir a cópia do manuscrito datado de 1783, que lhe foi dado pelo pesquisador Jacy Siqueira, que faz interessante referência ao arraial de Bonfim. O manuscrito foi descoberto pelo Dr. Paulo Bertran, no final da década de 80, e tem por título “Notícias do Julgado de Santa Cruz no ano de 1783”. Onde ressalta que:

Pertence a este arraial (o de Santa Cruz) o do Bonfim (…). Há em o dito arraial do Bonfim uma lavra, em que são interessados o Capitão Manoel Ribeiro da Silva, Pedro Monteiro da Silva, João da Sylva Guimarães, João Dias de Souza, Custódio Monteiro Mascarenhas e Vicente Gomes e nela se ocupam no exercício de minerador, abaixo de administração 147 escravos pertencentes aos ditos. Tem dito arraial do Bonfim 65 moradores, e entre estes 9 casais de pessoas brancas, 7 casais de pessoas pardas, dois casais de pretos libertos, e entre todos conservavam no serviço de suas casas 82 escravos (…). Hão em o dito arraial do Bonfim 42 escravos faiscadores pertencentes a todos e também, são dez tavernas, os mascates poucos dias se demoraram em o dito arraial. (Manuscrito encontrado pelo Dr. Paulo Bertran na Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Assim, percebe-se que Silvânia é uma cidade antiga que traz toda uma estrutura que marca a travessia dos bandeirantes em busca de ouro. Todavia, faz-se necessário lutar para que predomine a preservação do patrimônio que constitui sua história, pois, aos poucos, esta cidade vem se transformando e perdendo seu aspecto original, dando lugar a uma cidade mais moderna, onde se aparece de fato o turismo. Contudo é urgente uma reorganização estrutural da cidade para que ela abranja com ênfase o turismo, pois é sabido que este aspecto propiciará a abertura de várias fontes de emprego, além de dar à cidade e o desenvolvimento econômico almejado, mas é preciso resguardar a identidade do município.

A partir do final da década de 70, a cidade passou a experimentar novo ritmo de desenvolvimento. O asfaltamento de suas ruas e, mais tarde, o da rodovia de acesso a Goiânia, colocou o município em melhores condições de intercâmbio com o restante do País. Para cá se transferiram migrantes vindos de São Paulo e da região Sul e do Rio Grande. Esses migrantes deram novo impulso à agricultura e à pecuária local. Ganhou força nesse período também, especialmente após a construção de Brasília, a indústria de cerâmicas. O município se transformou em um grande produtor de tijolos, e hoje abastece Goiânia, Anápolis e Brasília.

GLOBALIZAÇÃO: IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL E FÍSICA

Falar em globalização envolve a priori o desenvolvimento econômico, social, político e cultural de uma população. A globalização tem afetado profundamente a sociedade moderna, as mudanças econômicas, política, sociais e culturais do mundo contemporâneo tem demandado cada vez mais um profissional competente, ou seja, exigem um novo tipo de trabalhador, mais flexível e polivalente. O que exige mais agilidade e versatilidade por parte desse, o que, em várias situações levam as pessoas a exaustão física e mental.

Para entender os impactos da globalização, é preciso entender antes, o que é saúde. Na visão de Silva e De Marchi (1997, p. 28)

A saúde é o resultado do gerenciamento adequado das áreas, na qual cada um contribui de um modo significativo para a qualidade de vida das pessoas. As seis áreas da saúde são: a) Saúde Física – Significa o quadro clínico de cada pessoa, desde a alimentação até o uso correto do sistema médico; b) Saúde Emocional – Envolve a alta capacidade de gerenciamento do estresse até o nível elevado de entusiasmo; c) Saúde Social – Considera a harmonia familiar e relacionamentos sociais; d) Saúde Profissional – Engloba a satisfação com o trabalho, constante desenvolvimento profissional e realizações nas funções exercidas; e) Saúde Intelectual – Abrange os conhecimentos e compartilhar o potencial interno; f) Saúde Espiritual – São pensamentos positivos e otimistas baseados em valores e ética

Angústia, raiva, insatisfação, ansiedade, depressão, nervosismo, estresse, esgotamento físico e mental são algumas das consequências influenciadas pelo processo da globalização. Paralelo a esse processo há um avanço tecnológico muito grande, o que se exige mão de obra qualificada e as pessoas necessitam de formação constante, há a presença da competitividade, o que torna a vida ainda mais difícil, pois, o tempo se torna um desafio. Elas não mais dispõem de tempo para aquela caminhada tranquila no fim da tarde, nem mesmo dispõe de tempo para caminhar até o serviço. Uma exigência puxa a outra e assim cresce-se tudo, o mercado, a modernidade, a necessidade de um automóvel.

Se antes, nas famílias, era comum ter um automóvel, hoje, numa grande parcela delas, a necessidade exige-se, no mínimo dois e isso aumenta também os desafios do trânsito, há até mesmo a presença de congestionamento em diversas situações. O automóvel traz a facilidade de se chegar aos lugares, proporciona conforto, mas aliado a isso, promove o comodismo, o sedentarismo, o que acaba sendo prejudicial à saúde humana.

Outros impactos podem ser citados como: Sintomas físicos – tonturas, dores de cabeça, taquicardia, problemas estomacais. Doenças: câncer, doenças do coração; sintomas comportamentais – Acidentes: tabagismo, uso de drogas, rotatividade, absenteísmo, baixa qualidade e produtividade.

A globalização interfere sim na qualidade de vida e saúde das pessoas, pois além de acarretar os impactos supracitados, ainda acarreta transtornos como o aumento do trânsito, promovendo situações que podem desencadear em ataques a saúde, abalo emocional, psicossocial e até mesmo promover eventualidade (infringir leis) que acabam provocando acidentes como o uso do celular na direção, o não uso do cinto de segurança, consumo de bebidas alcoólicas e direção, etc.

Nesse cenário, as ruas de uma pacata cidade como Silvânia, deixa a tranquilidade para dar lugar ao tumulto. Não se ouve mais o gorjear dos pássaros, o que ecoa nos ouvidos são o ronco dos motores, as buzinas, o cantar de pneus. Se por um lado a globalização traz a modernidade, exalta a criatividade humana nas construções e inventos tecnológicos, por outro interfere na qualidade de vida das pessoas, pois não há mais aquele espaço onde se possa caminhar sem correr o risco de ser atropelado, ou de respirar o ar puro, pois a fumaça dos automóveis, dão um tom cinza a este, tirando-lhe a qualidade natural, o que pode conter agentes de vetores biológicos das doenças transmissíveis.

A globalização resulta também em desemprego, o que interfere na saúde do ser humano, pois traz em seu bojo, a insatisfação, a angústia, o que tem um impacto sobre a vivência individual e social, pois abala as estruturas e até mesmo relações sociais que aparentavam sólidas.

Diante dessa situação devemos ainda discutir sobre a configuração psicológica que se tem diante do quadro gerado pela globalização é de uma população triste, cansada, com dificuldades nas relações interpessoais, indivíduos que denotam egoísmo, competitividade, esgotamento físico e mental. Qual seria a solução para modificar tal cenário, seria, o pensar em políticas públicas que visualizam tal situação e percebem-se a necessidade de medidas rápidas que assegurem, ou pelo menos contribuam para a manutenção da qualidade de vida, do bem estar da saúde.

A CICLOVIA COMO ALTERNATIVA

Silvânia, apesar de todo o contexto histórico, de suas marcas revela-se uma cidade em ascensão, uma cidade movida por uma população com espírito jovem, que anseia por vida saudável, por deixar de lado o sedentarismo e praticar com mais frequência atividades físicas, como caminhadas, atividades em academias, etc.

Daí a importância da implantação da ciclovia, projeto em estudo elaborado pelo DETRAN, que vem para ser mais um suporte na vida dessas pessoas.

Qualquer promoção de novos hábitos como, por exemplo, a implementação de uma ciclovia, deve ser acompanhada de medidas educativas para que o usuário saiba utilizar esse novo recurso. Essas medidas podem ser de variadas formas, desde campanhas educativas até sinalização específica. (DELABRIDA, 2004, p. 16).

Paralelo a isso, conhecer quem são os ciclistas, qual a utilidade da bicicleta, qual o caminho regularmente realizado e com que objetivo ajuda no plano e na implantação de melhores interferências tendendo, entre outros, a melhoria da qualidade de vida dos seus usuários. É inevitável que para o aumento do uso da bicicleta se organize a utilização de outros meios de transporte, principalmente, a utilização do carro que é tão disseminada na nossa sociedade e pouco se integra com outros meios de transporte. (DELABRIDA, 2004)

Na correria em que a modernidade impõe é importante que as pessoas tirem um tempo para si, para pensar na vida, no seu bem-estar e a ciclovia favorece essa atividade, oportunizando a população a uma atividade natural, tranquila e que favorece positivamente a saúde e ao físico do ser humano. No caso de Silvânia, o projeto em questão visa à construção de uma ciclovia permanente, com esse fim, de possibilitar à população um espaço para prática de atividades físicas.

Uma mente cansada, não produz como deveria, portanto é importante que a pessoa relaxe, ocupe-se de atividades físicas, a ciclovia é uma excelente possibilidade, pois além de ser uma alternativa saudável, possibilita a apreciação da natureza, o respirar ar puro, o que é saudável para mentes cansadas, estressadas.

A bicicleta representa um elemento pertencente à modernidade, o pensar em uma nova organização social: com ela, as pessoas, além de praticar uma atividade física saudável, tem a oportunidade de redescobrir a cidade, transitando por bairros, encontrando amigos para um papo tranquilo, respirar um ar diferente da correria do dia-a-dia e assim descansar a mente, o psíquico; têm condições oportunidade de descobrir seu bairro, cidade, história. O meio de transporte está diretamente vinculado à qualidade de vida na cidade (DELABRIDA, 2004).

A bicicleta é um meio de transporte e tem até um código de trânsito que faz menções pertinentes ao seu uso. Para maior segurança do Ciclista, as bicicletas passam a ter como equipamentos obrigatórios a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais e espelho retrovisor do lado esquerdo.

Cabe destacar também os seguintes tópicos: a) Com o código, o motorista que não guardar a distância lateral de 1,5m ao passar ou ultrapassar bicicleta também será multado e terá quatro pontos contabilizados na CNH (Art. 201) /infração média e b) Deixar de reduzir a velocidade ao se aproximar de ciclista também é multa grave. (Art. 220) / infração grave.

Dos artigos 58 e 59 do Código de Trânsito Brasileiro, entende-se, que a bicicleta deverá rodar nas bordas das pistas, tendo preferência sobre veículos automotores, mas se houver ciclovia ou ciclofaixa estas deverão ser usadas. A bicicleta pode, também, transitar nos passeios, desde que autorizado por sinalização. Na contramão, só em ciclofaixa.

Dessa forma, torna-se importante apresentar a diferenciação entre os termos, sendo:

CICLOVIA: É uma VIA voltada para os ciclistas, nesta há uma separação física isolando os ciclistas dos demais veículos. Esta funciona todos os dias. Nela é proibida a circulação de carros, motos e pedestres. Podem ser unidirecionais (um só sentido) ou bidirecionais (dois sentidos). Com isso o ciclista pode pedalar com tranquilidade e segurança na ciclovia.

CICLOFAIXA: É uma FAIXA pintada na rua/avenida reservada aos ciclistas. O tráfego de automóveis é permitido, é importante que você pedale somente na faixa que está reservada aos ciclistas. Há também a Ciclofaixa Operacional a qual é uma faixa exclusiva para os ciclistas, instalada temporariamente durante eventos, isoladas por elementos canalizadores removíveis, como cones, cavaletes, grades móveis, fitas, etc. Estes canalizadores são removidos após o término dos eventos.  (DELABRIDA, 2004, p. 21)

A ciclovia proporciona a população com maior qualidade de vida, principalmente, porque vivemos em uma época em que as pessoas, devido, ao tumulto de atividades, acabam por não manterem uma alimentação equilibrada, bem como a se tornarem sedentários, o que tem acarretado uma série de doenças como obesidade mórbida, diabetes, infartos e outros.

Os exercícios físicos diminuem os níveis pressóricos e levam a uma melhora do condicionamento físico, com isso prevenindo doenças cardiovasculares. Com base nesses benefícios da atividade física à saúde e em principal a hipertensão, abaixo serão prescritas atividades físicas que podem ser praticadas por hipertensos.

Fazer uma caminhada diária pode contribuir para o controle da hipertensão, pois além de servir como atividade física, serve também como elemento dês-estressante. A atividade física é uma forma de lazer e recompõe a saúde dos efeitos nocivos que o trabalho estressante produz através da rotina. Assim, o estresse é a maneira como o organismo responde a qualquer estímulo que altere seu estado de equilíbrio, sendo este estímulo bom ou ruim, real ou imaginário Nahas (2006).

Atualmente, a atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal, produzido pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético, tendo componentes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos, atividades laborais e deslocamento (PITANGA, 2002, p. 51)

O estresse provoca implicações psicológicas ao organismo, como por exemplo, ansiedade, depressão, concentração diminuída, irritabilidade, memória fraca, raiva, produtividade diminuída, falta de comunicação e outros.

E como este tem sido um problema visto como social, pois afeta uma grande parte da população, é preciso que as políticas públicas sejam elaboradas também pensando nesse sentido, de promover à população a oportunidade de restabelecer o bem-estar, dessa forma a produtividade será melhor, as pessoas se dedicarão mais o trabalho, a qualidade de vida será mais saudável, daí a importância da implantação de um projeto como o da ciclovia.

CICLOVIA COMO POLÍTICA PÚBLICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Pensar na ciclovia em Silvânia é uma nova abertura para se pensar em políticas públicas com visão para vida saudável, pois Silvânia deixou de ser aquela pacata cidade, onde um automóvel era raridade e passou a retratar o progresso, onde, em vários momentos, precisam ficar vários minutos aguardando ao trânsito se acalmar para um simples atravessar de rua.

Se antes tinha-se a tranquilidade de caminhar rente ao meio fio, hoje não se pode mais fazer isso, a correria do trânsito deu um novo colorido à cidade interiorana, proporcionando um ar mais de acordo com o progresso da época e se por um lado o progresso traz benefícios, como a agilidade de se chegar aos lugares, traz algumas desvantagens, como o sedentarismo, a dificuldade de se caminhar pelas ruas, quer seja a pé, quer seja de bicicleta, a insegurança, o receio do trânsito.

E quando a cidade ganha esse cenário de modernidade, de progresso é preciso pensar na liberdade das pessoas, em um local onde se possa espairecer, caminhar, praticar atividades físicas, andar de bicicleta. Nesse sentido, a ciclovia torna-se um projeto bem vindo, seguro e até necessário.

Segundo Nahas (2006), o exercício físico é uma forma de lazer e restaura a saúde dos efeitos nocivos que o trabalho estressante produz através da rotina. Assim, o estresse é a maneira como o organismo responde a qualquer estímulo que altere seu estado de equilíbrio, sendo este estímulo bom ou ruim, real ou imaginário. (NAHAS, 2006).

O estresse pode trazer graves consequências ao organismo humano, causando depressão, raiva, irritabilidade, lapsos de memória, dentre outros, o que se torna necessário pensar em alternativas dês-estressantes, saudáveis, revigorantes.

Na verdade, as cidades deveriam ter esse olhar da psicologia em suas políticas públicas, na construção estratégica das obras, analisando os benefícios e malefícios que tais empreendimentos podem trazer para o ser humano. O trânsito urbano precisa ser pensado de forma a oferecer qualidade de vida à população. Segundo Ribeiro e Vargas (2004),

(…) vai além dos conceitos de salubridade, saúde, segurança, bem como das características morfológicas do sítio ou do desenho urbano. Incorpora, também, os conceitos de funcionamento da cidade fazendo referência ao desempenho das diversas atividades urbanas e às possibilidades de atendimento aos anseios dos indivíduos que a procuram. (VARGAS, 1999, p. 17)

E em Silvânia, o que o cidadão precisa é dessa possibilidade de uma prática de atividades físicas saudáveis; da oportunidade de vivenciar aquela nostalgia dos tempos de atmosfera interiorana mesmo, ou seja, de poder caminhar, andar de bicicleta, respirar ar puro, correr, exercitar-se ao ar livre com comodidade e segurança, dessa forma terá uma terapia livre, tanto fisicamente quanto mentalmente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante do que foi ressaltado sobre as consequências da globalização, o acirramento do trânsito, houve a elaboração de uma pesquisa para conhecer a opinião de alguns silvanienses a respeito desse projeto em fase de estruturação que desponta no município, idealizado e elaborado pelo DETRAN.

Foi realizada uma pesquisa com vinte pessoas, sendo: cinco com idade entre 12 e 16 anos; cinco entre 18 e 40 anos; cinco entre 40 a 60 anos e cinco acima de 60. A bicicleta faz parte de um meio de transporte de diferentes características que são sugeridas no âmbito do desenvolvimento sustentável da sociedade, dando ao mesmo tempo garantias de mobilidade e acessibilidade aos seus utilizadores.

As respostas variaram muito e foram muito interessantes. Observa-se que o primeiro grupo, em sua maioria pratica atividades físicas para conversar com os amigos, passear e manter a forma; o segundo grupo, iniciar bem o dia, revigorado, com energia para enfrentar com sabedoria o dia, por questões de saúde física e mental; o terceiro grupo também ressaltou muito a questão da saúde e o quarto grupo deixou claro que é uma questão de saúde, mas, maior ainda, para sair de casa, ter contato com as pessoas e evitar a depressão.

Um dado interessante é quando se trata de professor, este profissional, como demonstrado, necessita desse tempo e espaço para recarregar energias e ativar o cérebro, já que o trabalho que executa é cansativo tanto fisicamente quanto mentalmente.

Ficou claro ainda que a questão da jornada de trabalho implica muito na questão da qualidade de vida, muitos não dispõem de tempo para praticar atividades físicas; outros, não o fazem porque quando chegam em casa estão tão cansados que não encontram ânimo para esse fim. Também que essa carga horária realmente cansa a mente, deixa as pessoas sobrecarregadas.

Em relação às opiniões sobre a construção da ciclovia, a maioria acha a ideia excelente, um empreendimento que proporcionará a realização de atividades físicas com tranquilidade, sem a presença de automóveis, com a possibilidade de encontrar as pessoas, conversar, etc. Apenas duas acreditam que essa ideia não é prioritária, que há situações que exigem mais atenção no momento.

Conforme demonstrado, muitas pessoas recorrem às caminhadas para sair de casa e sentirem um pouco mais o contato humano, não se sentido tão sozinhos, o que pode acarretar a depressão.

Diante do que foi dito se percebe que a ciclovia, além de um espaço de prática de atividades físicas, serve como instrumento para conhecer a cidade, bairros e ruas, para a conversa amiga e o estreitar de relações interpessoais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizando o estudo, se observa que a construção da Ciclovia em Silvânia é um projeto que visa, de acordo com as perspectivas da população, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos silvanienses.

Conforme supracitado anteriormente, as consequências da globalização, a correria, a falta de tempo, a competitividade, a exigência de profissionais cada vez mais capacitados traz vários desafios à população e compromete muito a saúde tanto física quanto mental.

A ciclovia representa então, uma alternativa, onde a pessoa poderá praticar atividades físicas como uma simples caminhada, andar de bicicleta, também propicia o reencontro com amigos e conhecidos, conhecer bairros, etc.

As políticas públicas precisam sim ser pensadas para favorecer o bem estar e a saúde dos habitantes, e pensar em uma ciclovia com a estrutura necessária, é estar dentro desse critério de políticas públicas planejadas.

O comodismo, o sedentarismo pode trazer vários malefícios à saúde e é algo que necessita luta constante, então oferecer a oportunidade de práticas de atividades físicas com qualidade é lutar contra esses males.

A saúde mental também precisa ser pensada, conforme se observou durante as entrevistas, as pessoas precisam ter alternativas de descansar e aliviar a mente.

Outro ponto levantado, que a ciclovia representa também, a luta contra a depressão, que é um mal do século. Várias pessoas vivem sozinhas e precisam ter a oportunidade de sair de casa, conversar, entreter, e ao caminhar pelos bairros, ruas, se encontrar com amigos, companheiros que auxiliam nessa relação interpessoal e contribuem para que essa pessoa se sinta menos só, mas rodeada de pessoas.

REFERÊNCIAS

BORGES, H. C. (1981).  Histórico de Silvânia: Fundação Cultural de Goiás, 1981.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Caderno de psicologia do trânsito e compromisso social. Brasília: CFP, 2000.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicologia e mobilidade: o espaço público como direito de todos. – Brasília: CFP, 2010.

COTRIM, E. C. S. Enredos e Personagens – Goiânia: Kelps, Silvânia: Anima, 1998.

DELABRIDA, Z. N. C. A imagem e o uso da bicicleta: um estudo entre moradores de Taguatinga. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2004.

NAHAS, M.V. Atividade física, Saúde e Qualidade de vida: Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4 ed. Londrina: Midiograf, 2006.

PITANGA, F. J. G. Epidemiologia, atividade e saúde. Revista Brasileira da Ciência e Movimento. P.51.

RIBEIRO, H.; VARGAS, H. C. Qualidade Ambiental Urbana: Ensaio de uma Definição. Em: RIBEIRO, H. e VARGAS, H. C. Novos instrumentos de Gestão Ambiental Urbana. 1. ed. e 1ª reimpressão. São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

SILVA, M. A. D; MARCHI, R. Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: Best Seller, 1997.

____________ Z. N. C., & GÜNTHER, H. O espaço de vida do jovem urbano: uma réplica brasileira [Resumo]. In Sociedade Brasileira de Psicologia (Org.), Resumos de Comunicações Científicas. XXIX Reunião Anual de Psicologia. Resumos (p. 385). Campinas: SBP, 1999.

[1] Especialista em Psicologia do Trânsito pelo programa de pós graduação Lato Sensu – Faculdade Santo André (2017); Especialista em Psicologia Hospitalar – Unyleia (2020); Graduação em Psicologia – Universidade Paulista (2006).

[2] Mestrado em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Serviço Social-PUC (2019); Especialista em Ensino Interdisciplinar em Infância e Direitos Humanos – UFG (2019); Especialista em Educação Especial e Inclusiva- Faculdade Mantenense dos Vales Gerais- INTERVALE (2019); Especialista em Urgência e Emergência pelo Instituto Superior de Educação ATENEU – ISEAT (2019); Especialista em Políticas Públicas e Elaboração Projetos Sociais-FALBE (2017); Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura -FABEC (2015); Graduação em Serviço Social pela Universidade Norte do Paraná (2013); Graduação em Administração – UNIFAJ (2004); Graduação complementação Pedagógica pelo Instituto Superior de Educação ATENEU – ISEAT (2019).

[3] Especialista em Ensino Interdisciplinar em Infância e Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão/UFG (2017-2019). Possui Especialização/Residência Multiprofissional na área de Hematologia e Hemoterapia no Hospital das Clínicas de Goiânia HC-UFG/EBSERH (Fev/219). Especialista em Gênero e Diversidade na Escola Pela Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão/UFG (2015-2017). É Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal de Goiás – Regional Goiás/UFG (2013).

[4] Graduada em psicologia (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Federal de Goiás. Possui Especialização em Atenção Multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC- UFG/EBSERH) e Especialização em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG – PUC). Atualmente é mestranda em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

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Josiene Camelo Ferreira Antunes

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