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Orgasmo e transcendência: uma análise do fenômeno kundaliní à luz da psicologia corporal

RC: 140480
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/fenomeno-kundalini

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

JAQUES NETO, Eduardo Francisco [1], KESSLER, Adriana Silveira [2]

JAQUES NETO, Eduardo Francisco. KESSLER, Adriana Silveira. Orgasmo e transcendência: uma análise do fenômeno kundaliní à luz da psicologia corporal. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 02, Vol. 02, pp. 160-182. Fevereiro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/fenomeno-kundalini, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/fenomeno-kundalini

RESUMO

Esta pesquisa bibliográfica e explicativa visa compreender, pelo viés da Psicologia Corporal, a energia denominada kundaliní, que atravessa o conhecimento e cultura da maioria das civilizações antigas. Com os caminhos construídos a partir do brilhante trabalho científico de Wilhelm Reich e seus sucessores acerca do resgate da potência orgástica, do desenvolvimento do caráter, da descoberta da energia orgone e de outros achados, parece possível apontar novas possibilidades para a compreensão científica do fenômeno em questão, até então circunscrito ao paradigma de conhecimento das antigas tradições espirituais, indicando-o e confirmando-o como um fator presente no percurso de desenvolvimento integral, ou seja, biopsicossocial e espiritual do ser humano.

Palavras-chave: Potência orgástica, Espiritualidade, Desenvolvimento integral.

1. INTRODUÇÃO 

A vivência e o conhecimento do fenômeno e energia kundaliní estão presentes em inúmeras civilizações antigas, como, por exemplo, a egípcia, a indiana, a chinesa, dentre outras. Os relatos que estariam relacionados à ascensão desta, causando profundas modificações na bioenergia humana e trazendo grandes impactos, perduram na contemporaneidade. Esses impactos psíquicos e corporais causados não podem continuar sendo ignorados, pois assinalam um caminho que poderá levar a novos potenciais biopsíquicos e espirituais, afetando a forma de ver o mundo e compreender a vida. Urge, portanto, que possam ser estudados de forma científica, a fim de melhor esclarecê-los, compreendê-los e utilizá-los na saúde humana.

A abordagem corporal iniciada por Wilhelm Reich propôs uma integração entre mente e corpo jamais vista nas escolas psicológicas. Os achados relacionados à função do orgasmo e à energia orgone abriram horizontes totalmente novos e acabaram por extrapolar o seio psicanalítico original de onde se iniciou Reich. Pensa-se, portanto, que tamanha genialidade científica possa dialogar com o fenômeno kundaliní, ainda tão envolto em incógnitas.

No decorrer da elaboração deste artigo, a pretensão foi investigar e compreender o tema por meio da pesquisa bibliográfica, classificada assim conforme suas fontes de consulta, tais como livros, artigos científicos e anais de congressos, e explicativa, segundo seus objetivos, porque, mais do que levantar informações, busca-se “o porquê dos fatos, fenômenos e processos que preenchem a realidade. […] Visa aprofundar o conhecimento da realidade para além das primeiras aparências” (SANTOS, 2007, p. 27). Durante o estudo, foi possível descrever uma percepção de como a Psicologia Corporal pode chegar a compreender o fenômeno kundaliní como um indicador do desenvolvimento integral do ser humano, favorecendo o seu surgimento nos sujeitos e relacionando-a com os mecanismos da potência orgástica.

2. DESENVOLVIMENTO 

2.1 KUNDALINÍ

2.1.1 DEFINIÇÃO BÁSICA GERAL 

A palavra kundaliní vem do antigo idioma sânscrito e significa “serpente” ou “serpentina”, pois teria, de fato, uma forma que lembra a desse animal (DEROSE, 2004; LÜBECK e HOSAK, 2010). Designa a energia vibracional resultante da soma total dos estímulos emocionais e sexuais que as pessoas possuem (OLIVEIRA, 2000; FASSINI e POERSCH, 2006). Seu ponto de origem está na base da coluna humana, região do chakra muladhara, onde, estática, é simbolizada feito uma cobra enroscada em três círculos e meio. Assim, guardaria a aparência de uma energia ígnea congelada (DEROSE, 2004; MOURA, 2009; LÜBECK e HOSAK, 2010). Ao ser estimulada, a kundaliní ascende em forma espiralada pela coluna espinhal, lembrando uma cobra em movimento, ativando outros centros psíquicos, repletos de potenciais de consciência, até atingir o chakra sahasrara, situado no topo da cabeça (DEROSE, 2004; LÜBECK e HOSAK, 2010). Essa evolução promoveria estados modificados de consciência e o despertar de habilidades mentais ainda pouco exploradas (DEROSE, 2004; FASSINI e POERSCH, 2006; MOURA, 2009; LÜBECK e HOSAK, 2010).

Afirma Sui (2002, p. 43) que:

Essa energia permite que as células do cérebro registrem experiências ou estímulos espirituais ou “superiores”. A qualidade do corpo físico, especialmente do cérebro e do sistema nervoso, é melhorada. Depois de um certo período de tempo, uma pessoa cuja kundalini está bem desperta pode transformar-se em um gênio, um grande líder carismático ou um grande professor espiritual.

Grandes tradições espirituais da humanidade abordam a energia kundaliní de formas distintas. A poderosa energia sexual geradora de vida sempre foi cultuada na Índia. No hinduísmo ela é considerada uma deusa, personificada, muitas vezes, como Shakti, a Mãe Divina. Simbolicamente, o trajeto da energia pela coluna na ascensão da kundaliní seria o caminhar da deusa Shakti, assentada inicialmente no chakra muladhara, ao encontro do deus Shiva, que dorme no chakra sahasrara enquanto espera a chegada da sua consorte (LÜBECK e HOSAK, 2010). A união simbólica de Shiva e Shakti remete a uma experiência de integração na psique, de modo que a subida da kundaliní está atrelada ao desenvolvimento da personalidade, conforme o domínio de cada tema relacionado a cada chakra pelo qual ela passa (JOHARI, 2010; LÜBECK e HOSAK, 2010).

No Antigo Egito, os faraós usavam serpentes sobre os adornos da cabeça, que simbolizavam seu status de iluminação e superioridade para governar. Na China, um sábio é representado, muitas vezes, como uma pessoa cavalgando um dragão. Na tradição cristã, existem as representações do Espírito Santo e do Fogo Sagrado, que podem ser comparados respectivamente a Shiva e Shakti (SUI, 2002).

Todos esses simbolismos, e muitos outros presentes em quase todas as grandes civilizações desaparecidas, incluindo as da América do Sul, remetem ao conhecimento sobre a energia kundaliní (SUI, 2002; MOURA, 2009). Tudo indica que ele era comum entre os que participavam das elites em cada uma dessas sociedades, muito embora algumas delas jamais pudessem ter entrado em contato com as outras por questões geográficas óbvias, o que coloca esse saber em perspectiva universal (SUI, 2002; MOURA, 2009).

Conforme DeRose (2004), o estado da mente conhecido em sânscrito como samadhi, que se traduz como a hiperconsciência e a mega lucidez que levam ao autoconhecimento, é o objetivo último de qualquer prática de yoga, e impossível sem a ativação e ascensão da energia kundaliní. Esse estado superconsciente passou à história conhecido por vários nomes, embora os termos transcendência ou transcendente, pelos quais também pode ser chamado, abarquem com maestria a ideia de uma personalidade que se desenvolveu por meio de vários estágios, indo de etapas pessoais mais básicas até etapas transpessoais, experimentando altos graus de sabedoria, comunhão com o todo e compreensão da existência (MOURA, 2009).

 2.1.2 A TEORIA DOS CHAKRAS E O FENÔMENO KUNDALINÍ 

Chakra é uma palavra sânscrita que significa “roda” ou “círculo” (FASSINI e POERSCH, 2006; GERBER, 2007). Refere-se aos vórtices que captam, armazenam, distribuem e emitem energia vibracional a partir do campo eletromagnético que envolve e interpenetra o corpo humano (FASSINI e POERSCH, 2006; GERBER, 2007). Eles possuem ligações estreitas com os pensamentos, sentimentos, emoções e, por conseguinte, com o comportamento. Refletem em todos os sistemas de órgãos do corpo (FASSINI e POERSCH, 2006; MOURA, 2009).

Estando intimamente atrelados a todo o funcionamento psíquico e corporal, questões emocionais ou sexuais mal resolvidas podem gerar disfunções nesses centros vibracionais, impedindo o livre fluxo de vitalidade no corpo. Tensões crônicas gerariam, inclusive, alterações celulares e a manifestação de doenças no nível físico (GERBER, 2007). Tais bloqueios seriam, também, impedimentos à livre ascensão da kundaliní, mas a estimulação dela também pode levar a um processo de purificação deles (GERBER, 2007; MOURA, 2010).

Ao todo são milhares, mas, segundo a concepção indiana, existem sete chakras principais que processam um volume maior de energia e que estão diretamente relacionados a centros nervosos e às glândulas endócrinas, com suas raízes assentadas na corrente vital sutil da medula espinhal (JOHARI, 2010). Conforme Gerber (2007, p. 305):

As energias sutis absorvidas pelos chakras são convertidas em sinais endócrinos de uma maneira semelhante ao que acontece num transformador redutor. Quando as energias vibracionais superiores ou sutis penetram nos chakras, elas são reduzidas e transmitidas como informação de natureza fisiológica. As energias sutis são convertidas em sinais hormonais produzidos por cada uma das principais glândulas endócrinas ligadas aos chakras. Todo o corpo é afetado pela liberação de diminutas quantidades de poderosos hormônios na corrente sanguínea. Além do mais, cada chakra distribui energia vital para vários órgãos diferentes que estão localizados na mesma parte do corpo e tendem a ressonar em freqüências semelhantes.

Os sete principais chakras são assim nomeados em sânscrito: muladhara, svadhisthana, manipura, anahata, vishuddha, ajna e sahasrara (JOHARI, 2010). Nesta mesma ordem, estão localizados na base da espinha, logo abaixo do umbigo, no abdome superior, na região média do peito, no pescoço, na fronte e no topo da cabeça. Apontam, assim, o caminho que a energia da kundaliní poderia percorrer. À exceção do primeiro e do último nesta ordem, possuem, também, uma saída correspondente na parte dorsal do corpo (GERBER, 2007; JOHARI, 2010).

Explica-nos Oliveira (2000, p. 62-63), que a energia vibracional é

[…] uma potencialização de nossas faculdades mentais. É como se fosse um complemento da “kundalini”. É uma energia numa freqüência tal que as ondas cerebrais se aceleram, acontecendo o mesmo também no nosso corpo sutil, porque a nossa aura se amplia. […] é a transmutação dos estímulos emocionais e sexuais em energia vibracional. Não é uma aceleração que deixa a pessoa estressada, mas uma potencialização do nosso campo mental que se reflete em nosso corpo […]

Todos esses sete pontos principais produzem energias vibracionais que podem ser direcionadas para os chakras superiores voluntariamente, sobretudo para o chakra ajna. No entanto, é o muladhara que produz a energia vibracional mais ativa e intensa, que é sexual e que cria a vida, estando atrelado à possibilidade do orgasmo.

O orgasmo, quando corretamente direcionado por técnicas específicas, pode ser o grande estimulador da ascensão da kundaliní, e, em uma perspectiva moderna, não deve ser evitado (OLIVEIRA, 2000), ao contrário do que sugerem as práticas do yoga tântrico. Ele será a maior fonte de energia para a realização do que a mente desejar criar (OLIVEIRA, 2000; FASSINI e POERSCH, 2006).

2.1.3 KUNDALINÍ NO CORPO E RELATOS FENOMENOLÓGICOS

O alegado despertar da kundaliní pode ocorrer de forma espontânea para o sujeito da experiência e vir acompanhado de muitas características que já puderam ser observadas por pesquisadores. Ocorrem fenômenos motores no corpo, como a execução de movimentos e posturas automáticas, inclusive as que imitam posturas yogis, mesmo sem um conhecimento prévio, choro, riso, vontade de gritar, modificações no padrão respiratório e paralisia corporal temporária. Também acontecem fenômenos sensoriais, como sensações de cócegas, tremores na pele, frio e calor extremos, visões de luzes e sons internos, bem como outras sensações mais ou menos descritíveis, que percorrem o corpo, a começar pelos pés ou base da coluna, subindo pelas costas até o alto da cabeça, e podendo descer pelo rosto até a região do abdome (MOURA, 2009).

No campo dos fenômenos interpretativos há o surgimento de emoções incomuns ou extremas, e, também, a distorção, separação e dissociação do sujeito na relação com seus próprios pensamentos. Existem, ainda, os fenômenos não-fisiológicos, que correspondem às alegadas experiências fora do corpo (EFC) e às experiências paranormais que incluem experiências extrassensoriais, como visões de seres e luzes, ouvir sons, músicas e vozes inaudíveis para os demais, presenciar sincronicidades acima do comum, fenômenos de psicocinesia e poltergeist, ver desabrochar habilidades de cura, dentre outras (MOURA, 2009).

A psicóloga Gilda Moura (2010, p. 49-50), que teve vários dos sintomas descritos acima, destaca o seguinte no relato das suas experiências com a elevação da kundaliní:

É um processo energético estudado e conhecido pelas tradições religiosas antigas, só que sempre foi guardado pelos sacerdotes. Ter a kundalini ativa dá poder psíquico e paranormal, sabedoria e capacidade de cura; é perigoso, a pessoa se torna mais consciente, senhora dos seus atos e decisões. Uma pessoa que tem opiniões próprias e, portanto, mais difícil de ser conduzida ou influenciada. Eu ainda não tinha o entendimento de que o despertar da energia da transformação provoca todos esses sintomas porque a nossa energia é revertida dos centros inferiores em direção aos superiores. Nessa hora sente-se esse torpor e sensações de choques elétricos. Essa ativação nos leva a confrontar todos os sentimentos reprimidos.

DeRose (2004, p. 57-58) também relata quando teve uma forte experiência com a energia kundaliní:

Ao final de tantas horas com práticas tão fortes, acumulativamente com o que já vinha desenvolvendo durante anos, ocorreu o inevitável. Senti que algo estava acontecendo no períneo, como se um motor tivesse começado a funcionar lá dentro. Uma vibração muito forte tomou conta da região coccígea, com um ruído surdo que se irradiava pelos nervos até o ouvido interno, onde produzia interessantes efeitos sonoros, cuja procedência eu podia facilmente atribuir a este ou àquele plexo. Em seguida, um calor intenso começou a se movimentar em ondulações ascendentes. Conforme os mudrás, bandhas, mantras e pránáyámas, eu podia manobrar a temperatura e o ritmo das ondulações, fazendo ainda com que o fenômeno se detivesse mais tempo em um chakra ou passasse logo ao seguinte. A cada padma, o som interno cambiava, tornando-se mais complexo à medida que subia na linha da coluna vertebral. De repente perdi o controle do fenômeno, como se ele fosse um orgasmo que você consegue dominar até determinado ponto, mas depois explode. E foi mesmo uma explosão de luz, felicidade e sabedoria. Tudo à minha volta era luz. Não envolvido em luz: simplesmente era luz. Uma luz de indescritível brilho e beleza, intensíssima, mas que não ofuscava. A sensação de felicidade extrapolava quaisquer parâmetros. Era uma satisfação absoluta, infindável. Um jorro de amor incondicionado brotou do fundo do meu ser, como se fosse um vulcão. E a sabedoria que me invadiu durante tal experiência, era cósmica, ilimitada. Num décimo de segundo compreendi tudo, instantaneamente. Compreendi a razão de ser de todas as coisas, a origem e o fim.

As experiências contadas por DeRose (2004), mestre e assíduo praticante de yoga, e Moura (2010), psicóloga e proeminente pesquisadora de estados alterados e ampliados de consciência, exemplificam de forma bastante completa a vivência do fenômeno kundaliní que segue sendo relatado há milênios por inúmeras pessoas. Antes de qualquer discussão sobre a legitimidade da apropriação de tal conhecimento por parte da psicologia, observa-se que as descrições supracitadas são realidades diante de um fenômeno humano legítimo e, como tal, totalmente passível e disponível à investigação.

2.2 A PSICOLOGIA CORPORAL

2.2.1 WILHELM REICH 

Wilhelm Reich nasceu em 24 de março de 1897, no então Império Austro-Húngaro (CÂMARA, 2009), atual Ucrânia. Teve sua infância marcada pelo profundo contato com a natureza na granja de sua família, bem como pelos traumas do suicídio da mãe, adúltera, revelada pelo próprio Reich ao seu pai (VOLPI, 2003). Esse também veio a falecer alguns anos depois, aparentemente arrependido pela forma como tratara sua esposa nos últimos anos da vida dela após a descoberta da traição (VOLPI, 2003; CÂMARA, 2009).

Órfão, Reich teve de enfrentar grandes dificuldades para administrar sua vida. Serviu voluntariamente ao exército, participando da I Grande Guerra Mundial aos 17 anos. Manteve, contudo, seus estudos sempre de forma entusiasmada (VOLPI, 2003; CÂMARA, 2009). Mais tarde, por conseguinte, ingressou na Faculdade de Medicina de Viena. No meio acadêmico, interessou-se, também, por escritos sócio-políticos e, por volta desta época, iniciou sua formação psicanalítica (CÂMARA, 2009).

De fato, o primeiro contato de Reich com a Psicanálise e com Freud se deu por meio de um seminário de sexologia organizado pelos alunos da Universidade de Viena em 1919. Lá pôde conhecer a técnica psicanalítica quando já se fundamentava basicamente na associação livre e na interpretação dos sonhos (VOLPI, 2003). Após adquirir vasto conhecimento em psicologia, sexologia, ciência natural e filosofia natural, e estudar as concepções sobre sexualidade de cientistas como Forel, Moll, Bloch, Freud e Jung, Reich candidata-se à entrada na Sociedade Psicanalítica de Viena, em 1920 (REICH, 2004; CÂMARA, 2009).

Inicialmente um psicanalista ortodoxo, nos anos seguintes Reich começa a questionar os resultados dos tratamentos psicanalíticos, alegando que eles não eram duradouros ou nem sequer eram alcançados. Desejava estabelecer uma transferência positiva mais consistente com seus pacientes, e, para tanto, saiu de trás do divã e passou a se colocar em frente ao paciente (REICH, 2004). Pôde analisar, a partir daí, outras resistências além das conhecidas pela psicanálise: as que se mostravam no gestual do corpo, em posturas, tom de voz, passando a confrontá-las e trazendo esclarecimento aos terapeutizados. Com o rompimento das resistências, os conflitos essenciais, base de toda a neurose, vinham à tona e se alcançava uma modificação real da estrutura de caráter. Para Reich, apenas assim seria possível fugir às “pseudo-transferências positivas” que evitavam a emergência do material doloroso (REICH, 2004; VOLPI, 2003).

Percebendo que não só os sintomas eram neuróticos, mas que a própria estrutura de caráter era neurótica (VOLPI, 2003), Reich debruçou-se sobre o seguinte problema encontrado na teoria de Freud: acerca das neuroses sempre se falava qualitativamente, muito embora dependessem dos fatores quantitativos, como, por exemplo, da quantidade de força das resistências e da quantidade de catexias de energia. O próprio Freud achava que a terapia psíquica da neurose poderia vir a ser ameaçada por alguma “organoterapia”. A psicanálise, portanto, deveria se estabelecer a partir de uma base orgânica, e a resolução dos problemas qualitativos da neurose vinham ao encontro dessa necessidade. Isso viria a ser possível por meio do controle da estase sexual (REICH, 2004).

A estase sexual, um termo genuinamente reichiano, refere-se à diferença entre o acúmulo e a descarga da energia sexual, sendo ela a fonte de energia de todas as neuroses e de todas as enfermidades psíquicas, com ou sem formação de sintomas (REICH, 2004). Assim, a libido insatisfeita na inibição sofrida pelos conflitos psíquicos da neurose acaba por fortalecer e ampliar os próprios conflitos, e estes, por sua vez, aumentam mais ainda a estase.

Nesse processo de retroalimentação, acontece uma reativação das angústias que circundam a primeira vinculação sexual entre a criança e seus pais, fator presente em toda neurose. Sem a estase da excitação dando força ao conflito, portanto, não seria possível que ele, por si só, causasse um permanente desequilíbrio psíquico (REICH, 2004). Afirma Reich (2004, p. 103) que:

As fixações patológicas incestuosas pelos pais, pelos irmãos e irmãs, perdem a sua força quando se elimina a estase simultânea de energia, quando a plena satisfação orgástica é experimentada no presente real. Por isso, depende do grau de descarga da energia sexual que o conflito de Édipo se torne ou não patológico.

De fato, como se pode perceber, Reich concordava com a posição freudiana que coloca o tema da sexualidade como central nos processos psíquicos, contribuindo, a partir daí, com a ampliação do conhecimento acerca da ancoragem da neurose na instância somática (VOLPI, 2003). Entretanto, as constatações inovadoras de Reich acabaram afastando-o cada vez mais de Freud. Por volta de 1924, a noção de potência orgástica, designação do processo que rompia com a estase sexual, foi uma das que inaugurou a fissura teórica entre eles (CÂMARA, 2009).

Para o senso comum, a possibilidade eretiva, no homem, e o orgasmo clitoriano, na mulher, eram sinônimo de potência sexual. Reich (2004), no entanto, foi muito além, e definiu potência orgástica como a capacidade de descarregar a energia sexual acumulada de forma plena e frequente, por meio do abandonar-se ao fluxo da energia biológica, livre das inibições psíquicas. Estabelecer essa potência seria o objetivo último da terapia analítica (CÂMARA, 2009).

Esse alcance da potência orgástica causava mudanças definitivas nos pacientes, com mudanças de atitude em relação à sociedade e em relação a si próprios. Havia, a partir daí, muito mais facilidade de expressão, mais vivacidade e espontaneidade, menos rigidez e o desaparecimento de comportamentos irracionais e neuróticos (REICH, 2004). Claro que era considerado possível fazer descargas libidinais de outros modos, como gargalhar, chorar e praticar exercícios, mas a mais eficiente de todas seguia sendo o orgasmo, quando causador de convulsões corporais generalizadas e perda temporária de consciência – efeito possível quando precedido por um ato livre de ansiedade e com entrega total do organismo (REICH, 2004; VOLPI, 2003; CÂMARA, 2009).

Utilizando-se de um galvanômetro, Reich conseguiu medir as reações na epiderme do corpo durante o ato sexual, associando o prazer à presença de uma corrente bioelétrica na superfície da pele. Essa mesma corrente bioelétrica seria a evidência concreta da existência da libido. Haveria, então, uma fórmula do orgasmo: uma tensão mecânica, seguida da geração de uma carga bioelétrica, com seu consequente descarregamento, e, após, a relaxação (REICH, 2004; VOLPI, 2003).

A observação e progressiva construção de caminhos terapêuticos que levassem ao rompimento da estase sexual pelo estabelecimento da potência orgástica foram confirmando, na prática, a existência do que Reich chamou de couraça de caráter (REICH, 2014; REICH, 2004). Esta referia-se ao mecanismo de aprisionamento de energia e às resistências assumidas pela personalidade total, o caráter de determinado sujeito, mostrando, mais uma vez, a participação do sistema vaso vegetativo na produção e sustentação da neurose (REICH, 2004; VOLPI, 2003).

A couraça, conforme observou Reich (2004), possuía uma espécie de estratificação que se organizava de forma compreensível, quando analisada a sistemática do sujeito. Cada paciente possuía uma estrutura específica relacionada à sua história, e a couraça era uma forma de proteger-se e defender-se das experiências desagradáveis reprimidas. As repressões mais recentes da infância se mostravam mais superficiais, e as fixações mais antigas demonstravam influenciar tanto superficial como profundamente. A soma total das suas experiências passadas, portanto, definiam as atitudes do caráter.

De fato, os pacientes demonstravam profunda resistência à mobilização das suas couraças, já que a flexibilização delas fazia movimentar o doloroso reprimido de suas histórias e punha em xeque seu equilíbrio neurótico. Esse movimento, no entanto, era extremamente necessário, pois, se de um lado a couraça era uma proteção, por outro, era um redutor da capacidade para o prazer (REICH, 2004).

Além disso, com a permanência das couraças, o paciente podia chegar até a entender intelectualmente a origem dos seus sintomas, mas não conseguia mudá-los. A técnica da análise do caráter (REICH, 2014) vinha ao encontro da necessidade de se compreender as perturbações instaladas a partir das fases pré-genitais, e, com o restabelecimento da função genital, os pacientes mudavam profunda e visivelmente não só os seus sintomas, mas a própria personalidade (REICH, 2004).

Como a gênese e a sustentação da couraça estavam atreladas, também, ao sistema nervoso autônomo, no funcionamento dos sistemas simpático e parassimpático, ela acabou sendo considerada por Reich (2004) como uma simpaticotonia crônica. Isso o levou a adentrar cada vez mais no campo da biofísica, com foco no aprofundamento dos mecanismos de carga e descarga energética vistos na fórmula do orgasmo (VOLPI, 2003).

Era justamente o equilíbrio entre carga e descarga que podia promover o fim da estase sexual, estabelecendo o que Reich (2004) chamou de autorregulagem. Nela, o sujeito havia atingido as condições de fluir compatível com seus instintos naturais, sem que isso lhe causasse o surgimento de comportamentos socialmente inadequados. Ao contrário disso, tornava-se excepcionalmente feliz na vida afetiva e profissional. Praticava a espontaneidade que os neuróticos moralistas e encouraçados não poderiam compreender.

Em 1928, Reich nomeia sua teoria de Economia Sexual (VOLPI, 2003). Nessa época, chega a ter envolvimento em movimentos políticos com vistas a trabalhar de forma massiva a profilaxia das neuroses. Conforme diz Volpi (2004, p. 4):

A ligação de Reich com o movimento comunista no final dos anos vinte, que tem sido repetidamente explorada para o desacreditar, surgiu pelo simples fato de ser oportuna, com o fim de continuar seu trabalho sobre higiene sexual, ir ao encontro das massas, por meio da organização dos partidos socialistas e comunistas. Assim, era necessário prosseguir com o trabalho sobre a higiene econômico-sexual no seio dos partidos socialista e comunista, porque era aí que as massas se encontravam nessa altura.

O aprofundamento das aferições nas pesquisas da bioeletricidade corporal supracitadas, que ocorreram por volta de 1935, acabaram levando Reich à compreensão de que a couraça de caráter possuía a equivalência somática, que denominou, depois, de couraça muscular, pois a energia sexual se aprisionava nos músculos. Mapeou o corpo em sete segmentos definidos, chamando-os de segmentos de couraça (REICH, 2014; VOLPI, 2004).

A sua técnica terapêutica passou a concatenar o trabalho simultâneo e direto nas couraças musculares e de caráter, presenciando a liberação de emoções e lembranças acumuladas pelas repressões ao longo da história dos sujeitos. Surgiu daí o que denominou de técnica da Vegetoterapia Caracteroanalítica (VOLPI, 2003).

Nos anos seguintes, indo ainda mais além e voltando-se cada vez mais para o campo da biofísica, Reich (2004) descobre o que denominou de bíons: pequenas vesículas energéticas, unidades básicas de energia vital, observadas microscopicamente com sucesso. Em 1939, observando uma cultura de bíons, descobre uma energia diferente das até então conhecidas, batizando-a de energia orgone (VOLPI, 2004).

Em 1940, Reich (2004) descobre que a energia orgone não estava presente apenas nos organismos, mas em toda a atmosfera, e que podia ser acumulada. Conseguiu capturá-la e direcioná-la por meio de um aparelho composto de material orgânico e inorgânico, que ficou conhecido como acumulador de orgone. Enfim havia descoberto de forma cabal a bioenergia que tanto procurara desde o início dos seus estudos, antes chamada simplesmente de libido, bioeletricidade ou “energia psíquica”, e agora com características até então desconhecidas (REICH, 2014; REICH, 2004). Assim, consolidou a ampliação da Vegetoterapia na Orgonoterapia, por meio dos estudos de uma nova ciência: a Orgonomia (VOLPI, 2004).

2.2.2 PÓS-REICHIANOS

Absorvido pela descoberta da energia orgone e pelo desenvolvimento consequente da Orgonomia, Reich chegou a pedir ao seu fiel seguidor e amigo Ola Raknes, morador da Noruega, que fizesse uma revisão das estruturas de caráter definidas por si e que sistematizasse a terapêutica da Vegetoterapia para a promoção do desencouraçamento. Sentindo-se incapaz e sem tempo para tal tarefa, Raknes acaba oferecendo essa incumbência ao italiano Federico Navarro (VOLPI, 2003).

Navarro, médico neuropsiquiatra e psicanalista, descobre a obra de Reich em 1965, durante suas férias. Entusiasmado, ao voltar a Nápoles descobre que outros colegas e amigos também tinham interesse em estudar as descobertas de Reich. Assim, entra em contato com Raknes, que acaba vindo até a Itália para iniciá-los na Vegetoterapia Caracteroanalítica e na Orgonoterapia. Conforme Dadoun (2013, p. 5):

Durante três anos consecutivos, Navarro e seus amigos receberiam de Raknes um ensinamento prático que serviria de base à sua atividade terapêutica. Ao mesmo tempo, eles procuraram garantir uma difusão tão ampla quanto possível do pensamento de Reich, na Itália, criando o movimento reichiano, que se tornou conhecido por todos os tipos de intervenções nos meios escolares, universitários, culturais e políticos.

Ao final da formação oferecida por Raknes, Navarro foi convidado por ele a fazer a revisão da técnica da análise do caráter desenvolvida por Reich. E assim o fez ao longo da década de 1970, desenvolvendo a “somatopsicodinâmica”, que tem como proposta a Orgonoterapia reichiana, levando adiante a inseparabilidade entre o psíquico e o somático, aprofundando mais ainda o conhecimento sobre os sete níveis de couraça muscular e a expressão dos conjuntos de traços caracteriais (NAVARRO, 2013; VOLPI, 2003).

Segundo Volpi (2003), as três escolas principais que compõem a Psicologia Corporal são a reichiana, a pós-reichiana e a neo-reichiana. A primeira é integrada por aqueles que se restringiram a conhecer e aplicar o que foi estabelecido por Reich. A segunda foi assim nomeada pela filha de Reich, Eva Reich, e se refere aos que mantêm Reich como base, fazendo atualizações e aprimoramentos na teoria e técnica. E a terceira se refere aos que desenvolveram métodos e técnicas que se distanciaram cada vez mais da matriz reichiana, como é o caso da Bioenergética, criada por Alexander Lowen e John Pierrakos.

3. DISCUSSÃO 

Retomando as questões que nortearam este estudo e os objetivos que o orientaram, expostos no início deste artigo, discorre-se a seguir sobre os cruzamentos possíveis entre o orgasmo e a transcendência. Ficou entendido que, para os leitores atentos às teorias orientais referentes à constituição das dimensões psíquica e somática do ser humano, não se torna tarefa impossível realizar conexões entre essas e os achados científicos construídos a partir de Wilhelm Reich. Isto tudo fica ainda mais interessante e instigante, sobretudo, quando a discussão apresenta evidências sobre o fenômeno kundaliní, com sua experiência persistente e crescente em vários povos ao longo da história humana, conforme relatado por Moura (2010), correlacionando tais achados com o enfoque deste estudo, que teve como base a investigação do objeto à luz da Psicologia Corporal.

O famoso caminho dos sete chakras principais reflete, também, uma jornada evolutiva da consciência, por meio da qual o ser humano se move buscando o seu desenvolvimento integral rumo à transcendência. É como se cada um dos chakras fossem interruptores de centros neurológicos superiores, e, neste ínterim, a kundaliní é a própria energia se movimentando nesse caminho, que, ao ser projetada progressivamente dos vórtices inferiores aos superiores, ativa a estrutura psicofisiológica humana em sua mais variada e completa expressão (SARASWATI, 2014).

À primeira vista, chama muito a atenção que Reich tenha postulado o desenvolvimento da personalidade total, o caráter, norteado pelo fluxo de energia orgone circulante em sete segmentos ao longo do sistema corporal: as conhecidas couraças musculares e de caráter (REICH, 2014). Isto possibilita um relacionamento automático com o modelo de localização dos sete chakras principais, centros de circulação de energia vital supracitados que, com pequena ressalva, convergem com a óptica reichiana (PANDINI et al., 2013). No entanto, em nenhum momento Reich declarou ter tomado por base os conhecimentos ancestrais orientais para postular sua teoria. Poderia ter sido ele um dos primeiros a dar dignidade acadêmica ortodoxa a saberes circunscritos, inicialmente, ao âmbito das antigas tradições espirituais?

Reich se baseou única e exclusivamente em suas pesquisas científicas, inclusive laboratoriais, para chegar até o desenvolvimento da Orgonomia, aprofundando o entendimento da energia biológica vegetativa como terreno determinante para a estruturação psicológica, sendo o ser humano possuidor e resultante do funcionamento indissociável da unidade psíquica e somática (REICH, 2004). Acerca da prática terapêutica, a partir da observação desta “identidade funcional”, termo usado pelo próprio Reich (2004, p. 230-231), diz ele:

As couraças de caráter eram vistas agora como funcionalmente equivalentes à hipertonia muscular. O conceito de “identidade funcional”, que tive de introduzir, significa apenas que as atitudes musculares e as atitudes de caráter têm a mesma função no mecanismo psíquico: podem substituir-se e podem influenciar-se mutuamente. Basicamente, não podem separar-se. São equivalentes na sua função. […] Se a couraça de caráter podia ser expressa pela couraça muscular, e vice-versa, então a unidade do funcionamento psíquico e somático havia sido entendida em princípio e podia ser influenciada de maneira prática. […] Se uma inibição de caráter não correspondia a uma influência psíquica, eu recorria à correspondente atitude somática. Inversamente, se encontrava dificuldade em alcançar uma atitude somática perturbadora, trabalhava com sua expressão no caráter do paciente e conseguia libertá-la.

Práticas yogis para ativação dos chakras e o despertar da kundaliní concordam, em linhas gerais, que o primeiro centro a ser estimulado deve ser o chakra ajna, situado entre as sobrancelhas. Com o maior fluxo de energia circulando nesse centro, conforme afirma Motoyama (2014), as pessoas seriam capazes de lidar sabiamente com as energias provindas posteriormente dos chakras inferiores, que, quando despertados pela passagem da kundaliní, as colocam de frente a questões conflituosas mais intensas e desafiadoras a serem esclarecidas e superadas. Complementações feitas por pesquisadores como, por exemplo, Oliveira (2000) e Fassini e Poersch (2006), sugerem que o chakra ajna seria o principal do corpo, por ser considerado o depósito do conjunto de energias vibracionais que podem ser geradas e direcionadas pela vontade do ser humano – a kundaliní.

Dessa forma, a fim de detectar concretamente a libido freudiana no corpo, Reich (2004) utilizou técnicas e aparelhos especializados para tal, quantificando, por meio dos seus estudos, o fluxo de bioeletricidade corporal, que é oscilado principalmente pelas emoções primordiais do prazer e da angústia. Muito embora toda a superfície do corpo possua potencial elétrico, em algumas zonas a oscilação desse é mais marcante, nas quais se incluem, sobretudo, as erógenas.

Por mais inusitado que possa parecer, a parte frontal do crânio (testa) também se mostrou como uma região em que a oscilação bioelétrica acontece de forma mais acentuada. E Reich (2004) chega a postular, na técnica da Vegetoterapia, que as primeiras couraças a serem trabalhadas deveriam ser as mais distantes da região genital, ou seja, as da região da cabeça. A partir desse ponto, foi possível compreender que se pode estabelecer uma relação clara entre aquilo que é trazido pelos yogis, sobre iniciar o desenvolvimento da kundaliní pelo estímulo na região do chakra ajna (MOTOYAMA, 2014), e o estabelecido por Reich na prática clínica, sobre como iniciar o desencouraçamento.

A ativação da kundaliní sugere um movimento ascendente de energia pelo corpo e a Vegetoterapia Caracteroanalítica sugere um movimento descendente de ação sobre o paciente, liberando as couraças superiores e depois as inferiores (REICH, 2004; HENRIQUES; EISENREICH e NADAL, 2014). Os dois modelos não são antagônicos, posto o já colocado sobre o ponto inicial da terapia e das práticas yogis ser a cabeça (MOTOYAMA, 2014).

Para além disso, os autores Reich (2004), Henriques, Eisenreich e De Nadal (2014), Verdugo (2016) e Bombardelli e Porto (2016) contribuíram com seus estudos, possibilitando considerar que os dois modelos de trabalho bioenergético são complementares, visto que a possibilidade de ascensão da kundaliní até o chakra ajna está também intimamente ligada ao orgasmo, assim como o restabelecimento da potência orgástica por meio do desencouraçamento do caráter proporciona o pleno fluxo da bioeletricidade nos genitais, antes do clímax, e pelo corpo todo, após o clímax.

A ressignificação do ego em uma posição autorregulada merece, certamente, lugar de destaque como via de promoção de saúde mental e física (SOUZA, 2014). Caminhar em direção à genitalidade possibilita que os sujeitos coloquem a sexualidade em seu devido lugar e dimensão (SILVA e VOLPI, 2016). Comportamentos sexuais deturpados, sintomas de fixações pré-genitais, e em crescente, como os abusos sexuais e a pornografia, levam-nos a pensar sobre o quão falha ainda é a nossa liberação sexual e sobre como a “miséria sexual” continua viva e presente (REICH, 2004; PICCININI e VOLPI, 2015), também afetando frontalmente a saúde da nossa organização social (OISHI, 2015; ALMEIDA, 2013).

O rompimento da estase e a construção do caráter genital no ser humano, objetivos centrais na Economia Sexual de Wilhelm Reich (2004), remetem ao olhar pioneiro e revolucionário que propõe a superação do estado neurótico, ainda considerado último e mais completo na organização da personalidade segundo a concepção psicanalítica freudiana. Essa superação parece convergente com os estados ampliados de consciência que podem ser experimentados nas práticas relacionadas à elevação da kundaliní, que incluem a requalificação da relação afetiva humana e do lugar da sexualidade, contribuindo para o desenvolvimento integral do sujeito nos âmbitos biopsicossocial e espiritual. Vários autores que estudam a temática têm essa visão, como, por exemplo: Verdugo (2016), Simão e Volpi (2016), Henriques (2015), Silva e Volpi (2015), Maurici e Volpi (2014), Melo (2014) e Nascimento (2013).

Por meio do desenvolvimento da Orgonomia, Reich, mais uma vez, marca a história ao observar a movimentação microscópica da energia biológica em processo de tensão-carga, relacionando diretamente à fórmula do orgasmo anteriormente postulada, e aprofundando seu entendimento sobre o fluxo bioelétrico. Esta energia já se diferenciava da conhecida como eletromagnética, conforme suas inferências, possuindo uma movimentação mais lenta e ondulante, feito uma serpente (REICH, 2004) – animal esse que, em muitos momentos, foi e é usado para representar a movimentação da energia kundaliní, conforme descrito por Moura (2010) e Henriques, Eisenreich e De Nadal (2014).

Em seguida, pôde constatar que em cada célula dos organismos vivos há energia orgonal, elevando-a ao patamar cósmico por também estar presente na atmosfera do planeta. Os sujeitos se carregam desta energia primordial principalmente nas trocas gasosas da respiração que a contém. É mais lenta e capaz de carregar, também, a matéria orgânica não condutora. Além disso, Reich (2004) provou que o organismo humano é rodeado por um campo de energia de orgone que pode ser detectado a até três metros de distância, conforme a vivacidade vegetativa do sujeito (VOLPI e VOLPI, 2015).

É possível ressaltar que a comprovação científica de um campo, até então supostamente imaterial, que envolve e interpenetra o corpo, irradiando-se dele, e que está atrelado ao desenvolvimento integral dos indivíduos enquanto humanos biopsicossociais e espirituais, bem como a percepção de que esta mesma energia encontra-se imantando toda a vida planetária que pode-se mensurar, responde a pergunta que foi feita quase no início desta sessão de entrelace entre a fenomenologia da kundaliní e a Psicologia Corporal. Reich, por meio do seu brilhantismo, parece mesmo ter tocado um conjunto de saberes inicialmente destinados ao âmbito das tradições espirituais, dando-lhes dignidade científica quando, e se, adaptados comparativamente aos seus achados, ainda que não tivesse a intenção nem a pretensão de fazê-lo ao investigar com tanta lucidez e rígida disciplina o campo psicofisiológico.

Em verdade, as informações aqui expostas acerca da energia kundaliní pertencem a outro paradigma de conhecimento que, embora construído de forma bastante consistente e persistente na cultura humana, geralmente sofre preconceito por parte da ciência ocidental. Tal preconceito também costuma ser dirigido às importantes descobertas delineadas por Wilhelm Reich, que, no entanto, continuam sobrevivendo ao tempo e às perseguições sem fundamento. Longe de termos esgotado o assunto, fica aqui o desejo de que mais pesquisadores livres de amarras epistemológicas venham a se interessar pelo tema. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No decorrer deste estudo, observou-se que a abordagem da Psicologia Corporal pode contribuir para a compreensão científica do fenômeno kundaliní, incluindo-o como possível indicador do desenvolvimento integral dos sujeitos. Na medida em que a ascensão da energia kundaliní, por meio do sistema bioenergético-corporal, associa-se com a experiência de estados transcendentes da mente e a culminância num estado ideal de ego, conforme descrito pelas antigas tradições, acaba guardando semelhança com os fins das estratégias de promoção de saúde e prevenção das neuroses postuladas por Wilhelm Reich.

Reich entendeu, ao longo da sua trajetória de pesquisas científicas, que o restabelecimento dos livres fluxos das correntes bioelétricas pelo corpo, excitadas pelas emoções, sensações sexuais e o próprio orgasmo, podia causar mudanças significativas na personalidade das pessoas, levando-as a desenvolver seu caráter genital – o ápice da saúde somatopsicodinâmica na compreensão reichiana. No entanto, tal qual a remoção dos bloqueios nos chakras seria necessária para a ascensão da kundaliní do quadril até a região da cabeça, para atingir o caráter genital, o sujeito precisa abrandar as tensões crônicas que se dispõem em andares, os chamados sete segmentos de couraça, e fazer a sua bioeletricidade/energia orgone fluir livremente na direção céfalo-caudal.

No desenvolvimento da Vegetoterapia Caracteroanalítica, procurou-se justamente a pesquisa e aplicação de técnicas corporais que pudessem abrandar as simpaticotonias crônicas presentes em cada segmento da couraça, que mantêm o sujeito sem contato e protegido dos traumas pré-genitais ainda que lhe custe um estado neurótico. Obedecendo às orientações reichianas, Federico Navarro deixou o planejamento do seu tratamento sempre direcionado da cabeça à pelve e pés.

Diferentemente dos teóricos da Psicologia Corporal, que entendem que a energia do corpo tem que ondular na direção da pelve, aqueles que abordam a kundaliní entendem que o fluxo das emoções e da pulsação sexual deve ser ascendente. O hipotético conflito se dilui, contudo, com a junção complementar dos dois modelos, o descendente reichiano com o ascendente da kundaliní, e a compreensão das suas respectivas finalidades últimas.

O primeiro prepara o sujeito para ser maduro na sua sexualidade e saudável psicologicamente, um adulto de caráter genital. Já o segundo, embora também tenha, em algum momento, o teor do desenvolvimento da personalidade, ocupa-se mais em levar o sujeito a um estado de transcendência do ego ou autotranscendência. Em coexistência, fecham um circuito completo em que fluem as energias pelo modelo biológico humano.

Dadas as já esperadas limitações de uma pesquisa de natureza bibliográfica, bem como as dificuldades no exercício de abordar cientificamente um fenômeno humano ainda pouco explorado pelas academias, ressalta-se a importância de maiores estudos acerca do fenômeno kundaliní, tanto por meio da abordagem da Psicologia Corporal, quanto de outras abordagens, áreas do conhecimento e metodologias.  Sugere-se que estudos posteriores, portanto, possam se interessar em explorar essa temática, considerando a kundaliní não apenas matéria religiosa ou mítica, mas, acima de tudo, uma misteriosa experiência humana ainda a ser melhor compreendida.

REFERÊNCIAS

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[1] Mestrado em Psicologia. ORCID: 0000-0002-6454-8708. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/5440070572346447.

[2] Orientadora. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0082-4651.

Enviado: Janeiro, 2023.

Aprovado: Fevereiro, 2023.

4.1/5 - (197 votes)
Eduardo Francisco Jaques Neto

8 respostas

  1. Artigo de profunda importância, de excelente condução, o qual nos enriquece e estimula a desenvolver outros projetos de estudo relacionados. Parabéns ao autor.

  2. Parabéns, ótimo trabalho.Muito relevante o assunto, devemos falar sim sobre isso.Chega de tabus!Parabéns aos autores!

  3. Super interessante Eduardo! Gostei muito da leitura e da integração dos conhecimentos do oriente e ocidente!

  4. Parabéns ao autor, belíssima abordagem sobre a concepção kundalini com os fatos científicos comprovado na teoria da energia orgástica.

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