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A Percepção De Jovens Quanto A Sua Relação Com A Cocaína E A Maconha

RC: 83339
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/cocaina-e-a-maconha

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BASTOS, Karla Thayane Simões [1], SOUZA, Julio César Pinto de [2]

BASTOS, Karla Thayane Simões. SOUZA, Julio César Pinto de. A Percepção De Jovens Quanto A Sua Relação Com A Cocaína E A Maconha. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 10, pp. 215-225. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/cocaina-e-a-maconha, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/cocaina-e-a-maconha

RESUMO

A cidade de Manaus possui um grande número de jovens usuários de drogas, em particular maconha e cocaína. A necessidade de consumir essas drogas leva muitos a cometerem delitos, obrigando-os a cumprir penas alternativas, além de serem acompanhados pela justiça durante o período de condicional. Este trabalho foi realizado em uma Instituição de Execuções e Medidas de Penas Alternativas, localizado em Manaus/AM. O objetivo desta pesquisa foi compreender a percepção dos jovens adultos usuários de cocaína e maconha quanto ao uso de drogas psicoativas. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa e caráter descritivo. Para obtenção dos dados foi utilizada uma pesquisa documental que se utilizou de formulários existentes na Instituição. A coleta foi realizada no período de setembro a dezembro de 2019. Para analisar os dados, foi utilizada a estratégia estatístico-descritiva. Os resultados mostraram que a busca dos usuários pelas drogas está relacionada com a incapacidade de lidar com as crises, frustrações e também como um fator de diversão, gerando as bases para o uso continuo.

Palavras-chaves: usuários de drogas, cocaína, maconha.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente o uso de substâncias psicoativas tem aumentado, tornando-se uma prática cada vez mais comum e atingindo todas as classes sociais. Entre os jovens existe uma prevalência do uso de drogas. Em muitos casos o inicio do uso foi no inicio da adolescência. Tal fenômeno ocorre em face de múltiplas transformações ocorridas nos adolescentes seja no plano físico, social ou psíquico, tornando-os mais vulneráveis. É na adolescência que ocorrem mudanças as biopsicossociais que podem trazer muito sofrimento para os adolescentes que na busca por respostas ou fugindo do sofrimento encontra nas drogas uma solução. Quando o adolescente não encontra respostas e não sabe lidar com os desafios da fase da vida, à droga passa a preencher um vazio existencial e o seu uso pode se alongar para a fase de jovem adulto. A droga tornou-se uma substância utilizada para relaxar, trazer alívio, além de estar associada à participação de algum grupo que aspiram pertencer a algum grupo, ou seja, para ser descolado perante a sociedade (GUIMARÃES et al, 2008).

O uso das drogas pelos jovens também está ligada a recreação em tempo ocioso e na busca de estados psíquicos propícios a uma suposta à produtividade, além da euforia instantânea. Independente do fator que o motivou a usar determinada droga, a compreensão das significações em torno da relação entre o jovem e as drogas no contexto atual exige adotar uma perspectiva sistêmica e crítica.

A partir dessa temática e considerando a relevância do tema, buscando nortear a pesquisa, elaborou-se como objetivo deste trabalho compreender a percepção dos jovens adultos usuários de cocaína e maconha quanto ao uso de drogas psicoativas. Para alcançar o objetivo geral estabeleceram-se como objetivos específicos: a. Levantar o perfil sociodemográfico dos usuários; e b. Levantar a percepção do jovem quanto a sua relação com a maconha e cocaína.

A pesquisa preocupou-se em oferecer, com seus resultados, uma nova fonte de conhecimento científico que poderá ser utilizada em trabalhos acadêmicos e científicos que tratem do assunto. Como contribuição social esta pesquisa oferece um melhor entendimento a respeito do uso de drogas para todos os seus leitores.

2. PERCURSO METODOLÓGICO

Esta pesquisa teve uma abordagem quantitativa, cunho descritivo e procedimento documental. A pesquisa documental “baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa” (BEUREN; LONGARAY, 2004, p. 89). O uso da abordagem quantitativa foi necessário, pois pretende-se recorrer à linguagem matemática para descrever as causas do fenômeno estudado e as relações entre as variáveis (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Como instrumento foi utilizado um roteiro que por meio da pesquisa documental levantou os dados desta pesquisa.  Utilizou-se ainda da observação assistemática, sendo todos os dados levantados anotados no diário de campo.

A coleta de dados foi feita com base nos formulários existentes na Instituição de Execuções de Medidas e Penas Alternativas, sendo os sujeitos do estudo, os usuários de maconha e cocaína que respondem processo naquela Vara. Desta forma, o único critério de inclusão dos sujeitos no estudo foi que o participante fosse um “cumpridor assistido”, independentemente de idade e gênero. Nesta pesquisa os participantes serão tratados com o termo de “cumpridores”.

Para a análise dos dados quantitativos, a estratégia utilizada foi à estatística descritiva a qual possui como interesse a medida característica dos elementos de toda a população (SILVESTRE, 2007). Com esta análise buscou-se levantar algumas informações a respeito do perfil dos usuários de maconha e cocaína. As informações do diário de campo enriqueceram os demais dados obtidos, dando mais consistência ao texto. Os dados foram levantados no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020. A amostra da pesquisa foi de 100 formulários.

Por se tratar de uma pesquisa com seres humanos, foram seguidos todos os procedimentos relacionados à ética, estabelecidos na Resolução nº466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada por meio de parecer nº 3.730.722, de 27 de novembro de 2019, do Comitê de Ética do Centro Universitário – UNINORTE.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

A fim de apresentar os resultados da pesquisa indicando a percepção dos jovens usuários de maconha e cocaína foram elaborados tópicos a partir das informações obtidas nos formulários aplicados nos cumpridores. Os resultados apresentam características dos usuários, no que se refere às variáveis gêneros, faixa etária, estado civil e escolaridade, além de apresentar a percepção dos usuários de cocaína e maconha. Os dados coletados foram analisados e comparados entre si. Em seguida, representados na forma de gráficos e interpretados na forma de texto dissertativo. A seguir explanar-se-ão os resultados da pesquisa os quais foram confrontados com o entendimento de outros autores, estudiosos do tema.

3.1 GÊNERO

No que concerne à variável gênero, verificou-se que 65% dos cumpridores eram do gênero masculino e 35% do gênero feminino.

Nos resultados verifica-se uma predominância do gênero masculino, fato que reforça os dados encontrados em outros estudos. A população masculina é mais atingida pelo problema da dependência às drogas. Nesse processo, inseridos no âmbito de grupos e sociedades, os sujeitos aprendem a reconhecer-se como homens e mulheres a partir de expectativas sociais que normalizam, por exemplo, atitudes específicas a homens e a mulheres (FARIA; SCHNEIDER, 2009).

A normalização pode ser entendida como uma “[…] avaliação, comparação e classificação dos indivíduos entre si, que ocorre não apenas por meio de uma normatividade científica de caráter corporal, orgânico, biológico, mas também de caráter psicológico e social que distingue os indivíduos na sociedade […].” (FOUCAULT, 2010, p. 57).

A existência de estigmas e preconceitos sociais relacionados aos usuários de drogas, principalmente relacionadas às mulheres, são fatores contribuintes para a diferença numérica.  As mulheres usuárias de drogas resistem ao controle das regras legais e morais da sociedade, portanto e quando surgem causam “estranhamento” no sistema social vigente (BUCHER, 1992).

Importante destacar que o número de casos de usuários do gênero feminino tem aumentado consideravelmente, embora a incidência no gênero masculino ainda seja proporcionalmente maior. Baseado nos dados do Relatório Mundial sobre Drogas estima-se que há 29 milhões de pessoas “dependentes de drogas” em todo o mundo. Ainda que o envolvimento com as drogas seja socialmente considerado uma conduta masculina, estudos epidemiológicos apontam crescimento no número de mulheres usuárias de substâncias psicoativas (FERNANDES; MELLO; ARGIMON, 2010).

3.2 ESCOLARIDADE

Após análise dos formulários judiciais para levantamento da escolaridade dos cumpridores, verificou-se que 80% dos participantes possuem ensino fundamental incompleto.

Os resultados apontam para uma maioria de cumpridores com o ensino fundamental incompleto, considerando que todos possuem mais de 18 anos, entende-se que o uso das drogas ou outro motivo afastaram esses jovens das escolas. De acordo com os participantes, os motivos que levam ao afastamento dos bancos escolares são: necessidade de trabalhar, dificuldade de conciliar escola com trabalho e a falta de supervisão familiar.

O abandono escolar, associado ou não ao uso de drogas, entre os jovens tem sido tema preocupante e leva a diferentes reflexões, pois pode ser avaliado, tanto como causa, quanto consequência do uso de drogas. Verifica-se, portanto que a escolaridade é um importante fator de proteção contra o envolvimento dos adolescentes em situações de risco, e outros fatores podem estar associados ao abandono escolar ou ao desinteresse dos adolescentes pelo ensino. A escola tem um papel fundamental nas redes de proteção (MARTINS; PILLON, 2007).

No contexto escolar, diversos profissionais, como os orientadores educacionais, professores, psicólogos, assistentes sociais e psicopedagogos, podem intervir com atividades preventivas. Estes profissionais devem estar comprometidos com as mudanças de comportamento do aluno e devem ter ciência da importância da educação como um fator de prevenção às drogas (MOREIRA; SILVEIRA; ANDREOLI, 2006).

3.3 ESTADO CIVIL

Quanto ao estado civil verificou-se que 80% dos participantes são solteiros, vivendo com seus pais e irmãos ou avós. Entretanto, parte deles já possuem filhos com ex-companheiras ou namoradas. 

Todos os entrevistados relataram conflitos sejam em relação ao casamento, aos filhos e aos pais, problemas de violência doméstica, dentre outros. Os conflitos foram atribuídos ao uso de drogas, mas também em função dos problemas financeiros. Geralmente os dependentes químicos não mantêm uma família em face das barreiras encontradas em sustentar as estruturas familiares. Em consequência disto, existe uma dificuldade na regulação das relações e dos afetos. Especialistas corroboram o fato de que os adictos substituíram o relacionar-se com pessoas por uma familiarização com a substância química (MINAYO; SCHENKER, 2004).

Deve-se, no entanto, considerar que as drogas podem servir de meio para o usuário fugir dos problemas e sofrimento vividos. Quando alegam que foram as drogas que criaram os conflitos, deve-se ponderar quanto a seguinte questão: o que levou aos conflitos foram às drogas ou o uso das drogas foi proveniente de conflitos já existentes que não foram elaborados? A incapacidade de lidar com os problemas levam o usuário a usar a droga como uma fuga, deixando-o afastado dos problemas pessoais e laborais. O problema do usuário não é a droga em si, mas sim a falta de identidade, impedindo-o de amadurecer e desenvolver vínculos afetivos e relações sociais sólidas (GADBEM, 2004).

3.4 PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DE COCAÍNA E MACONHA

Quanto à percepção dos participantes referente ao uso das drogas verificou-se que 40% dos participantes associam a eventos estressores, 40% dos participantes correlacionam a insatisfação com a vida e 20% dos participantes entendem que a droga com algo recreativo. Em face da importância dos resultados, todas as respostas serão discutidas detalhadamente.

3.4.1 EVENTOS ESTRESSORES

O uso da droga a fim de fugir ou se esquivar de eventos estressores é comum, se considerarmos que boa parte da população se utiliza de drogas lícitas para confraternizações e reuniões de amigos. Participar de happy hours depois de um dia estressante ou fumar após horas se concentrando, são exemplos do uso de drogas lícitas para redução do estresse. Segundo Murta e Tróccoli (2004), o estresse é resultado de uma interação entre aspectos físicos e psicológicos decorrentes da exposição do indivíduo a contextos que extrapolam as possibilidades de enfrentamento.

A droga atua no organismo como um estímulo prazeroso, gerando assim mudanças no cérebro, mais precisamente nos neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios. Este sistema de recompensa proporciona uma falsa felicidade e um falso prazer, propiciando ao usuário um afastamento temporário da realidade e oferecendo-lhe uma via de gratificação imediata. O uso das drogas pode estar voltado para uma fuga para se transpor naquilo que o sufoca (FERREIRA; MARX, 2017).

Alguns eventos estressores citados nos formulários foram: status socioeconômico, problemas familiares, desemprego e estresse laboral. Ao ser exposto a um evento estressor, o indivíduo utiliza seus recursos emocionais, sociais e intelectuais e atribui uma dada importância ao acontecimento, conforme suas percepções e condições.

Desta forma, para 40% dos cumpridores, a droga é uma alternativa para lidar com seus sentimentos, sendo vista como um “suporte” para a convivência dos conflitos que a vida impõe, ou seja, é atribuído um valor positivo, causando assim sensação de bem-estar e relaxamento.

3.4.2 INSATISFAÇÃO COM A VIDA

A insatisfação com a atual condição foi uma das respostas encontradas, pois os cumpridores percebem que o uso da droga faz com que planejamentos para o futuro e sonhos para uma vida se tornem distantes. O maior desejo desses usuários é a possibilidade de um melhor padrão de vida e a frustração de não conseguir ter essa vida desejada leva por vezes o individuo a usar as drogas, tornando-se uma “bola de neve”, pois a incapacidade de melhorar na vida faz com que o usuario use as drogas e com o uso das drogas a possibilidade de melhorar se torna cada vez mais distante. As drogam tornam-se a solução para as dificuldades da vida, pois oferece prazer e satisfação para que as consomi. “Elas não dão um sentido à vida, mas podem realçar o sentido que cada indivíduo consegue criar para si.” (OLIVEIRA, 2006, p. 23). O uso das drogas nesse contexto pode ser mais recorrente, visto que o sofrimento pelas condições de vida se mantém, ao contrário de alguns eventos estressores que após algum tempo se dissipam.

Considera-se ainda que a falta de acesso a direitos básicos como: saúde, educação, lazer, renda e trabalho levam a maior dificuldade de o indivíduo desenvolver estratégias positivas para enfrentamento dos problemas sociais. Essa situação de precariedade leva o indivíduo a entrar em um círculo vicioso marcado pela tendência de prevalecer em condições desfavoráveis para o exercício pleno de sua cidadania, aumentando a desigualdade e a exclusão social, deixando-os em condições de maior vulnerabilidade (CASTRO; ABRAMOVAY, 2002).

Dentro dessa linha de pensamento, esses jovens em situação de vulnerabilidade/risco, poderão buscar alívio quanto ao estresse, ansiedade, angústia e sofrimento vivenciado por eles, com a utilização de substâncias psicoativas.

A posição ou estado de vulnerabilidade é predominantemente social e consiste no grau de risco ou perigo que a pessoa corre só por pertencer a uma classe, grupo, estrato social, minoria, etc., sempre mais ou menos amplo, como também por se encaixar em um esteriótipo, devido às características que a pessoa recebeu (ZAFFARONI, 2001, p.270)

3.4.3 DIVERSÃO

A existência de amigos pode ajudar e da mesma forma levar o individuo a uma situação delicada em sua vida. A busca pela diversão com os amigos pode ser um estimulo ao uso das drogas, visto que estes são considerados a estrutura de lazer e contato social. Indivíduos tendem a se comportar ao observar o comportamento de seus semelhantes, atuando de forma similar, visto que essas situações são entendidas como consequências positivas decorrentes da valorização social, sensação de pertencimento ao grupo e popularidade. Segundo Range e Marlatt (2008), a sociedade pressiona o uso de drogas de forma direta ou indireta. Direta, quando alguém oferece a droga de forma insistente, pois os amigos tentam convencer o indivíduo a usar a droga, seja ela lícita ou ilícita e indireta, quando há um modelo de alguém que usa drogas ou um amigo usuário serve de referencia para o indivíduo que também passa a usar.

É nesse contexto que se identifica as amizades como forte fator de risco, visto que as mesmas incentivam o usuário e proporcionam maior conforto em relação ao uso abusivo de drogas, pois se encontram numa mesma situação em que a droga é subsídio para o compartilhamento de experiências e diversão.

Atualmente, evidencia-se uma associação do consumo de substâncias psicoativas e o lazer, principalmente em eventos sociais. Conforme Ribeiro e Laranjeiras (2012), o uso de drogas lícitas como a bebida alcoólica e o tabaco normalmente antecedem o uso de outras substâncias psicoativas, geralmente sendo a maconha a droga eleita na segunda fase de experimentação. O consumo de álcool (porta de entrada para outras drogas) entre os jovens tem se tornado um fator banal, pois é muito comum a presença de bebidas alcoólicas em festas de adolescentes e jovens. Todavia, sabe-se, por meio de relatos, que drogas como cocaína e maconha estão presentes como parte dessa diversão e lazer, reforçando a recreação como porta de entrada para a dependência química.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização dessa pesquisa é possível constatar que cada vez mais jovens e adultos, independente de gênero, buscam as substâncias psicoativas, ficando claro a interferência do social no uso de drogas. As drogas de maios consumo são a maconha e a cocaína (ou derivados) por serem mais baratas e oferecer maior acesso.

Foi possível compreender que a percepção desses usuários está ligada a dependência emocional, quando este associa a droga como um fator de diversão, redutor de estresse ou satisfação para os problemas pessoais, gerando as bases para o uso contínuo. O alívio e o prazer proporcionados por substâncias psicoativas são encarados como uma válvula de escape, gerando uma satisfação passageira e ilusória.

Diante do entendimento, a justiça brasileira, a frente de contravenções penais, considerado “crime menor” cometido por usuários de drogas, vem adotando medidas de pena substitutiva às de restrição da liberdade, conforme a Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas- SISNAD, que, além de outras diretrizes, reforça a aplicação de modelos de descriminalização do usuário de drogas e aumento das penas para quem pratica o tráfico. Entre essas medidas substitutivas estão: determinação e encaminhamento para tratamento da dependência química e/ ou participação de em terapias e palestras acerca do tema.

Enquanto postura profissional é necessária uma abordagem psicológica que permita novos olhares, buscando usar de estratégias de sensibilização e motivação desses usuários em procurar ajuda, estimulando-os a encarar o uso de substâncias psicoativas como uma doença crônica, com base emocional, que precisa de tratamento. Ainda se faz necessário conhecer, mais a fundo, a realidade vivenciada por estes usuários, onde o tratamento é visto como uma medida impositiva e não como uma demanda espontânea. Ainda há muitas questões que não foram discutidas deste assunto que é atual, complexo e que merece atenção, tendo em vista que ajudará a desmistificação de crenças errôneas referentes a esses usuários.

REFERÊNCIAS

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FARIA, J.G.; SCHNEIDER, D.R. O perfil dos usuários do CAPSAD-Blumenau e as políticas públicas em saúde mental. Psicologia & Sociedade, Brasília/DF, v. 21, n.3, p. 324-333. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v21n3/a05v21n3.pdf Acesso em 15 Abr 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822009000300005.

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SILVESTRE, A.L. Análise de Dados e Estatística Descritiva. Lisboa: Escolar, 2007.

ZAFFARONI, E.R. Em busca das penas perdidas. 5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

[1] Graduação Em Psicologia.

[2] Mestre em psicologia.

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Abril, 2021.

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