REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

O acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool em comunidades terapêuticas

RC: 47803
797
5/5 - (1 vote)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

WEBBER, Daniela Da Cunha [1]

WEBBER, Daniela Da Cunha. O acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool em comunidades terapêuticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 02, Vol. 03, pp. 145-155. Fevereiro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/acolhimento-de-dependentes

RESUMO

O presente trabalho descreve o acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool em comunidades terapêuticas CTs, ressaltando a importância de se compreender a dependência química como uma doença, não como apenas uma falta de vontade dos usuários em sair da vida de drogadição. Utilizou-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza básica, que, conforme seus objetivos vem a ser explicativa, empregando como metodologia de pesquisa o procedimento bibliográfico. Ressaltando as perspectivas das Comunidades Terapêuticas (CTs) e suas atuações direcionadas ao respeito, ética, valorização humana e espiritualidade, demostrando a importância das CTs para o acolhimentos de usuários de drogas ilícitas e lícitas, demostrando a importância destas na recuperação e reinserção social dos acolhidos.

Palavras-Chave: Dependência química, dependência do álcool, comunidades terapêuticas.

1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual vem sofrendo de um mal conhecido como Dependência Química e/ou do álcool, este sofrimento não apenas atinge o usuário, mais também os familiares e a sociedade onde o sujeito está inserido.

Falar de Dependência Química e/ou do álcool em algumas culturas sociais brasileira vem a ser um tabu, pois, uma grande parte da sociedade ainda coloca o dependente de drogas lícitas ou ilícitas como sendo um marginal, uma pessoa sem vergonha que não para de utilizar a droga porque simplesmente não quer. Mas, convivendo com estes dependentes, pode-se perceber como muitas vezes o parar de fazer o uso destas drogas não é tão fácil assim, muitas vezes, o pedido de ajuda de um Dependente Químico e/ou do álcool acontece quando este chega em uma fase considerada por eles como fundo do poço, ou seja, o momento em que o dependente já perdeu os laços familiares, a dignidade social e o controle total sobre si próprio.

De acordo com o CID 10 F10 ao F19 descreve os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa, sendo que, este agrupamento transcursa de inúmeros transtornos que se diferenciam segundo a sua gravidade, sendo que, nas Comunidades Terapêuticas é comum utilizar o CID 10 F19, que representa um diagnóstico ligado à utilização de múltiplas substâncias (CID 10, 1997).

Conforme o Manual Estatístico e Diagnóstico (DSM- IV) da Associação de Psiquiatria Americana (APA), os critérios diagnósticos para Dependência de substância, pode ser definido como: “um padrão de uso disfuncional de uma substância, levando a um comprometimento ou desconforto clinicamente significativo” (NICOLAU; ROCHA, 2018).

Desta forma, percebe-se a importância de que a sociedade em geral perceba-se que a dependência química e/ou do álcool vem a ser considerada uma doença, que não possui cura, mas, que existe tratamento, no qual, o dependente deverá realizar para toda a sua vida, mas, em sempre este tratamento será com medicamentos, podendo ser direcionados a hábitos comportamentais que deverão ser mudados e mantidos no decorrer da vida.

Assim, este trabalho tem por objetivo ressaltar a forma de acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool realizados em Comunidades Terapêuticas (CTs), demostrando a importância das CTs na recuperação e reinserção social dos acolhidos.

2. O ACOLHIMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS E/OU DO ÁLCOOL EM COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

2.1 DEPENDÊNCIA QUÍMICA E/OU DO ÁLCOOL

A dependência química e/ou do álcool vem a ser um problema que cresce muito no nosso cotidiano, ocasionando ao indivíduo usuário danos psicossociais, no qual, ocasiona danos comportamentais que se refletem nas relações familiares e profissional.

O uso ou abuso de substâncias químicas e/ou do álcool está sendo um grave problema de saúde pública, atingindo uma grande parte dos países do mundo, estando relacionada com comportamentos violentos e criminosos, sendo um dos fatores que geram acidentes de trânsito e violência familiar, em especial em pessoas com histórico de agressividade ou transtornos psiquiátrico, podendo levar o indivíduo a um estado de morbidez ou até mesmo a óbito (SCHEFFER; PASA; ALMEIDA, 2010).

Contudo, a dependência química compreende o uso de qualquer tipo de substâncias psicoativas (SPA), estando direcionada a qualquer substância que altere o comportamento causando dependência.

De acordo com Costa (2018, p.03):

A Organização Mundial de Saúde reconhece a dependência química como uma doença porque há alteração da estrutura e no funcionamento normal da pessoa, sendo-lhe prejudicial. Não tem causa única, mas é produto de uma série de fatores (físicos, emocionais, psíquicos e sociais) que atuam ao mesmo tempo, sendo que às vezes, uns são mais predominantes naquela pessoa específica do que em outras. Atinge o ser humano na suas três dimensões básicas (biológica, psíquica e espiritual), e atualmente é reconhecida como uma das expressões da questão social brasileira, à medida que atinge todas as classes sociais.

Assim, é necessário um olhar além da Dependência Química, uma visão de sujeito, no qual são pessoas que possuem uma história de vida e precisam ser respeitados seus direitos a dignidade, “são pessoas inseridas no contexto sócio-familiar que, por diferentes causas orgânicas, sociais, psíquicas e econômicas se viram envolvidas na questão da drogadição e da dependência química”, que, necessitam de auxílio, lembrando que, a dependência química não tem cura ela possui tratamento/enfrentamento (COSTA, 2018 p. 04).

Estudos realizados demonstram que o uso ou abuso de substâncias químicas e/ou do álcool são causadoras de condutas antissociais, podendo produzir sintomas psiquiátrico, bem como: “agitação, paranoia, alucinações, delírios, hipervigilância, violência e pensamentos suicidas”, podendo também, ocasionar Transtorno de Personalidade, Transtorno de Personalidade Antissocial, transtornos de ansiedade, Fobia Social, Transtorno do Pânico/Agorafobia, entre outros (SCHEFFER; PASA; ALMEIDA, 2010).

2.2 AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

As comunidades Terapêuticas (CTs) são instituições privadas, sem fins lucrativos, que, podem ou não receber auxílio de poderes públicos e/ou de instituições religiosas. Oferecem acolhimento para pessoas que fazem uso de drogas lícitas e ilícitas, podendo ser conveniada com alguma instituição e oferecer ao acolhido gratuitamente e, em casos de não conveniados e que possuem condições financeira é cobrado uma contribuição mensal. Em muitas CTs, se o indivíduo não é conveniado e não possui condições financeiras para contribuir, e almejam o acolhimento, são acolhidos e amparados pela Comunidade Terapêutica (CT) da mesma forma e, recebendo o mesmo tipo de colhimento dos que possuem convenio ou os que estão particulares.

Segundo Serrano, Alano e Lemos (2015, p.87):

As CTs são um tipo de porta de acolhida para problemas muito específicos, que muitas vezes não cabem em um outro tipo de serviço. Antes de existirem as comunidades, muitos dependentes desenvolviam quadros de recaídas sequenciais, ou consumiam substâncias psicoativas de forma tão constante, que a única proposta vislumbrada pela sociedade era a da internação longa, até vitalícia, em manicômios judiciários, ou em macro-asilos psiquiátricos, excluindo-os da convívio.

As CTs oferecem acolhimento para pessoas com “transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de drogas” na qual, são “instituições abertas, de adesão exclusivamente voluntária, voltadas a pessoas que desejam e necessitam de um espaço protegido, em ambiente residencial”, que auxiliará na recuperação dependência química e/ou do álcool, podendo durar o acolhimento até 12 meses, sendo que, durante este tempo, os acolhidos nas CTs “devem manter seu tratamento na rede de atenção psicossocial e demais serviços de saúde que se façam necessários” (PROCERGS, 2018).

A resolução-RDC/ANVISA nº 101, de 30 de maio de 2001 em seu artigo 1º estabelece regulamento técnico as CTs na qual deverão estar disciplinadas “as exigências mínimas para o funcionamento de serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas” seguindo o modelo psicossocial desta resolução (BRASIL, 2001).

Costa (2018, p. 05) ressalta que as CTs:

Utilizam-se de conhecimentos, instrumentos e técnicas científicas, na área da saúde mental, social e física, para o atendimento ao usuário de SPA que busca ajuda para o tratamento, que, por outro lado, sabemos ser uma doença incurável. O tratamento, portanto, se concentra no fortalecimento físico, psíquico e espiritual, para que o usuário se mantenha abstêmio pelo maior tempo possível. Esse é o quadro que prevalece nos atendimentos prestados pelas comunidades terapêuticas.

Desta forma, no Brasil as CTs estão vinculadas a alguma instituição religiosa, que de acordo com Costa (2018, p.05) surgiram devido a dois grandes motivos:

1º) o vácuo deixado pelas políticas públicas nessa área: por muito tempo a questão do álcool e de outras drogas foi tratada em nosso país como um “caso de polícia”. Até a década de 1960, época em que as comunidades terapêuticas começaram a surgir no Brasil, o dependente químico e/ou sua família tinham como única opção a internação em manicômios, levando o usuário/dependente a ser considerado como uma pessoa com transtornos psiquiátricos. Surgiram também as clínicas particulares especificamente atuando nesta área, mas com custos elevados, mantendo excluídos do tratamento uma grande parcela oriunda das classes mais empobrecidas da sociedade.

2º) Esse vácuo foi sendo ocupado por diferentes confissões religiosas, motivadas pela perspectiva de “evangelização”, mas também pela necessidade de fornecerem resposta aos pedidos de ajuda por tratamento que chegavam às suas portas na mesma proporção em que a dependência química alcançava números alarmantes de vítimas.

2.3 PERSPECTIVA DAS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS

As perspectiva das Comunidades terapêuticas são de proporcionar ambientes que visem superar a dependência de substâncias psicoativas, através de resoluções religiosas, psicossocial, médica, psicológicas, entre outras, podendo estar interligada as instituições hospitalares ou não (SOUZA; SCHLEMPER JÚNIOR, 2015).

Estar acolhido em uma CT é de um período de até 12 meses, sendo este um curto período na vida do ser humano, que, por sua vez minimizam as influências da drogadição vivenciadas no cotidiano dentro da sociedade, preparando a sim, o acolhido para suportar melhor com estas situações (FRACASSO, 2011).

Desta forma, a estrutura de uma CT é planejada conforme seus objetivos através de um Programa Terapêutica, que define a população (homens, mulheres ou adolescentes), de um cronograma com as atividades diária estabelecido conforme a estrutura da CTs.

Dentre estas perspectivas, Souza e Schlemper Júnior (2015), descrevem que as CTs atuam em cima do respeito, ética, valorização humana e espiritualidade.

2.3.1 RESPEITO

O primeiro aspecto importante dentro de uma CT é o respeito. É através deste que se estabelecerá vínculos afetivos entre os acolhidos e, dos acolhidos com a equipe administrativa.

De acordo com, Souza e Schlemper Júnior (2015, p.96) o respeito “é um sentimento que leva a tratar alguém ou algo com grande atenção; consideração, reverência”, desta forma, os autores destacam que este sentimento deve estar direcionado ao “respeito pela pessoa, pela preservação de sua dignidade”.

Contudo, o respeito vem a ser a porta de entrada de uma CT, é através deste sentimento que o acolhido aprende a valorizar e respeitar os espaços disponibilizados pelas CTs, muitos acolhidos chamam as de fazendas, por possuírem amplos espaços. Além do respeito ao patrimônio inicia-se o respeito pelo próximo e suas diversidades, pois a convivência entre os acolhidos deve estar baseada no respeito.

2.3.2 ÉTICA

Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais, a palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter. Segundo o dicionário ética a imagem da ética significa o “que mostra ao vivo os costumes, índole e natureza das coisas” (ÉTICA, 2018).

A ética dentro de uma CT é descrita como um aspecto fundamental, tem por objetivo a elaboração de reflexão sobre aspectos fundamentais da moral “finalidade e sentido da vida, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, e o valor da consciência moral”, vem a ser o conjuntos de regras de uma CT (regimento), no qual estão descritos regras de condutos entre os acolhidos para uma convivência saldável entre os acolhidos e dos acolhidos com o setor administrativo (SOUZA E SCHLEMPER JÚNIOR, 2015 P.97).

De acordo com Schlemper Júnior (2018 p. 48)

As questões éticas envolvidas no acolhimento dos dependentes de substâncias psicoativas nas CT estão presentes, diariamente, no contexto da internação, seja no indivíduo, em sua família ou nas atividades dos responsáveis por esse trabalho. Os referenciais bioéticos podem funcionar como suporte para refletir sobre a busca de soluções éticas, razão de poderem ser muito úteis no debate dos conflitos que surgem no cotidiano das CT.

2.3.3 VALORIZAÇÃO HUMANA

Conforme Souza e Schlemper Júnior (2015, p.97) a valorização humana “significa dar ou receber o valor, a importância de (algo, alguém ou a si mesmo)” tendo como inclusão “a generosidade e a boa acolhida”, sendo aspectos importantes dentro de uma CT.

Segundo Rios (2018, p. 17 e 18), existem três degraus para a valorização humana:

      1. Indivíduo necessita ter condições de vida para boa constituição biológica da geração, de sobrevivência e de aceitação com aproveitamento dos métodos e técnicas de valorização;
      2. Recebendo elementos para conseguir informações, assimilando a cultura prevalente do grupo social, diversificando e ampliando as suas relações com outros homens já pode utilizar a liberdade e mesmo utilizá-la bem tornou-se um cidadão;
      3. Enfim, com a independência econômica nos termos sociais em que é conceituada, pelos meios e técnicas adquiridos anteriormente, já pode por si transmitir ao grupo social as próprias ideias e com o resultado do exercício do pensamento fazer evoluir a cultura do grupo — adquirir personalidade.

Desta forma, as CTs têm por objetivo mobiliar os dependentes químicos e/ou do álcool a realizar um autor resgate da dependência, compreendendo cada indivíduo na sua subjetividade, tendo em vista “que cada dependente tem sua própria história e determinação social” (SOUZA E SCHLEMPER JÚNIOR, 2015 P.98).

2.3.4 ESPIRITUALIDADE

Cada CT trabalha a espiritualidade do acolhido conforme alguma crença religiosa, tendo CTs que optam por mais de uma, sendo CTs ecumênicas, no Brasil, analisando os sites de CTs é comum encontrarmos comunidades terapêuticas Evangélicas ou católicas, cada uma trabalhando a espiritualidade dos acolhidos, buscando reestabelecer a fé em cada indivíduo acolhido, no qual possuem além da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, (FEBRACT), a Federação das Comunidades terapêuticas Evangélicas do Brasil (FETEB) e a Federação Nacional das Comunidades Terapêuticas Católicas (FNCTC).

Segundo Schlemper Júnior (2018 p. 52): “reconhece-se o crescente interesse sobre o conhecimento das relações entre espiritualidade e saúde, tanto por parte de pesquisadores e profissionais da saúde como da população em geral”. Desta forma, o acolhido em uma CT necessita resgatar sua espiritualidade para se manter firme na busca da sobriedade.

Contudo, vale ressaltar um ponto essencial neste aspecto, a espiritualidade é um foco das CTs, mas, não se deve confundir espiritualidade com religião, pois Souza e Schlemper Júnior (2015, p.98) descrevem “que espiritualidade e religiosidade não são sinônimos”, destacando que espiritualidade vem a ser “uma forma implícita de tratar dimensões profundas da subjetividade” podendo ou não incluir a religiosidade, no qual deve-se levar em conta que o indivíduo é um ser “de todos os credos e mesmo os que não tem fé alguma, têm as suas experiências espirituais”.

Assim, os acolhidos de uma CT necessitam despertar dentro de si a espiritualidade, mas, isso não significa que as CTs têm que formarem, por exemplo, sujeitos católicos ou evangélicos, a oportunidade de despertar a espiritualidade deve ser oferecida de acordo com a subjetividade de cada sujeito acolhido.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho vem a ser uma pesquisa qualitativa, estando voltada a compreender o acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool em Comunidades Terapêuticas (CTs), que, conforme Víctora, Knauth e Hassen (2000, p. 37) este método consente “a observação de vários elementos simultaneamente em um pequeno grupo”, sendo que “esta abordagem é capaz de proporcionar um conhecimento aprofundado de um evento, possibilitando a explicação de comportamentos”.

Quanto à natureza da pesquisa vem a ser básica, tem como intuito aumentar o conhecimento sobre Dependência Química, que segundo Silveira e Córdova (2009, p. 34) “Objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência” que, “envolve verdades e interesses universais”.

Conforme os objetivos desta pesquisa, vem a ser uma pesquisa explicativa, pois busca identificar e explicar como é o acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool em CTs, baseado em experiências obtidas em atividades como psicóloga em CTs, que, de acordo com Gil (2008, p.28) esta modalidade de pesquisa “têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”.

Assim, fora utilizado como metodologia desta pesquisa o procedimento bibliográfico, no qual, organizou-se materiais de livros, revistas e artigos científicos para explanar sobre o tema aqui abordado. De acordo com Fonseca (2002, p. 32) a pesquisa bibliográfica vem a ser: “feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa pode-se perceber que a dependência química e/ou do álcool vem a ser um problema que cresce muito no nosso dia a dia, que, gera ao dependente químico danos psicossociais, atingindo através do comportamento do usuário suas relações familiares e profissionais.

Neste trabalho destacou-se que a dependência química é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma doença, na qual não possui causa única, mas, que vem a ser ‘produto de uma série de fatores (físicos, emocionais, psíquicos e sociais) que atuam ao mesmo tempo, sendo que às vezes, uns são mais predominantes naquela pessoa específica do que em outras” (COSTA, 2018 P.03).

Pode-se perceber a necessidade a necessidade de se tratar a dependência química e/ou do álcool longe dos olhares de que é uma situação ligada apenas a marginais ou pessoas que não desejam trabalhar, verifica-se a importância de considerar o dependente químico e/ou do álcool como alguém que necessita de apoio para se restabelecer na sociedade.

Desta forma, Alano e Lemos (2015, p.87) descrevem que “as CTs são um tipo de porta de acolhida para problemas muito específicos, que muitas vezes não cabem em um outro tipo de serviço”, é nas CTs que o acolhido passa a visualizar o mundo através de outras perspectivas. Dentre estas perspectivas, Souza e Schlemper Júnior (2015), descrevem que as CTs atuam em cima do respeito, ética, valorização humana e espiritualidade.

Primeiramente o acolhido deve ter respeito ao patrimônio das CTs, tendo que respeitar as regras propostas pelo regimento de cada CT e, iniciar ao mesmo tempo, o respeito pelo próximo e suas diversidades, pois a convivência entre os acolhidos deve estar baseada no respeito.

Contudo, dentro da CTs, segundo Souza e Schlemper Júnior (2015), deve-se ter um ambiente regido pela ética, estando vinculado a aspectos morais, no qual, o acolhido possa compreender o verdadeiro sentido da vida, tendo em mente seus deveres e obrigações, distinguindo o que lhe faz bem e o que lhe faz mal, fazendo com que o acolhido compreenda o valor da consciência moral.

Conforme Souza e Schlemper Júnior (2015, p.97) as CTs auxiliam na valorização humana, no qual tem por objetivo que o acolhido aprenda a “dar ou receber valor”, criando no sujeito o caráter das importância tanto as coisas materiais (os bens pessoais, os patrimônios públicos ou privados), as pessoas ao seu redor (familiares, demais acolhidos e profissionais que atuam nas CTs ou na área da saúde) e a respeitar si próprio.

A espiritualidade vem a ser um aspecto importante no acolhimento dos dependentes químicos e/ou do álcool, é um resgate da fé. Mas, cabe ressaltar que as CTs devem ficar atentas a este aspectos, pois nos regimentos internos podem estar inclusos a participação dos acolhidos em atividades realizadas nas capelas ou igrejas dentro das CTs, no qual, para ter controle dos acolhidos é necessário que todos estejam nos ambientes do cronograma de cada CT, mas, as CTs não podem obrigar o acolhido a ter os hábitos religiosos adotados pela CT, pois, segundo Souza e Schlemper Júnior (2015, p.98) descrevem “que espiritualidade e religiosidade não são sinônimos”. As CTs devem incentivar que cada acolhido que não tenha a religião adotada pela CT a buscar sua espiritualidade individual neste momento e, ao mesmo tempo, estar adotando uma postura de valorização humana e respeito as diversidades.

5. CONCLUSÃO

Compreendendo a dependência química e/ou do álcool como um aspecto relacionado a saúde, não apenas como algo direcionado a moralidade dos usuários, vem a ser o primeiro aspecto importante, para o usuário de drogas, na busca de ajuda para se manter sobreo.

As CTs possuem suportes para acolher dependentes químicos e/ou do álcool, auxiliando também os familiares dos acolhidos a lidarem com a situação da dependência como doença.

Em suma, a finalidade deste trabalho fora atingida, pois, teve-se por objetivo ressaltar a forma de acolhimento de dependentes químicos e/ou do álcool realizados em Comunidades Terapêuticas (CTs), demostrando a importância das CTs na recuperação e reinserção social dos acolhidos.

Conclui-se ressaltando a futuros pesquisadores a importância de pesquisas que descreva o perfil dos acolhidos nas Comunidades Terapêuticas do Brasil, os tipos de drogas mais usada pelos acolhidos e suas relações familiares.

REFERÊNCIAS

BRASIL. RESOLUÇÃO-RDC/ANVISA Nº 101, DE 30 DE MAIO DE 2001. Acesso em: < http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/res_0101.pdf> em 02 de agosto de 2018.

CID-10, Organização Mundial da Saúde.  Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. vol.1.

COSTA, S. F. As Políticas Públicas e as Comunidades Terapêuticas nos Atendimentos à Dependência Química. Acesso em: < http://www.uel.br/revistas/ssrevista/pdf/2009/29%20AS%20POL%CDCAS%20P%DABLICAS%20E%20AS%20COMUNIDADE%20TERAP%CAUTICAS-COM%20REVIS%C3O%20DO%20AUTOR.pdf> em 01 de agosto de 2018.

ÉTICA. Significado de ética. Dicionário do Aurélio on-line. Acesso em:< https://dicionariodoaurelio.com/etica> em 05 de agosto de 2018.

FRACASSO, L. Comunidades Terapêuticas. In A. Diehl; D. C. Cordeiro & R. Laranjeira (Orgs.). Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas (p. 61-69). Porto Alegre: 2011 Artmed.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2008.

NICOLAU, P. F. M.; ROCHA, C. R. M. Sistemas diagnósticos em dependência química conceitos básicos – Critérios do DSM-IV para dependência de substância. Disponível em: <https://www.psiquiatriageral.com.br/farmacoterapia/diagnostico_dep_quimica.htm> Acesso em 01/08/2018.

PROCERGS. Secretária de desenvolvimento social, trabalho, justiça e direitos Humanos. Comunidades terapêuticas. Acesso em: < http://www.sdstjdh.rs.gov.br/comunidades-terapeuticas> em 01 de agosto de 2018.

RIOS, J. A. Conceito de Valorização Humana. Revista do Serviço Público. Acesso em < file:///C:/Users/Administrador/Downloads/2839-8463-1-PB.pdf> em 05 de agosto de 2018.

SCHEFFER, M.; PASA, G. G.; ALMEIDA, R. M. M. Dependência de Álcool, Cocaína e Crack e Transtornos Psiquiátricos. Psicologia: Teoria e Pesquisa Jul-Set 2010, Vol. 26 n. 3, p. 533 a 541.

SCHLEMPER JUNIOR, B. R. Bioética no acolhimento a dependentes de drogas psicoativas em comunidades terapêuticas. Rev. Bioét. vol.26 no.1 Brasília Jan./Mar. 2018. Acesso em: < http://www.scielo.br/pdf/bioet/v26n1/1983-8042-bioet-26-01-0047.pdf> em 10 de gosto de 2018.

SERRANO, A. I.; ALANO, J. S.; LEMOS, T. Comunidades terapêuticas: fundamentos e teóricos e modelos. Em: Comunidades Terapêuticas: cenário de inovação em Santa Catarina (FAPESC). Org. Maria de Lourdes de Souza e Paulo Scarduelli. 1ª ed. – Florianópolis: Insular, 2015.

SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. A pesquisa Científica. Métodos de pesquisa / [organizado por] Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira; coordenado pela Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

SOUZA, M. L.; SCHLEMPER JÚNIOR, B. R. Valores nas perspectivas dos Dirigentes das Comunidades Terapêuticas Em: Comunidades Terapêuticas: cenário de inovação em Santa Catarina (FAPESC). Org. Maria de Lourdes de Souza e Paulo Scarduelli. 1ª ed. – Florianópolis: Insular, 2015.

VÍCTORA, Ceres Gomes; KNAUTH, Daniela Riva; HASSEN, Maria de Nazareth Agra. Pesquisa qualitativa em saúde: uma introdução ao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000.

[1] Psicóloga graduada pela UNISUL Araranguá SC, pós-graduada em Terapia Familiar Sistêmica pelo Instituto Expansão Sistêmica de Tubarão SC, atuando como psicóloga de uma Comunidade Terapêutica, pós-graduação em Dependência Química pela FAVENI.

Enviado: Janeiro, 2019.

Aprovado: Fevereiro, 2020.

5/5 - (1 vote)
Daniela da Cunha Webber

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita