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Desempenho clínico de restaurações em cerâmica e restaurações em resina composta direta e indireta

RC: 154707
384
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/odontologia/desempenho-clinico

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

COSTA, Samara de Oliveira [1], POSSEBON, André Henrique Ferfoglia [2], CAVALCANTE, Jeane Batista dos Santos [3]

COSTA, Samara de Oliveira. POSSEBON, André Henrique Ferfoglia. CAVALCANTE, Jeane Batista dos Santos. Desempenho clínico de restaurações em cerâmica e restaurações em resina composta direta e indireta. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 11, Vol. 01, pp. 213-230. Novembro de 2024. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/odontologia/desempenho-clinico, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/odontologia/desempenho-clinico

RESUMO

A necessidade da reabilitação dentária é conhecida e compreendida pela maior parte da população não só pela estética que pode proporcionar, mas por ser imprescindível para se obter uma mastigação adequada e auxiliar na articulação das palavras. A contínua evolução dos materiais restauradores tem possibilitado um aumento significativo das alternativas restauradoras disponíveis atualmente. Para um bom desempenho clínico das restaurações em inlay e onlay em cerâmica seja possível, a estrutura dental remanescente deve ser preservada. Assim sendo, uma revisão de literatura é necessária para o esclarecimento das indicações e do sucesso das técnicas restauradoras. Embora as fraturas sejam a causa mais frequente de falha clínica dessas restaurações totalmente cerâmicas, se suas indicações forem aplicadas de maneira correta e suas limitações forem respeitadas, sua durabilidade, reforço a estrutura remanescente e sucesso serão ser garantidos.

Palavras-chave: Inlay, Onlay, Cerâmica, Restaurações Indiretas.

1. INTRODUÇÃO

A necessidade da reabilitação dentária é conhecida e compreendida pela maior parte da população não só pela estética que pode proporcionar, mas por ser imprescindível para se obter uma mastigação adequada e auxiliar na articulação das palavras. A busca por melhores opções de materiais restauradores nunca se findou e está em evolução até os dias de hoje, pois a exigência por restaurações imperceptíveis e com boa durabilidade cresce a cada dia e de acordo com Baratieri et al. (2015) muitos dos materiais em uso e sob desenvolvimento são, na verdade, refinamentos tecnológicos de sistemas que se originaram há mais de cem anos.

As restaurações do tipo inlay são incrustações em que o preparo poderá implicar a execução de uma ou mais caixas sem proteção cuspídea. Da mesma maneira, restaurações do tipo onlay também são incrustações, em que o preparo implica proteção cuspídea ou substituição parcial ou total de uma ou mais cúspides. As restaurações do tipo inlay/onlay são executadas em laboratório, sendo que no mínimo duas sessões clínicas são necessárias para sua execução (Baratieri et al. 2015).

Tanto as cerâmicas quanto as resinas compostas indiretas (cerômeros) são materiais comumente utilizados para a confecção de restaurações indiretas por apresentarem, além de sua estética, um traço de reforço em dentes severamente destruídos por processos cariosos ou por preparos cavitários com istmo maior que 2/3 da distância intercuspídea (Morimoto et al. 2009).

A contínua evolução dos sistemas adesivos tem possibilitado um aumento significativo das alternativas restauradoras disponíveis atualmente. Aliado a esse fato, os materiais restauradores, em particular a porcelana e a resina composta, também apresentaram melhora considerável em suas propriedades mecânicas, ópticas e características de manipulação. Então, o estágio atual dos materiais dentários, especificamente aqueles relacionados com as técnicas restauradoras indiretas, tem propiciado uma ampliação das técnicas para confecção de restaurações adesivas estéticas indiretas. Estas, de modo geral, apresentam como principais vantagens a possibilidade de preservar estrutura dental hígida durante o procedimento de preparo cavitário em comparação com as técnicas tradicionais, a maior facilidade de restabelecer contorno e contatos proximais durante a confecção da restauração fora da boca e o excelente resultado estético (Conceição et al. 2007).

No entanto, segundo Mezzomo & Suzuki (2006) a evolução de novos materiais e técnicas restauradoras foi acompanhada também por uma mudança nos níveis de exigência estética e de comportamento de nossos pacientes. A preservação da saúde como um todo e a valorização da estética e da beleza são exigências da sociedade atual e que se transferem ao dia-a-dia de nossa atividade profissional. A não-aceitação por parte dos pacientes, de materiais consagrados ao longo do tempo por suas qualidades, como o ouro e o amálgama, faz com que sejam apresentadas outras alternativas restauradoras.

Segundo Beier, Kapferer & Dumfahrt (2012) todas as restaurações cerâmicas são esteticamente ótimas para reproduzir a translucidez e a estrutura dos dentes naturais. Para além de uma aparência agradável, estes materiais são biocompatíveis; Possuem resistência química, características de desgaste e coeficientes de expansão térmica semelhantes aos do esmalte; E têm baixa condutividade térmica e radiopacidade. Além disso, demonstram diminuição do acúmulo de placas.

De acordo com Mezzomo & Suzuki (2006) o sucesso de uma reabilitação depende, portanto, de um planejamento adequado, das escolhas que fazemos dos materiais restauradores frente às mais variadas situações, da integração estética e funcional obtida e, por último, da satisfação do paciente em relação ao resultado obtido, que em suma é o nosso objetivo final.

Para que a análise do desempenho clínico das restaurações em cerâmica possa ser realizada a estrutura dental remanescente deve ser preservada e a longevidade clínica considerada. Assim sendo, uma revisão de literatura é necessária para o esclarecimento das indicações e do sucesso das técnicas restauradoras.

Este trabalho teve por objetivo avaliar, o desempenho clínico de inlay e onlay em cerâmica, em resinas compostas diretas e indiretas e sua viabilidade como tratamento restaurador, através de uma revisão de literatura.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Shor et al. (2003) realizaram um estudo para comparar a fadiga dos pré-molares superiores humanos restaurados com compósitos diretos e inlays indiretas em cavidades MOD. O estudo foi realizado com dez pré-molares superiores humanos que foram divididos em dois grupos de cinco e restaurados com (1) restaurações diretas, ou (2) restaurações de cerâmica prensada. Cavidades MOD padronizadas foram preparadas para ambos os grupos. Dentes no grupo de resina composta direta foram restaurados com o compósito Z250â e adesivo Single Bondâ, e os do grupo de cerâmica foram restaurados com IPS Empressâ inlays. As inlays foram cimentadas com Single Bondâ e cimento RelyX ARCâ. Sob a carga de ensaio aplicada de 11,17 kg, medições de deformação foram gravadas a partir de um medidor de resistência elétrica ligada à superfície vestibular. Estas distorções foram registradas para (1) dente intactos, (2) preparo da cavidade, e (3) dente restaurado. Estas medições de tensões foram usadas para calcular os valores de observância correspondente para cada dente. Os autores afirmam que a análise de ANOVA one-way não mostrou diferença significativa entre o cumprimento das condições de dentes intactos e restaurados, e não houve diferença significativa em ciclos de fadiga à falha entre os dois grupos.

Habekost et al. (2006), realizaram um estudo in vitro em que foi avaliada a resistência à fratura de dentes restaurados com diferentes preparos com restaurações cerâmicas parciais com esferas de aço com dois diâmetros para aplicar tensões de fratura. Cento e vinte pré-molares somáticos foram divididos aleatoriamente em três grupos de 40 elementos; Cada grupo foi submetido a um dos três preparos de restauração indireta: inlay, onlay com cobertura da cúspide lingual única e onlay com cobertura da cúspides vestibular e palatina. Outros 20 dentes intactos foram aleatoriamente designados como grupos de controle. As restaurações foram produzidas com cerâmica Super Porcelain EX-3® e Vitadur Alpha® e foram testadas de acordo com as instruções do fabricante. Os espécimes foram submetidos a carga axial de compressão em uma máquina de ensaio universal a 0,5 mm / minuto usando duas esferas de aço (3 e 10 mm de diâmetro), avaliando um total de 14 grupos com 10 espécimes cada. A carga máxima para fratura foi medida para cada espécime. Os resultados foram submetidos a análise de variância e teste de Tukey. A análise estatística revelou que as inlays apresentaram uma resistência à fratura significativamente maior do que os dois modelos em onlay, mas com resistência à fratura menor do que a dos dentes intactos. A força de fratura na onlay foi equivalente para ambos os desenhos. A força necessária para causar fratura com a esfera de 10 mm de diâmetro foi maior do que com a esfera de 3 mm de diâmetro. Não houve diferença entre as cerâmicas testadas.

Camacho et al. (2007), avaliaram a resistência à fratura (resistência axial à compressão) de pré-molares restaurados com diferentes materiais dentários sob duas cargas axiais. A resistência à fratura foi realizada utilizando-se duas esferas metálicas de 3 mm e 9 mm de diâmetro. Foram escolhidas 3 técnicas restauradoras para os preparos de cavidade MOD (n = 10): (1) restaurações de resina de resina direta (Z-250®); (2) restaurações indiretas de compósitos de resina (Z-250® e RelyX®); (3) inlays cerâmicos (Vitadur Alpha®). Os dentes restaurados foram comparados com pré-molares livres de cárie humana (Grupo 4 / controle). Os autores chegaram a conclusão que as restaurações em cerâmica apresentaram os maiores valores de resistência à fratura e foram semelhantes ao grupo controle. Os resultados estatísticos das restaurações de compósitos de resina direta e indireta foram semelhantes, mas inferiores ao grupo controle.

Ragauska et al. (2008), Realizaram um estudo para avaliar a resistência à fratura de restaurações em cerâmicas MOD e compósitos em pré-molares e comparar os modos de fratura entre os grupos. Utilizaram vinte e sete pré – molares intactos que foram divididos em três grupos: I – dentes intactos (grupo controle), II – cavidades MOD restauradas com inlays cerâmicos indiretos (Finesse® e Dentsply Ceramco®), cavidades III – MOD restauradas com compósito direto. A resistência à fratura foi avaliada sob carga axial de compressão com um cilindro metálico de 3,2 mm de diâmetro a uma velocidade de cruzamento de 0,5 mm / min numa máquina de ensaio universal. Os dados foram analisados ​​com ANOVA e t-teste. Os modos de fratura foram registrados com base no grau de estrutura do dente e danos na restauração. Os resultados dos testes mostraram que a força média aplicada para causar falha no grupo I foi de 1,218 kN ± 0,223, para o grupo II – 1,407 kN ± 0,374 e para o grupo III – 0,941 kN ± 0,258. O teste T mostrou diferença significativa entre os grupos I e III (p = 0,027), e os grupos II e III (p = 0,008). Os modos de fratura observados em todos os grupos tenderam a envolver a fratura da restauração e da cúspide. Observou-se que os inlays cerâmicos em pré-molares têm maior carga de fratura do que os compósitos e similares aos dentes intactos. As restaurações tanto em cerâmicas quanto em resinas compostas nos pré-molares tendem a fraturar juntamente com a cúspide palatina do dente.

Morimoto et al. (2009) realizaram um estudo para avaliar a resistência à fratura de dentes restaurados com inlays e overlays em comparação com dentes hígidos. Os autores utilizaram trinta pré-molares superiores humanos que foram divididos em 3 grupos: 1- hígidos/ despreparados (controle); 2- inlays e 3- overlays. O design da cavidade em inlay foi um preparo Classe II MOD com uma largura oclusal de 1/2 da distância intercuspal. O desenho da cavidade da overlay foi semelhante ao do grupo de inlay, com exceção para as cúspides de cobertura vestibular e palatina. Os grupos de inlay e de overlay foram restaurados com porcelana feldspática aglomeradas com cimento adesivo. As amostras foram submetidas a uma carga de compressão até fratura. Os dados foram analisados ​​estatisticamente pelo teste de Kruskal-Wallis com nível de significância de 5%. Os meios de resistência à fratura (KN) foram: hígidos/ grupo despreparados = 1,17, grupo inlay = 1,17, e o grupo overlay = 1,14. Os autores afirmam que não houve diferenças estatisticamente significantes (p> 0,05) entre os grupos. Para inlay e overlays, o modo de fratura predominante envolve fratura de uma cúspide (70% de fraturas simples). Os autores puderam concluir que a resistência à fratura de dentes restaurados com inlay e overlays de cerâmica com cobertura de cúspide foi semelhante à dos dentes intactos.

Yamanel et al. (2009) realizaram um estudo por meios de elementos de análise tridimensionais para avaliar o preparo cavitário e os efeitos de materiais restauradores sob distribuição de estresse na estrutura dentária e em materiais restauradores com dois tipos diferentes de resina e dois tipos diferentes de cerâmica. Um 1º molar direito inferior foi moldado com estrutura de esmalte e dentina e cavidades inlay e onlay foram criadas com 2,7mm de profundidade, 2,3mm de largura do istmo e 1,2mm de largura de parede gengival. A parede do preparo cavitário com conicidade de 5º da base da cavidade ao cavosuperficial. Em cavidades em onlay, cúspides funcionais foram reduzidas e incluídas na cavidade. Para os dois preparos cavitários a análise 3-D finite element foi usada para avaliar o VM, compressão, e estresse tênsil nos materiais restauradores, núcleo, esmalte e dentina. Os autores afirmam que maior VM, tensão, e estresse de compressão ocorreram em materiais de cerâmica quando comparado com a resina composta e maiores valores de estresse VM foram exibidos em onlays à inlays. Os autores concluíram que onlay e inlay em cerâmica transferem menos estresse à estrutura dentária quando comparados à resina composta e o preparo em onlay é mais eficaz em proteger a estrutura dentária ao preparo em inlay.

Jiang et al. (2010) realizaram um estudo com o objetivo de calcular as tensões de von Mises em um primeiro molar mandibular utilizando um 3-dimensional (3-D) do modelo de elementos finitos. Comparando modelos com tratamento endodôntico e dentes vitais, uma variedade de materiais restauradores, e o uso de inlays e onlays para restaurar dentes. Os autores utilizaram quatro modelos de primeiros molares inferiores: (1) o grupo IV (inlay restaurado, polpa vital); (2) o grupo de OV (onlay restaurado, polpa vital); (3) o grupo IE (inlay restaurado, com tratamento endodôntico); e (4) o grupo OE (onlay restaurado, com tratamento endodôntico). Em cada grupo, 3 tipos de material restaurador foram testados: (1) resina composta, (2) de cerâmica, e (3) de liga de ouro. Cada modelo foi submetido a uma força de 45 N dirigida para a superfície oclusal, aplicando forças verticais ou laterais (45 graus obliquamente). As tensões ocorridas no tecido dentina foram calculadas. Os padrões de distribuição de stress e as tensões máximas de von Mises foram calculados e comparados. Os autores afirmam que os materiais restauradores diferentes exibiram padrões de distribuição de stress semelhantes sob ações de carga e condições idênticas. Em cada grupo, o dente restaurado com ouro revelou a mais alta tensão de von Mises, seguido por cerâmica e resina composta. A tensão máxima de von Mises em dentina foi encontrada no grupo de IE (16,73 MPa), que foi 5 vezes superior ao valor mais alto encontrada no grupo OV (2,96 MPa). As maiores tensões, que ocorreram no piso da preparação e da região cervical em dentina, estavam no grupo IE. A área de concentração de tensão no grupo IE também foi maior. Nesse estudo notou-se que Onlays de resina composta apresentou o melhor desempenho global para minimizar as tensões internas. Como as tensões internas são indicadas como um mecanismo de falha principal da restauração, são esperados onlays de resina composta para restaurar uma melhor integridade estrutural.

Cubas et al. (2011) desenvolveram um estudo com pré-molares maxilares humanos restaurados com dois sistemas cerâmicos (Vitadur Alpha® e In Ceram®) comparando 3 configurações cavitárias com o propósito de avaliar a resistência à fratura desses materiais. Os autores prepararam setenta dentes hígidos para receber restaurações em cerâmica sendo que 14 amostras receberam restaurações com Vitadur Alpha®, seguido de 1 pré-molar hígido, sem preparo, para controle, 2 inlays, 3 onlays parciais com cobertura da cúspide palatina, 4 onlays totais, e 5 onlays totais com núcleo em In Ceram®. Os dentes foram submetidos à compressão axial à carga de 0.5mm min-1 usando uma bola de aço de 9mm até a fratura. Com a análise estatística observou-se que houve diferença significativa entre os diferentes preparos cavitários. Inlay em cerâmica obteve resistência semelhante quando comparada ao grupo controle, e maior resistência quando comparada aos grupos restaurados, no entanto onlays totais e parciais não apresentaram diferença estatística e mostraram um fraco desempenho. Os autores afirmam que a cobertura de cúspide não resulta melhora na resistência à fratura do dente restaurado.

Desai & Das (2011) realizaram um estudo in vitro para comparar a resistência à fratura de dentes restaurados com Inlay cerâmica e restaurações diretas com resina composta com dentes hígidos. O estudo foi realizado utilizando 30 primeiros molares, maxilares humanos e intactos foram divididos em 3 grupos: (1) grupo controle, sem preparo; (2) classe II composta restaurada com resina composta; (3) classe II composta restaurada com Inlay em cerâmica. Os espécimes foram submetidos a carga compressiva até à fratura. O grupo que obteve estatisticamente a maior resistência à fratura como resultado foi o grupo 3, seguido do grupo 1, quanto o grupo 2 teve a menor média de resistência à fratura. Os autores afirmam que a cerâmica em Inlay é a melhor alternativa restauradora quando comparada com restaurações diretas em resina composta quando a fratura é considerada.

Beier, Kapferer & Dumfahrt (2012) realizaram um estudo retrospectivo clínico para avaliar a qualidade clínica, taxa de sobrevivência estimada, e análise de falhas de diferentes restaurações de cerâmica pura em uma análise de longo prazo de até 20 anos. O estudo foi realizado com diferentes restaurações de cerâmica pura (coroas [n = 470], folheados [n = 318], onlays [n = 213], e inlays [n = 334]) foram colocados em 302 pacientes (120 homens, 182 mulheres), entre 1987 e 2009 no Medical University Innsbruck, Innsbruck, Áustria. O exame clínico foi realizado durante as consultas de manutenção regulares dos pacientes. Superfície da porcelana, descoloração marginal e integridade foram avaliadas de acordo com os critérios modificados California Dental Association / Ryge. Número de falhas nas restaurações e razões para o fracasso foram registrados. A população do estudo incluiu 106 (35,1%) indivíduos com diagnóstico de bruxismo. A taxa de sucesso foi determinada utilizando análise de sobrevivência de Kaplan-Meier.

Os autores afirmam que noventa e cinco falhas foram registradas. A principal razão para o fracasso foi a fratura da cerâmica (33,68%). A taxa de durabilidade foi estimada em 97,3% após 5 anos, 93,5% em 10 anos, e 78,5% em 20 anos. Dentes não vitalizados mostraram um risco significativamente maior de falha (P <0,0001). Houve um 2,3 vezes maior risco de falha associado com parafunção existente (bruxismo, P = 0,0045). Não foram encontradas diferenças significativas para o tipo de restauração e distribuição na boca. Os autores concluíram que as restaurações de cerâmica pura oferecem uma restauração previsível e bem-sucedida com uma probabilidade de durabilidade estimada de 93,5% ao longo de 10 anos. Significativamente maiores taxas de insucesso estão associadas com bruxismo e dentes não vitalizados.

Guess et al. (2013) Realizaram um estudo in vitro para avaliar a resistência à fratura e os modos de falha de restaurações de cobertura parcial em pré-molares de cerâmica com diferentes tipos de preparo e espessuras cerâmicas. Os autores utilizaram pré-molares livres de cárie (n = 144) foram divididos em 9 grupos. A preparação de onlay palatina compreendeu redução da cúspide palatina em 2 mm (Palatal- onlay -Standard), 1 mm (Palatal- onlay -Thin) ou 0,5 mm (Palatal- onlay -Ultra-Thin). A preparação de onlay de cobertura completa incluiu adicionalmente a cúspide vestibular (Occlusal- onlay -Standard, Occlusal- onlay -Thin, Occlusal- onlay -Ultra-Thin). Foram implementados preparos de superfície vestibular com reduções de chanfro de 0,8 mm (0,2 mm), 0,6 mm e 0,4 mm para restaurações completas de Veneer. As restaurações foram fabricadas a partir de uma cerâmica prensada de dissilicato de lítio (IPS-e.max-Press®) e cimentadas adesivamente (Syntac-Classic® / Variolink-II®). Todos os espécimes foram submetidos a carga mecânica cíclica (F = 49 N, 1,2 milhão de ciclos) e termociclagem simultânea (5 ° C a 55 ° C) em um simulador de movimento bucal. Após a fadiga, as restaurações foram expostas a carga única até à falha. Utilizou-se ANOVA de duas vias para identificar diferenças estatísticas. As diferenças em pares foram calculadas e os valores foram ajustados pelo método de TukeyKramer (α = 0,05). Os resultados mostraram que todos os espécimes sobreviveram à fadiga. As restaurações em onlay na face palatina revelaram uma resistência à fratura significativamente maior com espessuras ultra-finas do que com espessuras padrão. As restaurações onlay não foram afetadas pelas variações de espessura. As cargas de fratura de Veneer completos padrão foram significativamente maiores do que as restaurações finas (P = 0,03) e ultra-finas (P <0,001). Os autores concluíram neste estudo in vitro que a redução da profundidade de preparação para 1,00 e 0,5 mm não prejudicou a resistência à fratura de restaurações de onlay de lítio-disilicato de lítio pressionável, mas resultou em menores cargas de falha em restaurações de folheado completo em pré-molares.

Liu, Fok & Li (2014) realizaram um estudo destinado a avaliar os efeitos dos materiais restauradores e preparos cavitários com a finalidade de observar a resistência à fratura de restaurações em inlay sob carga compressiva. Os autores utilizaram dois materiais restauradores, a Resina Composta (MZ100®, 3M ESPE®) e a Cerâmica (IPS Empress CAD®, Ivoclar Vivadent®), e dois preparos cavitários, com e sem caixa proximal foram estudadas. Trinta e dois terceiros molares humanos foram extraídos, selecionados e divididos em 4 grupos. Os materiais restauradores e os preparos cavitários que foram usados para os 4 grupos foram: (1) Resina composta em preparo sem caixa proximal; (2) cerâmica em preparo sem caixa proximal; (3) Resina composta em preparo com caixa proximal; (4) cerâmica em preparo com caixa proximal. Os molares preparados foram submetidos a uma carga na máquina MTS através de uma ponta com 10mm de diâmetro. A taxa da carga foi de 0.1mm/min. Com base na análise estatística pode-se observar que houve diferença estatisticamente significante (p<0.05) entre os grupos que envolveram diferentes materiais, com o grupo dos compósitos dando muito menos AE events ao grupo das cerâmicas. Reciprocamente não houve diferença estatisticamente significante no AE events foram encontradas entre os grupos com o mesmo material, independente do preparo cavitário. Os autores afirmam que para dentes preparo MOD inlays, o uso de resina composta como material restaurador pode fornecer maior resistência à fratura quando comparado à cerâmica. O uso de caixa proximal nos preparos pode melhorar a resistência à fratura de restaurações em inlay, contudo a melhora não é estatisticamente significante sob compressão axial.

Tavarez et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o modo de fratura e resistência de restaurações cerâmicas parciais de dentes posteriores. Para isso, foram selecionados 30 pré-molares hígidos, divididos em três grupos (n = 10): Grupo 1- dentes hígidos, grupo 2- dentes restaurados com restaurações em cerâmica; E grupo 3- dentes restaurados com overlay em cerâmica. As restaurações foram fabricadas com cerâmica feldspática e cimentadas com cimento resina RelyX ARC®. Depois de serem armazenados em água destilada durante 7 dias, os dentes foram submetidos a ensaios mecânicos de compressão axial com uma máquina de ensaio universal. A força foi aplicada ao longo eixo do dente a uma velocidade de 0,5 mm / min até a fratura. Os dados foram analisados com ANOVA unidirecional e teste de Tukey (5%). O modo de fratura foi pontuado de acordo com o grau de envolvimento da estrutura dentária e do tipo de restauração. Verificou-se diferença significativa (p <0,05) entre os grupos 2 (1155 N) e 3 (846,6 N), porém não houve diferença significativa entre o grupo 1 e os demais grupos (1046 N) Grupo de dentes hígidos (Grupo 1), sem cobertura oclusal; As fraturas menos severas foram encontradas nos grupos 2 e 3. Os autores concluíram que os dentes restaurados com fragmentos cerâmicos podem oferecer maior resistência às fraturas em relação aos dentes com restaurações em overlay.

Homsy, et al. (2015) realizaram um estudo clínico comparando restaurações do tipo inlay/onlay em cerâmica em dentes vitais e não vitais com o mesmo preparo cavitário com a finalidade de avaliar a adaptação e descoloração marginais entre esses dois grupos. Os autores realizaram preparos classe II para inlays/onlays em 11 pré-molares e 30 molares: 14 vitais e 27 tratados endodonticamente. O mesmo preparo dentário foi feito em dentes vitais e não vitais: Em dentes não vitais as câmaras pulpares foram preenchidas com ionômero de vidro até o preenchimento do assoalho pulpar, entre 2 e 2,5mm. Em dentes vitais, o ionômero de vidro foi usado como forro para alcançar a profundidade da cavidade entre 2 e 2,5mm, quando necessário. Observou-se descoloração “A” em 33 dentes; 8 dentes apresentaram valor “B”. Desses 8 dentes, 5 eram vitais e 3 eram endodonticamente tratados. Integridade marginal “A” foi registrada em 38 dentes; 3 obtiveram valor “B”. Todos eram molares. Desses 3 molares 1 era vital e 2 era endodonticamente tratados. De todos os 14 dentes vitais um molar perdeu a vitalidade apesar de ser notado no valor “A”. Fratura dentária não foi observada. Valor “C” não foi notado. Um paciente apresentou pulpite depois de 6 meses. Tratamento endodontico foi realizado. Não houve diferença estatística entre dentes vitais e não vitais. Não houve diferença estatística entre pré-molares e molares. Os autores afirmam que não houve diferença entre os preparos cavitários inlay/onlay entre os dentes vitais e não vitais. Adaptação e descoloração marginais foram semelhantes para os dois tipos de dente em molares e pré-molares. Nos dentes não vitais, parece não ser necessário preencher a câmara pulpar com núcleo cerâmico, fornecendo adequada estrutura dentária remanescente.

Santos et al. (2016) realizaram um estudo para avaliar por 12 anos a performance clínica de materiais cerâmicos sinterizados e prensados de restaurações em inlay e onlay em cerâmica. O estudo envolveu 86 restaurações classe II em inlay e onlay fabricadas com dois sistemas cerâmicos diferentes: 42 cerâmicas sinterizadas e 44 cerâmicas prensadas. Um total de 33 onlays e 53 inlays foram feitas em 27 pré-molares e 59 molares. Uma semana após a cimentação, as restaurações foram avaliadas de acordo com o critério USPHS por dois investigadores independentes usando apenas espelho e sonda. Além de radiografias bite-wing e fotografias intraorais. Os mesmos procedimentos foram realizados no período de 1, 2, 3, 5 e 12 anos. Análises estatísticas foram executadas com testes Chisquare, Mann-Whitney, e Wilcoxon a nível 0.05 de significância. Pôde-se observar que 6 restaurações de cerâmica prensada apresentaram fraturas e apenas uma fratura foi observada no grupo das restaurações de cerâmica sinterizada. O teste Mann-Whitney mostrou maior fratura no sistema cerâmico prensado com o valor de 0.05 em 12 anos de avaliação. Os autores afirmam que os testes Chi-square e Mann-Whitney revelaram que a cerâmica prensada possui um pior resultado quanto à fratura (p=0.05). Nesse estudo a longo prazo notou-se que a principal razão para o fracasso de restaurações em cerâmica está relacionada à fratura, cáries recorrentes e diminuída integridade marginal ao longo do tempo. Monitoramento cuidadoso da interface dente-cerâmica pode estender sua longevidade clínica.

3. DISCUSSÃO

De acordo com Beier, Kapferer & Dumfahrt (2012) a fragilidade, propagação de rachaduras, baixa resistência à tração e o potencial de desgastar a dentição oposta são mencionados como deficiências mecânicas das cerâmicas e influenciam o sucesso dessas restaurações. A fratura em massa e a perda de restauração têm sido relatadas como as principais razões para a falha em avaliações de curto prazo de inlays e onlays totalmente cerâmicos e próteses totalmente cerâmicas parciais e completas. Significativamente maiores taxas de insucesso estão associadas com bruxismo e dentes não vitalizados. Muitos autores afirmam que a fratura é a causa mais frequente de falha clínica de restaurações totalmente cerâmicas.

Segundo Guess et al. (2013) os tipos de preparo e as espessuras das cerâmicas são fatores chave para o sucesso a longo prazo de restaurações minimamente invasivas com cobertura parcial.

Com base nos resultados deste estudo Santos et al. (2016) concluíram que a principal razão para o fracasso de restaurações em cerâmica está relacionada à fratura, cáries recorrentes e diminuída integridade marginal ao longo do tempo. Monitoramento cuidadoso da interface dente-cerâmica pode estender sua longevidade clínica.

Yamanel et al. (2009) concluíram em seu estudo que o preparo em onlay é mais eficaz em proteger a estrutura dentária quando comparado ao preparo em inlay contraponto o estudo realizado por Habekost et al. (2006) em que foi avaliada a resistência à fratura de dentes restaurados com diferentes preparos com restaurações cerâmicas parciais e puderam concluir em sua análise estatística que inlays apresentaram uma resistência à fratura menor do que a dos dentes intactos.

Trabalhos realizados para comparar a resistência à fratura de dentes restaurados com restaurações em resina composta direta e restaurações indiretas com cerâmica como os de Ragauska et al. (2008) e Desai & Das (2011), concluíram que a cerâmica em inlay é a melhor alternativa restauradora quando comparada com restaurações diretas em resina composta quando a fratura é considerada, pois possuem maior carga de fratura do que os compósitos e similares aos dentes hígidos. O estudo de Camacho et al. (2007) também concluiu que as restaurações cerâmicas apresentaram os maiores valores de resistência à fratura e foram semelhantes ao grupo controle. Os resultados estatísticos das restaurações de compósitos de resina direta e indireta foram semelhantes, mas inferiores ao grupo controle.

Entretanto, no estudo realizado por Liu, Fok & Li (2014), concluiu-se que para dentes com preparo MOD em inlay, o uso de resina composta como material restaurador pode fornecer maior resistência à fratura quando comparado à cerâmica. O uso de caixa proximal nos preparos pode melhorar a resistência à fratura de restaurações em inlay, contudo a melhora não é estatisticamente significante sob compressão axial, todavia o estudo de Shor et al. (2003) em que também foi comparada a fadiga dos dentes com compósitos diretos e inlays indiretas em cerâmica prensada em cavidades MOD concluiu-se que não houve diferença significativa em ciclos de fadiga à falha entre os dois grupos, não obstante, o estudo realizado por Santos et al. (2016) comparando cerâmicas prensadas e sinterizadas revelou que a cerâmica prensada possui um pior resultado quanto à fratura.

Segundo Morimoto et al. (2009) e Beier, Kapferer & Dumfahrt (2012) argumentam em seu estudo que não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, pois os resultados revelaram que a resistência à fratura de dentes restaurados com inlays e overlays de cerâmica com cobertura de cúspide foi semelhante à dos dentes intactos, porém a análise estatística de Cubas et al. (2011) observou-se que houve diferença significativa entre os diferentes preparos cavitários. inlay em cerâmica obteve resistência semelhante quando comparada aos grupos controle, e maior resistência quando comparada aos grupos resultados, no entanto onlays totais e parciais não apresentaram diferença estatística e mostraram um fraco desempenho, entretanto de acordo com Jiang et al. (2010) onlays de resina composta apresentou o melhor desempenho global para minimizar as tensões internas. Como as tensões internas são indicadas como um mecanismo de falha principal da restauração, são esperados onlays de resina composta para restaurar uma melhor integridade estrutural.

De acordo com Tavarez et al. (2014) que realizaram um estudo comparativo entre dentes hígidos, dentes com preparos convencionais para overlay e dentes preparados com fragmentos cerâmicos em pré-molares superiores, os dois grupos apresentaram predominantemente fraturas que envolveram uma pequena porção da estrutura dentária coronal e falha coesiva, já os dentes saudáveis apresentaram predominantemente fraturas mais extensas envolvendo a raiz. O resultado do teste unidirecional ANOVA mostrou diferença significativa da resistência à fratura durante o teste de compressão axial, mostrando maiores valores para restaurações com Fragmentos cerâmicos. Com esse estudo, concluíram que os dentes restaurados com fragmentos cerâmicos podem oferecer maior resistência às fraturas em relação aos dentes com restaurações em Overlay.

Segundo Guess et al. (2013) em que foram comparadas as restaurações com preparos idênticos, mas com diferentes espessuras cerâmicas. Os resultados revelaram falhas em todas as restaurações, independente da espessura. Logo, puderam concluir que a redução da profundidade de preparação para 1,00 e 0,5mm não prejudicou a resistência à fratura de restaurações de onlay de disilicato de lítio pressionável.

Em relação aos dentes com tratamento endodôntico pode-se afirmar conforme os resultados do estudo de Homsy, et al. (2015) que não houve diferença entre os preparos cavitários inlay/onlay entres os dentes vitais e não vitais. Nos dentes não vitais, parece não ser necessário preencher a câmara pulpar com núcleo cerâmico, fornecendo adequada estrutura dentária remanescente.

A escolha do material adequado para cada situação dependerá do estado do remanescente dentário e da opção mais viável para o paciente a fim de proporcionar adequada estética e função, pois utilizando as corretas indicações de cada material restaurador o sucesso poderá ser garantido.

4. CONCLUSÃO

Através da revisão de literatura, é possível concluir que:

  1. Embora as fraturas sejam a causa mais frequente de falha clínica de restaurações totalmente cerâmicas se suas indicações forem aplicadas de maneira correta e suas limitações forem respeitadas, sua durabilidade, reforço a estrutura remanescente e sucesso serão ser garantidos.
  2. Um adequado preparo cavitário resulta em distribuição favorável de tensões nos dentes podendo reduzir o risco de fratura.
  3. A cerâmica em inlay é a melhor alternativa restauradora quando comparada com restaurações diretas em resina composta quando a fratura é considerada.

REFERÊNCIAS

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Liu X, Fok A, Li H. Influence of Restorative material and Proximal Cavity Design on the Fracture Resistance of MOD inlay Restoration. Dental Materials 30. 2014; 327-333.

Morimoto S, Vieira GF, Agra CM, Sesma N, Gil C. Fracture Strength of Teeth Restored With Ceramic Inlays and Overlays. Braz Dent J. 2009. 20(2): 143-148.

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[1] Mestrado em Odontologia (Reabilitação oral) pela Universidade Veiga de Almeida, Especialização em Prótese dentária e em Dentística pela Faculdade São Leopoldo Mandic, Graduação em Odontologia pela Universidade Veiga de Almeida. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1046-4637.

[2] Orientador. Mestrado em Odontologia pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Especialização em Dentística restauradora pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Graduação em Odontologia pela Universidade São Francisco. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-6463-3500. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6906352700383073.

[3] Especialização em Prótese dentária pela Faculdade São Leopoldo Mandic, Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-9699-5656.

Material recebido: 01 de novembro de 2024.

Material aprovado pelos pares: 01 de novembro de 2024

Material editado aprovado pelos autores: 07 de novembro de 2024.

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Samara de Oliveira Costa

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