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O uso SIG na avaliação nos ecossistemas manguezal e apicum no assentamento novo horizonte, município de São Cristóvão – SE

RC: 28770
170
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/manguezal-e-apicum

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Valdo de Jesus [1], FEITOSA, Luely Santos [2], SANTOS, Eudes de Jesus [3]

SANTOS, Valdo de Jesus. FEITOSA, Luely Santos. SANTOS, Eudes de Jesus. O uso SIG na avaliação nos ecossistemas manguezal e apicum no assentamento novo horizonte, município de São Cristóvão – SE. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 04, Vol. 02, pp. 25-34. Abril de 2019. ISSN: 2448-0959.

RESUMO

Os ecossistemas estudados vêm tendo um grande impacto de ações antrópicas, com a construção de viveiros para a criação de camarão nas áreas de preservações que são protegidas por lei. Esta vem sendo descumprida colocando em risco o equilíbrio ambiental naquele estuário do rio Vaza Barris, e consequentemente em toda a extensão da costa estuaria do Estado de Sergipe. As ações humanas já suprimiram 9,5001 hectares da vegetação de manguezal e 2,1539 hectares no ecossistema apicum, totalizando uma de 11,3540 ha, que deixaram de cumprir as funções que são importantíssimas no desenvolvimento das espécies da fauna e flora. Tendo, portanto, este estudo com o uso da tecnologia SIG – Sistema de Informações Gerenciais, na coleta dos dados quantitativos da ação do homem nestes ecossistemas.

Palavras-chave: meio ambiente, degradação ambiental, fauna e flora.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é proveniente da Pós-graduação Lato Sensu em Geotecnologias: Soluções de Inteligência Geográfica da Escola de Engenharia de Agrimensura e do Instituto de Qualificação Profissional-iQuali. Tendo como foco o estudo dos manguezais. Estes ecossistemas desenvolvem vegetações típicas de ambientes alagados, salgados com baixa oxigenação sendo tolerantes a altos graus de salinidade da água e do solo, localizados nas costas tropicais e subtropicais.

As espécies de vegetação que constituem o mangue no Brasil são basicamente três, o mangue vermelho (Rhizophoramangle), mangue negro (Avicenniaschaueriana) e mangue branco (Lagunculariaracemosa).

A vegetação que compõem os manguezais tem grande importância para a manutenção da qualidade da água, fixação do sedimento e fornecimento de produção para a biodiversidade.

Uma das grandes funções dos manguezais é resguardar os berçários as áreas de refúgio para as espécies de interesse comercial, artesanal tendo como área de proteção os apicuns.

Os apicuns podem ser cobertos, em períodos de estação seca, por eflorescências salinas; são encontrados em áreas litorâneas intertropicais em todo o mundo, sempre associados a manguezais.

A formação dos apicuns deve-se à deposição de materiais siliciclásticos originários das adjacências que sofrem erosão, sendo a preamar responsável pela distribuição, seleção e transporte de argilas e silte para fora dos apicuns, restando o material arenoso no local. Essa deposição seria, assim, responsável pela morte do mangue original, o qual se torna incapaz de resistir às novas condições de elevada salinidade e aridez temporária

Com toda as funções que estes ecossistemas oferecem ao meio ambiente, atualmente na área de estudo no assentamento Novo horizonte em São Cristóvão a relação do homem com estes ecossistemas, que estão localizados nos estuários do rio Vaza Barris, não está sendo harmoniosas, uma vez que as ações antrópicas estão sendo de devastação das árvores que protegem os rios dos fortes ventos da costa, as raízes contribuem na retenção dos sedimentos. Com esta relação desarmônica todo o ecossistema sofrerá grandes consequências, pois milhares de serem vivos dependem do equilíbrio deste ambiente.

O manguezal tem função importantíssima na manutenção da vida nos estuários, pois estes servem de base de alimentação para diversos seres vivos, pois os rios carreiam diversos tipos de matéria orgânica e nutrientes. Os manguezais são ainda uma área que serve de berçário para algumas espécies habitarem, como os caranguejos, guaiamuns, aratus, sururus entre outros, além dos peixes que na maré alta adentram no manguezal para se alimentarem.

Este ecossistema no assentamento Novo Horizonte vem sendo impactado com a ação do homem, sabendo que este ambiente é de fundamental importância para o equilíbrio do sistema. Esta relação do homem com o manguezal tem sido muito agressiva, pois estão realizando a supressão do mangue, e posteriormente escavando, represando as águas, o que vem diminuindo a vegetação, o espaço de reprodução dos crustáceos, moluscos e desprotegendo as margens dos rios o que contribui com o carreamento das partículas do solo para o estuário. Além de mudar drasticamente a qualidade da água, com o carreamento de partículas de solo a água vai ficando turva/barrenta estes sedimentos alteram todo ecossistema marinho.

Em observância à relação desarmoniosa entre homem e natureza neste assentamento, com o desmate da vegetação mangue, escavação do manguezal para fins de construção de viveiros para fins de criação de camarão, sem que haja nenhuma autorização prévia dos órgãos ambientais, neste contexto é que a pesquisa tem como objetivo avaliar os impactos da ação do homem a estes ecossistemas.

Como este ecossistema importante para o meio ambiente, se faz necessário que haja uma boa relação do homem com a natureza, pois caso não ocorra as perdas da biodiversidade é imensurável.

Para avaliar estas possíveis perdas, vem sendo utilizado da geotecnologia para o monitoramento das áreas de preservação ambiental, identificando os pontos de desmatamento do manguezal, o acúmulo de lixo trazido pelas correntes marinhas tanto quanto pela morte de árvores em séries e as áreas escavadas para o cultivo de camarão.

O uso da geotecnologia nas áreas costeiras vem sendo uma grande aliada no monitoramento do avanço da ação antrópica sobre as áreas de preservação ambiental de ecossistemas tão importante e frágeis nos estuários do Rio Vaza Barris, em especial no projeto de assentamento Novo Horizonte, tendo este trabalho o objetivo de avaliar a perda da biodiversidade no ecossistema manguezal com a criação de camarão praticada nesta área são de forma irregulares, não tendo licenciamento, esta forma de criação proporciona impactos direto no estuário, pois quando a maré enche entra nos viveiros e quando baixa traz uma grande quantidade de matéria orgânica sintética (os restos de rações) as quais em uma quantidade elevada a sua mineralização é lenta o que prejudica a vida no estuário (OLIVEIRA et al, 2017)

2. DESENVOLVIMENTO TEXTUAL

De acordo com Towata et al. (2013) o homem não se reconhece como parte da natureza, e sim acredita que a natureza está ali para que ele possa usufruir de seus benefícios. Esses usufrutos de forma insustentável, causam um desequilíbrio ao meio ambiente.

O ecossistema do manguezal é fundamental no equilíbrio ambiental para o suporte alimentar de diversos seres vivos, a não interação do homem com a natureza faz com que este ecossistema se modifique drasticamente a vida das espécies. Ultimamente este ecossistema vem sendo antropizado constantemente com a construção dos viveiros, causando grandes impactos na biologia marinha (NANNI et al., 2005).

Este ecossistema é um espaço muito particular, pois há um grau de salinidade elevado no solo e uma baixa oxigenação são características que favorecem a esta vegetação a se adaptarem as diversidades ambientais. A vegetação do manguezal não tem utilidades para uso humano (NANNI et al., 2005). Entretanto tem a função de proteger as áreas costeiras. Mas como o homem não se preocupa com este ecossistema e vai desmatando a vegetação, ocorre um grande desequilíbrio ambiental. O ecossistema do manguezal se caracteriza por ser solo rico em nutrientes, muito úmido, não serve para uso agrícola.

Apicuns desenvolvem-se sempre na área superior do estirâncio, sendo inundados por marés de sizígia ou marés meteorológicas. Em geral, ocorrem associados a zonas marginais de manguezais, na interface médio/supra litoral, localizados entre manguezais e terras secas elevadas adjacentes, podendo ser encontrados no interior do bosque constituindo os chamados apicuns inclusos (Hadlich, et al.,2009).

Estes desequilíbrio é vais visíveis sobres os caranguejos os quais desempenham um papel fundamental no manguezal, com a ação de escavar os buracos ajudam na aeração do solo, mas ao desproteger este ambiente com a retirada do mangue, há uma perda de ciclagem de nutrientes e diminuem as atividades dos caranguejos e outros (NANNI et al., 2005).

Segundo Albuquerque et al. (2015) o homem não percebe o quanto as suas ações prejudicam o manguezal, e consequentemente a vida marinha, pois com o desmate do mangue há um efeito cascata, prejudicando a qualidade da água, dos nutrientes e o grande berçário, o uso deste ecossistema desordenado ocasiona grandes interferências inseparáveis.

É por todos estes motivos que as tecnologias espaciais através do Sistema de Informações Geográficas (SIG), vêm sendo utilizadas para monitorar, diagnosticar quantitativa e qualitativamente os impactos ambientais sobre as áreas de preservações permanentes (LEAL et al, 2013).

Com o uso da geotecnologia é possível observar as mudanças nas áreas de preservação permanente, auxiliando os profissionais tanto da área ambiental quanto da área produtiva no monitoramento, uma vez que no assentamento estudado existem áreas de carcinicultura licenciadas (CORREIA et al. 2018).

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa foi desenvolvida no Assentamento Novo Horizonte no município de São Cristóvão localizado no Estado de Sergipe, sendo implantado pela política pública de reforma agrária PNCF (Programa Nacional de Crédito Fundiário) no ano de 2011. Sob as coordenadas geográficas -11.110053° -37.162739°, com uma área de 408,8606 hectares, nas margens do estuário do rio Vaza Barris.

O Rio Vaza-Barris nasce no município de Uauá, na Bahia, e deságua no Oceano Atlântico em Sergipe, apresentando área total de aproximadamente 115 Km2. Com uma área estuarina que corresponde a cerca de 25 Km2, abrange os municípios de Itaporanga D’ajuda, São Cristóvão e Aracaju. As margens desse rio são ocupadas por manguezais, que penetram até cerca de 20 km (FONTES, 1999; SIQUEIRA, 2008).

O presente estudo foi realizado no estuário da bacia do rio Vaza-Barris, no município de São Cristóvão, Sergipe. Este município está localizado na Grande Aracaju, contemplando uma área territorial de 436,86 km², ocupada por uma população de cerca 78.876 habitantes, sendo 66.682 residentes da zona urbana e 12.194 da zona rural (IBGE, 2010).

A pesquisa se desenvolveu através de visita a campo para coleta de pontos de referência, uso da geotecnologia SIG e revisão de literatura. Como este trabalho visou avaliar os possíveis impactos da atividade de construção de viveiros para criação de camarão no ecossistema de manguezal e apicum, para avaliar estes foram realizadas algumas etapas da pesquisa, tais como: 1) levantamento quantitativo das áreas do manguezal em que já foram construídos, os viveiros analisando toda extensão da reserva legal do assentamento por meio de vetorização de imagens utilizando o software Qgis.2) avaliação da porcentagem de áreas que já foram degradadas dentro de reserva legal no assentamento, considerando que inicialmente foi projetado uma área de reserva legal, esta demarcada pelo Pronese – Empresa de desenvolvimento sustentável do Estado de Sergipe em 2011) com a vegetação mangue, que contabiliza 141,5211hectares de manguezal e 55,4451hectares de área de apicum.

No desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se de imagens de satélites, o mapa digital do assentamento DWG (Design Web Format da Autodesk), GPS (Sistema de Posicionamento Global), Oregon para navegar até as coordenadas identificadas nas imagens, o Qgis, o CAD (Autocad) na planta em DWG.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os ecossistemas estudados o manguezal e o apicum, a área de apicum inicialmente era de 55,4451 hectares, com a ação antrópica, com a construção de viveiros, e canais para a alimentação dos viveiros, e no momento da despesca servir para liberar as águas direto para a maré, após o uso do SIG para vetorização encontrou-se uma construída pelo homem de 2,1539 hectares, figura 0

Figura 1 – Área de construção dos viveiros para a criação de camarão nas áreas de apicuns no Assentamento Novo Horizonte.

Fonte: autor

Estas áreas são protegidas por lei e, portanto, não podem ser utilizadas para fins comerciais conforme § 6º Lei nº 12.727, de 2012 do código florestal. É assegurada a regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes.

Estes foram construídos entre os anos de 2015 a 2018, desobedecendo à legislação atual. Os apicuns servem como um reservatório de nutrientes para toda a vida marinha que vive nos estuários, e para o balanceamento dos teores de salinidade na área do manguezal, pois todos os sedimentos que as águas trazem no período de inverno passam por esta área e sedimentam no ecossistema manguezal, além de servir como área de refúgio temporário de alguns crustáceos para o banho de sol e acasalamento.

Como já dito anteriormente as áreas do ecossistema de manguezal de grande importância para os estuários Brasileiro. A área de estudo neste ecossistema tem uma extensão de 141,5211 hectares, sendo que destes a ação do homem com a atividade da carcinicultura já ocupou 9,5001 hectares, conforme pode ser observado na figura 2.

Figura 2 – Áreas totais das construções dos viveiros para a criação de camarão nas áreas de apicuns no Assentamento Novo Horizonte.

Fonte: autor

As pressões humanas nos ambientes marinhos têm provocado efeitos negativos recorrentes, como a perda de biodiversidade e habitats (áreas entremarés, restingas, manguezais incluindo os apicuns, lavados e salgados, recifes de corais, entre outros) e, consequentemente, provocando diminuição dos recursos naturais, declínio da pesca comercial e artesanal, poluição de praias, aumento dos processos erosivos, entre outros danos (MMA, 2008).

Estas pressões são muito devastadoras para os seres animais e vegetais nestes ecossistemas, pois a conservação destes ecossistemas garantirá a permanência de diversas vidas, tais como: o caranguejo, os sururus, os camarões nativos, os ganhamuns, os aratus entre outras espécies que usam os manguezais para reprodução e alimentação. Com a escavação dos viveiros no manguezal houve uma perda de vegetal, de 9,5001 hectares de árvores, e o desaparecimento dos espaços de reprodução e cria destes ecossistemas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE. A; FREITAS. E; MOURA-FÉ. M, M; BARBOSA.W. A proteção dos ecossistemas de manguezal pela legislação ambiental brasileira. Geographia – Ano. 17 – Nº33 – 2015.

NANNI. H, C.; NANNI. S, M. Preservação dos manguezais e seus reflexos. XII SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 2005.

TOWATA. N.; KATON. G, F.; BERCHEZ. F, A, S.; URSI. S. Ambiente marinho, sua preservação e relação com o cotidiano: influência de uma exposição interativa sobre as concepções de estudantes do ensino fundamental. IX Congreso Internacional Sobre InvestigaciónEnDidáctica De LasCiencias ,Girona, 2013.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília, 2008.

MACEDO, R.B. A Formação de Saberes de Profissionais da Agronomia em Contexto de Atuação: A formação de saberes de profissionais da Agronomia em contexto de atuação / Rogério Barbosa Macedo. – Curitiba, 2008. 146 f. : il.

OLIVEIRA, J. de; SOUZA, R. M e; SOBRAL, I.S REDE – Revista Eletrônica do PRODEMA Fortaleza, Brasil, v. 11, n. 1, p. 30-45, jan./jun. 2017. ISSN: 1982-5528

[1] Pós-graduando em Geotecnologias – Soluções de Inteligência Geográfica pela Escola de Engenharia Eletro-Mecânica da Bahia – EEEMBA. EngºAgrº. Especialista em Gestão Ambiental e Recursos Hídricos; Especialista em Residência agrária (agroecologia, questão agrária, agroindústria e cooperativismo)

[2] Engenheira agrônoma, Mestrada em Agroecossistemas, Universidade Federal de Sergipe, UFS

[3] Cursando engenharia agronômica, CENTRO UNIVERSITÁRIO AGES – UniAGES

Enviado: Fevereiro, 2019

Aprovado: Abril, 2019

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Valdo de Jesus Santos

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