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Grandes mulheres da literatura: A evolução da personalidade feminina em diferentes passagens literárias

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Kleber Martins dos [1], SANTOS, Sílvia Aparecida Fortunato [2]

SANTOS, Kleber Martins dos. SANTOS, Sílvia Aparecida Fortunato. Grandes mulheres da literatura: A evolução da personalidade feminina em diferentes passagens literárias. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 07, pp. 05-20. Julho de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

Este trabalho visa discorrer sobre algumas das principais mulheres da literatura clássica mundial que tiveram um importante papel no desenvolvimento das histórias em que estavam inseridas, e que a partir de suas atitudes estratégicas realizadas adequadamente, tornaram-se indispensáveis na construção da narrativa. A contextualização destas qualidades torna atual as histórias e necessidades do meio social em relação à mulher. Fizemos uma análise literária em forma de linha do tempo, a fim de contemplar de maneira didática a característica de evolução da personalidade. A cada figura analisada é encontrado um atributo semelhante ao anterior e adicionado outros diferentes no sentido de inovação estratégica. A princípio, demonstramos particularidades gerais dessas mulheres, em seguida, discutimos sobre cada uma dentro da época em que estavam a fim de mostrar a atualidade da escrita literária e sua importância, enaltecendo-as.

Palavras-chave: Literatura, mulheres, estratégias.

INTRODUÇÃO

A literatura é uma forma fictícia e verossímil de representar, através de seus personagens, a sociedade em questão. Através dela conhecemos a história de grandes povos e também de pequenas cidades. A partir da escrita literária podemos compreender questões filosóficas, sociológicas entre outras, inclusive o pensamento e a forma de vida do autor e das pessoas envolvidas no ambiente. Segundo Colomer (2011), o texto e o leitor interagem, ou seja, ocorre a partir daí uma construção de mundo.

Além de simplesmente nos proporcionar uma visão do que se está passando em determinado momento, a literatura tem o dom de criticar a forma de pensar e a maneira comportamental da sociedade sem deixar também de inserir, ainda que paulatinamente, novos padrões, costumes e ideologias.

Corrobora com esta ideia Zilberman (1990, p. 19), ao apontar que:

… o texto literário introduz um universo que, por mais distanciado do cotidiano, leva o leitor a refletir sobre sua rotina e a incorporar novas experiências (…) o texto artístico talvez não ensine nada, nem se pretenda a isso; mas seu consumo induz a algumas práticas socializantes que, estimuladas, mostram-se democráticas, porque igualitárias.

A literatura se torna clássica a partir do tempo em que ela sobrevive em meio aos acontecimentos. Observa-se também, a qualidade da narrativa pelas atitudes usadas para alcançarem seus principais objetivos, sejam eles, eternizar na memória das futuras gerações os grandes nomes ou simplesmente entreter o leitor e dar a ele um novo campo de aprendizado. Tendo o conhecimento da versatilidade da literatura, o presente artigo busca ressaltar as principais características propriamente femininas, contidas nesses livros considerados clássicos. Estamos, portanto, tratando de autores que enxergaram na versão feminina uma forma de expressar aquilo que precisavam passar à sociedade, ou seja, a existência de mulheres ousadas, à frente de seu tempo. Senhoras dispostas a contrariarem a sociedade mesmo em um ambiente machista de se viver. Em uma época, onde elas eram vistas apenas como um ser reprodutor, estas que estamos falando, reproduziram, não somente indivíduos, mas principalmente ideias e ideais. Contrariaram a maneira natural de viver e calmamente conquistaram seu verdadeiro espaço. As diminuições das guerras formaram um palco perfeito para a atuação da mulher. Antes, os espaços eram conquistados pela força bruta, hoje, pela força da expressividade. E foi através da força de expressividade que aliás, fora aplicada de forma calma e estratégica, que os locais de atuação foram aumentando, o que aqui buscamos ressaltar, é a forma de expressão destas indivíduas, mesmo que seus gritos de socorro fossem dados em silêncios estratégicos.

A principal motivação para realização deste projeto é a pequena quantidade de informações, de forma resumida, sobre quem são, ou quem foram, as mulheres protagonistas de alguns livros clássicos, onde, sem as quais as histórias estariam defasadas. Estas personagens de que estamos falando, criaram maneiras estratégicas de mostrarem à sociedade que elas eram tão importantes quanto os homens que estavam indo às guerras em busca de vitórias, ou como os que ficavam para proteger a cidade. Portanto, através desta pesquisa, fazemos o seguinte questionamento: Sendo de épocas tão diferentes e distantes da atualidade, de que maneira estas mulheres se sobressaíram mediante as dificuldades da participação feminina na tomada de decisões dentro da sociedade? É possível mulheres agirem tão estrategicamente? Ao demonstrar esta qualidade inerente das personagens femininas, estaremos utilizando uma das muitas maneiras de enaltecer esta persona tão complexa e desafiadora que ao longo dos séculos, transformaram a história da literatura e a própria história da humanidade, conquistando seu espaço no meio da sociedade conturbada e movida às guerras.

Há ainda, a contribuição deste trabalho em relação à sociedade de forma geral no que diz respeito ao avanço do movimento denominado feminismo. Não buscamos aqui defender tais e quais atitudes relacionadas ao movimento estão corretas ou equivocadas, mas mostrar que este tipo de acontecimento contemporâneo pode ter decorrido a partir da influência da literatura, mesmo aquela escrita por homens e que aparentemente não possuíam cunho defensor à personalidade feminina. Segundo uma pesquisa realizada por Costd (2013), os romances e alguns estudiosos do século XIX, deixaram claro em seus textos literários, o quesito verossimilhança, ou seja, os textos podem ser vistos como uma denúncia e não uma apologia a essa conduta masculina, conduta que a sociedade ajudava a perpetuar. Queremos mostrar que as mulheres não são superiores, porém, menos ainda, inferiores ao homem, e talvez esta seja uma das muitas formas de convencer a sociedade com relação a igualdade de gênero. É demonstrar que esta luta por espaço sempre houve, antes de forma subjetiva, quase imperceptível, hoje em dia de maneira visível.

O presente artigo, de maneira geral, busca contribuir para a formação dos estudantes de Letras, ao sintetizar algumas características feminis, analisar criticamente as personagens femininas na sociedade em que estavam inseridas e também demostrar as qualidades femininas, a fim de contribuir para a diminuição da desigualdade de gênero e contextualizar as mudanças ocorridas ao longo dos anos. Buscamos ainda relacionar estas personagens de contextos diferentes, épocas diferentes, mas que são semelhantes diante das tomadas de decisões ou seja, sempre se colocando à frente das problemáticas estrategicamente.

A pesquisa consiste em uma análise literária sobre as personagens femininas. Foram lidos alguns livros clássicos como por exemplo, Odisseia, que aborda algumas características de Penélope (HOMERO, 2014); As mil e uma noites, com a presença de Sherazade (VASCONCELOS); Madame Bovary, tendo Emma Bovary (FLAUBERT, 2007) como personagem principal do livro e de nosso estudo; Capitu (ASSIS), presente em Dom Casmurro e a mulher do médico[3] (SARAMAGO, 1995), presente em Ensaio sobre a cegueira. Foi realizada uma linha do tempo, passando por obras acima citadas, mostrando assim, a importância da mulher na literatura mundial. Também foram realizados procedimentos técnicos para encontrar dados que comprovem as diversas características do gênero feminino. Foram utilizados também livros paralelos aos que contam a história, para enriquecer o conteúdo e endossar o projeto.

Quanto aos meios, procuramos realizar a pesquisa de forma qualitativa. Iremos trabalhar sobre a leitura dos livros acima citados buscando referencias de outros autores que falam particularmente de cada livro e assim reunir as características e num só texto, demostrando a semelhança destas mulheres estratégicas. A forma de análise em linha do tempo é necessária para o entendimento da evolução da personalidade, isto é importante pois mostra a atuação feminina desde o início até os tempos mais presentes. No primeiro momento do artigo, demonstramos características gerais de cada uma dessas mulheres, bem como a importância delas nas histórias em que foram inseridas. O segundo momento, discorremos sobre cada uma de forma mais precisa e contextualizaremos as atitudes tomadas e sua importância a fim de enaltecer as protagonistas das narrativas analisadas.

AUTOR OBRA PERSONAGEM
HOMERO ODISSÉIA PENÉLOPE
ANTOINE GALLAND AS MIL E UMA NOITES SHERAZAD
GUSTAVE FLAUBERT MADAME BOVARY EMMA BOVARY
MACHADO DE ASSIS DOM CASMURRO CAPITU
JOSÉ SARAMADO ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA MULHER DO MÉDICO

Fonte: Autores, 2017.

REFERENCIAL TEÓRICO

MULHERES QUE FIZERAM A DIFERENÇA EM SUA ÉPOCA

Há quem diga que a melhor maneira de evitar erros no futuro é conhecendo o passado, e conhecê-lo implica justamente na compreensão de uma determinada história, e esta, sempre é contada pelos vencedores. São eles que eternizam na memória das gerações os grandes acontecimentos e os nomes daqueles que tornaram possíveis que tais fatos ocorressem. Poderíamos nos lembrar das narrativas bíblicas que relatam sobre os grandes reis persas e babilônicos, ou das tragédias gregas, até mesmo recordar o último império mundial, o romano, ou pensar, talvez, nas investidas europeias com suas grandes navegações em busca de paraísos. Todos esses momentos seriam interessantes conhecermos e de fato, em algum momento de nossas vidas, nós os estudamos, mas há algo que por diversas vezes passa desapercebido aos olhos dos leitores mais apressados. O fato de sempre nos lembrarmos dos protagonistas faz com que nos esqueçamos dos atores secundários. Damos preferência àqueles como se fossem valentes e corajosos, e estes, se o nome não ficar escrito, então é apagado de nossas memórias.

Numa sociedade onde a predominância do homem sempre foi superior, ele com certeza fora o protagonista, portanto, neste momento, convido-os a se esquecerem deles (os protagonistas) vamos exaltar os secundaristas, as mulheres. Aqui há exemplos de heroínas clássicas de tragédias até os autores mais modernos com seus personagens cheios de conflitos existenciais. A primeira coisa que devemos compreender é o fato de cada personagem significar mais do que simplesmente aquilo que está escrito. O autor sempre procura deixar de maneira sutil a permanência de algum fator social, histórico, filosófico, e principalmente, crítico com relação à sua época a fim de tornar a leitura completa. O que as personagens fazem é expressar indiretamente aquilo que os autores querem e talvez não possam falar. O mais interessante desses clássicos fazerem uso de personagens femininas é a capacidade que elas possuem de se expressarem facilmente, como disse Fernando Pessoa: “na mulher os fenômenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas […] e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais.” (PESSOA). Logo, os aspectos mentais fazem os homens criarem mulheres que possam representá-los.

Quando Homero escreve a Odisseia, ele retrata cada personagem com um adjetivo específico demonstrando assim a importância daquela persona no momento em questão. A maior parte da narrativa homérica é composta de discursos, o qual o personagem toma a voz e realiza sua fala. Na primeira aparição de Penélope, ela é descrita a partir da visão de Antínoo, quando este, se dirigindo a Telêmaco, fala de sua mãe como sendo “destacada conhecedora de estratagemas” (HOMERO, 2014, canto II verso 88[4]), mas a importância de Penélope não se prende as características descritas no primeiro momento, ela vai bem mais além, sendo importante para todo o desfecho da trama. O que faz com que Odisseu negue permanecer com uma musa em uma ilha, é a vontade e a confiança de quando retornar à Ítaca, ele encontrará a sua esposa.

Penélope é importante para a narrativa da Odisseia, uma vez que é sobre ela que é realizada a amarração de todas as histórias. A Odisseia só é possível devido à necessidade de Odisseu retornar ao lar para encontrar sua esposa fiel, que ficou em casa, enquanto na guerra, ele se aventurava no mar. Caso não houvesse Penélope a sua espera, não haveria motivos para seu retorno como afirma Lima:

A Odisseia existe principalmente graças à movimentação de Odisseu, afinal, como dizem as primeiras linhas do poema, a Musa deve cantar as errâncias do homem multiversátil. Sem sua viagem de volta, não haveria o que cantar. Em contrapartida, a permanência de Penélope em Ítaca permite o retorno em si. (LIMA, 2012, p. 12)

Sem essa permanência, toda a viagem seria contada como uma crônica, uma simples sucessão de acontecimentos do cotidiano e seria necessário ainda inserir um final, haja vista que a ausência de Penélope não desencadearia o retorno de Odisseu, apenas a sua passagem por lugares místicos.

A história de Penélope é descrita de maneira sucinta, uma vez que o narrador nos faz entender que se passaram vinte anos entre o momento em que Odisseu foi à guerra e o seu retorno à Ítaca. Se, a partir desse fato, nós pensarmos, podemos chegar à conclusão de que houve um amadurecimento do ser feminino para a finalização da história, por isso Penélope fora tão estrategista. E isto é bom, pois vemos que neste caso, a mulher não permaneceu em estado de monotonia, mas desempenhou o seu papel ainda que este o fosse restrito a ela.

Assim como Penélope, temos Sherazade, mulher extremamente estratégica. Penélope ludibria todos os príncipes que a cortejavam durante vinte anos até a chegada de seu esposo; Sherazade foi capaz de envolver o rei por mil e uma noites, contando histórias de traição, enquanto outras mulheres só passavam uma noite e no dia seguinte, eram mortas. Elas foram extremamente estrategistas, e é justamente isto que as une, uma qualidade inerente a ambas. Elas fizeram algo simples, conhecer o oponente a que iriam lutar, e ainda assim não precisaram lutar, pois conheciam a diferença entre lutar e vencer, diferença essa, explicada por Sun Tzu em um capítulo sobre estratagema: “Consequentemente, lutar e conquistar em todas as batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em quebrares a resistência do inimigo sem lutar.” (TZU, 2014, p. 55). E foi justamente o que elas fizeram, não lutaram, no sentido mais estrito da palavra, mas venceram a luta a longo prazo, com maestria e arte, sem estabelecer uma guerra.

O livro As mil e uma noites, que relata a história de Sherazade não se preocupa em situar tempo, no que diz respeito a datas, mas levando em conta o fato de a cultura árabe permitir e realizar o casamento feminino muito cedo, podemos crer que Sherazade não tinha a mesma idade de Penélope ao encontrar a sua estratégia para realizar o que era preciso.

O primeiro ponto que devemos nos situar é a tradição na época de escrita d As mil e uma noites. Diferente da nossa cultura, influenciada em sua maioria pelo cristianismo e seguindo muitos dos ensinamentos da Bíblia, os costumes árabes seguem fielmente os ensinos do Alcorão. Será que sabíamos que, de acordo com Vasconcelos, uma das curiosidades desse livro de fé é:

Que o Alcorão justifica a autoridade dos homens sobre as mulheres mencionando uma suposta superioridade masculina? De início, na Arábia islâmica as mulheres estavam sempre subordinadas a um parente masculino ou ao marido, que tinha sobre elas uma espécie de direito de propriedade. Algo semelhante acontecia na antiga Roma. Em certos países muçulmanos a condição feminina ainda hoje é muito difícil. (VASCONCELOS, p. 17)

Esta superioridade acaba por desvalorizar as qualidades femininas. Uma vez que elas eram consideradas inferiores, logo eram tidas como incapazes ou ignorantes, sendo então desprovidas de obter o mínimo de conhecimento.

Tendo em vista que este capítulo busca ressaltar as qualidades das mulheres que fizeram a diferença em sua época, precisamos nos deter em Sherazade. Sabemos que ela “Tinha grande coragem e inteligência; lia muito e tinha uma memória fabulosa. Era belíssima e muito virtuosa.” (VASCONCELOS, p. 33)

O contexto onde Sherazade está inserido é o seguinte: um rei se descobre traído por sua esposa e então, a mata. Com indignação e, principalmente, com medo de ser novamente enganado, ele passa a dormir com uma mulher a cada noite, e ao amanhecer, ele manda que seus súditos a matem, a fim de ele não ser novamente traído. Sherazade vê nesta situação, possuindo as qualidades acima citadas, uma oportunidade de salvar as mulheres de sua época, e a única forma era dormir com este rei e encontrar uma maneira de continuar viva no próximo dia e repetir isso por muitos e muitos dias. A maneira com que ela ludibria o rei é tão complexa que nos passa diversos ensinamentos. A cada noite, ela conta uma história e promete finalizá-la no dia seguinte, se ele a deixar viva. Ele feliz por ouvir um conto e disposto a saber o seu desfecho a mantem integra, a fim de saber o final da trama que ela narra. Sherazade faz isso por muito tempo e com grande significância como afirma Vilela:

Tecendo os fios das suas histórias com mestria, Xerazade triunfa e sobrevive, visto que, no final, o sultão anulou a sentença de morte. Xerazade triunfa, porque é infinitamente inventiva, porque mantém a calma, porque tem “os olhos bem abertos” e porque, sendo uma mulher culta, domina a técnica e a arte de contar histórias. (VILELA, 2014, p. 2)

Sherazade era uma mulher dotada de conhecimentos que a privilegiaram para que assim pudesse ter e usar a astucia a seu favor e em favor àquelas que estavam a gritar por socorro.

Saindo do período em que as histórias eram narradas verbalmente ou contadas em versos, entramos no momento em que a composição literária já se dissemina através dos livros impressos. Estamos falando de um tempo onde as revoluções estavam acontecendo, as formas literárias de se escrever estavam baseadas na escola romântica, onde havia uma idealização do ser feminino, não de forma real, mostrando suas características verdadeiras e inerentes, mas sim de maneira um tanto equivocada, criando não uma personagem feminina, mas um endeusamento da mulher, chegando algumas vezes, à utopia. Enquanto alguns buscavam inspiração nas mulheres como os gregos procuravam nas musas, aparece alguém disposto a mudar a trajetória da escrita e criar algo mais real.

Nesta linha de pensamento surge Gustave Flaubert que escreve um romance intitulado Madame Bovary. Nele, a personagem principal é Emma Bovary que em resumo breve, segundo Michiles entendemos que:

Ema é uma jovem típica francesa e burguesa do seu tempo, sonhando com um grande amor, o dos romances. É uma figura dramática que passeia pela metalinguística, “vive” um romance imersa no mundo de outros romances. Se vê e se sabe como personagem, e para ela, a vida a que foi destinada, não a satisfaz. (MICHILIS, 2012, p. 3)

Esta é a forma de uma mulher cheia de desejos de realização e felicidade. Ela possuía em sua mente a ideia de que a alegria era semelhante àquela dos escritos literários, contidos em sua imaginação. O casamento era um momento em que se veria a felicidade, e ela espera que sua união com Charles lhe proporcione esse contentamento tão esperado.

A ansiedade de um novo estado ou talvez a excitação causada pela presença daquele homem bastava para lhe fazer acreditar que possuía enfim, a paixão maravilhosa que até então era considerado como um grande pássaro de plumagem rósea planando no esplendor dos céus poéticos; – e não podia imaginar, que aquela calma em que vivia fosse a felicidade com que sonhara. (FLAUBERT, 2007, p. 49)

Essa felicidade com que Emma se via no matrimônio recente não era tão duradoura como veremos. Após casar-se, Emma percebe que aquilo que estava vivendo era monótono demais para lhe dar um regozijo com que sonhara. Emma vê que seu esposo possui menos do que ela julgara necessário ter e se pergunta:

Um homem […] não deveria conhecer tudo, ser exímio em múltiplas atividades, iniciar uma mulher nas energias da paixão, nos refinamentos da vida, em todos os mistérios? Mas ele [Charles] nada ensinava, nada sabia, nada desejava. Julgava-se feliz e ela tinha-lhe raiva por aquela calma tão bem assentada, por aquele peso sereno pela própria felicidade que ela lhe dava. (FLAUBERT, 2007, p. 50)

Ao se deparar com a situação presente, Emma se demonstra insatisfeita com o casamento. Mesmo que este ainda estivesse no começo, os pensamentos de Emma começam a se perder no ambiente em que mora a ponto de ela se perguntar “- Por que, meu Deus, eu me casei?” (FLAUBERT, 2007, p. 52), e a partir de então, Emma começa a ter um comportamento diferente, tomando atitudes que preocupam seu esposo.

Emma tornara-se difícil, caprichosa. […]. Frequentemente, obstinava-se a não sair, depois sufocava, abria a janela, punha um vestido leve […]. Empalidecia e tinha palpitações; Charles administrou-lhe valeriana e banhos de cânfora. Tudo o que se tentava parecia irritá-la ainda mais. (FLAUBERT, 2007, p. 52)

Após este último episódio, percebemos uma clara manipulação por parte de Emma sobre seu esposo, que estava sempre trabalhando e associava tais acontecimentos com algum tipo de doença. Se compararmos Emma Bovary com as mulheres de sua época – aquelas que eram ensinadas a obedecer seus maridos e ter o prazer apenas do matrimônio e na maternidade – percebemos o quanto Emma se diferencia destas, pois traz as idealizações do romance para a vida real, espera de seu esposo mais do que ele tem a lhe oferecer. Vendo nele a incapacidade de dar-lhe a felicidade que, mesmo não conhecendo, ansiava ter, busca em meios externos, encontrar algo que a torne feliz segundo suas perspectivas, como diz Michiles:

Talvez sua sede de vida a leve com uma força brutal, a se entregar a aventuras, se relacionando com outros homens, gastando muito, mentindo, manipulando, enganando, atitudes reprimidas na sombra que a moral vigente não permitiria jamais que fossem integradas ao ego. Procurava de início de seu casamento com Carlos, satisfações imaginárias para seus apetites pessoais. (MICHILIS, 2012)

Emma era uma mulher totalmente a frente de seu tempo. Características e atitudes femininas tomadas na atualidade, já eram inerentes e praticadas por Bovary. As mulheres ansiavam por viver o mundo descrito nos romances, não estavam contentes com a monotonia da vida, que aliás, não faz parte do ser feminino. É a partir dela que o feminismo começa a tomar corpo e ser o que hoje se tornou. Emma é, portanto, a personagem que melhor representa esta luta por igualdade de gênero, como afirma Michiles: “Assim ninguém melhor do que Ema Bovary para personificar essa urgência de trazer à superfície o novo conceito de feminino. ” (MICHILIS, 2012)

A manipulação e a dissimulação não são fortes somente em Emma, Capitu é conhecida como uma mulher “obliqua e dissimulada” (ASSIS, p. 46) que desde sua infância toma atitudes que surpreendem seu melhor amigo e futuro esposo, Bentinho. Capitu, assim como a maioria das mulheres aqui estudadas, não possui uma voz ativa dentro da narrativa, onde possa mostrar suas características, mas é descrita a partir de uma visão do narrador ou de um personagem principal, quase sempre, homem. Esta mulher tão complexa descrita por Machado de Assis, na voz do personagem principal não poderia ser relatada de outra forma a não ser com subjetivismos como afirma Coimbra: “Ao apresentar Capitu, Bentinho não utiliza recursos do senso comum. Ao contrário, ele o faz, apontando para uma figura feminina envolta por algo nebuloso, encoberta em mistérios, velada por um “manto diáfano” de sedução. ” (COIMBRA, 2007, p. 62)

A Personagem Capitu traz mais do que os olhos podem ver. Ainda em sua tenra idade, Capitu faz algo que já está à frente de seu tempo, tanto no que se espera por maturidade, pois ainda era uma “criatura de quatorze anos” (ASSIS, p. 28), quanto pela época em que ela vivia. O livro Dom casmurro traz em diferentes momentos uma característica diferente da personagem. Esta maneira sutil como ela é apresentada torna difícil compreender completamente suas qualidades, pois elas são expressadas no decorrer da narrativa, fazendo com que o leitor desapercebido deixe de dar crédito a alguém tão importante no contexto.

Ainda menina, Capitu manipula Bentinho para que ele influencie a sua mãe, a fim de não o destinar ao celibato, como fora feita a promessa. As dúvidas existentes em Bentinho no instante do diálogo são categoricamente respondidas por Capitu, mostrando assim sua maturidade desde a infância. Outro momento na vida de Capitu que demostra total esperteza é no instante do primeiro beijo entre ela e Bentinho. Após o acontecimento do beijo, a mãe de Capitu, Dona Fortunata, chega em casa e não percebe na filha nenhuma mudança de comportamento ou algo que levantasse uma suspeita, por mínima possível que fosse, de que havia algo de diferente no lar. Ao encontrar Bentinho com sua filha, Dona Fortunata vê uma cena comum, sua filha age como se nada houvesse acontecido: “Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou a porta, ela abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo[5] amarelo, nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo e claro. ” (ASSIS, p. 60)

É interessante quando juntamos todas as qualidades de Capitu, pois vemos que ela estava à frente de seu tempo, muito aquém daquilo que era esperado pelas mulheres de sua época como novamente nos afirma Coimbra:

Se compararmos a postura de Capitu com as demais moças de sua época, iremos notar que, desde a sua idade mais tenra, já apresentava atitudes que a tornavam uma moça diferenciada, “moderna”. Sempre muito voluntariosa, empenhava-se em conseguir aquilo que desejava. Cheia de iniciativa e determinação, não titubeava em assumir uma atitude que, para aquele momento, era por demais avançada. (COIMBRA, 2007, p. 72)

Por inúmeras vezes Capitu é demonstrada como uma mulher com olhos oblíquos e dissimulados. O narrador chama a atenção do leitor para os olhos de Capitu, deixando claro que eles não são apenas uma característica física, mas algo que faz parte da sua personalidade. Na mesma perspectiva, Saramago demonstra os olhos de uma mulher, que incrivelmente não cegaram durante uma epidemia, e estes olhos também definirão o caráter e a personalidade da mulher do médico.

O Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, onde a presença de uma mulher com olhos e que inexplicavelmente não ficaram cegos, abre-nos a oportunidade de ver um mundo cheio de mazelas e situações conturbadas com grandes reflexões sobre as inúmeras questões da existência da humanidade; ao mesmo instante o autor nos possibilita enxergar na mulher uma posição de liderança sobre um grupo que não a conhece. A singular história da mulher do médico, ocorre no espaço onde uma nação inteira, começando com um até atingir todos os habitantes, se vê, contraditoriamente, cega.

A obra narra uma epidemia de cegueira branca em um país fictício. Antes de a população inteira cegar, cerca de 260 pessoas são isoladas em quarentena no prédio de um antigo manicômio, em três camaratas separadas. Enquanto um dos grupos, heterogêneo na sua composição (homens, mulheres, europeus, asiáticos, africanos, jovens, adultos, velhos etc.) procura viver de modo pacífico, organizando-se em uma espécie de democracia, outro grupo, só de homens, estabelece uma tirania mediante a imposição da força bruta. (ROHRIG, jan-jun, 2014. pp. 51-60)

Neste ensaio, não é somente a protagonista do livro que traz características femininas importantes, aliás, ela só irá aparecer alguns capítulos depois.

A protagonista, bem como as demais personagens femininas de Ensaio Sobre as Cegueira, em diversas passagens do texto, assumem papéis centrais, funcionando como as verdadeiras condutoras da narrativa de Saramago, os papeis que, de modo geral, permitem à narrativa desenvolver. (CORRÊA, 2014, p. 3)

Portanto, vemos no primeiro momento, a aparição de outras mulheres na construção da narrativa. A primeira a se destacar, aparece para consolar o primeiro cego da história dizendo: “Isso passa, vai ver que isso passa, às vezes são nervos” (SARAMAGO, 1995, p. 12) A segunda mulher, é a esposa deste mesmo cego, que após ver que a casa está suja se enraivece, mas assim que “reparou no lenço manchado de sangue, o seu agastamento apagou-se num instante, Pobrezinho, como foi que te aconteceu isto, perguntava compadecida” […] (SARAMAGO, 1995, p. 17)

Saramago nos propõe nestes dois momentos diferentes, características semelhantes; as questões da maternidade e compadecimento. Enquanto, no semáforo, os homens em volta do carro do primeiro cego gritavam, a fim de ele sair para não causar um engarrafamento, uma mulher vem o socorrer; quando este mesmo cego chega em casa, sua esposa o trata com atenção parecida com a da primeira mulher, demostrando então aquelas qualidades. O cuidado em esquecer o que está a sua volta – o engarrafamento, o vaso quebrado e a sujeira de sangue – e prestar atenção a quem realmente precisa do socorro imediato, só poderia ser demostrado por este ser feminino, dotado duma compaixão inegavelmente maior do que a presente nos homens.

A compaixão pode não ser universal: seu nível em diferentes seres humanos depende muito da educação, tratamento, maturidade emocional, mas sem dúvida existe em quantidade suficiente na maioria das sociedades, particularmente entre mulheres, para formar a espinha dorsal do desenvolvimento moral. (THOMSON, 2002., p. 34)

Continuando pelas linhas da narrativa, encontramos a mulher do médico, com as mesmas características das duas primeiras, e possuindo além disso, um espirito de liderança. Podemos ver claramente, a forma como a mulher do médico age a fim de conquistar um espaço que, pela lógica visível, é destinado a ela. Assim como as mulheres tratadas no presente artigo, a mulher do médico faz uso do discurso para assumir a posição de liderança, não porque ela ansiava ser líder de um grupo de cegos que nem a conheciam – com exceção do seu esposo – mas porque ela, pelo fato de enxergar, era a pessoa mais capacitada para ver o que estava ocorrendo no ambiente inóspito em que foram obrigados a viver.

Vemos na mulher uma personalidade audaciosa e cheia de coragem, mas ao mesmo tempo tranquila. Ela acompanha as ligações telefônicas do marido, que alerta as autoridades sobre o contágio, e prepara as malas a fim de irem para a quarentena. A ordem era de recolherem somente o médico, e quando seu esposo irá ser conduzido ao manicômio para ser isolado da população que ainda enxergava, ela vai com ele até a ambulância, onde pede para ser levada também, ao receber um não pelo condutor do veículo ela calmamente, respondeu, “Tem de me levar também a mim, ceguei agora mesmo”. (SARAMAGO, 1995, p. 44). Vemos nesta pequena fala uma imensa atitude da mulher como esposa em não querer abandonar seu marido naquela situação que provavelmente, ela julgara ser desagradável.

Na sociedade atual, poucas mulheres dispõem de cargos de liderança, uma vez que as gerações passadas pregavam a submissão da mulher em todas as áreas dentro da sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Saramago deixa claro no Ensaio Sobre a Cegueira que as mulheres possuem, como os homens, características suficientemente grandes para assumirem a liderança. Vemos isto nas atitudes tomadas pela mulher do médico ao ver situações de desvantagem por parte dos integrantes da outra camarata; alguns cegos “mal-intencionados e de mau carácter […] não só intentaram, mas conseguiram, receber comida duas vezes. A mulher do médico apercebeu-se do condenável acto, mas achou prudente não denunciar o abuso”. (SARAMAGO, 1995, p. 93) Antes de fazer tal denúncia, ela pondera os efeitos negativos e positivos de revelar que possuía sua visão em plena atividade. “Não queria nem pensar nas consequências que resultariam da revelação de que não estava cega, o mínimo que lhe poderia acontecer seria ver-se transformada em serva de todos, o máximo talvez fosse converterem-na em escrava de alguns. ” (SARAMAGO, 1995, p. 93)

A primeira lição de que podemos retirar desse pequeno diálogo com o senso comum presente na narrativa, é que muitas vezes, nós nos encontramos com a vista suficientemente boa para enxergar as mazelas do mundo, mas é necessário fechar os olhos e fingir cegueira, seguir a maioria ao invés de ir na contramão de toda a situação sem tomar um devido preparo, não renunciando a oportunidade que a vida nos outorga de ajudar ao próximo, mas compreendendo que todas as nossas palavras precisam de um momento certo para serem verbalizadas.

Dentro deste pensamento, vem as questões de autoridade, ou liderança que a mulher estava disposta a tomar. Alguns momentos antes, foi-se discutido em sua camarata a necessidade de estabelecer um líder a fim de que este tomasse as principais decisões para o bem-estar do grupo, mas as dificuldades que se seguiam levam a mulher a refletir sobre a questão.

A ideia, em que ao princípio se falara, de designar um responsável por cada camarata, poderia, sabe-se lá, ajudar a resolver estes apertos e outros por desgraça ainda piores, sob condição, porém, de que a autoridade desse responsável, certamente frágil, certamente precária, certamente posta em causa a cada momento, fosse claramente exercida a bem de todos e como tal reconhecida pela maioria. Se não o conseguirmos, pensou, acabaremos por matar-nos aqui uns aos outros. Prometeu a si mesma que falaria destes delicados assuntos ao marido e continuou a repartir as rações. (SARAMAGO, 1995, p. 93)

Este último período nos deixa claro que tomar a frente daquela situação totalmente conturbada não seria fácil, porém quando a mulher faz a promessa de falar futuramente com o marido sobre o assunto, já evidencia que subjetivamente, ela estava disposta a tomar a frente da situação, e quando ela continua repartindo a alimentação, tendo em vista que havia outros homens e mulheres que poderiam fazer o ofício, inconscientemente, ela já estava tomando a liderança do grupo.

METODOLOGIA

A pesquisa faz uso de um levantamento bibliográfico, de forma qualitativa que preocupa-se “com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais” ( Gerhardt & Silveira, 2009, p. 32). O primeiro passo para composição deste trabalho foi a leitura de livros que relatam as histórias originais de Penélope, Sherazade, Emma, Capitu e a mulher do médico. A partir de cada leitura, foram encontrados autores, críticos literários e comentaristas que discorrem acerca destas personagens ou mesmo dos livros em que elas estão inseridas. A partir de toda esta leitura, os dados e as opiniões formadas foram coletados e organizados partindo da história mais antiga para a mais recente, criando uma linha do tempo e uma visão evolutiva do comportamento feminino. Dentro dos objetivos visamos desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias com relação as mulheres na sociedade.

CONCLUSÃO

Podemos dizer então que Penélope, Sherazade, Emma, Capitu e a mulher do médico formam um grupo de mulheres à frente de seu tempo, que se sobressaíram de dificultosas situações, as quais estavam submetidas por terem feito uso da estratégia e de características propriamente femininas, no momento onde não havia muito pelo que lutarem, mas o fato de possuírem qualidades incomuns para a época, e estarem sempre à frente de seu tempo realizaram tudo o que foi necessário para alcançarem os seus desejos.

Todos os trechos até aqui tratados estão sobre um mesmo pilar que as une de maneira comum, o fato de serem mulheres e estratégicas. Apesar da enorme diferença entre os tempos em que as histórias foram contadas, desde antes de Cristo até os dias presentes, temos uma sequência de personagens importantes para a formação da literatura. A dificuldade demonstrou ser o eixo principal para fazer estas mulheres agirem de forma semelhante estrategicamente. Sua conexão se dá por meio da intertextualidade que permite uma unificação onde “todo o texto se constrói como mosaico de citações, […] absorção e transformação de um outro texto” (KRISTEVA, 1974, p. 64). Este mosaico é construído a partir do tear de um texto sobre outro, criando então uma só análise sob diferentes personagens.

Nesta perspectiva, permitimos que o presente artigo defina algumas das mulheres como importantes para a história da literatura e da posição feminina na sociedade. No entanto, “é preciso acrescentar que o discurso nunca está completo, uma vez que sempre há ‘brechas’ que terão que ser preenchidas pelo outro” (FREITAS, 2011, p. 4). Em suma, podemos dizer que o artigo não finaliza a ideia das mulheres estratégicas, mas abre um caminho que possibilita o estudo de outras personagens em outros tempos e espaços.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FREITAS, A. C. R. D. O desenvolvimento do conceito de intertextualidade. Icarahy,

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PESSOA, F. ARQUIVO PESSOA, 16 maio 2017. Disponivel em: <http://arquivopessoa.net/textos/3007>.

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ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. (Org.). Literatura e pedagogia: Ponto e Contraponto. Série Confrontos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.

3. No livro Ensaio sobre a cegueira, o autor omite o nome de seus personagens, chamando cada um por uma característica própria.

4. Devido à grande quantidade de edições foi destacado o capítulo e o verso para melhor encontrar a referência em quaisquer edições dA Odisseia.

5. Vestígio, traço.

[1] Licenciatura em Língua Portuguesa.

[2] Phd em Filosofia da Administração; Mestre em Administração; Formada em Letras e Pedagogia.

Enviado: Maio, 2018.

Aprovado: Julho, 2019.

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Silva Aparecida Fortunato Santos

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