REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

Esparta: Corpo, Cultura e Poder

RC: 12921
2.183
4.6/5 - (5 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

PICHLER, Diogo [1], SANTOS, Cleyton Rodrigues Dos [2]

PICHLER, Diogo; SANTOS, Cleyton Rodrigues dos. Esparta: Corpo, Cultura e Poder. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 05. pp 17-29, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

Os gregos são grandes influenciadores da humanidade, suas invenções, filosofias e costumes ultrapassaram séculos e chegam aos dias atuais até mesmo como forma de vida. Por anos os gregos cultuaram o corpo o tratando como um templo de força e um presente dos deuses, que o treinavam em templos e faziam questões de deixa-lo nu para mostrar toda a virilidade e força, em Esparta o culto ao corpo era ainda mais forte, pois era treinado desde a infância para servir ao estado em guerras, onde morrer por ele era glorioso. O presente trabalho tem a intenção de mostrar essa cultura corpórea e militar, que é ainda muito destacada nos dias atuais.

Palavras-Chave: Esparta, Corpo, Cultura, Poder.

1. INTRODUÇÃO

Quando se propõe a realizar uma reflexão sobre a história, nos vem a lembrar de um passado onde a maneira de viver e agir possuíam valores e culturas bastante diferenciados dos quais se experimenta atualmente. Pensar sobre o modo de vida em Esparta, entre os séculos IX e VII a.C. não seria diferente.

Como bem se sabe, Esparta surgiu na planície da Lacônia, no sul da Grécia, região localizada na Península do Peloponeso. Ao que parece, seus fundadores foram os dórios, que ali se estabeleceram depois de destruir Micenas, dando origem à cidade por volta do século IX a.C. (ARRUDA, 2002).

Até o século VII a.C., Esparta não diferia muito das demais cidades gregas, sendo governada por dois reis, ou seja, uma diarquia, que exerciam o poder em tempo de guerra, assistidos pelo Conselho dos Anciãos, isto é, o Gerúsia. O órgão mais importante era representado pela Ápela, que era uma assembleia tal qual reunia todos os cidadãos dórios, a quem cabiam as decisões finais sobre todos os assuntos políticos e administrativos. Essa organização era atribuída a Licurgo, legislador lendário de Esparta.

Mas os espartanos se destacaram, também, como nenhum outro até a ascensão de Roma em uma outra área bastante peculiar, a bélica. Muito bem treinados e disciplinados, os espartanos desenvolveram habilidades de luta e guerra bastante estratégicas, que acabaram por deixar gravado na história grandes feitos, dentre esses destaca-se a provável batalha de Tróia, narrada por Ulisses em seu texto “A Odisseia”.

Nesse norte de conhecer a vida dos gloriosos espartanos que esse trabalho é construído, afinal, como um povo com tendências tão fortes a guerra ao ponto de colocar as crianças sobre forte treinamento/tortura, pode se tornar um povo tão engessado em sua cultura e respeitado na Grécia? E foi exatamente dentro dessa questão que surgiu a necessidade do aprofundamento no estudo do modo de vida, cultura e nas artes marciais, essas que por sua vez eram imbatíveis por outros exércitos, no entanto a coleta desse material foi um tanto que difícil, pois há muitos autores e muitas histórias, das quais algumas serão destacadas ao longo do texto.

2. METODOLOGIA

Diante do tema apresentado para a pesquisa, a mesma caracteriza-se como qualitativa, que segundo Richardson (2012, p. 90):

Pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

2.1 Métodos de Abordagem e Procedimentos

O método de abordagem é indutivo classificada como “um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas” (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 53), com base nos objetivos, como pesquisa exploratória. Para Gil (2008, p. 27): “Pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

2.2 Classificação da Pesquisa com Base nos Objetivos e Procedimentos Técnicos

Com base nos procedimentos técnicos, classifica-se como pesquisa bibliográfica:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (GIL, 2008, pg. 50).

Esse tipo de pesquisa nos remete a incansável busca por material e em consequência nos leva a adquirir cada vez mais conhecimento que “tem como finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber” (FACHIN, 2006, p. 120).

2.3 Quanto aos Procedimentos de Análise

Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, corresponde aos objetos de pesquisa os seguintes instrumentos: livros, documentos digitalizados, artigos online, documentários, filmes, além de artigos científicos.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 A geografia, a política e a sociedade espartana.

A antiga Grécia Continental fazia limites com a Ilíria a norte, a leste com o Egeu, a oeste com o mar Jônico, e a sul com o Mediterrâneo. Tinha mais de 100.000 km². O país alcança aproximadamente em latitude de 35° 00′ N a 42° 00′ N e em longitude de 19° 00′ E a 28° 30′ E, já a Grécia atual, é o país mais meridional dos Balcãs e confina a norte com a República da Macedônia, com a Bulgária, e com a Albânia, a leste com a Turquia, quer em fronteira terrestre, quer com fronteira marítima no mar Egeu, a sul com o mar Mediterrâneo e a oeste com o mar Jônico, através do qual tem ligação a Itália (CERQUEIRA, 2017).

Especificamente no interior da Grécia existiu uma cidade aristocrática conhecida como Esparta que se iniciou, segundo pesquisadores por volta do século IX a.C., pelo povo dório que penetrou a península em busca de terras férteis, povo esse considerados exímios guerreiros e de uma tendência militar muito forte quando se tratava da educação:

A cidade de Esparta (ou lacedemônia) era formada por cinco aldeias localizadas no vale do rio Eurotas, na região do Peloponeso. Surgiu por volta do século XI a.C., quando os dórios invadiram a região e dominaram a população aquéia, transformando-a em hilotas – escravos do Estado. Os dórios dividiram a terra dos vencidos entre si, cabendo um lote de terra a cada família dórica. (PEDRO; COULON, 1989, p. 01)

Logo após a invasão dória formou-se então quatro pequenas aldeias na região da Lacônia e com a sua união formou-se então Esparta, essa que assumiria um posto nobre em relação a cultos militares e princípios de honra que ganham destaque até os dias atuais. Os espartanos não ficaram presos a essas aldeias e logo:

O aumento da população determinou a expansão de Esparta sobre os territórios vizinhos. No fim do século VIII a.C., os espartanos já haviam conquistado a Lacônia e a Messênia, ao sul do Peloponeso e reduzido também seus habitantes a condição de hilotas. (PEDRO; COULON, 1989, p. 01).

A sociedade espartana era dividida em três camadas sociais, a primeira camada era formada pelos “esparciatas” ou “espartanos”, eram filhos de mães e pais espartanos que haviam recebido na integra a educação espartana, esta camada por sua vez era formada por políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terra, que por sua vez eram os únicos que tinham direitos políticos,

A classe dominante era a dos cidadãos, denominados esparciatas, de origem dórica, proprietários de lotes de terra – o Kleros – cultivados pelos hilotas e transmitidos hereditariamente. Os esparciatas dedicavam-se exclusivamente às tarefas públicas e militares. (PEDRO; COULON, 1989, p. 01).

A segunda camada formada por “periecos”, que eram pequenos artesões e comerciantes, moravam na periferia da cidade, não possuíam direito político e não tinham acesso à educação espartana, no entanto precisavam combater com o exército quando convocados e obrigados a pagar impostos, e pôr fim a terceira camada, composta pelos hilotas, que por sua vez tinham uma vida miserável, pois eram obrigados a trabalhar praticamente de graça nas terras dos espartanos, por conseguinte não tinham direitos políticos e eram vítimas de humilhações , chegaram até mesmo a organizar várias revoltas, mas eram logo combatidos pelo forte exército espartano.

Os hilotas eram descendentes da população nativa dominada: cultivavam o Kleros e realizavam todo tipo de trabalho, sustentando os esparciatas e suas famílias. Diferentemente dos escravos de Atenas, os hilotas não eram estrangeiros comprados no mercado. (PEDRO; COULON, 1989, p. 01).

Devido a necessidade de manter as populações nativas submetidas transformou Esparta em uma sociedade fortemente militarizada, exigindo dos cidadãos espartanos uma disciplina férrea, iniciada desde a infância.

A política espartana era constituída pelos reis, assembleia, Gerúsia e pelos Éforos.

A organização política de Esparta era oligárquica, regida por leis não escritas atribuídas ao lendário legislador Licurgo. Havia dois reis, hereditários, com funções religiosas e militares. O poder de fato era exercido pela Gerúsia ou Conselho de Anciãos, órgão composto por 28 cidadãos com mais de 60 anos, inclusive os reis. A esse órgão competia fazer as leis. Os Éforos ou vigilantes, em número de cinco, eram cidadãos eleitos anualmente, com o poder de fiscalizar tudo e todos e de convocar a Assembleia dos cidadãos ou Apela. A Apela, formada pelos esparciatas maiores de 30 anos, elegia os gerontes e os éforos e votava, sem discutir, as propostas dos éforos ou da Gerúsia. (PEDRO; COULON, 1989, p. 01-02).

Os reis que o autor cita no trecho acima, possuíam poderes absolutamente iguais, nas atribuições religiosas, politicas, administrativas e judiciárias, nos tempos de guerra um rei se deslocava junto ao exército para a batalha enquanto outro permanecia em Esparta para sua regência, já nas assembleias e na Gerúsia, eram realizadas uma vez no mês para votarem e tomarem decisões em relação a pólis e as guerras, pode-se perceber também, que apenas adultos com mais de trinta anos poderia fazer parte do conselho e também as mulheres não possuíam direito nenhum a participar de reuniões que envolvessem opiniões políticas, porque ambas deviam educar os filhos para serem fortes soldados e defender a nação espartana. O patriotismo espartano era tão demasiado que para eles, os atenienses não passavam de filósofos democráticos e pederastas que fugiam de grandes batalhas e só pensavam em diplomacia, por fim:

Esparta apresentava um sistema político inteiramente diferente do que Atenas desenvolvia: era uma cidade-estado fechada em si mesma, sob o controle oligárquico de talvez 8 ou 9 mil esparciatas proprietários de terra, com qualidades militares excepcionais. Isso era possível devido ao extenso trabalho dos hilotas, que retirava dos cidadãos qualquer encargo direto com a produção, pemitindo-lhes o tempo necessário para o treinamento para a guerra. (PEDRO; COULON, 1989, pg. 02).

3.2 O corpo e a educação espartana.

A história do corpo humano é a história da civilização. Cada sociedade, cada cultura age sobre o corpo determinando-o, constrói as particularidades do seu corpo, enfatizando determinados atributos em detrimento de outros, cria os seus próprios padrões.

Os gregos possuem uma particularidade quando o assunto é corpo, é notório sempre que buscamos por imagens ou até mesmo quando olhamos em livros figuras que ilustram um corpo grego, vê-lo completamente ou parcialmente despido, mostrando os músculos e outras partes que representam para os gregos sinal de vigor e vida. “O corpo nu é objeto de admiração, a expressão e a exibição de um corpo nu representava a sua saúde e os Gregos apreciavam a beleza de um corpo saudável e bem proporcionado” (BARBOSA; MATOS; COSTA, 2009, p. 25).

Essa forma de cultuar o corpo para os gregos também trouxe para a cultura ocidental, que até hoje conserva traços culturais da antiga Grécia, os “marombas” por exemplo, que buscam a cada dia o aumento visível dos seus músculos e passam horas na academia, com os gregos não era diferente, pois ambos buscavam também através de treinamento intensivo a melhora do seu corpo para fins bélicos.

O corpo era valorizado pela sua saúde, capacidade atlética e fertilidade. Para os gregos, cada idade tinha a sua própria beleza e o estético, o físico e o intelecto faziam parte de uma busca para a perfeição, sendo que o corpo belo era tão importante quanto uma mente brilhante. (BARBOSA; MATOS; COSTA, 2009, p. 25).

A moral quanto ao corpo e ao sexo não era rigidamente organizada e autoritária, apenas estabelecia algumas normas de conduta para evitar os excessos, que significavam a falta de controle do indivíduo sobre si mesmo, prescrevendo o “bom uso” dos prazeres (bebida, comida, sexo). Estes, porém, eram considerados apenas para os cidadãos, isto é, para os homens livres, estando excluídos tanto os escravos como as mulheres, por sua vez mulheres e escravos tinham que cumprir funções como obediência e fidelidade aos seus pais e maridos e a reprodução. Os prazeres eram do domínio masculino, não do feminino. A civilização grega não incluía as mulheres na sua concepção de corpo perfeito, que era pensado e produzido no masculino. As normas para os homens eram mais soltas, permitindo a bigamia e a homossexualidade como práticas naturais.

Em Esparta, no entanto as leis e princípios de conduta corpórea eram um tanto distintas do restante da Grécia, por exemplo, o culto ao corpo era totalmente voltado para a militarização, não somente dos homens, mas as mulheres também deviam possuir um corpo bom e saudável onde iriam gerar futuros bons guerreiros para o estado, a cidade era um centro de formação de soldados.

Mas não se tratava apenas de narcisismo, de paixão desmedida por si mesmo. Os corpos não existiam apenas para mostrar-se, eles eram também instrumentos de combate. Tudo na natureza era luta, era obstáculo a ser transposto, era espaço ou terra a conquistar. A vida, diziam os deuses, não era uma graça, mas sim um dom a ser mantido. (BARBOSA; MATOS; COSTA, 2009, p. 25).

Diferentemente de Atenas, Esparta voltava-se totalmente ao militarismo, desde a cultura corporal até os princípios políticos e sociais:

Em Esparta, o perfil de homem predominante na educação dos jovens era o da virilidade, força e coragem, atributos essenciais aos soldados destinados às guerras. Em Atenas o perfil se definia pela formação do jovem, hábil nos jogos individuais e coletivos, versado nas artes na literatura, na oratória e na filosofia, atributos do homem culto. (COSTA, 2011, p. 251).

A cidade de Esparta cultuou a beleza do corpo forte ou suave, os contornos e definições do corpo, feminino e masculino, deveriam levá-lo mais próximo possível da perfeição.

Ao que parece na educação dos jovens espartanos, quando mais sofresse, quanto mais o corpo era torturado, mais forte ele ficava, os jovens tinham um tratamento para se alcançar o nível militar muito forte, eles tinham um nome que davam a esse treinamento, era conhecido como Agogê, onde a criança era retirada dos braços da mãe e levados para treinamento. Como podemos analisar, a educação para o mundo da guerra era fortemente incutida para os jovens.

O homem de Esparta, desde a mais tenra meninice, costumava ser talhado para se tornar um guerreiro por excelência. Este ideal, como parte da educação estatal, era patrioticamente seguido por todos os cidadãos. Com apenas sete anos de idade, o infante iniciava seu rígido treinamento nas forças armadas. Num país onde se privilegiava a cultura militar, não é de se estranhar que a perfeição física era almejada a todo custo pelo cidadão comum. (PALMA, 2005, pg. 01).

Os jovens passavam anos em treinamento e nesses treinamentos não podiam demonstrar sentimentos, porque segundo as leis de Esparta, eram o caminho para a fraqueza e sendo fracos, acabavam sendo vulneráveis aos inimigos. Era constantemente testado, deixado na selva para aprimorar suas habilidades, dessa forma se voltasse a Esparta seria considerado um soldado espartano.

Os espartanos — em ginásios cercados por fossos — só treinavam o corpo, já que o seu conceito de civismo excluía a eloquência. Eles não tinham outro objetivo senão o de maximizar a capacidade dos rapazes, infligindo lhes sofrimento: “os jovens de Esparta lutavam ferozmente, uns com os outros, lançando-se com violência na água”. É verdade que as meninas também eram encorajadas ao exercício da mesma maneira, embora por uma questão meramente utilitária: fortalecer o corpo para o parto. (SENNETT, 2003, p. 42).

O autor nos confirma em sua citação como era a educação espartana, em seu livro Carne e Pedra (2003), ele retrata as preocupações e cultos ao corpo, não somente de Esparta, mas o comparativo com sua arque rival Atenas.

Esparta nos remete a entender que foi uma sociedade totalmente militarizada e com fortes tendências a guerra, não é mito dizer que eles ganhavam todas as batalhas que travavam – moralmente ou fisicamente – e por isso foram transcritos passagens dessas batalhas em contos românticos, como por exemplo Portões de fogo, escrito por Steven Pressfield, lançado no ano de 2001, um dos que trazem como exaltação o poderio do exército espartano, dentre as principais destacando a guerra do Peloponeso que aconteceu contra os rivais atenienses e a então famosa guerra de Termópilas.

Podemos perceber que se trata de valores culturais que são passados de geração a geração por meio de leis e condutas daquela sociedade em questão, não é certo que julguemos a cultura e educação espartana ou qualquer outra, ambas com seus pontos positivos e negativos, contribuíram para a ascensão ou não daquele povo, que no caso de Esparta perdurou por muitos anos como o império bélico mais poderoso e temível do mundo.

3.3 As batalhas e o fim de Esparta.

Assim as coisas começam e por consequência elas devem tem um fim e com a gloriosa Esparta não foi diferente, após longos anos no ápice do poderio bélico, a grande potência militar teve seu declínio, mas como herança deixou épicas batalhas em suas escrituras de pedra, das quais podemos destacar duas delas, a batalha do Peloponeso contra Atenas e a batalha de Termópilas contra a invasão Persa, essas conhecidas como guerras médicas e que merecem um destaque especial pelo impacto que tiveram no mundo grego e como ela sucedeu. Os gregos não possuíam uma aliança entre suas cidades, eram um povo muito dividido por inúmeros fatores como educação e política, principalmente entre Atenas e Esparta que realizaram uma das maiores guerras da Grécia antiga, (se não a maior), que disputavam pelo poder da liga do Peloponeso, nessa guerra os Espartanos saíram vitoriosos e Atenas enfraquecida, no entanto Esparta teve um grande número de percas o que acabou por deixa-la fraca.

A guerra de Esparta contra os persas ganha um destaque por ser uma guerra conhecida por aliar a Grécia, devido a morte do rei em campo de batalha, toda a Grécia se deslocou para impedir a invasão Persa e pôr um fim no exército do rei persa Xerxes. Essa guerra foi o marco da luta dos poucos soldados espartanos contra o vasto exército persa. “Em 480 a.C., as forças do Império Persa sob o Rei Xerxes, compostas de aproximadamente um ou dois milhões de homens, transpuseram o Helesponto para invadir e escravizar a Grécia” (PRESSFIELD, 2001, p. 09), o grande objetivo dos persas eram conquistar o mundo todo e a Grécia era o povo mais temido daquela época, então domina-los seria um passo grande para os persas, que a princípio ao invadirem não tiveram tanto sucesso.

Em uma ação retardada e desesperada, uma força seleta de trezentos espartanos foi despachada para o desfiladeiro das Termópilas no norte da Grécia, onde as fronteiras rochosas eram tão estreitas que o grande número de persas e sua cavalaria seriam, pelo menos em parte, neutralizados. Ali, esperava-se que uma força de elite disposta a sacrificar a própria vida pudesse deter, pelo menos por alguns dias, os milhões de invasores. (PRESSFIELD, 2001, pg. 09).

Os espartanos e seus aliados conseguiram conter por muitos dias os ataques massivos persas.

Trezentos espartanos e seus aliados conseguiram conter, durante sete dias, dois milhões de homens, antes de, suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutarem “com mãos vazias e dentes” (como registrado pelo historiador Heródoto) até, finalmente, serem dominados. (PRESSFIELD, 2001, pg. 09).

Se torna algo impossível poucos homens conterem um exército cujo único fim era a dominação dos povos, mas como parte da educação espartana, nenhum deles se rendeu ou desistiu.

Os espartanos e seus aliados, os théspios, morreram até o seu último homem, mas o tempo que conseguiram ao preço de suas vidas permitiu que os gregos se reorganizassem e, naquele outono e primavera, derrotassem os persas em Salamina e Platéias, e preservassem a fonte da democracia e liberdade ocidental, impedindo que morressem em seu berço. (PRESSFIELD, 2001, p. 09).

Para eles, morrer em capo de batalha por seu pais era algo bonito e motivo de glorias e honra, que ultrapassaria séculos e eles encaravam a morte da seguinte forma:

O soldado espartano não esperava ser recebido numa espécie de “paraíso celestial” após a sua morte, como aguardavam ansiosamente os romanos em sua jornada final rumo aos “Campos Elísios”. Todavia, conduziam sua existência de forma obstinada, com o intuito de construir uma reputação sólida que lhe permitisse imortalizar seus feitos pelas gerações vindouras. Não temiam a morte e lutavam até o extenuar de suas forças. Depreciavam o inimigo e geralmente não mostravam clemência no campo de batalha, pois a covardia lhes parecia um comportamento extremamente odioso. (PALMA, 2005, p. 02).

Por fim os espartanos foram derrotados em Termópilas e antes de morrer o único pedido do rei Leônidas foi “Digam aos espartanos, estranhos que passam, que aqui, obedientes às suas leis, jazemos. ” (PRESSFIELD, 2001, pg. 09). No entanto logo um ano depois a Grécia se uniu e em mais de trinta mil gregos, comandados por dez mil espartanos derrotaram o exército Persa na conhecida plateia.

Trata-se de uma cultura altamente disciplinada e voltada para a concepção militar, com valores e princípios altamente respeitados onde nenhum cidadão está acima da lei, no entanto o fim de Esparta está ligado ao fator corrupção que após aderirem a democracia como Atenas, acabaram que se tornando apenas em ruínas após a batalha final contra Tebas, já que o exército espartano estava quase que dizimado devido as batalhas consecutivas, acabou sendo derrotas e Esparta se tornou apenas ruínas, mas a quem busca essas ruínas por curiosidade, que lembrem do dizer de Leônidas ao morrer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desse aprofundamento bibliográfica, sobre a sociedade espartana da Grécia antiga, podemos concluir nossa pesquisa, essa ainda podendo se estender a uma obra muito maior devido ao que vários autores trazem, com diferentes concepções e ideias, podemos perceber que uma cidade aristocrática como Esparta, com fortes tendências militares e princípios éticos de valores e a moral tão bem conservada, podem influenciar gerações e ultrapassar século, a quem destaque os princípios de vida dos espartanos, que tinham como base a conservação familiar e a guerra, o quanto o corpo para esse povo foi importante, a forma de como molda-lo e transforma-lo em uma máquina de guerra.

Por fim essa pesquisa tem o intuito de mostrar de uma forma resumida e com embasamento como os espartanos viveram, se educaram e caíram, mas caíram com uma grande glória que será lembrada para todo o sempre e será destaque nos livros de história.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, José Jobson de A. História Geral. 33. ed. São Paulo: Ática, 2002.

BARBOSA, M. R.; MATOS, P. M.; COSTA, M. E. Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje. Psicologia & Sociedade, 23(1), 24-34, Porto, Portugal, (2011).

BRAGA, Ana L. O Cinema enquanto fonte de compreensão da realidade. Disponível em: www.oolhodahistoria.ufba.br. Acessado em: 20/06/2017.

CERQUEIRA, Wagner. Esparta. Disponível em: www.mundoeducacao.blog.uol.com.br. Acessado em: 20/06/2017.

COSTA, Vani Maria de Melo. Corpo e História, Revista Ecos, Edição nº 010 – Julho 2011.

FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia, 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. Ed – São Paulo: Atlas, 2008.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia cientifica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito, O direito espartano. UNIEURO, Brasília – DF, 2005.

PEDRO, Fábio Costa; COULON, Olga M. A. Fonseca. História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo. São Paulo: Saraiva, 1989.

PRESSFIELD, Steven. Portões de fogo: um romance épico da batalha das Termópilas – Rio de Janeiro Objetiva, 2001

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

SENNETT, Richard. Carne e pedra. Tradução de Marcos Aarão Reis. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003

[1] Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT.

[2] Orientador. Doutor em História Econômica pela USP. Professor da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde – MT.

4.6/5 - (5 votes)
Diogo Pichler

Uma resposta

  1. Muito bacana esse artigo, sobre a Grécia antiga especificamente na área militar, onde abordou a cultura do corpo e rigidez de ter um corpo ideal, obviamente era uma questão politica e cultura da época.
    meus parabéns!!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita