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Utilização de resíduos sólidos oriundos da construção civil em pavimentações de baixo tráfego: uma revisão bibliográfica

RC: 101478
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Naiane Marinho [1], LIMA, Lívia Ramos [2]

SILVA, Naiane Marinho. LIMA, Lívia Ramos. Utilização de resíduos sólidos oriundos da construção civil em pavimentações de baixo tráfego: uma revisão bibliográfica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 11, Vol. 08, pp. 148-167. Novembro 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/residuos-solidos-oriundos

RESUMO

A quantidade de resíduos sólidos advindos da construção e das demolições na zona urbana vem gerando preocupações devido a sua eliminação incorreta, principalmente no que tange as questões ambientais, econômicas e sociais. Este tipo de resíduo pode ser empregado nas pavimentações de baixo tráfego, gerando benefícios em larga escala, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. Diante deste contexto, esta pesquisa tem como principal questionamento: A inserção deste tipo de material na pavimentação gera benefícios aos usuários e a redução de custos na construção? Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e descritivo, que tem como objetivo central demonstrar a base teórica referente à pavimentação quanto à utilização de resíduos sólidos da construção civil em vias de baixo tráfego. Depreendem-se, por meio deste estudo, que a utilização de resíduos como agregados no processo construtivo dessas vias tem grande relevância, pois se caracteriza como uma alternativa eficiente, tendo em vista todos os benefícios ambientais e econômicos apresentados até o presente momento.

Palavras-chave: Pavimentação, Resíduos, Construção Civil, Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

A construção civil vem crescendo drasticamente em todo o planeta, sendo um destaque na economia, bem como o responsável por uma parte da parcela do PIB brasileiro. Todavia, mesmo havendo este acentuado crescimento, podemos verificar a existência de um grande ajuntamento de resíduos advindos da construção civil, na qual geram vários transtornos, principalmente no meio ambiente, devido a sua destinação inadequada.

Para Oliveira e Mendes (2018), estas quantidades de resíduos, que são eliminados irregularmente, afetam diretamente o meio ambiente, provocando assim a degradação de áreas de mananciais e de preservação, assoreamento de rios e córregos, entupimento de bueiros, a proliferação de doenças e vetores, entre outros efeitos indesejáveis.

Segundo Oliveira e Mendes (2018), existem alguns estudos na área acadêmica que já garantem que a utilização de resíduos é uma alternativa viável na aplicação de camadas de pavimentos.

Na pavimentação, o entulho pode ser utilizado na sua forma mais simples nas camadas de base, sub-base ou nos revestimentos primários, como agregados miúdos e graúdos ou em misturas com o solo. Esse método já está vem sendo adotado no Brasil e já é cientificamente comprovada a eficiência estrutural (OLIVEIRA; MENDES, 2018). Complementando esta citação, Souza (2013) afirma que essa eficiência se dá pelo fato de que esses resíduos utilizados como agregados apresentam resistência e baixa expansão, os qualificando após a reciclagem de materiais nobres e de alto potencial nas diferentes aplicações e métodos.

Diante deste contexto, esta pesquisa tem como principal questionamento: A inserção deste tipo de material na pavimentação gera benefícios aos usuários e a redução de custos na construção?

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a base teórica referente à pavimentação quanto à utilização de resíduos sólidos da construção civil em vias de baixo tráfego. Como objetivos específicos, pretendem-se: apresentar as características e as benfeitorias advindas com o uso desses resíduos, bem como proporcionar a ampliação do número de informações acerca do tema, incentivando assim a sua aplicabilidade em larga escala.

A principal finalidade na sua confecção é a disseminação de informações concretas a respeito da importância deste assunto no âmbito acadêmico, já que ainda se verifica a presença de poucas publicações na área. Além disso, será possível proporcionar a sua valorização pelos profissionais, ampliando assim a sua adoção em todo o território nacional e, como consequência, será possível não só reduzir os custos quanto à produção da pavimentação, mas também diminuir ou mesmo eliminar a quantidade de dejetos lançados erroneamente no meio ambiente.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório e descritivo. A pesquisa exploratória busca proporcionar uma maior familiaridade com o assunto a fim de torná-lo mais explícito e capaz de estimular a formulação de hipóteses, aprimorando ainda mais as ideias. Já a análise descritiva, é utilizada para descrever e resumir os dados encontrados (GIL, 2002).

Para atender o tema proposto, optou-se por um estudo bibliográfico em que foram selecionados artigos que tratam sobre a utilização de resíduos sólidos, que são advindos da construção civil, em pavimentações de baixo tráfego. O material bibliográfico foi acessado por meio de pesquisa não sistemática na base de dados da Scielo e do google acadêmico. Também foram consultados livros que tratassem do tema central, e documentos de referência sobre o tema, incluindo legislações específicas e orientações estabelecidas por sociedades da área.

A pesquisa seguiu um roteiro, onde contou com cinco distintas fases: Primeiramente foi realizada uma revisão da literatura, objetivando a obtenção de materiais contendo não só informação sobre o tema, mas indicações de outras fontes de pesquisa; leitura do material, que foi conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o desenvolvimento do tema; elaboração do fichamento; ordenação e análise destas fichas, de acordo com o conteúdo apresentado e, por fim, foram apresentadas as conclusões obtidas através da análise dos dados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 PAVIMENTAÇÃO

Segundo Senço (2001), pavimentação é a estrutura construída sobre a terraplanagem, visando proporcionar não só a distribuição dos esforços verticais advindos do tráfico, mas também a melhoria das condições de rolamento, quando se trata de conforto, segurança e resistência ao desgaste. É importante salientar que a sua estrutura pode variar de acordo com a espessura, materiais adotados e com a função que virá exercer, portanto, a sua construção deve ser feita por pessoas capacitadas e com materiais adequados.

Para Assis e Cristo (2018), esta estrutura possui a função de resistir ao mesmo tempo em que distribui ao subleito os esforços verticais, melhorando assim as condições de rolamento e trafegabilidade. Ela também é capaz de sobreviver aos esforços horizontais.

Complementando esta citação, Balbo (2007) acredita que o pavimento deve: apresentar uma superfície mais plana, proporcionando assim mais conforto ao usuário na passagem com o veículo; uma superfície mais aderente, principalmente em caso de pista úmida ou mesmo molhada; e uma superfície com menor ruído e com desgaste ambiental.

3.1.1 ESTRUTURAS DO PAVIMENTO

O Pavimento é basicamente uma estrutura que tem em sua composição camadas distintas compactadas de acordo as características dos materiais utilizados e a área de operação. O seu emprego destina-se promover a resistência quanto aos esforços decorrentes da trafegabilidade da via (TABOSA et al., 2019).

Na figura 02 é possível compreender a composição estrutural de um pavimento, suas respectivas camadas de base, sub-base, revestimento, dentre outros componentes.

Figura 02: Camadas distintas de um Pavimento

Fonte: (VIANA, 2019).

Para Ros (2014), a base é a camada sobre a qual será construído o revestimento, portanto, ela precisa ser altamente adequada, pois precisará resistir aos esforços verticais, na qual são advindos dos veículos, bem como deverá distribuí-los às camadas inferiores. A sub-base é um grupo complementar a base, enquanto o reforço do subleito é uma categoria de espessura constante, que visa evitar a presença de estruturas elevadas da camada de sub-base devido à baixa capacidade de suporte do subleito.

3.1.2 TIPOS DE PAVIMENTAÇÃO

Existem três tipos de pavimento, ou seja, o flexível, o rígido e o semirrígido. A diferença é que no primeiro tipo de pavimentação, as camadas não trabalham a tração e são constituídas com materiais granulares e revestimento betuminoso. O segundo tipo, isto é, o rígido, é um tipo que possui o seu dimensionamento determinado de acordo às propriedades e a resistência das placas fabricadas com cimento Portland. Por fim, o semirrígido, se caracteriza como uma metodologia intermediária entre os dois primeiros tipos, o rígido e o flexível. Ele é baseado na mistura dos elementos do traço e da resistência à tração que ele fornece (MARQUES, 2006).

De uma forma mais abrangente, o pavimento flexível pode ter resistência variável e, por conta disso, a absorção de esforços é concentrada próximo de onde é aplicada a carga. As características desse tipo de pavimento contribuem para a presença de deformações elásticas significativas, pois a distribuição de carga entre as camadas é basicamente equivalente, sendo possível identificar sua constituição e distribuição nas figuras 03 e 04 (FIGUEIREDO NETO, 2019).

Figura 03: Camadas do Pavimento Flexível

Fonte: (FIGUEIREDO NETO, 2019)

Figura 04: Distribuição de Cargas Pavimento Flexível

Fonte: (SILVA, 2018).

O pavimento rígido é basicamente uma placa de concreto de cimento, cuja espessura é fixada conforme a resistência necessária. Esse tipo de pavimento tem suas placas apoiadas diretamente no subleito, o que proporciona uma distribuição de tensões uniforme. Essa opção é indicada em corredores de tráfego de ônibus, vias de pouso de aviões e vias de intensa trafegabilidade. A figura 05 e 06 respectivamente, demostram a constituição do pavimento rígido em camadas e sua distribuição de cargas (ARRUDA, 2018).

Figura 05: Camadas do Pavimento Rígido

Fonte: (ARRUDA, 2018).

Figura 06: Distribuição de Cargas Pavimento rígido

Fonte: (SILVA, 2018).

O pavimento semirrígido pode ser dividido em tradicional ou mesmo invertido. Para Arruda (2018), esta estrutura pode ter uma espessura de 20 a 50 cm, na qual é formado por uma camada superior, composta por uma mistura betuminosa, em que a camada de desgaste é assentada com materiais granulares tratados com ligantes hidráulicos. Para Ros (2014), este modelo vem sendo bem aceito em corredores de ônibus, onde as paradas são de concreto, e os intervalos são semirrígidos. Além destes, pode-se verificar que os custos são menos elevados em comparação com o pavimento rígido, tanto em manutenção quanto em implantação.

3.1.3 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO TIPO DE PAVIMENTO

Diversas variáveis influenciam na escolha da melhor tecnologia a ser empregada e do tipo de pavimento a ser construído. Alguns dos principais fatores que devem ser considerados na escolha da melhor solução são as condições de tráfego, clima, disponibilidade de materiais e os seus custos (FERNANDES, 2016).

Com base nesses fatores, as estruturas dos pavimentos são construídas com a finalidade de ser resistente e garantir condições estáveis para as fundações no período de vida útil predeterminado, de acordo ao projeto inicial referente às cargas distribuídas em certo número de anos (FERNANDES, 2016).

3.2 GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

 A geração de resíduos antecede o início das obras e consome os recursos naturais a partir da produção de insumos até o processo construtivo final e suas modificações. Algumas alternativas de aproveitamento desses resíduos podem reduzir as quantidades dispostas no ambiente e, consequentemente, seus impactos, tais como: reutilização dos recursos empregados, utilização consciente dos recursos naturais (SOUZA; LUKIANTCHUKI, 2019). Na figura 07 é possível identificar um montante significativo da produção de resíduos em obras e demolições.

Figura 07: Resíduos de Construções e demolições

Fonte: (INDUSTRIAL, 2017).

3.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AGREGADOS SÓLIDOS RECICLADOS PARA PAVIMENTAÇÃO

Conforme dados da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a identificação ou classificação dos resíduos oriundos da construção civil está totalmente condicionada às atividades primárias das quais foram derivados, com posterior avaliação dos constituintes e de possíveis substâncias ou fragmentos que possam futuramente ocasionar algum dano à saúde ou impacto ao meio ambiente (BARRETO, 2020).

A partir das informações dispostas na NBR 10004 (2004), os resíduos podem ser classificados em classes e granulometrias distintas, conforme a figura 08. Na primeira classe estão os resíduos tidos como perigosos, na segunda os não perigosos e suas subdivisões de inertes e não inertes, onde os inertes são aqueles que não possuem relevância para determinação de alguns aspectos, e os não inertes os que apresentam grande potencial de combustibilidade, biodegradabilidade e solubilização em água (BARRETO, 2020).

Figura 08: Tipos de Agregados e granulometria

Fonte:  (KOPPE, 2021).

3.2.2 NORMAS PARA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Há muito tempo as pessoas já reaproveitavam de certa forma uma parte dos entulhos e outros resíduos de obras e demolições da construção, mas a normalização pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para utilização desses resíduos em pavimentações só teve início em 2004, com a criação da NBR 15115, que autoriza o uso e determina alguns requisitos, tais como: valores mínimos de ISC e de expansão, dimensão máxima etc. (MOTA, 2015).

A resolução nº 307/2002 do CONAMA, que estabelecem diretrizes e critérios para execução dessa atividade, exige que pessoas físicas ou jurídicas, que geram quaisquer dos tipos de resíduos da construção, busquem pela não geração deles de forma desordenada, crie alternativas para seu reaproveitamento, tratamento ou reciclagem. Além dessa resolução a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), dispõe de mais quatro tipos de normas, (NBR 15114), (NBR 15113), (NBR 15116) e (NBR 15115) (SOUZA, 2017).

3.2.3 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE RESÍDUO

A caracterização dos resíduos para a reciclagem é uma das etapas indispensáveis para o estudo de alternativas de reaproveitamento, o que é feito considerando os fatores de geração e composição, forma granulométrica e composição gravimétrica, sendo estes alguns dos principais determinantes para que o resíduo tenha a destinação final adequada (LIMA; CABRAL, 2013).

Além desses fatores de classificação, existem resoluções que estabelecem que esses resíduos sejam de responsabilidade dos governos municipais e que não devem ser dispostos em áreas de aterros de resíduos sólidos domiciliares, em locais próximos a bacias hidrográficas ou em bota-fora (OLIVEIRA; MENDES, 2008).

A classificação desses resíduos é feita conforme as classes destacadas na figura 09, sendo eles: agregados minerais; recicláveis como plásticos, vidros, gesso e madeira; não recicláveis como lixa, massa corrida, massa de vidro, sacos de cimento; e resíduos perigosos ou contaminados como tintas, solventes e telhas de fibrocimento que contenham amianto.

Figura 09: Classificação de Resíduos

Fonte: (RESÍDUOS, 2021).

3.2.4 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

As reformas, demolições e reparos de uma obra são os principais formadores de resíduos, esses que se classificam como resíduos reciclados de origem do reuso de diversos outros tipos de materiais da construção (TAMURA, 2015).

A reciclagem deles já vem sendo desenvolvido em todo o mundo e está numa crescente significativa, pois diante da preocupação com as questões de escassez de recursos naturais, esses vêm tornando-se principal fonte de agregado. Com a utilização desse novo tipo de agregado também vem sendo produzido e aplicado novas técnicas no processo construtivo, bem como especificações para normatização (TAMURA, 2015).

Nesses agregados é possível identificar resquícios de vários elementos, tais como: cimento, areia, cal, gipsita e outros componentes, que formam a estrutura granulométrica do agregado miúdo e graúdo. Porém, um dos grandes desafios para sua utilização é o controle de graduação, separação de constituintes indesejáveis e o custo de britagem (TAMURA, 2015).

3.3 TRÁFEGO

A malha de tráfego rodoviário é muito extensa e possui diariamente uma diversidade de veículos que exercem ao longo do tempo cargas sobre o pavimento. Podemos verificar a presença de veículos de passeios e comerciais que transmitem essas cargas através de suas rodas pneumáticas e de seus respectivos pesos para a estrutura pavimentada (ANJOS, 2017).

3.3.1 PAVIMENTAÇÃO DE VIAS DE BAIXO TRÁFEGO

A maioria das vias de baixo tráfego demandam um menor investimento e manutenção e são atualmente empregados como vias de acessos rurais ou residenciais urbanas. Desta forma, é considerável a quantidade de vias utilizadas nesse segmento e que precisam de cuidados para que atendam as serventias básicas de uso (SOUZA, 2013).

As estradas, por sua vez, não possuem classificação universal, formando assim diferentes tipos, manuais e normas quanto a sua classificação, caracterização e técnicas. Nesse contexto, a construção dessas estradas é respaldada de acordo as necessidades locais. As de baixo volume são definidas conforme o tráfego médio diário anual da via, onde os valores médios são definidos independentemente por cada país. São consideradas vias de baixo volume, as estradas rurais, estradas que apresentam baixa movimentação de veículos, velocidades menores etc. (CABETTE, 2018).

As estradas contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico do país, constituem como um fator fundamental, além de apresentarem grande importância na promoção dos mais variados benefícios sociais. Retornando o contexto para as estradas de baixo volume, é possível destacar que as mesmas desempenham notoriamente um papel relevante no que diz respeito à extensão da malha rodoviária, principalmente na questão social e econômica em âmbito nacional e regional (CABETTE, 2018).

3.3.2 VIAS DE BAIXO TRÁFEGO PAVIMENTADAS COM RESÍDUOS

A preocupação com os grandes montantes de resíduos tem que ser de toda a população, tendo em vista que os malefícios vão além dos causados pela construção civil, como por exemplo, a disposição de resíduos de outras origens em terrenos baldios, córregos, rios e lagos (BAGATINI, 2011).

Esses resíduos que muito das vezes são descartados de maneira inadequada podem ganhar outra destinação sendo incorporados aos agregados que são utilizados na construção de camadas de base e sub-base de pavimentos. As características de resistência e rolamento da pavimentação com adição de resíduos é similar ao método de pavimentação convencional, adequando bem as diferentes condições geográficas e climáticas (BAGATINI, 2011).

Figura 10: Pavimentação via de baixo tráfego com resíduos de concreto

Fonte: (ITAMBÉ, 2017).

Figura 11: Pavimentação com Concreto Reciclado (Cimento Verde)

Fonte: (SANTOS, 2018).

Nas imagens dispostas na figura 10 e 11, podemos ver que estão sendo empregados dois tipos diferentes de resíduos como alternativa na pavimentação, ou seja, na primeira empregam-se resíduos provenientes de demolições e, na segunda, o concreto reciclado.

3.4 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil sempre existiu com o intuito de prover qualidade de vida atendendo as necessidades básicas do homem, transformando cotidianamente a infraestrutura do seu espaço. Com isso, várias técnicas e métodos vêm sendo desenvolvidos no decorrer dos anos para utilização consciente dos recursos naturais (CORRÊA, 2009).

Técnicas que promovam a sustentabilidade estão sendo empregadas nas edificações para combater o uso insustentável e diminuir os danos causados pelo crescimento da construção civil, tendo como enfoque a responsabilidade social (CORRÊA, 2009).

A problemática de escassez de recursos naturais e os benefícios de construir com sustentabilidade tem despertado um olhar preocupado das grandes indústrias da construção civil e empresários do ramo, o que relacionando a realidade de cada projeto vem ocasionando grandes transformações e aperfeiçoamentos no gerenciamento desses recursos, no oferecimento de empreendimentos que não agridem o meio ambiente e na apresentação da empresa frente a imagem e responsabilidade ética e social (CÔRTES et al., 2011).

3.4.1 CRITÉRIOS DE SUSTENTABILIDADE EM PAVIMENTAÇÕES DE BAIXO VOLUME/TRÁFEGO

Na maioria das áreas municipais existem muitas estradas vicinais rurais, ruas e vielas de baixo tráfego e que ainda não possuem pavimentação. A tecnologia mais adequada para esses tipos de vias é o pavimento empregado com misturas betuminosas a frio, pois ela possui características de grande flexibilidade que possibilita a execução de diferentes camadas e espessuras, bem como um melhor assentamento nas camadas inferiores e viabilidade econômica quando comparado com misturas betuminosas a quente (SOUZA, 2013).

A importância da reciclagem e da reutilização dos materiais na construção civil colabora diretamente para questões de sustentabilidade ambiental e para a destinação adequada dos resíduos. Dentro desta perspectiva, reciclar os resíduos e reutilizá-los como agregados para as mais variadas técnicas se qualifica como uma prática eficiente e cada vez mais frequente nos empreendimentos, gerando uma redução de custo total de até 30% (BARBOSA et al., 2018).

3.4.2 VANTAGENS APRESENTADAS

A pavimentação com a utilização de recursos materiais provenientes de obras e demolições e que são considerados resíduos oferece um melhor custo-benefício, diminui os transtornos com a escassez de recursos naturais e com a disposição incorreta em locais públicos e privados e, além disso, traz consigo os benefícios de infraestrutura e qualidade de vida para a população atendida com essa metodologia, bem como coopera diretamente para o equilíbrio do meio ambiente (SILVA; MATOS; REYNOSO, 2018).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do que foi exposto nesse trabalho é possível destacar a necessidade de aplicação de modelos de construção civil, onde gerem menor quantidade de resíduos ou mesmo metodologias de reciclagem e reuso, com o intuito de diminuir os problemas acarretados ao meio ambiente devido ao uso desenfreado dos recursos naturais e pela disposição inadequada de resíduos.

Logo, respondendo a questão norteadora: A inserção deste tipo de material na pavimentação gera benefícios aos usuários e a redução de custos na construção? Concluímos que a utilização de resíduos como agregados no processo construtivo tem grande relevância, pois se caracteriza como uma alternativa eficiente, tendo em vista todos os benefícios ambientais e econômicos, o que responde à pergunta central da pesquisa, ou seja, o emprego desta metodologia pode realmente trazer benefícios satisfatórios em larga escala.

Portanto, é satisfatório concluir que a produção desse trabalho possibilita o conhecimento de outras pessoas e o desenvolvimento de alternativas, da qual se aproveitada na elaboração de projetos de pavimentação podem gerar sustentabilidade, garantindo assim as mesmas propriedades e funcionalidades das estruturas convencionais.

REFERÊNCIAS

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[1] Acadêmica do curso de Engenharia Civil da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR.

[2] Orientadora.

Enviado: Outubro, 2021.

Aprovado: Novembro, 2021.

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Naiane Marinho Silva

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