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A relevância da contabilidade para empresas de micro e pequeno porte

RC: 130259
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/relevancia-da-contabilidade

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RODRIGUES, Lucas dos Santos [1], ROBERTO, José Carlos Alves [2], CAVALCANTE, Zuila Paulino [3]

RODRIGUES, Lucas dos Santos. ROBERTO, José Carlos Alves. CAVALCANTE, Zuila Paulino.  A relevância da contabilidade para empresas de micro e pequeno porte. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 10, Vol. 07, pp. 114-127. Outubro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:  https://www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/relevancia-da-contabilidade, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/relevancia-da-contabilidade

RESUMO

A contabilidade para organizações é definida como o conjunto de processos e práticas organizacionais, que possui especificidade para atender as obrigações contábeis de empresas. Esse tipo de serviço atua como suporte para que as organizações consigam alcançar maior controle de seus negócios, se mantendo em conformidade com as legislações da área. Assim, devido a relevância da contabilidade organizacional, é necessário relacionar esse contexto visando o crescimento e o maior controle em empresas de micro e pequeno porte. Portanto, o presente estudo definiu como questão norteadora: qual é a relevância da atuação da contabilidade na gestão de micro e pequenas empresas? Tendo como objetivo geral abordar sobre a relevância da Contabilidade no desempenho de micro e pequenas empresas. Dessa forma, para o desenvolvimento deste artigo, foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa quanto à sua natureza, explicativa quanto aos seus fins e bibliográfica quanto aos seus meios. De modo que, os principais resultados mostraram que a atuação da contabilidade é necessária para o crescimento e manutenção do micro e pequeno negócio, sendo importante que as empresas de micro e pequeno porte tornem a gestão e a contabilidade de suas propriedades mais eficazes e eficientes, assegurando o fornecimento de dados e resultados.

Palavras-chaves: Contabilidade, Micro e Pequenas Empresas, Relevância da contabilidade.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Costa et al. (2020), a contabilidade é considerada o departamento mais importante nas organizações e empresas que almejam o maior controle financeiro e o alcance de resultados seguros e contínuos. A atuação dessa área dentro de uma micro e pequena empresa pode oferecer suporte ao empreendedor no controle do seu negócio e dos ativos do seu empreendimento, além de executar os procedimentos contábeis básicos para o funcionamento legal de uma micro e pequena empresa, conforme as obrigações fiscais e tributárias.

Todavia, segundo Santini et al. (2015), a contabilidade ainda não é vista como prioridade e praticada corretamente por estes tipos de empreendimento, o que na maioria dos casos é um fator relevante para os riscos de mortalidade empresarial em micro e pequenas empresas. Logo, esse contexto apresenta a origem da problemática desta pesquisa, que levantou como questão norteadora desta pesquisa: qual é a relevância da atuação da contabilidade na gestão de micro e pequenas empresas? Tendo, portanto, como objetivo geral abordar sobre a relevância da Contabilidade no desempenho de micro e pequenas empresas.

Assim, para o alcance deste objetivo, definiu-se como objetivos específicos: conceituar e demonstrar a relevância da contabilidade para as organizações; definir e classificar as micro e pequenas empresas; e, por fim, descrever sobre o valor da contabilidade para as micro e pequenas empresas.

Logo, por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, a metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo teve como características a natureza qualitativa, os fins explicativos e os meios bibliográficos.

Diante disso, considera-se que a utilização da contabilidade neste tipo de empreendimento exerce suporte para o crescimento, bem como para a continuidade das suas atividades.

2. CONTABILIDADE

Segundo Iudícibus (2020), pode-se dizer que o enfoque da Contabilidade consiste em ser uma fonte de informação segura e confiável para o homem. Enquanto uma ciência social, a contabilidade pode ser vista como um conjunto de técnicas e procedimentos que, ao serem empregados corretamente, visam facilitar o processo decisório dos gestores a respeito de seus negócios. A prática da contabilidade tem como objetivo gerar dados que possam tornar mais assertivos os processos decisórios nas organizações.

De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2019), na condução de uma empresa, independentemente de seu porte, a contabilidade implica reconhecer a necessidade do exercício do controle. A prática correta da Contabilidade pode gerar os seguintes resultados: melhor controle dos recursos econômicos da organização; b) e a soma das informações demandadas pelos gestores com o intuito de aprimorar o processo decisório.

A forma como as informações são compiladas para chegarem até o gerente ou dono do negócio é outro ponto que influencia na qualidade da operacionalização da Contabilidade. Segundo Hatae (2021), os informes econômicos da companhia, sejam eles despesas ou receitas, devem ser registrados em relatórios para que possam tornar mais fácil o processo decisório organizacional.

Para Crepaldi e Crepaldi (2019), pode-se fazer menção com relação a forma como estes relatórios podem ser gerados, uma vez que não basta apenas eles existirem: estes documentos precisam ser de fácil entendimento para que, ao se proceder com a análise, o gestor possa detectar o estado contábil de sua respectiva organização.

Nota-se que um dos papéis da Contabilidade, neste contexto, consiste em reduzir o grau de incerteza a respeito do real estado em que o empreendimento se encontra. Por isso, um dos requisitos para que a Contabilidade possa surtir os efeitos esperados é a certeza das informações que subsidiam a tomada de decisão no âmbito empresarial.

Posto isso, observa-se que a Contabilidade não somente possui utilidade para tornar mais robusto o processo decisório das empresas, mas também para resguardar a organização de práticas não recomendadas do mercado pela parte de terceiros (SOBREIRA et al., 2021).

De acordo com Sobreira et al. (2021), pode-se dizer que uma das razões de ser que justificam o porquê da Contabilidade existir são as firmas, mais especificamente, o seu bom funcionamento. Não se pode conceber no momento hodierno uma empresa que funcione sem um mínimo suporte contábil, tendo toda esta responsabilidade na figura do proprietário. Assim, quando a autora utiliza o termo “firma”, ela faz menção às organizações que combinam determinados fatores de produção, como por exemplo, máquinas e mão-de-obra para gerar riqueza.

Conforme apontado por Sunder (2014), se o mercado fosse perfeito, não houvesse problemas e todos os registros contábeis fossem feitos de forma correta, não haveria necessidade da existência de contadores prestando consultorias contábeis para as empresas. Porém, como a realidade não é perfeita e as companhias precisam superar seus problemas, a Contabilidade mostra-se importante para que os processos contábeis possam fluir da melhor maneira e, assim, gerar os resultados pretendidos pelas organizações.

Num eventual cenário em que as organizações de menor porte não dispõem de um suporte mínimo com relação a sua parte contábil, a probabilidade de falhas na condução do empreendimento é elevada. Isto ocorre porque cada empresa possui sua especificidade. Um exemplo dessas peculiaridades é explanado por Figueiredo (2021), cujo estudo diz que as empresas que são tributadas pelo Simples Nacional, em regra, não possuem um setor específico para cuidar de sua área contábil, o que acaba gerando a questão da terceirização deste serviço.

Este exemplo diz respeito a parte tributária na qual algumas organizações se enquadram. Quando uma organização de menor porte não possui um suporte de um contador legalmente registrado no Conselho de Classe (CRC1), a tendência é a de que a probabilidade de sobrevivência desta empresa seja reduzida. Isto porque o proprietário não dispõe dos conhecimentos técnicos que o contador possui com vistas aos procedimentos de abertura, manutenção e fechamento da empresa. Assim, segundo Silva (2019), corre-se um elevado risco de encerramento prematuro das atividades, o que confirma na prática o fracasso organizacional.

Outra razão que justifica o porquê da significância da Contabilidade para as organizações é a possibilidade da redução de custos. E isto é exemplificado por Sunder (2014), quando em seu estudo diz que o suporte contábil permite examinar contrato por contrato da empresa contratante destes serviços e averiguar a existência de oportunidades de melhoria nestes contratos, o que abarca tanto a questão do cumprimento dos contratos já existentes quanto à oportunidade de uma barganha por melhores preços em contratos futuros.

Segundo Crepaldi e Crepaldi (2019), estes resultados podem ser alcançados por meio do uso assertivo das informações, o que faz com que a Contabilidade cumpra a sua função precípua de, por meio das informações, orientar o processo decisório nas organizações. Além destas razões já explanadas, há de se considerar também a Contabilidade como forma de se obter melhor entendimento dos índices que correspondem aos resultados contábeis. Assim, os demonstrativos financeiros, sejam eles o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício, contém índices que podem ser interpretados de forma mais assertiva com o suporte do contador.

Nesse aspecto, pode-se considerar que a atuação da Contabilidade não se limita somente ao trabalho desenvolvido pelo contador nas organizações. Esta é uma realidade que ainda é muito comum nas empresas de menor porte. Entretanto, as entregas que a Contabilidade pode gerar para uma organização em termos de resultados podem ser melhores mediante a implementação de um sistema de informação. No entender de Padoveze (2015), isto representa um fator condicionante para que o sistema de informação contábil seja uma realidade e possa tornar mais profícua a gestão das empresas.

Segundo Crepaldi e Crepaldi (2019), há casos em que as organizações não dispõem de recursos suficientes para contratar uma solução tecnológica voltada ao seu gerenciamento contábil. Logo, é neste contexto que se faz necessário o trabalho do contador, o qual deve se notabilizar por coletar todas as informações úteis no sentido de orientar assertivamente o dono do empreendimento.

De acordo com Giordano (2019) um dos campos de atuação profissional mais promissores do contador é o universo das micro e pequenas empresas. Este é um contexto que abarca as seguintes situações: a) a relevância que este tipo de empreendimento possui para o país; b) a geração de emprego e renda; c) e a mortalidade precoce de uma parte destes empreendimentos no Brasil.

Desta forma, é necessário reconhecer o trabalho desenvolvido pelos contadores junto aos micro e pequenos empresários, posto que sem a presença deste suporte, o percentual de mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil seria mais elevado.

3. MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: CLASSIFICAÇÃO

Segundo Brasil (2006), as micro empresas classificam-se pelo seu faturamento anual, cujo não pode extrapolar o limite de R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); enquanto as pequenas empresas caracterizam-se pelo seu faturamento anual superior a R$ 360.000, 00 (trezentos e sessenta mil reais), podendo alcançar valor menor ou igual a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), conforme a legislação pertinente.

Entretanto, Fernandes e Galvão (2016) apontam que outra forma de se classificar as micro e pequenas empresas se refere ao número de empregados e seu segmento de atuação. Desta forma, para o setor de Comércio e Serviços, são aceitos os seguintes parâmetros: a) organizações com até 09 empresas são tidas como microempresas; b) por sua vez, as companhias que possuem entre 10 a 49 colaboradores são consideradas como sendo de pequeno porte. E, se o segmento de atuação for a Indústria, os índices são: a) empreendimentos com até 19 empregados são vistos como microempresas; b) firmas que possuem entre 20 e 99 empregados são consideradas como sendo de pequeno porte.

4. CONTABILIDADE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2019), além destas nuances referentes à classificação das micro e pequenas empresas, deve-se reconhecer a necessidade que estes empreendimentos possuem de um suporte contábil producente.

Em seu estudo, empregado na cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba, Mendes (2020) constatou que a maioria dos gestores de micro e pequenas empresas não demonstram domínio dos conceitos básicos de gestão financeira e têm dificuldade em gerenciar suas organizações. O que reitera a necessidade da prática da Contabilidade nas organizações como instrumento balizador das ações dos gerentes, os quais poderão ter chances mais elevadas de sucesso na condução de seus negócios por meio do uso profícuo da informação.

Segundo Andrade, Monteiro e Souza (2021), embora esta categoria de empreendimento tenha inegável relevância para a economia do país, é válido dizer que boa parte destas empresas poderiam alcançar melhores resultados se fossem melhor gerenciadas. Um dos maiores problemas causados pelo excesso de empirismo e improvisação na administração destas firmas diz respeito à falta de planejamento financeiro. De modo que, não havendo a prática de tal procedimento, o gestor não consegue fazer uma projeção de suas receitas e despesas.

Assim sendo, outra dificuldade enfrentada por micro e pequenas empresas, cuja gestão é improvisada, diz respeito à falta de controle no fluxo de caixa. Para Oliveira (2014), o fluxo de caixa é o conjunto de registros que deve refletir de forma fidedigna a situação do empreendimento no curto prazo. Porém, acontece que uma das maiores falhas cometidas por empresas de micro e pequeno porte diz respeito a falta de importância dada a esses registros.

Conforme Silva (2019), na gestão, tudo deve ser devidamente registrado, o que implica dizer que o fluxo de caixa deve refletir as entradas e saídas ocorridas recentemente para que o contador, ao analisar o caso, consiga orientar o proprietário da forma mais assertiva possível.

O Sebrae (2013) apresenta que o fluxo de caixa deve registrar todos os pagamentos e recebimentos previstos, tendo como horizonte temporal futuro o prazo de 3 meses. A observância a este fluxo é necessária, posto que por meio dela o contador pode orientar o proprietário a reduzir custos e, a depender da saúde financeira da empresa, planejar um empréstimo ou, ainda, fazer promoções para girar os estoques.

Segundo Carneiro Neto (2018), uma das maiores dificuldades das micro e pequenas empresas com relação a sua gestão diz respeito ao trato com as informações. Uma das razões que corroboram para isso é a estrutura organizacional reduzida destas firmas, que faz com que as principais decisões, incluindo aquelas de natureza contábil, fiquem exclusivamente a cargo do proprietário. E isto acaba se tornando um problema, pois nem sempre este dono de empreendimento possui a expertise necessária para tomar as melhores decisões no campo contábil/financeiro de seu empreendimento.

O fato do poder decisório de uma empresa estar concentrado num único indivíduo é um precedente perigoso para o insucesso empresarial. Isto porque uma pessoa sozinha, por mais bem intencionada que seja, não consegue dar retorno a todas as demandas que lhe são apresentadas. Com isso, os problemas existentes acabam não sendo tratados de forma adequada. Conforme Santos e Lima (2018), nas micro e pequenas empresas os problemas devem ser detectados e sanados o mais rápido possível para evitar que uma situação adversa fique fora de controle e culmine no fechamento do negócio.

Diante disso, observa-se que há casos em que as micro e pequenas empresas até preveem em sua gestão a figura de um contador, mas sua participação é mais requerida em casos burocráticos e mais específicos de serem resolvidos. O que é demonstrado pelo estudo feito por Scheren et al. (2019), no qual, por meio de um levantamento com micro e pequenas empresas catarinenses, os resultados ou quase nada sobre os resultados da empresa com os seus respectivos contadores demonstraram o fato de os proprietários comentarem pouco.

Logo, isso sugestiona que não existe confiança plena dos gestores em relação aos seus contadores, sendo estes profissionais contratados, em sua maioria, para serviços esporádicos e burocráticos. Diante disso, outro ponto a ser mencionado sobre este estudo de Scheren et al. (2019) diz respeito a quem os proprietários procuram quando desejam ouvir uma segunda opinião sobre um determinado problema. No caso desta pesquisa, este tipo de consulta é feita junto a familiares, o que reforça a lacuna de confiança dos gestores para com os contadores, sendo estes profissionais relegados a um segundo plano. Além disso, tal resultado sugestiona que a maioria destes proprietários sejam gestores de empresas familiares, cujo controle e direção possuem especificidades que lhe conferem singularidade quando comparadas com as empresas privadas não familiares.

Ainda, segundo Scheren et al. (2019), chama a atenção o fato de que poucos são os gestores que utilizam as demonstrações contábeis na condução dos seus empreendimentos. Assim, a falta de observância a assuntos que são primordiais para a sobrevivência de uma empresa acaba sendo cultural: os proprietários não possuem a prática de perguntar ao contador de que forma este e outros instrumentos de controle podem ser utilizados. Desta forma, o que acaba prevalecendo é a opinião do proprietário, ausente de fundamentos técnicos e embasada na intuição do gestor.

Nesse contexto, Souza Neto (1999) ressalta que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos contadores diz respeito a suplantação das barreiras culturais que ainda permeiam a gestão destes empreendimentos. Isso faz com que os gestores não aceitem outra opinião que não seja a deles na condução dos seus negócios, o que é um comportamento equivocado, o qual pode induzir estes proprietários a tomarem decisões erradas, sendo uma das mais comuns a falta de separação entre o que é recurso da empresa e o que é dinheiro voltado para cobrir gastos pessoais.

Pinheiro, Ferreira Neto (2019) descrevem que esta é uma prática que pode até não gerar efeitos negativos e imediatos enquanto estiver circulando dinheiro no caixa da empresa. Entretanto, num possível momento de arrefecimento da economia, a fonte dos recursos para cobrir tais gastos tende a secar, o que potencializa a falta de controle deste ciclo vicioso. Com isso, recursos que antes eram para pagar as despesas fixas da empresa (água, luz, internet, etc.) acabam sendo utilizados para outros fins que nada tem a ver com o futuro da organização. As dívidas se acumulam e os prejuízos também, cenário este que poderia ser perfeitamente evitado diante da orientação de um contador.

Este é apenas um exemplo de comportamento que pode levar uma empresa a fechar as portas. Além disso, existem outros fatores que podem culminar neste resultado. Outro ponto a ser destacado diz respeito à falta total de planejamento financeiro. No entender de Silva et al. (2015), isto pode ocorrer tanto pela falta de experiência do gestor na lida com negócios, quanto pelo perfil do empreendedor, o qual busca resolver os problemas de sua empresa sem buscar apoio especializado.

Assim, de acordo com Albuquerque et al. (2018), esta centralização excessiva no controle da organização por parte do proprietário pode ser somada a outros fatores condicionantes para que uma empresa encerre suas atividades. Dentre estes itens, pode-se mencionar: a) supervisão indireta feita por familiares; b) planejamento falho de compras; c) planejamento estratégico feito de forma incorreta; d) e ausência de tecnologias de segurança.

Perante isso, é oportuno observar que no caso das micro e pequenas empresas não adianta efetuar um planejamento apenas para dizer que se está gerenciando a empresa de forma correta. A operacionalização destes planejamentos deve ser feita com assertividade para poder gerar os resultados pretendidos. Nos casos em que se percebe a necessidade de rever os planos, esta ação deve ser imediatamente tomada para evitar a ocorrência de possíveis perdas financeiras.

Quem busca abrir uma empresa, o faz pensando no sucesso, na prosperidade, na expansão do negócio, nos lucros. Entretanto, nem sempre a primeira experiência dos micro e pequenos empresários à frente do negócio é positiva. Isto é demonstrado por Couto et al. (2018), o qual diz que há casos em que os empreendedores reconhecem suas falhas e acabam utilizando a própria falência como aprendizado para uma nova empreitada.

Além disso, Couto et al. (2018) afirmam que há também o outro caminho, no qual o ex-empresário reconhece que não possui aptidão para estar comandando um empreendimento e busca novos rumos para sua carreira. Diante deste contexto, reitera-se a necessidade da relação entre a Contabilidade e os micro e pequenos empreendimentos, a qual deve ser indissociável.

Isto não se limita ao campo da consultoria esporádica, conforme o que fora visto em Scheren et al. (2019). A atuação da contabilidade nas micro e pequenas empresas pode abarcar outras atividades que não sejam a eliminação de dúvidas sobre impostos e outros assuntos. No caso do estudo feito por Medeiros e Nepomuceno (2022), a contabilidade no universo de pesquisa observado abarca as seguintes atividades: a) seleção e classificação de documentação; b) fechamento dos balanços; c) folhas de pagamento; d) e controles financeiros. Aqui neste contexto, nota-se um nível de responsabilidade mais elevado do contador, o qual irá se refletir nos resultados obtidos pela organização.

Nesse contexto, reitera-se, portanto, a necessidade da confiança entre o empresário e o contador para que o trabalho desenvolvido possa gerar os resultados aventados pela companhia. Depreende-se que a Contabilidade para as organizações representa um conjunto de atividades essencial para que as empresas, sobretudo as de micro e pequeno porte, possam obter melhores performances em seus resultados contábeis.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme a literatura consultada, observou-se que, apesar dos benefícios e das vantagens que a contabilidade proporciona para empreendimentos de micro e pequeno porte, ainda há muitos empreendimentos que não fazem uso dos processos contábeis de forma eficaz, o que gera como consequência uma gestão retarda, com os registros financeiros feitos de forma improvisada.

Assim, tendo como questão norteadora: qual é a relevância da atuação da contabilidade na gestão de micro e pequenas empresas? Por meio deste estudo, foi possível constatar que a contabilidade é importante para as micro e pequenas empresas para que estas possam se manter adequadas ao sistema tributário brasileiro. Além disso, foi possível verificar que a contabilidade promove estabilidade e saúde financeira às empresas, aumenta o seu desempenho e proporciona longevidade.

Nesse contexto, os resultados apresentados neste estudo mostraram que é preciso que os micro e pequenos empresários tenham consciência da necessidade da atuação dos métodos contábeis para a manutenção e crescimento dos seus negócios. Pois, foi identificado que muitas empresas desse ramo não possuem conhecimento sobre as obrigações contábeis, e muitos que sabem dessa necessidade não a executam de forma adequada, pela falta de capacitação com os processos contábeis.

Portanto, é necessário que as empresas de micro e pequeno porte tornem a gestão e a contabilidade de suas propriedades mais eficazes e eficientes, sendo necessário a participação de um profissional capacitado para desenvolver essas atividades contábeis, assegurando o fornecimento dos dados e resultados.

As micro e pequenas empresas representam um campo em grande desenvolvimento para a realização de pesquisas não somente pelo olhar contábil, mas também por demais caminhos e objetos do conhecimento. Entretanto, para estudos futuros, aventa-se um estudo que fale sobre a Contabilidade nas micro e pequenas empresas no Brasil, em especial no estado do Amazonas.

REFERÊNCIAS

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[1] Graduanda do curso de Ciências Contábeis.  ORCID: 0000-0002-0981-564X.

[2] Orientador. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Logística Empresarial. Graduado em Administração com Ênfase em Marketing.

[3] Co-orientadora. Mestre em Engenharia de Produção pela UFAM, Especialista em Auditoria pela UFAM, Graduada em Ciências Contábeis pela UFAM.

Enviado: Setembro, 2022.

Aprovado: Outubro, 2022.

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Lucas Dos Santos Rodrigues

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