ARTIGO ORIGINAL
SOUSA, Germano Rolim de [1], RODRIGUES, Ivan Teotonio [2], BILIO, João Henrique Silva [3]
SOUSA, Germano Rolim de. RODRIGUES, Ivan Teotonio. BILIO, João Henrique Silva. Contabilidade gerencial: Ferramenta de decisão empresarial. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 10, Vol. 09, pp. 63-85. Outubro de 2019. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/decisao-empresarial
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivos justificar a necessidade da contabilidade gerencial para uma organização. Fazendo a ligação entre as demais áreas da organização, a Contabilidade colabora com a gestão em decorrência das informações que é capaz de gerar e interpretar, resultando no fornecimento de relatórios adequados à necessidade de cada seguimento empresarial, o que possibilita amparar o processo de tomada de decisão. Diante dessa observação, a contabilidade permite ao gestor obter dados reais referentes à empresa. Foram conceituadas, neste artigo, a Contabilidade e seus ramos, a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade de Custos. Demonstrou-se através da pesquisa a relevância da informação alicerçada na Contabilidade com a finalidade de orientar os gestores em suas decisões. A contribuição desta ferramenta ultrapassa às percepções de mera formação de preço, ajudando a desenvolver o entendimento de todo o processo produtivo da empresa, relacionando às entradas de recursos, à transformação destes e, por fim, à sua venda. Esta pesquisa científica foi elaborada sob a forma bibliográfica.
Palavras-chave: Contabilidade gerencial, contabilidade de custos, informação.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Hoss et al. (2010) a contabilidade surgiu da necessidade humana de controlar suas riquezas, ou seja, de saber sobre o seu patrimônio. Com a evolução da humanidade e desenvolvimento dos mercados saber apenas o quanto se tem já não é mais o bastante.
Atualmente é crescente a competitividade entre as empresas. Por isso, há necessidade de que cada organização esteja atenta às demandas, sendo o conhecimento do próprio negócio o fator determinante para sua sobrevivência. O desenvolvimento tecnológico e das corporações, a complexidade do ambiente econômico e o nível de incerteza têm dificultado esse conhecimento e, consequentemente, a gestão dos negócios. Conforme Marion (2009), a contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões.
A contabilidade é uma ciência cuja função principal é a de fornecer informações seguras para que as decisões sejam tomadas com o máximo de segurança. As informações e dados fornecidos pela contabilidade representam ferramentas de gestão, que servirão de apoio e suporte à tomada de decisão e devem fazer parte da rotina empresarial, ou seja, servir de apoio em todas as etapas da empresa.
Diante disso, a contabilidade vem tomando um papel de destaque dentro das organizações, pois consegue reunir todas as informações necessárias para auxiliar os gestores nas tomadas de decisão.
Este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância da contabilidade gerencial como ferramenta de gestão. Diante dos avanços tecnológicos e das mudanças na economia, as empresas estão necessitando cada vez mais de técnicas que as auxiliem nos processos decisórios. Não só no Brasil, mas a nível mundial, essas organizações necessitam se adequar às novas regras para se manter no mercado, por meio de técnicas que possibilitem a competitividade saudável entre elas.
A contabilidade gerencial vem ao encontro dessas necessidades existentes nos dias atuais. Essa ferramenta de gestão, quando utilizada de forma correta e precisa, pode conduzir a organização ao sucesso no mundo dos negócios.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTABILIDADE GERENCIAL
Segundo Iudícibus (2009, p. 10), a Contabilidade “pode ser conceituada como o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e social, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da informação”. Desta forma, entende-se que a contabilidade estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das organizações, por meio do registro, classificação, demonstração, análise e interpretação desses fatos e oferece a informação e orientação necessárias para a condução dos assuntos gerais no tocante à administração de uma organização.
Com a finalidade de assegurar seu controle e fornecer aos seus gestores as informações necessárias à ação administrativa, bem como aos proprietários do patrimônio e demais pessoas com ele relacionadas, as informações sobre o estado patrimonial e o resultado das atividades desenvolvidas pela organização para alcançar os seus fins, Marion (2009 a, p. 28) “acrescenta que todas as movimentações possíveis de mensuração monetária são registradas pela contabilidade, que, em seguida, resume os dados registrados em forma de relatórios e os entrega aos interessados em conhecer a situação da empresa”.
Essas informações, geradas pela contabilidade, apresentam indicadores da situação da organização, tornando possível a verificação de seu desempenho, sendo uma importante fonte que dará o suporte para o planejamento empresarial.
A Contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar, relatar e analisar as informações sobre os eventos econômicos da organização. Atinkson (2008, p. 36) confirma ao relatar que, “recentemente, a informação contábil gerencial expandiu-se para envolver uma informação mais subjetiva, como mensuração da satisfação do cliente, capacidade do funcionário e desempenho de novos produtos”.
Tratando sobre o tema Contabilidade Gerencial, Marion (2009 b, p.30) assevera:
Contabilidade Gerencial: voltada para fins internos, procura suprir os gerentes de um elenco maior de informações, exclusivamente para a tomada de decisões. Diferencia-se das contabilidades já abordadas, pois não se prende aos princípios tradicionais aceitos pelos contadores. O profissional que exerce a Contabilidade Gerencial também é conhecido como controller.
A contabilidade gerencial é tratada como ferramenta voltada para a gestão das empresas, que ao utilizar destes mecanismos prospectam a eficácia de seus processos. Os gestores necessitam de tomadas de decisões com agilidade, para que não acabe deixando passar uma oportunidade que a organização poderia ter. Para isso há a necessidade de informações provindas da contabilidade. Mas não é o que, em muitos casos, temos visto nos escritórios de contabilidade, pois o que vemos são contadores atendendo o fisco. Isso acaba passando para os usuários da contabilidade que o contador seja apenas um atendente do fisco. Mostra uma visão de contabilidade sutil, sem saber a sua verdadeira importância, que na qual são os auxílios para a tomada de decisão.
Conforme Atinkson et al (2008, p. 37) “Sistemas de contabilidade gerencial eficazes podem criar valor considerável pela informação a tempo e com precisão sobre as atividades exigidas para o sucesso das organizações de hoje”.
Os gestores almejam chegar ao resultado esperado, mas para isso as atividades devem ser bem controladas. Um sistema de contabilidade gerencial possibilita o controle destas atividades, para que assim, os resultados almejados sejam alcançados.
Segundo Iudícibus (1986, p. 15):
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório.
Sendo assim, a contabilidade gerencial tem como característica colocar os dados das diferentes áreas da contabilidade de forma que sirva como informação aos gestores para que possam tomar suas decisões com a menor margem de erro possível.
Pode-se considerar que uma das principais características da Contabilidade, a de gerenciar “todo o sistema de informação, os bancos de dados que propiciam tomada de decisão, tanto dos usuários internos como externos” (MARION, 2009, p. 29), fez com que ela fosse assimilando as novas perspectivas existentes no tocante à gestão da empresa (PADOVEZE 2004, p. 38), tornando-se um suporte importante no que diz respeito à informação, principalmente pelo fato de constituir-se em “várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos, …, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 21). Essa característica reforçou ainda mais a importância da informação contábil na gestão da empresa.
Ao utilizar dados da contabilidade para criar informações relevantes para tomada de decisão, os gestores geram benesses para as suas organizações, resultando em ganhos de qualidade que melhoram os processos e consequentemente o seu desempenho.
2.2 O SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL
Antes do século XIX, a maior parte das transações de troca era realizada entre o proprietário e indivíduos que não faziam parte da organização. As atividades administrativas e o comércio eram exercidos pelo próprio proprietário, sendo que não existiam níveis de gerência ou empregados assalariados. Dessa forma, o desempenho do negócio era medido facilmente, sendo que o proprietário tinha de arrecadar mais dinheiro das vendas aos clientes do que pagava aos seus fornecedores dos insumos de produção, mão de obra e matéria-prima.
Com a Revolução Industrial ocorreram mudanças na estrutura dos negócios, surgiu a possibilidade de produção em grande escala, surgiram assalariados, empresas com vários níveis hierárquicos e sistemas operacionais mais complexos.
Com a criação das estradas de ferro começaram a surgir grandes empresas, que eram administradas por gestores contratados, os quais recebiam remuneração com base em indicadores de eficiência da mão de obra e matéria-prima. Nesse contexto, essas empresas passaram a necessitar de sistemas contábeis de custos mais efetivos.
Devido ao desenvolvimento da economia, gerado pelas melhorias nos transportes e comunicações, surgiram grandes organizações que possuíam atividades operacionais ainda mais complexas. Para essas organizações, os sistemas de contabilidade de custos já não eram suficientes, sendo necessárias inovações nos sistemas de informação como um todo. Decorrentes da constante evolução, novas necessidades surgiam dando origem a novas técnicas gerenciais no mundo empresarial.
Portanto, a Revolução Industrial trouxe uma nova era para os homens e para a sociedade, visto que possibilitou novas condições sociais, econômicas e políticas, as quais contribuíram para os avanços da Ciência e da Tecnologia. Essas mudanças impactaram em novas necessidades por parte dos proprietários e empresários de informações gerenciais, de custos e desempenho mais complexas.
De acordo com o trabalho divulgado pelo International Federation of Accountants (IFAC) em 1998, a evolução da Contabilidade Gerencial está dividida em quatro fases:
1) Primeira fase: durou até 1950, sendo o foco na determinação do custo e controle financeiro mediante o uso de orçamento e contabilidade de custos. A Contabilidade Gerencial, nessa fase, era vista como uma atividade técnica necessária para perseguir os objetivos organizacionais;
2) Segunda fase: de 1950 até 1965, período em que a atenção estava voltada para o fornecimento de informação para planejamento e controle gerencial por meio do uso de análise de decisão e responsabilidade contábil. Nessa fase, a Contabilidade Gerencial era vista como uma atividade de gerenciamento, como função de apoio, fornecendo informações para planejamento e controle;
3) Terceira fase: de 1965 até 1985, período em que a atenção focava a redução de perdas de recursos nos processos, sendo utilizada a análise de processos e gerenciamento de custos. A Contabilidade Gerencial, nessa fase, passou a ser vista como parte integrante do processo de gestão;
4) Quarta fase: de 1985 até os dias de hoje, seu foco está na geração ou criação de valor por intermédio do uso efetivo dos recursos, utilizando direcionadores como valor para o consumidor, valor para o acionista e inovação organizacional.
Cada fase da evolução representa a adaptação para um novo conjunto de condições que as organizações enfrentam, pela reforma e adição aos focos e tecnologias utilizadas anteriormente. Cada fase é uma combinação do velho e do novo, com o velho sendo reformado para ajustar-se com o novo em combinação com um novo conjunto de condições para o ambiente gerencial. A Contabilidade Gerencial atual refere-se ao produto do processo de evolução das quatro fases.
O principal foco da Contabilidade Gerencial na primeira fase, antes de 1950, era a determinação do custo de produção e no controle financeiro por meio do uso de orçamento e do sistema de contabilidade de custos. Esse foco mudou em 1960, passando a estar voltado para informações que suprissem a necessidade de planejamento gerencial e controle.
Nas décadas posteriores a 1960, os sistemas contábeis gerenciais não deveriam ser universais, mas apropriados à realidade de cada organização conforme seu ambiente externo, seu desenvolvimento tecnológico, sua competitividade estratégica e missão e as características da indústria em que cada organização está inserida.
Com a mudança do foco da Contabilidade Gerencial para a redução de perdas no processo empresarial, em 1980, surgem métodos de custo de qualidade, custeio baseado em atividades e teorias da gestão estratégica de custos.
Por volta de 1990, é constatado um novo rumo de desenvolvimento, em que não só são importantes o controle, planejamento e redução de perdas, mas a ênfase na criação de valor.
Diante desse contexto, surgiram novas técnicas que demonstram essa tendência, como, por exemplo, o Balanced Scorecard, cujo objetivo é mostrar indicadores do sucesso econômico da empresa.
2.3 FERRAMENTAS DA CONTABILIDADE GERENCIAL
A contabilidade para desempenhar seu papel gerencial deve fornecer a seus usuários demonstrativos e relatórios que possam ser utilizados como meios de avaliação e controle, para posteriormente servirem de meios alternativos para a tomada de decisão.
Como destaca Padoveze (2009), a contabilidade apenas poderá ser considerada gerencial quando fornece ferramentas administrativas.
A contabilidade deve servir como uma ferramenta informacional para a administração de uma entidade. Este papel é desempenhado por meio da interpretação das demonstrações contábeis e financeiras, de modo que a contabilidade supra a necessidade que a gerência tenha em relação à correta interpretação dos demonstrativos.
Para Padoveze (2003, p. 9):
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços, etc., colocados numa maneira diferente, num grau de detalhes mais analítico ou numa forma de apresentação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu grau decisório.
A contabilidade desempenha seu papel gerencial a medida que seus relatórios ou demonstrativos possam ser utilizados para análise por parte de seus usuários, subsidiando assim o processo de tomadas de decisão.
2.3.1 BALANÇO PATRIMONIAL – BP
O balanço patrimonial apresenta a posição patrimonial e financeira da empresa em determinado momento. Este demonstrativo é evidenciado pelo ativo, o passivo e o patrimônio líquido da entidade. Ativo é o conjunto de bens e direitos da empresa, e compreende as aplicações de recursos (aquisição de ativo imobilizado; duplicatas a receber etc). Passivo compreende as exigibilidades e as obrigações da empresa, tais como: contas a pagar; salários a pagar etc. Patrimônio líquido reflete o resultado das operações da empresa, ou seja, é a diferença líquida entre o Ativo e o Passivo da empresa.
As contas no ativo são classificadas conforme o seu grau de liquidez, compreende assim que ele é elaborado de maneira a evidenciar em forma decrescente a capacidade de um bem ser convertido em dinheiro. No passivo as contas também são classificadas de maneira decrescente, porém a ordem deve ser a de prioridade do pagamento dos passivos. Por sua vez, o patrimônio líquido mostra o capital próprio da empresa e o resultado acumulado, representa ainda a diferença entre ativo e passivo em determinado período. As contas do BP apresentam resultados estáticos, eles representam a situação de cada conta no momento de sua elaboração, e terá seus saldos modificados com a ocorrência de cada movimentação subsequente.
2.3.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE
A demonstração do resultado do exercício compreende o resultado operacional da entidade em determinado período. A DRE evidencia a variação patrimonial do período, uma vez que o resultado do exercício é decorrente da soma das receitas subtraídas dos custos e despesas do período base. A DRE visa fornecer, de maneira equalizada, os resultados auferidos pela entidade em determinado exercício.
As contas de receita registram as variações patrimoniais positivas, elas aumentam o patrimônio líquido. As contas de despesas registram as variações patrimoniais negativas, diminuindo o patrimônio líquido.
As receitas, despesas e custos devem ser contabilizados no momento de sua ocorrência, independentemente de sua realização monetária. O princípio contábil da competência é que regulamenta este reconhecimento no momento de sua ocorrência.
Shier (2008, p. 47), define o princípio da competência da seguinte forma:
As receitas, custos e as despesas operacionais ou não, deverão ser contabilizadas na ocorrência do fato gerador e não quando são pagas ou recebidas (regime de caixa), ou seja, a receita da venda deve ser contabilizada por ocasião da venda e não no seu recebimento; a despesa com pessoal (salários) deve ser reconhecida no mês em que o funcionário prestou o serviço, e não no mês subsequente quando é efetuado o pagamento; ou ainda no caso e resultado positivo, o imposto de renda deve ser registrado no mesmo período de apuração dos resultados em que pese ser recolhido no exercício posterior.
A DRE é uma poderosa ferramenta para a tomada de decisão. Ela retrata o confronto entre receitas e despesas do período, ou seja, é a ferramenta que mostra o resultado do período em análise. Este demonstrativo pode ser estruturado conforme a necessidade de cada usuário ou entidade.
A DRE é um indispensável instrumento de análise, as estruturas personalizadas permitem que este demonstrativo seja elaborado de modo que possa melhor ajudar os gestores em suas análises, um exemplo é separar as despesas por setores, desta maneira o gestor poderá analisar as despesas de cada setor da sua empresa.
2.3.3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA – DFC
A demonstração do fluxo de caixa tem como objetivo evidenciar informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos efetuados pela empresa, e ainda, revelar os saldos das disponibilidades imediatas, em determinado período ao qual se refere o demonstrativo. É através deste demonstrativo que é possível analisar se a organização é capaz ou não de produzir fluxos positivos.
A DFC é um demonstrativo financeiro que evidencia a variação líquida do saldo contábil do caixa e equivalentes ao caixa num período reportado, detalhando os pagamentos e recebimentos que causaram essa variação. Através da análise de fluxo de caixa pode-se identificar o que uma empresa está realmente fazendo. Vitalidade e fraqueza financeiras não são necessariamente visíveis pela análise de coeficientes de uma demonstração de resultados e de um balanço patrimonial.
A DFC permite aos investidores, credores e gestores avaliarem a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa positivo, honrar seus compromissos, pagar dividendos, empréstimos. E ainda é utilizado para a análise dos índices de liquidez, solvência e flexibilidade financeira da entidade.
Este demonstrativo pode ser desenvolvido de duas maneiras, pelo método direto ou indireto.
A DFC desenvolvida pelo método direto, é elaborada a partir das entradas e saídas de recursos. Neste modelo, parte-se do total das movimentações auferidas, onde são registradas as variações nas contas a receber e a pagar, juntamente com a variação das demais contas ligadas ao lado operacional, como salários e impostos. Por final são registradas as variações nas contas de investimentos e financiamentos.
No método direto, todas as entradas e saídas do caixa relativas às atividades operacionais são apuradas e apresentadas por classe de transações: Total recebido dos clientes e de outras atividades operacionais, total pago aos fornecedores e funcionários, impostos, etc.
A DFC elaborada pelo método direto consiste no agrupamento e ordenação de todos os pagamentos e recebimentos efetuados no período que sejam ligados a operação da organização. Ou seja, é possível observar quais os meios de providência dos recursos, assim como o destino desses.
A DFC elaborada pelo método indireto, parte do resultado do exercício, onde são adicionadas ou subtraídas as receitas e despesas que não representaram entradas ou saídas do caixa. Dessa forma, busca-se demonstrar o resultado de caixa, partindo da DRE. No método indireto chega-se ao mesmo resultado de caixa do modelo direto, porém, com mais riqueza de informações.
No método indireto os recebimentos e pagamentos das atividades operacionais são representados pelo resultado líquido do exercício, ajustando-se a adição ou subtração das seguintes transações: Receitas e despesas que não foram recebidas e pagas. Ex:(contas a receber e salários a pagar); receitas e despesas do ano anterior que compunham o resultado anterior e liquidadas no período em análise. Ex: (contas a receber e salários a pagar); outros ajustes no resultado do ano que não afetam o caixa; (Ex: depreciação e amortização e exaustão); outros pagamentos ou recebimentos sem efeito no resultado, mas que possuem características de atividade operacional. Ex: (adiantamentos a clientes e a funcionários).
A DFC elaborada pelo método indireto permite que seja feita uma comparação entre o resultado patrimonial e o resultado financeiro, ou seja, a comparação entre o regime de competência, apurado na DRE e o resultado pelo regime de caixa, apontado na DFC indireto.
2.3.4 DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) E A DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL)
A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados, no Patrimônio Líquido.
Marion (2009 b, p. 421) esclarece que a DLPA “é obrigatória para as empresas, todavia, poderá ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), obrigatórias para as companhias abertas”, sendo que a apresentação da DMPL desobriga a publicação da DLPA, uma vez que está contida nesta.
A DLPA deverá discriminar: o saldo do início do período e os ajustes de exercícios anteriores; as reversões de reservas; as destinações do lucro líquido do exercício; as transferências para reservas; os dividendos; a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é uma demonstração completa e abrangente, já que evidencia a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social, inclusive a formação e utilização das reservas não derivadas do lucro.
Iudícibus e Marion (2008, p. 82):
Ao contrário da DLPA (Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados) que fornece a movimentação, basicamente, de uma única conta do Patrimônio líquido (Lucros Acumulados), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia a movimentação de diversas (todas as) contas do PL ocorrida durante o exercício. Assim, todo acréscimo e toda diminuição do Patrimônio Líquido são evidenciados por essa demonstração, bem como a formação e utilização das reservas (inclusive aquelas originadas por lucro).
A elaboração da DMPL é relativamente simples, pois basta representar, de forma sumária e coordenada, a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Reservas de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Dessa forma, podemos entender que a DMPL é aquela destinada a evidenciar as mudanças, em natureza e valor, ocorridas no patrimônio líquido da entidade, num determinado período de tempo, enquanto a DLPA apresenta as destinações específicas que ocorreram com o lucro ou prejuízo do exercício.
2.3.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é obrigatória às companhias abertas desde a Lei 11.638/07. Esta lei obriga a empresa que “deverá evidenciar o valor da riqueza gerada e a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração desta riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída” (MARION, 2009 b, p. 506).
A DVA demonstra, assim, a efetiva contribuição da empresa, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.
Iudícibus e Marion (2008, p. 7) acrescentam ainda que esta demonstração é muito comum nos países da Europa Ocidental e procura mostrar para quem a empresa está canalizando a renda obtida. A DVA, que poderá integrar o Balanço Social, constitui uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.
2.3.6 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A análise das demonstrações contábeis é outra ferramenta que possibilita a eficiência e eficácia do empreendimento. Tem como objetivo transformar dados numéricos em informações capazes de gerar conhecimento à empresa, subsidiando a administração da mesma, tornando-se uma aliada no que diz respeito ao controle patrimonial.
Para avaliar desempenho de uma empresa usam-se os índices que são as técnicas mais utilizadas, que visam evidenciar a situação econômica e financeira da empresa. Os principais índices são os de estrutura de capital, rentabilidade e liquidez.
Os índices de estrutura de capital procuram retratar a posição do capital próprio em relação ao capital de terceiros, isto é, a dependência da empresa de recursos externos. É formado por: participação de capital de terceiros, composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido e imobilização de recursos não correntes.
Os de rentabilidade da empresa mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto rende os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. Formado por giro de ativo, margem líquida, rentabilidade do ativo e rentabilidade do patrimônio líquido.
Outro índice muito utilizado é o de liquidez que mostra a situação financeira da empresa de pagar suas dívidas. Uma empresa com bons índices de liquidez apresenta condições de capacidade para pagar suas obrigações, mas não significa que estará pagando as dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação das dívidas que são calculados em outros índices. Esse é composto por: liquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata.
Seus relatórios funcionam como instrumento indispensável no processo decisório interferindo positivamente no planejamento estratégico empresarial. Através da análise das demonstrações a empresa passa a ter informações da sua situação financeira e econômica, causas das alterações na rentabilidade, a eficiência dos recursos utilizados, providências que deveriam ter sido tomadas e não foram entre outras. Esses dados têm como finalidade determinar quais são os pontos críticos e permitir, de imediato, apresentar um esboço das prioridades para solução de seus problemas.
2.3.7 CONTABILIDADE DE CUSTOS
A Contabilidade de Custos que, ao longo do tempo, deixou de ter a mera função de avaliar os estoques, foi passando a assumir outras atribuições de caráter administrativo, tornando-se excepcional instrumento para uma gestão mais eficiente dos negócios.
Para Leone (2000, p. 22):
A contabilidade de custos refere-se hoje as atividades de coleta e fornecimento de informações para as necessidades de tomada de decisões de todos os tipos, desde as relacionadas com as operações repetitivas até as de natureza estratégicas, não repetitivas, e, ainda ajuda na formulação das principais políticas das organizações.
Com um controle de custos bem definido é possível programar estratégicas que melhorem a gestão operacional e o desempenho nos processos para que os gastos da empresa diminuam, como por exemplo, controle das compras, por meio de compras planejadas, com cotação de preços, melhorando o poder de negociação com os fornecedores, possibilitando produtos com custos menores e consequente um preço de venda competitivo.
Para a correta apuração dos custos foram desenvolvidos métodos que visam determinar a metodologia de atribuição de custos aos produtos. Existem diversos métodos, entretanto, os mais utilizados são: por absorção; variável; baseado em atividades (ABC); o padrão e o meta.
O custeio por absorção consiste na alocação de todos os custos de produção aos bens ou serviços produzidos, sendo os custos diretos por meio da apropriação direta enquanto os indiretos por meio de critérios de rateios. Esse método apresenta poucas informações para fins gerenciais, servindo basicamente para a valorização dos estoques, existindo a necessidade de rateio dos custos indiretos, visto que considera a alocação de todos os custos aos bens, o que torna as informações de custos deficientes nas análises para a tomada de decisão.
O custeio variável fundamenta-se na identificação dos custos variáveis e fixos, ou seja, os custos que oscilam de forma proporcional ao volume de produção e vendas, dos custos que se mantêm estáveis perante o volume de produção e vendas. São imputados aos bens e serviços produzidos somente os custos variáveis de produção diretos e indiretos. Esse método permite identificar os produtos mais rentáveis e, assim, dirigir os esforços de produção e de venda para a melhoria da rentabilidade; permite avaliar os limites dentre os quais se podem definir políticas de preços e de descontos sem prejuízo da rentabilidade; permite, ainda, definir volumes mínimos de produção e de preços sem prejuízos para a empresa. Entretanto, esse sistema não atende aos princípios contábeis geralmente aceitos e as autoridades fiscais, o que torna a sua utilização limitada nas decisões internas da empresa.
O custeio ABC baseia-se na identificação, análise e controle dos custos envolvidos nas atividades e processos de uma empresa, atribuindo aos produtos, individualmente, a parcela dos custos indiretos consumida por cada um deles. É uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise estratégica de custos relacionados com as atividades que mais impactam no consumo de recursos de uma empresa. Na lógica do custeio ABC, se a empresa conseguir eliminar ou reduzir os geradores negativos, as atividades que dão origem a esses geradores deixarão de existir por si só e, consequentemente, os recursos consumidos por essas atividades já não serão necessários. Com isso, cortam-se os recursos de forma racional e eficaz. Esse método fornece informações gerenciais mais fidedignas por meio da redução do rateio, entretanto, os gastos para sua implantação são elevados.
O custeio-padrão ou standard é custo de produção estabelecido antes do início do processo produtivo, sendo determinado com base em estudos científicos, dados de períodos anteriores e experiências simuladas que levam em consideração as deficiências existentes com os fatores de produção, disponíveis dentro do processo produtivo de cada empresa. Sua principal função é fornecer suporte para o controle de custos da empresa, proporcionando um padrão de comportamento para os custos. Esse método se enquadra como uma ferramenta de controle sobre as atividades produtivas, eliminando falhas nos processos produtivos com base nos estudos e análises das condições de produção, dentro de um nível aceito da eficiência da mão de obra, da matéria-prima e da utilização das máquinas e equipamentos.
O custeio meta é obtido mediante a subtração de um preço estimado ou preço de mercado da margem de lucratividade almejada, visando atingir um custo de produção desejado. Inicia-se com a estimativa realizada pelo pessoal de marketing, a partir do preço de venda de um produto similar e tomando como base essa posição mercadológica, define-se o custo meta do produto, que representa a soma do custo de materiais, mão de obra e os custos com as demais atividades. Dessa forma, se o custo meta estiver acima do custo inicialmente previsto para um determinado produto, cabe a empresa adotar medidas que visem à redução desse custo dentro de um determinado período de tempo para que a empresa não fique vulnerável às condições dos concorrentes. Esse método reduz os custos totais mantendo a qualidade e permite o planejamento estratégico dos lucros, integrando informações de marketing, engenharia e produção. Cabe ressaltar que o custo meta está ligado à forma de produção empregada pela organização, sendo que não é totalmente adequado à produção em massa, visto que tem maior eficácia quando aplicado na produção de grande variedade de produtos e baixo volume de produção.
A correta aplicação de um preço de venda é um dos desafios das empresas que não adotam um eficiente controle de custos. Muitas vezes trabalham com uma formação empírica de alocação de um percentual sobre o valor de custos das mercadorias e serviços, acreditando que esse é o bastante para cobrir todos os gastos e ainda gerar lucro.
Para uma correta análise da formação do preço de venda se faz necessário o conhecimento da estrutura operacional para determinar o markup ou Mark Up: termo usado em economia para indicar quanto do preço do produto está acima do seu custo de produção e distribuição.
O markup, segundo Dubois, Kulpa, Souza (2008, p. 226) é o método “mais simples para determinação dos preços dos produtos”. Ele pode ser calculado com a utilização da margem de contribuição ou da margem de lucro. O índice obtido é um multiplicador que aplicado sobre o custo de qualquer produto, resultará no preço de venda.
Ele é obtido por meio de uma fórmula que insere os impostos sobre venda, despesas financeiras, comissões sobre as vendas, despesas administrativas, despesas de vendas, outras despesas e a margem de lucro desejada.
Os custos são classificados em relação aos produtos fabricados em custos diretos e indiretos, quanto ao volume de produção ou venda são em custos fixos ou variáveis.
Os custos diretos podem ser quantificados e identificados no produto. Os custos indiretos por não ser facilmente identificados, não são apropriados de forma direta, precisando de critérios de rateio. Esses critérios por ser uma questão de julgamento estão propícios a erros que ocorrem na tentativa de alocar nas mesmas proporções os custos indiretos aos produtos. Essa classificação tem grande importância no custeio por absorção, pois é o custeio que absorve todos os gastos necessários para obter o custo da mercadoria.
Os custos fixos são aqueles cujos valores permanecem constantes dentro de determinada capacidade produtiva. No entanto o valor unitário produzido varia à medida que ocorre uma alteração no valor total produzido, esse é a chamada produção em escala, muito utilizado por grandes empresas, como diferencial competitivo. Normalmente necessitam de critérios de rateio para sua determinação. As despesas fixas têm as características semelhantes aos custos fixos.
Os custos variáveis mantêm relação direta com o volume produzido ou serviço prestado, alterando seus valores à medida que a produção aumenta ou diminui, sendo seus valores unitários constantes e sua alocação aos produtos é de forma direta. As despesas apresentam o mesmo comportamento que custos.
A relação custo/volume/lucro por ser um instrumento de planejamento que possibilita estudar a relação de receitas totais, custos e despesas, além de ser essencial para o planejamento da lucratividade, pois possibilita projetar o lucro em níveis diferentes de produção e venda como também o impacto sobre o lucro com as modificações dos custos e preços de vendas. A referida relação é estudada através de três mecanismos, a saber: Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança.
O estudo da Margem de Contribuição é um dos instrumentos que possibilita analisar os custos de produtos ou serviços. Ela é determinada pela diferença entre o preço de venda e os custos e despesas variáveis. Em suma representa o valor necessário para cobrir as despesas fixas da empresa.
A fórmula é a seguinte:
MC= Margem de Contribuição
PV= Preço de Venda
CV= Custo Variável
DV= Despesa Variável
Para melhor compreensão ela é a parcela do preço de venda que ultrapassa os custos e despesas variáveis e que contribuirá para arcar com os custos fixos e formação do lucro.
O Ponto de Equilíbrio é o momento em que a empresa não apresenta nem lucro nem prejuízo. Com o conhecimento dele é que poderá visualizar em que momento a empresa começará a ter lucros.
O ponto de equilíbrio pode ser encontrado com o uso da seguinte fórmula:
PE=Ponto de equilíbrio
GF=Gastos Fixos
MC=Margem de Contribuição
Em meio a instabilidade, que causam as sazonalidades dentro de uma empresa, elas necessitam de uma ferramenta que lhe proporcione o conhecimento antecipado de eventos que diminuam suas vendas e as consequências que causaram nas finanças da empresa. Assim a margem de segurança é o parâmetro no qual determina que a empresa trabalhe com prudência acima do ponto de equilíbrio, mostrando quanto às vendas podem diminuir sem que ocorra prejuízo.
A fórmula é:
MS=Margem de segurança
Q=Quantidade produzida
QPE=Quantidade do ponto de equilíbrio
2.3.8 ORÇAMENTOS
As técnicas de orçamentos e projeções resultam em ferramentas de controle de todo o processo operacional da empresa, envolvendo todos os setores da empresa, que fornecem apoio à administração.
Segundo Padoveze (2007, p. 501), orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo exercício, considerando as alterações já definidas para o próximo exercício.
O orçamento deve reunir diversos objetivos empresariais, na busca da expressão do plano e controle de resultados. Portanto, o plano orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e seu posterior controle, mas também estabelecer e coordenar objetivos para todas as áreas da empresa, de forma que todos trabalhem sinergicamente em busca dos planos de lucros.
O processo de estabelecer objetivos deve ser um processo interativo que coordene os objetivos gerais com os objetivos específicos da empresa, sendo essencial a participação de toda a estrutura hierárquica com responsabilidade orçamentária.
Existem diferentes maneiras de estruturar o orçamento e, consequentemente, de como fazer o processo de avaliação e controle. Entretanto, os principais conceitos existentes, que são importantes por darem fundamento para o processo de execução do plano orçamentário são:
Orçamento de tendências: é uma prática comum que utiliza dados passados para projeções de situações futuras.
Orçamento base zero: sua filosofia está em romper com o passado, sendo que consiste em dizer que o orçamento nunca deve partir da observação dos dados anteriores, pois eles podem conter ineficiências que o orçamento de tendências acaba por perpetuar. Sua proposta está em rediscutir toda a empresa, toda vez que se elabora o orçamento.
Em relação aos tipos de orçamentos, existem dois tipos clássicos:
Orçamento estático: é o orçamento mais comum. Elaboram-se todas as peças orçamentárias a partir da fixação de determinado volume de produção ou vendas.
Orçamento flexível: surgiu para solucionar o problema do orçamento estático. Em vez de um único número determinado de volume de produção ou vendas, ou volume de atividade setorial, a empresa admite uma faixa de nível de atividades, na qual, tendencialmente, se situarão tais volumes de produção ou vendas. O orçamento flexível é um conjunto de orçamentos que podem ser ajustados a qualquer nível de atividades. A base para sua elaboração é a perfeita distinção entre custos fixos e variáveis.
Decorrentes dos orçamentos estático e flexível surgem o orçamento ajustado e orçamento corrigido. O orçamento ajustado é um segundo orçamento, derivado do orçamento flexível, que passa a vigorar quando se modifica o volume ou nível de atividade inicialmente planejado para outro nível de volume ou atividade, decorrente de um ajuste no plano, ou seja, é o ajuste efetuado nos volumes planejados dentro do conceito de orçamento estático ou inicial. O orçamento corrigido é o ajuste do orçamento original, de forma automática, sempre que houver alteração de preços em função de inflação.
Cabe ressaltar que não se concebe um plano orçamentário sem o posterior acompanhamento entre os acontecimentos versus os planejados e a análise de suas variações. Portanto, o controle orçamentário é essencial no processo, sendo sua base o confronto dos dados orçados contra os dados reais obtidos pelo sistema de informação contábil. As variações identificadas nesse processo permitirão uma série de análises. Essas análises buscam identificar, em maior detalhe, os principais motivos que causaram a variação em valor de cada item orçado, fundamentando sua justificativa pelos gestores responsáveis pelos orçamentos e operações.
3. METODOLOGIA
Segundo Ribeiro (2010) Método é o caminho a ser seguido a fim de que as metas sejam atingidas. Portanto, a seleção do instrumental metodológico está diretamente relacionada com o problema a ser estudado.
O método utilizado nesse trabalho é o método indutivo, pois tem como objetivo orientar todos os empresários, quanto à importância de uma aplicação efetiva da contabilidade gerencial para gestão de seus negócios.
O tipo de pesquisa adotado é o bibliográfico, pois busca-se através de livros, revistas, periódicos, artigos científicos, jornais, impressos e sites eletrônicos os fundamentos teóricos para este estudo. Essa modalidade teórica de pesquisa pressupõe trabalhar com um arsenal bibliográfico suficiente e de excelente qualidade para se aproximar dos problemas.
A pesquisa bibliográfica tem como finalidade proporcionar uma visão mais profunda sobre o assunto e servir de embasamento na elaboração da fundamentação teórica.
4. CONCLUSÃO
Toda e qualquer atividade necessita de instrumentos que possibilitem um gerenciamento adequado dos recursos existentes para o seu pleno desenvolvimento. Numa sociedade que passa por constantes mudanças, a busca por informações é um grande diferencial competitivo. Assim, a necessidade de instrumentos de controle e mensuração se torna evidente orientando, não somente a forma como a atividade pode ser desenvolvida, mas também a projeção de sua continuidade e seu planejamento futuro.
A informação gerencial de boa qualidade colabora muito para o desenvolvimento e pode melhorar a competitividade das empresas. Quando gestores dispõem de relatórios contábeis consistentes, têm uma ferramenta de grande importância que os leva a tomada de decisões mais corretas.
Os relatórios emitidos pela contabilidade são fundamentais para a tomada de decisões rápidas e precisas. A contabilidade, por se tratar de uma ciência que estuda os fenômenos patrimoniais que ocorreram na empresa, identificando, coletando, registrando e mensurando informações em forma de relatórios, possibilita uma visão ampla dos acontecimentos ocorridos, permitindo julgamentos adequados por parte dos usuários dessas informações.
A contabilidade gerencial é uma poderosa ferramenta de gestão que se tornou indispensável para as empresas. Ela permite um melhor controle sobre os elementos que influem diretamente na empresa, como as decisões sobre aquisições, contratações, investimentos, custos, ponto de equilíbrio, lucratividade e principalmente rentabilidade.
Dessa forma, há a possibilidade de controles mais efetivos, além de planejamentos mais consistentes que permitam ao gestor uma visão mais ampla sobre o desenvolvimento de suas ações e o impacto que causam na empresa. Sem um instrumento de gestão, como a contabilidade gerencial, dificilmente as empresas conseguirão estabelecer ações administrativas que garantam sua própria sobrevivência no mercado, pois não existe possibilidade de uma empresa funcionar e cumprir sua missão sem o uso do gerenciamento contábil que através do seu sistema de informações fornece dados que se fazem necessários para a continuidade do negócio.
Esse artigo teve como objetivo apresentar a importância da contabilidade gerencial, buscando através de referencial bibliográfico apresentar alguns dos instrumentos da contabilidade para análise e controle do patrimônio. Cabe ressaltar que em nenhum momento procurou-se analisar em detalhes estes instrumentos, nem tampouco, encerrar as discussões sobre o tema proposto. Objetivou-se tão somente, informar a importância da Contabilidade na gestão empresarial e as principais metodologias de informação e análise, motivando novos acadêmicos a buscar maior profundidade sobre o tema.
REFERÊNCIAS
ATINKSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark. Contabilidade gerencial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA, Luiz Eurico de. Gestão de Custos e Formação de Preços: conceitos, modelos e instrumentos abordagem do capital de giro e competitividade. 2ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HOSS, Osni. Introdução à Contabilidade: Ensino e Decisão. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDICIBUS, Sérgio de. Contabilidade Gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1986.
_____. Contabilidade gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para não contadores. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implementação e controle. 3ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2009 a.
_____. Contabilidade empresarial. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2009 b.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade gerencial. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
_____. Contabilidade Gerencial: Um enfoque em sistema de informação contábil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
RIBEIRO, Antônio Carlos. Metodologia científica aplicada à Contabilidade. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SCHIER, Carlos Ubiratan da Costa. Controladoria: como instrumento de gestão. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2008.
[1] Graduado em Ciência Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco (2004); Pós-Graduado em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (2018).
[2] Graduado em Ciência Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco (2010); Pós-Graduado em Contabilidade e Controladoria Governamental pela UFPE (2013).
[3] Graduado em Ciência Contábeis pela Universidade Católica de Pernambuco (1993); Pós-Graduado em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER) (2016).
Enviado: Agosto, 2019.
Aprovado: Outubro, 2019.