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Quais são as diferenças entre a Revisão Bibliométrica e a Revisão Sistemática? Compreendendo o cenário da produção científica

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Compreendendo o cenário da produção científica: características que configuram um artigo de revisão bibliométrica e de revisão sistemática

Olá, tudo bem? Em nossa conversa de hoje iremos discutir um pouco mais sobre o universo da produção científica. Como sabemos, um pesquisador, ao ingressar nesse contexto, a fim de que divulgue os resultados de sua dissertação de mestrado ou tese de doutorado, precisa escrever, submeter e ter aprovados artigos científicos. É uma forma, inclusive, de frisar o seu compromisso com a sociedade, divulgando os resultados do seu estudo de forma mais simples. A simplicidade está relacionada ao formato que esses materiais irão assumir, visto que a profundidade do material é a mesma de qualquer outro mais extenso. O que muda é o objetivo desse tipo de material, visto que nem todos têm como ler um material maior. Contudo, um artigo científico também pode admitir uma série de formatos. Como são diversos, hoje iremos nos atentar a dois modelos específicos, sendo eles a revisão bibliométrica e a sistemática.

Diferenças entre os tipos de artigos de revisão

Diferenças entre os tipos de artigos de revisão

Como sabemos, um artigo pode promover a revisão a partir de tipologias diferentes. Embora haja certas aproximações entre os dois tipos, as diferenças também devem ser esclarecidas. Em razão do espaço que temos aqui, não iremos nos atentar tanto a como esses processos devem ser transpostos na elaboração de artigos científicos, visto que implica a discussão sobre uma série de etapas que devem ser exploradas cada qual com a sua profundidade. Iremos fazer uma discussão bem pontual acerca do que seria uma revisão bibliométrica e uma sistemática. Não se esqueça que desde um artigo científico até uma dissertação e uma tese podem contemplar os dois tipos de revisão que, por sua vez, podem se manifestar ao longo da elaboração dos capítulos. Iremos apresentar uma discussão mais conceitual, porém, sem deixarmos de associar esses conceitos em a execução prática.

O panorama da revisão bibliométrica e sistemática

Ao longo desse post iremos pontuar as características desses dois processos de pesquisa, com ênfase em suas diferenças. A primeira coisa que precisamos reiterar é que todo e qualquer material acadêmico, para que possa ser considerado como científico, precisa das citações, sejam elas diretas ou indiretas. Em um primeiro momento da pesquisa, é comum que os pesquisadores realizem uma primeira busca, que se dá de forma sistematizada. Os resultados podem ser compilados em um estado da arte. Investiga-se o que a sua área tem debatido ao longo dos anos sobre esse assunto sobre o qual escolher falar nessa produção específica. Além disso, você irá descobrir, também, o que as bases de dados têm indexado sobre esse tema. A fim de que essa questão possa ser melhor visualizada, iremos dar um exemplo prático. Vamos supor que o seu tema de pesquisa é na área da genética, especialmente a epigenética.

Investigando as produções sobre um tema

Investigando as produções sobre um tema

A fim de que você possa realizar a busca de forma sistematizada, precisará escolher a ou as bases de dados em que irá coletar os artigos científicos que servirão de base para o seu estudo. Contudo, cada base funciona de forma muito específica e admite certos tipos de materiais. Como o tema aqui é a epigenética você precisaria optar por uma voltada a essa área. O estado da arte é importante de ser trazido a essa discussão porque ele perpassa por todas as áreas de pesquisa. Para saber quais são as áreas que mais publicam, poderia consultar bases de dados específicas, como a Pubmed, Google Acadêmicos e bases específicas utilizadas pela sua própria instituição. O objetivo é investigar quais são as revistas que mais publicam nessa área, quais são os autores mais utilizados como embasamento, quais são as metodologias e técnicas mais comuns, dentre outros aspectos que julgar como pertinentes à discussão.

Por que começar uma pesquisa com o estado da arte?

O estado da arte irá lhe ajudar a direcionar a pesquisa de uma melhor forma. Especialmente se o seu objetivo é a realização de uma revisão bibliométrica, o estado da arte será fundamental, em razão da própria finalidade deste tipo de material. Por exemplo, na hipótese de você ter realizado essa pesquisa na base de dados Google Acadêmico, você deverá esclarecer ao seu leitor como o processo de pesquisa foi realizado. As primeiras informações que você irá registrar é o nome da base de dados utilizada, as palavras-chave utilizadas e o dia, mês, ano, e, se possível, horário em que essa busca específica foi realizada. Na sequência, você irá dizer até qual página dessa base de dados a busca contemplou. Caso a pesquisa tenha sido feita até a décima página, precisará mencionar essa informação. Além disso, esses dados devem ficar muito claros aos leitores, sobretudo quem são os autores envolvidos com a produção.

Organizando os materiais coletados

Organizando os materiais coletados

Depois de selecionar os materiais que irão servir para a sua discussão, você irá analisar essas publicações para traçar um certo tipo de perfil. Essa é uma prática essencial quando realizamos uma revisão bibliométrica. Contudo, antes disso, é preciso que você realize o estado da arte, pois, sem ele, será muito difícil traçar um perfil e elaborar uma espécie de panorama sobre as produções voltadas a esse tema que têm sido publicadas no recorte temporal por você definido. Como se trata de um processo que se dá de forma sistematizada, algumas informações deverão ser esclarecidas ao leitor. Elas correspondem aos resultados dessa busca. Em primeiro lugar, menciona-se as bases de dados que foram utilizadas, as palavras-chave, a quantidade de materiais obtida com cada palavra-chave, se esses materiais encontram-se disponíveis de forma gratuita e na íntegra e os idiomas envolvidos (português e inglês, por exemplo).

Analisando os materiais coletados

Reunidos esses materiais, você irá analisar as informações para, enfim, traçar o perfil dessas publicações. Você irá demonstrar ao seu leitor que, a partir dessa busca, foram encontrados x artigos publicados por uma dada revista; dois artigos da revista y; e sete artigos da revista z (e assim por diante). Algo interessante que você pode observar nesse processo é com que recorrência um autor ou um grupo de autores costuma publicar dentro de uma linha de pesquisa/revista. Assim sendo, sempre que falamos sobre uma revisão bibliométrica, devemos nos ater a esse tipo de interesse para que um perfil de produção seja traçado. Podemos considerar instituições ou autores. Esse panorama será traçado a partir da quantidade de materiais associada a cada revista. No caso de você estar considerando dez artigos, em primeiro lugar, há que se pensar no ano em que foram publicados.

Como apresentar os dados da minha busca?

Como apresentar os dados da minha busca?

Em primeiro lugar, apresenta-se o período correspondente a essa busca. Por exemplo, entre os meses de janeiro a março foram coletados x materiais. A base de dados utilizada deve ser mencionada logo na sequência. Assim sendo, você começa a argumentar e a traçar esse perfil sobre os autores e instituições envolvidas com a temática nesse período considerado pela pesquisa (últimos cinco anos, por exemplo). Apontar que dois desses dez artigos correspondem à área da medicina, três à área da biologia e os demais às ciências humanas (como é o caso da psicologia) é um processo de suma importância. A partir dessa quantidade por você escolhida irá começar a traçar esse perfil apresentando dados interessantes sobre a qualificação dessa produção. Nessa análise, você poderá investigar quais são as revistas que mais publicam, os núcleos e grupos de pesquisa mais envolvidos e os autores.

O enfoque de uma revisão bibliométrica

O seu foco enquanto pesquisador na revisão bibliométrica é traçar um perfil para identificar os interesses de uma revista/núcleo/grupo de autores. Há diversas formas a partir das quais esses dados podem ser tratados. Uma das formas mais comuns é por meio da realização de comparações. Essa comparação pode ser feita entre autores, entre bases de dados, entre revistas e entre grupos/núcleos de pesquisa. A Google, por exemplo, é uma base de dados aberta. Assim sendo, ao investigar a epigenética nessa base de dados específica pode identificar que dentre dez materiais considerados, cinco deles correspondem à área das ciências humanas. Por outro lado, se esse mesmo tema foi pesquisado na base de dados da Pubmed, os resultados podem ser bastante diferentes. Você, dificilmente, irá se deparar com as mesmas revistas ou com a mesma área, visto que os materiais lá voltam-se às ciências da saúde.

As características das bases de dados

Assim como a Google, a Pubmed é uma base de dados aberta, mas os materiais por ela reunidos possuem inclinações muito diferentes, o que direciona a pesquisa do investigador para resultados divergentes. Nessa base de dados em específico, nem todos os materiais ali disponíveis são gratuitos, mesmo que a base seja aberta. Há revistas fechadas (pagas) que indexam os seus materiais ali, porém, para que sejam acessados, precisam ser pagos. Além disso, a maior parte dos materiais que se encontram na base de dados da Pubmed voltam-se à área da saúde, como, por exemplo, medicina, enfermagem, fisioterapia, biologia, odontologia e outras. No mesmo dia, a depender de onde você está consultando esses materiais, os materiais podem ser muito diferentes entre si (em termos de inclinação). A maior parte das revistas indexadas na Google voltam-se às ciências humanas, o que torna a sua menção essencial.

Compreendendo o cenário de uma revisão sistemática

A revisão sistemática também promove a comparação entre pontos de vista, porém, a sistematização desses dados possui um outro viés e interesse, que é no conteúdo propriamente dito desses materiais que estão sendo considerados. Iremos utilizar como exemplo a quantidade de dez materiais coletados. Considere que três são da área da medicina, dois pertencem à área da biologia e os outros cinco integram as ciências humanas. Não se esqueça que nesse momento estamos fazendo uma revisão sistemática, e, dessa forma, para que o processo seja bem executado, você irá abordar os pontos principais de cada um desses artigos que estão sendo considerados em sua análise. Como é um processo sistematizado, nenhum deles pode ser pulado. É importante que fique clara a visão de cada um desses artigos e as perspectivas teóricas que estão defendendo.

Explorando os dados em uma revisão sistemática

Iremos ajudar você a compreender como os dados desses artigos podem ser apresentados ao leitor. Você pode apontar que o artigo, por exemplo, de Santos (2019) está considerando a dimensão espiritual que perpassa pela epigenética. Deve ficar claro ao leitor quais são os aspectos relacionados à religiosidade que se aplicam a essa área que você está investigando. Na sequência, um outro artigo dos dez deve ser apresentado ao leitor. Suponhamos que ele pertence à Souza e Duarte (2020). A perspectiva seguida por esses autores pode não ser a religiosa. Pode ser que o interesse desses autores seja, por exemplo, a metafísica. O interessante é que você compreenda que deverá inserir a perspectiva defendida por cada um dos artigos por você selecionados, apresentando os principais aspectos dessa tendência teórica seguida pelos autores. Há algumas preferências dos acadêmicos que iremos apresentar.

Preferências dos acadêmicos relacionadas à revisão sistemática

Preferências dos acadêmicos relacionadas à revisão sistemática

Os acadêmicos em geral preferem que os artigos sejam apresentados a partir de uma ordem específica, que é atemporal. Comece do artigo mais antigo caminhando para o mais recente. Essa cronologia deverá obedecer o período que você considerou ao procurar por esses materiais nas bases de dados. Se o seu artigo mais antigo é o de dois mil e dezoito, ele deverá ser apresentado antes dos demais. A disposição estrutural desses artigos também está ligada a essa ordem cronológica, visto que os pontos de vista de cada um dos autores serão apresentados na forma de sequência. O interesse aqui é um pouco diferente da finalidade de um artigo de revisão bibliométrica.

O grande interesse do pesquisador nesse momento é deixar claro ao seu leitor o que têm intrigado os autores escolhidos em um dado recorte temporal. É, também, uma forma de estabelecer um certo panorama sobre as nossas publicações em uma dada área de interesse/linha de pesquisa. Assim sendo, deve ficar claro que sempre que nos referimos a um artigo de revisão sistemática estamos pensando naqueles artigos que promovem discussões sobre o conteúdo propriamente dito desses artigos, especialmente sobre os aspectos teóricos e metodológicos. Os pontos de vista defendidos pelos autores podem ser contrapostos entre si, uma vez que esse processo enriquece a discussão.

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