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Espaço coworking: importância dos escritórios corporativos e sua influência na cidade de Vitória da Conquista – BA

RC: 150351
213
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/arquitetura/espaco-coworking

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SILVA, Tulio Souza [1], OSTERMANN, Erika Alezard [2]

SILVA, Tulio Souza. OSTERMANN, Erika Alezard. Espaço coworking: importância dos escritórios corporativos e sua influência na cidade de Vitória da Conquista – BA. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 08, Ed. 11, Vol. 02, pp. 05-23. Novembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/arquitetura/espaco-coworking, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/arquitetura/espaco-coworking

RESUMO

Com a industrialização, o aumento da demanda por materiais e por mão de obra se intensificou, resultando em grandes organizações nos ambientes de trabalho, passando a agregar vários funcionários em um único espaço com a finalidade de atender as necessidades de consumo do mercado. As edificações passam a influenciar e refletir no desempenho e desenvolvimento dos colaboradores, necessitando do planejamento das construções por meio de projetos arquitetônicos eficientes, funcionais e confortáveis que corroboram para o bem-estar durante a realização dos ofícios. Em virtude disso, destaca-se o coworking, conceito que define a forma de ambiente, recursos e trabalho compartilhado, atendendo empreendedores, profissionais independentes e liberais e/ou empresas de pequeno, médio ou grande porte, com o intuito de reduzir gastos e aumentar a rede de contatos. Dessa forma, este trabalho tem por finalidade retratar a importância dos escritórios corporativos, bem como sua evolução, destacando a arquitetura como uma aliada, devido à adoção de soluções e técnicas arquitetônicas que viabilizam flexibilidade, tecnologia integrada e redução de custos. O objetivo é compreender a influência, o funcionamento e as características dos escritórios coworking, realizando uma análise deste tipo de empreendimento na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia. Assim, a pesquisa tem se desenvolvido por meio de revisões bibliográficas cítricas e exploratórias, buscando adquirir embasamento teórico sobre os escritórios corporativos, a influência da arquitetura no desenvolvimento dos diferentes tipos de ofícios que, por sua vez, visa um público-alvo diversificado.

Palavras-chave: Arquitetura, Escritório, Espaço corporativo, Coworking.

1. INTRODUÇÃO

 A arte de utilizar técnicas e soluções, além de dimensionar ambientes de forma eficaz e funcional, retrata a arquitetura como um instrumento essencial para organização, ocupação e setorização dos espaços, já que é contínua a expansão urbana. Nesse sentido, a relação do homem com as edificações, em virtude da elaboração de projetos arquitetônicos, de forma artística e prática, quando bem elaborados e planejados, possibilita o desenvolvimento tanto dos usuários quanto dos empreendimentos e das cidades, corroborando, ainda, para marcar no tempo e no espaço as características das construções de uma época, seja no setor residencial, institucional e/ou comercial.

Destinados à escritura e à leitura dos documentos, surgem nos mosteiros, durante a Idade Média, os primeiros escritórios, sendo estes, espaços para a concentração e execução de diversos ofícios. Com o aumento da produção, o avanço da tecnologia, bem como, os diferentes tipos e formas de trabalho, manifesta-se a necessidade de otimização e praticidade com segurança dos empreendimentos, devido à busca por melhorias na saúde e no progresso tanto individual quanto intelectual. A vista disso, a procura por ambientes seguros e econômicos, além de aconchegantes e belos em Vitória da Conquista, na Bahia, tem aumentado a cada dia, fazendo-se necessário o planejamento de empreendimentos corporativos estruturados para receber grupos de profissionais e/ou pequenas empresas.

Nessa perspectiva, os escritórios são espaços físicos para a realização de negócios, administração e recepção de pessoas, a fim de viabilizar um contato maior com os clientes e destacar sua representatividade na urbe, devido à localização fixa. Com a expansão das cidades, a demanda por modelos de trabalho coworking tem se intensificado, principalmente por definir um modelo de “compartilhamento de recursos de escritório e espaços, atraindo pessoas que não necessariamente trabalham na mesma área de atuação ou mesma empresa, reunindo os usuários independentes, empreendedores e profissionais liberais” (Ferreira, 2018, p.11), resultando na potencialização da rede e no aumento das ligações dos usuários devido à troca de informações e contatos, contando com a ajuda e colaboração mútua, destacando, nesse caso, o sistema de networking (Szenkier, 2018).

Esses modelos alternativos e contemporâneos além de uma estrutura eficiente, “oferecem também outras inúmeras vantagens como suporte, conhecimentos, além, claro, de compartilhamentos” (Szenkier, 2018, p.8). É uma opção para aqueles que anseiam por iniciar uma empresa com valores acessíveis e desejam inclusão no mercado de trabalho, saindo do Home Office e ampliando os contatos. Em virtude disso, os escritórios corporativos proporcionam o desenvolvimento dos indivíduos e a arquitetura se torna uma grande aliada, devido à organização dos espaços de forma funcional e moderna, sendo reversíveis e adaptáveis, tornando, assim, o trabalho satisfatório e prazeroso, estando de acordo com as necessidades da população. Dessa forma, a finalidade é de retratar as características dos escritórios, sua evolução até os dias atuais, além de compreender como as soluções e as técnicas arquitetônicas conseguem melhores condições na saúde e no desempenho das atividades nos ambientes de trabalho, analisando a influência dessas edificações corporativas na cidade de Vitória da Conquista.

Nesse contexto, a neuroarquitetura se destaca e passa a influenciar os usuários, com o intuito de desenvolver construções funcionais, visando conforto e bem-estar, de acordo com os serviços ofertados, contribuindo, assim, tanto para reforçar as características comerciais da região, quanto para o crescimento da cidade e dos indivíduos, passando a acolher as pessoas residentes da urbe e de outras cidades.

2. METODOLOGIA

Adotou-se, como métodos para a realização deste trabalho, revisões bibliográficas críticas e exploratórias com a finalidade de compreender sobre o uso e a função dos escritórios, bem como sua evolução e contribuição para o desenvolvimento dos diferentes ofícios, de forma individual e coletiva, por meio da análise de teses, artigos, documentários, livros e dissertações. Soma-se a isso, o levantamento de dados a respeito dos escritórios e espaços corporativos na cidade de Vitória da Conquista – BA, por meio de sites, para análise de suas características, qualidade e segurança, buscando entender a viabilidade funcional desse tipo de empreendimento para a população. Visando também, compreender a legislação e seus conceitos, priorizando, assim, captar as melhores soluções para o funcionamento dos escritórios no formato coworking.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo dispõe de conceitos e teorias, com a finalidade de apresentar informações e conhecimentos sobre a origem e evolução dos escritórios e ofícios, bem como a influência da arquitetura nestes empreendimentos, retratando também a importância dos espaços corporativos na cidade de Vitória da Conquista – BA.

3.1 O SURGIMENTO DO ESCRITÓRIO E A EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE TRABALHO

A sobrevivência se destaca como o objetivo principal do trabalho, logo, plantar, caçar e desenvolver técnicas que contribuem para facilitar esse processo constituem etapas e separações que visavam o bem comum. Com a queda do Império Romano, a Europa passou por um processo de ruralização, destacando a agricultura e posteriormente o sistema feudal, atingindo, assim, todo o continente. A partir da Idade Média, com o surgimento do trabalho assalariado, as divisões dos grupos se expandiram na sociedade, evidenciando a diversidade de produtos para a comercialização e, consequentemente, de serviços para atender às novas demandas. Por conseguinte, com a união do ser humano em sociedade, formando núcleos e centros urbanos, somadas ao desenvolvimento contínuo das cidades e das relações de trabalho, surge a necessidade de dividir as tarefas, como uma forma de organizar o espaço e a produção, visando o progresso e o bem-estar durante a realização das atividades (Cañellas; Forcelini; Odebrecht, 2010).

Nesse contexto, destinados à leitura e à escritura de documentos, os mosteiros se classificam como locais de análise e estudo durante a Idade Média, contribuindo, assim, para o surgimento dos primeiros escritórios. Dessa forma, a partir do século XIII, durante o Renascimento, a produção se direciona para a ciência e o comércio, advindos das atividades exercidas pelo desenvolvimento intelectual do mundo religioso. Já durante o Iluminismo, o ambiente de trabalho e os serviços desenvolvidos ganham um novo valor, necessitando, sobretudo de atividades planejadas e organização administrativa, pensando também no conforto, tornando o cidadão mais livre, satisfeito e produtivo. Todavia, é com a industrialização durante o século XIX que começam a modernizar e espalhar o conceito de escritório, passando a implementá-los em regiões industriais, saindo de dentro das áreas produtivas para outros lugares, devido sobretudo ao avanço tecnológico, como o telefone, telégrafo e a ferrovia, contando ainda com a permanência de poucos colaboradores nos ambientes (Fonseca, 2004).

Inicialmente, de forma padronizada, as edificações eram projetadas de forma funcional e similar, com foco na produção em massa e na economia. A vista disso:

A disposição dos escritórios era como a de quartos em um hotel, organizados ao longo de corredores, onde cada funcionário tinha sua própria sala. No começo do século XX, novos estudos e teorias, como o taylorismo, colocaram em foco a produtividade. […] O objetivo passou a ser: aumentar o aproveitamento do espaço e diminuir o número de movimentos necessários para a realização do trabalho. Teve início o uso da cronoanálise e cronometrava-se a execução de cada movimento realizado de cada tarefa, procurando identificar movimentos desnecessários que desperdiçassem tempo. Com o valor do tempo gasto de cada movimento do trabalhador mais eficiente se podia calcular uma média para a realização da tarefa, que era utilizada para avaliar a eficiência dos empregados. O foco na produtividade acabou sendo prejudicial à saúde dos funcionários, que sofriam microtraumas devido aos movimentos repetitivos e a elevada cadência exigida, ou mesmo devido à má postura (Cañellas; Forcelini; Odebrecht, 2010, p.72).

Durante a década de 1930, as empresas começaram a fortalecer sua identidade e passaram a expressar e representar seus conceitos.  Nesse sentido, a administração se localizava nos grandes salões e os executivos em escritórios individuais luxuosos com corredores largos. Em 1950, os arquitetos e designers consideram o mobiliário como um fator importante dentro dos edifícios, assim como a compartimentação dos setores, destacando ser um fator que reflete e interfere na produtividade. Isso despertou a preocupação com o ser humano no ambiente de trabalho e suas relações. Na década de 60 a criatividade e a ergonomia se valorizaram ainda mais, principalmente pela falta de personalidade dos estabelecimentos, perdurando até a década de 70 (Campos; Teixeira; Schmitz, 2015). Dessa forma:

A padronização um tanto monótona dos componentes para escritórios, característica dos primeiros tempos da indústria, aliada às novas exigências em termos de identidade visual da empresa, justificaram a excessiva semantização do design ocorrida na década de 80. Nesse mesmo período, padrões ergonômicos e de conforto ambiental passaram a exigir o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novos materiais e tecnologias, resultando numa maior variedade de opções e melhor performance funcional dos componentes (Fonseca, 2004, p. 31).

A qualidade e as características apresentadas pelos estabelecimentos, de caráter material e imaterial, representados pela própria edificação e a forma de gerenciamento, são utilizadas como um recurso para o bom relacionamento entre empresa e empregado, uma vez que a ergonomia busca introduzir conforto aos espaços e prevenir o surgimento de acidentes e patologias no trabalho (Cañellas; Forcelini; Odebrecht, 2010).

Assim, com o crescimento dos centros urbanos e o desenvolvimento tecnológico, os modelos tradicionais das empresas começam a deixar os usuários insatisfeitos, justamente pela necessidade de mudanças e aprimorações arquitetônicas que visam o bem-estar e também o desenvolvimento das atividades nos escritórios. Nesse sentido, reforçam a qualidade e a praticidade dos ambientes, assim como o trabalho coletivo, que dá lugar ao conceito de coworking, ou seja, espaço compartilhado, pensados para a execução de serviços remotos, individuais e/ou coletivos, possibilitando a interação entre os colaboradores e os lugares, retratando a necessidade de um edifício que atenda aos objetivos das grandes e médias empresas brasileiras, uma vez que “a qualidade do ambiente de trabalho tem muita influência na produtividade e na competitividade das corporações” (Cañellas; Forcelini; Odebrecht, 2010, p. 72).

Dessa forma, as mudanças nas formas de trabalho se deram de forma latente, assim como o surgimento dos escritórios, passando a acompanhar o desenvolvimento social e suas demandas, resultando na aprimoração dos ofícios e das construções, priorizando tanto a funcionalidade quanto a criatividade, criando espaços organizados, bem setorizados, acessíveis, autênticos e modernos.

3.2 CONCEITO DE COWORKING E NETWORKING

Com a necessidade de favorecer e aumentar a rede de comunicação entre os trabalhadores, o designer de games Bernard De Koven cria em 2005 o termo coworkings, espaços físicos onde vários freelancers e empresas compartilham despesas, área de trabalho e ideias, permitindo ampliar a rede de contatos e de experiências. Devido ao aumento da busca por estabelecimentos corporativos, o coworking se tornou uma tendência mundial que incentiva o compartilhamento e a convivência com vários profissionais, visando reduzir os custos, obter autonomia e interação, em um ambiente de qualidade com baixa manutenção. Nesse sentido:

O espaço de Coworking é um serviço bastante inovador e utilizado tanto por profissionais autônomos quanto por empresas já dispostas no mercado. Este tipo de empreendimento é muito positivo para quem deseja ter a experiência de um espaço próprio com todas as funções que um espaço de empresa oferece no mercado, como recepção, serviços gerais, salas de reunião, água, luz, internet, ambiente protegido, entre outros (Garcia, 2019, p. 15).

Após a industrialização, as organizações necessitaram modificar seu modelo de negócio, seus objetivos, estratégias e sua cultura, entendendo que a tecnologia, a economia, a customização da produção, a gestão e a flexibilização são instrumentos que possibilitariam transformação, consequentemente trazendo maiores benefícios (Campos; Teixeira; Schmitz, 2015).

O coworking surgiu de modo alternativo, a realização dos serviços em comunidade, e com a sua expansão oferece a oportunidade de desenvolver as tarefas em conjunto e/ou de forma independente. “Tal tendência também foi reforçada pelo capitalismo, que traz em sua esteira muitas mudanças também na forma de atuar e se relacionar no mundo corporativo” (Szenkier, 2018, p. 13). Dessa forma, o local passa a influenciar as pessoas, com função de acomodar os usuários com privacidade, mesmo contando com uma grande diversidade de colaboradores. Portanto:

O espaço de coworking conta com ambientes especialmente pensados em quem exerce suas atividades profissionais de maneira autônoma, bem como para empresas de pequeno, médio e grande porte. É ideal também para quem procura a realização de networking. Além da estrutura, os espaços de coworking oferecem também outras inúmeras vantagens como suporte, conhecimentos, além, claro, de compartilhamentos. É a modalidade de espaços compartilhados, também chamados de escritórios virtuais, que mais cresce, estando atualmente em franca expansão. Acredita-se que o coworking ainda irá dominar os meios corporativos, sendo apontado como o novo modelo de trabalho do futuro (Szenkier, 2018, p. 8).

A repercussão dos espaços compartilhados, representado pelo censo de coworking (Censo Coworking Brasil, 2018), evidencia que 214 mil pessoas frequentam mensalmente no país um espaço de coworking, seja comparecendo a eventos, participando de uma reunião com público distinto que varia entre profissionais autônomos, visitantes e funcionários.  Esses empreendimentos disponibilizam recursos materiais e imateriais, ou seja, serviços e bens, utilizando de estrutura física completa e segura, além de uma rede de contatos que favorecem parcerias e o aumento na economia.

Com o progresso desse tipo de empreendimento, o conceito de networkig aumenta as possibilidades e disponibiliza um alcance maior de informações e relações comerciais. Nessa perspectiva:

A tendência ao chamado network passou a ser uma necessidade, de modo que é considerada uma importante ferramenta para otimização das relações profissionais e ligadas ao trabalho. Essa tendência veio reforçar a necessidade de se dispor de ambientes onde profissionais de variadas áreas pudessem se comunicar numa grande rede onde quanto mais pessoas conectadas, mais vantagens profissionais e de negócios (Szenkier, 2018, p. 14).

Dessa forma, favorece a troca mútua de contatos e reforça o trabalho compartilhado, visando aumentar os conhecimentos e a produção, melhorando o desempenho das empresas e também dos trabalhadores autônomos, gerando reconhecimento para a equipe e para o estabelecimento, além de conquistar vários benefícios.

3.3 A INFLUÊNCIA DA ARQUITETURA NOS ESCRITÓRIOS CORPORATIVOS

A revolução pós-industrial contribuiu para formalizar movimentos que influenciaram na arte, na literatura e na vida do homem. O cotidiano e as atividades desenvolvidas também se aprimoraram ao decorrer do tempo, passando a aumentar as opções das formas e dos caracteres dos elementos empregados nas edificações, priorizando a estética das construções. Nesse sentido, a arte visual promovida pela arquitetura serve para transmitir sensações e expressar ideias, combinando linhas, texturas e cores, em função das necessidades dos indivíduos, promovendo harmonia, funcionalidade e beleza. Nesse contexto:

A arquitetura voltada às atividades e aos usuários, de forma personalizada – levando em consideração o perfil da empresa, e a integração dos variados modos de trabalho – pode colaborar de várias formas para a qualidade de vida do indivíduo na corporação. Elementos como ilhas de trabalhos flexíveis, espaços de convivência, áreas de lazer, iluminação natural e outros recursos arquitetônicos, assim como horários flexíveis, metas, entre outros, são recursos que contribuem para o desenvolvimento do bem-estar, interação social, salubridade, conforto e integração. A qualidade ambiental desses espaços ainda pode auxiliar na redução de custos, na geração de ganhos, na produtividade e a melhorar o desempenho e a motivação dos funcionários (Bosa, 2017, p. 05).

Os projetos arquitetônicos influenciam e contribuem para o desenvolvimento sociocultural tanto individual quanto coletivo, viabilizando a troca de relações das pessoas com os ambientes.

Arquitetura envolve ciência, arte e tecnologia, destacando-se como uma área multifuncional que traz aos cenários das cidades identidade e autenticidade, em virtude dos estilos arquitetônicos utilizados, demarcando no tempo e no espaço os costumes de uma época e de uma civilização. Faz-se presente também no paisagismo, na estética, no urbanismo, e no interior das edificações, seja na decoração, seja nos revestimentos e pintura.

Com a expansão e o crescimento das cidades, a procura por áreas de trabalho se intensificam, e a necessidade de espaços com qualidade e de baixo custo aumentam gradativamente. A vista disso, características como a versatilidade do ambiente, integração, estrutura eficiente, conforto e acessibilidade são pontos fundamentais, que visam atender empresas e profissionais autônomos que desejam desenvolver atividades semelhantes e/ou distintas.

Visto que o espaço físico tem uma forte influência sobre as sensações humanas, a arquitetura pode ser um dos recursos mais importantes dentro das empresas, para colaborar com a produtividade e com o desempenho dos funcionários, levando em consideração a qualidade de vida e o bem-estar dos mesmos (Bosa, 2017, p. 09).

Nessa perspectiva, a partir da interface da arquitetura as condições dos espaços podem refletir e influenciar na conduta e no desempenho dos usuários, sendo retratada pela psicologia ambiental e a ergonomia compreendida por meio dos elementos empregados, sejam eles a parte física, a organizacional e/ou a cognitiva (Fonseca, 2004).

As construções destinadas à execução do trabalho compartilhado necessitam de um planejamento arquitetônico eficiente e da utilização de materiais que promovam bem-estar e conforto, uma vez que é crescente o número de empresas de coworking, possibilitando o aumento dos negócios e da economia. Desta maneira,

O retorno do investimento acontece devido às vantagens que os espaços humanizados oferecem. Além da melhoria da saúde dos funcionários, o retorno é percebido no aumento da produtividade e do desempenho; na diminuição dos gastos com demissões, contratações e doenças e; também, a não necessidade de altos salários como motivação aos funcionários. Logo, soluções arquitetônicas que buscam a humanização em espaços de trabalho – dada as vantagens que a mesma pode produzir, através de suas influências sobre as sensações humanas – devem ser vistas como um investimento, e não um gasto (Bosa, 2017, p. 31).

Assim, o próprio espaço se torna um agente colaborador, principalmente por precisar disponibilizar privacidade e praticidade, visando contemplar grupos e indivíduos. Então, a arquitetura contribui significativamente para a prosperidade e desempenhos dos ofícios realizados nas empresas, por meio da adoção adequada dos métodos da construção civil, contando com bons materiais, somando também a eficácia de um projeto moderno e inovador, que proporciona organização e personalidade, unindo função, economia e beleza, trazendo atratividade ao estabelecimento e comodidade aos trabalhadores, cumprindo as necessidades básicas humanas, envolvendo as sensações das pessoas através dos aspectos arquitetônicos empregados.

3.4 TIPOLOGIAS DOS ESCRITÓRIOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

A cidade de Vitória da Conquista – BA ainda contém poucos estabelecimentos de trabalho em formato de escritório coworking, apresentando poucas opções na urbe. Na cidade em questão, foram localizados os escritórios corporativos: IBEN Collabore e o Bahia Office.

O Instituto Baiano de Educação e Negócios (IBEN) foi fundado em 2010, visando atender o mercado da cidade de Vitória da Conquista e regiões circunvizinhas, focados no treinamento, na consultoria, na educação e na capacitação de estratégias para negócios. Com o propósito de escola de negócios, o IBEN cria o Collabore, um espaço coworking (figura 01), destinado aos indivíduos que compreendem e enxergam a relação de produtividade e bem-estar, e acreditam na troca de boas relações como um fator fundamental para seu negócio.

Figura 01: IBEN Collabore – Vista Interna

Fonte: Blog do Rodrigo Ferraz (2019).

O estabelecimento localiza-se no Multiplace Conquista Sul, na Avenida Juracy Magalhães em Vitória da Conquista – BA, e apresenta espaço climatizado e decorado, preparado para potencializar conexões comerciais e relações entre empreendedores, contribuindo para o crescimento da cidade. Conta com serviços de registro de endereço comercial e fiscal, locação das salas para atendimento, reuniões e treinamentos, contém internet de alta velocidade, planos flexíveis para todas as necessidades, serviços gerais, café e alimentação, além de localização estratégica.

A Bahia Office está localizada no Multiplace Conquista Sul na Avenida Juracy Magalhães, bairro Jurema, na cidade de Vitória da Conquista – BA, e se destaca por ser uma empresa de escritório virtual que tem por finalidade viabilizar a formação de novos empreendimentos (figura 02).

Figura 02: Bahia Office – Vista Interna

Fonte: Bahia Office (2020).

Disponibiliza serviços que compreendem o aluguel de espaços comerciais, com salas para realização de reuniões, atendimento e consultorias contábeis e administrativas.  Tem como prioridade a troca de contatos e de relações, procurando obter clientes e parcerias.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um projeto arquitetônico bem elaborado proporciona qualidade, conforto e economia, evitando erros e desperdícios de materiais. Disponibiliza também um espaço funcional, com setorização adequada que interfere e reflete na conduta dos indivíduos, trazendo benefícios para a sociedade, servindo para valorizar o local e proporcionar o desenvolvimento e a rotatividade dos negócios, tanto nas médias quanto nas grandes cidades. Nessa perspectiva, o planejamento e a utilização de técnicas e soluções arquitetônicas se fazem necessárias e precisas, uma vez que possibilita construir, em conformidade com a lei, edificações práticas e inovadoras, além de atrativas e autênticas.

Os espaços coworking se destacam como “um modelo que surgiu da necessidade de determinados profissionais em baratear os custos do escritório e toda a estrutura envolvida” (Szenkier, 2018, p.8). Além disso, a localização se torna importante devido à flexibilidade na locomoção e nos horários, buscando, assim, aumentar a produtividade e representatividade na cidade, objetivando crescimento tanto individual quanto coletivo.

Dessa forma, com a constante expansão e desenvolvimento da cidade de Vitória da conquista, na Bahia, a procura por ambientes seguros e econômicos, além de aconchegantes e belos tem aumentado a cada dia, fazendo-se necessário o planejamento de empreendimentos corporativos, modernos e funcionais que agregam grupos de profissionais e/ou pequenas empresas. Nesse sentido, a implementação de projetos para utilização compartilhada contribui tanto para reforçar as características comerciais da região, quanto para o crescimento da cidade e dos indivíduos, passando a acolher as pessoas residentes da urbe e de outros lugares. O planejamento das construções, a multifuncionalidade dos espaços, a segurança e o conforto, a redução dos custos com a presença de equipamentos tecnológicos atualizados, em ambientes com boa acústica, conforto térmico, estilos, modernos e bem setorizados são pontos fundamentais e avaliados pelos colaboradores. Esses caracteres evidenciam a importância da arquitetura nos escritórios, destacando assim a neuroarquitetura, retratando a influência dos espaços nos seres humanos, seja pela setorização, organização e/ou elementos decorativos, mobiliários, cores e texturas.

Nessa perspectiva, em ambientes arquitetonicamente planejados a satisfação dos usuários corroboram para a troca de relações interpessoais, servindo para reforçar a rede de networking, agregando ainda mais valor ao estabelecimento, além de gerar mais empregos, visibilidade à equipe, e à economia.

Soma-se a isso a legislação, dentre elas as normas brasileiras (NBR’s) de acessibilidade e contra incêndio, assim como o Código de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo e de Obras e Edificações da cidade de Vitória da Conquista, que contribui também para a criação de projetos eficientes e funcionais, permitindo que os ofícios sejam desenvolvidos com mais segurança e flexibilidade, gerando estímulos e sensações agradáveis para que os usuários tenham jornadas de trabalho confortáveis, em ambientes interativos e práticos, que refletem no bem estar e na produtividade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arquitetura disponibiliza de técnicas e soluções que contribuem para introduzir melhorias no ambiente de trabalho e na saúde, resultando ainda na autenticidade do espaço. O objetivo é compreender a influência dos projetos arquitetônicos nos escritórios corporativos, em virtude da utilização compartilhada de ambientes e recursos, discutindo sobre o impacto no bem-estar e na produção durante a execução das atividades nos setores de trabalho, realizando uma análise deste tipo de empreendimento na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia.

Dessa forma, é válido ressaltar que, a demanda por espaços seguros e bem planejados, além de funcionais e atrativos são instrumentos importantes para o funcionamento dos escritórios coworking, assim como a localização, o mobiliário e os acabamentos. O presente estudo desenvolvido por meio de revisões bibliográficas cítricas e exploratórias evidencia a origem dos escritórios e sua evolução, bem como a necessidade de pensar em edificações que atendam às necessidades da população, retratando a importância do planejamento dos projetos e a inclusão de soluções e técnicas eficientes que motive os colaboradores e que consequentemente também impulsione as empresas e o comércio.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus.

Agradeço à minha orientadora Erika Alezard Ostermann por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa.

A todos os meus professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Independente do Nordeste pela excelência da qualidade técnica de cada um.

Aos meus pais Antônio José dos Santos e a Cleide Vania Xavier de Souza que sempre estiveram ao meu lado me apoiando ao longo de toda a minha trajetória.

REFERÊNCIAS

BAHIA OFFICE. Escritório Virtual Coworking. Bahia Office, 2020. Disponível em: http://bahiaoffice.com.br/. Acesso em: 16 jun. 2023.

BLOG DO RODRIGO FERRAZ. Novidade em Conquista: IBEN Apresenta o Collabore, um Ambiente de Trabalho Colaborativo e Preparado para Atender a Demanda da Sua Empresa. Blog do Rodrigo Ferraz,  2019. Disponível em: http://www.blogdorodrigoferraz.com.br/2019/02/05/novidade-em-conquista-iben-apresenta-o-collabore-um-ambiente-de-trabalho-colaborativo-e-preparado-para-atender-a-demanda-da-sua-empresa/. Acesso em: 16 ago. 2023.

BOSA, Kaique Fernando Borges. Arquitetura Corporativa: Qualidade de Vida no Trabalho. Unicesumar, 2017. Disponível em: http://rdu.unicesumar.edu.br/bitstream/123456789/411/1/Kaique%20Fernando%20Borges%20Bosa.pdf. Acesso em: 16 ago. 2023.

CAMPOS, João Geraldo Cardoso; TEIXEIRA, Clarissa Stefani; SCHMITZ, Ademar. Coworking spaces: Conceitos, Tipologias e Características. In: Conference Paper Presented at Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação, Joinville, SC, Brazil. 2015. Disponivel em: https://www.researchgate.net/profile/Joao-Geraldo-Campos/publication/282701860_Coworking_Spaces_Concepts_Types_and_Features/links/562f830608aeb2ca696223b7/Coworking-Spaces-Concepts-Types-and-Features.pdf. Acesso em: 12 mai. 2023.

CAÑELLAS, Kátia Virgínia; FORCELINI, Francieli; ODEBRECHT, Clarisse. A Evolução dos Postos de Trabalho: Aspectos Ergonômicos dos Escritórios em Blumenau/SC. Researchgate, 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Franciele-Forcelini/publication/334544950_A_evolucao_dos_postos_de_trabalho_aspectos_ergonomicos_dos_escritorios_em_BlumenauSC/links/5d308065a6fdcc2462eb4180/A-evolucao-dos-postos-de-trabalho-aspectos-ergonomicos-dos-escritorios-em-Blumenau-SC.pdf. Acesso em: 13 ago. 2023.

CENSO COWORKING BRASIL. Evolução do Coworking no Brasil. Coworking Brasil, 2018. Disponível em: https://coworkingbrasil.org/censo/2018/?itm=topbar#distribuicao. Acesso em: 16 ago. 2023.

FERREIRA, Andreza Miranda. Espaço Coworking: Proposta de Implantação de Escritórios Compartilhados. Grupo Unis,  2018. Disponível em: http://192.100.247.84/bitstream/prefix/830/1/Espa%C3%A7o%20Coworking%20-%20Proposta%20de%20implanta%C3%A7%C3%A3o%20de%20escrit%C3%B3rios%20compartilhados%20-%20TCC%20.pdf. Acesso em: 07 ago. 2023.

FONSECA, Juliane Figueiredo. A Contribuição da Ergonomia Ambiental na Composição Cromática dos Ambientes Construídos de Locais de Trabalho de Escritório. Coleção Digital – Maxwell, 2004. Tese de Doutorado. PUC-Rio. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/6115/6115_3.PDF. Acesso em: 13 ago. 2023.

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SZENKIER, Sharon Paskin. Coworking: O Modelo de Trabalho do Futuro. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro – RJ, 2018. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/38529/38529.PDF. Acesso em: 07 ago. 2023.

[1] Ensino médio completo e, atualmente, cursando do curso de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Independente do Nordeste, Vitoria da Conquista- Ba. ORCID: 0009-0005-3215-4367.

[2] Orientadora. ORCID: 0009-0004-2244-9412.

Enviado: 30 de outubro de 2023.

Aprovado: 1 de novembro de 2023.

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Tulio Souza Silva

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