ARTIGO ORIGINAL
RIBEIRO, Fernando Da Costa [1]
RIBEIRO, Fernando Da Costa. Educação ambiental e novas práticas pedagógicas em escola estadual em Macapá (Amapá). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 12, pp. 80-92. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novas-praticas, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novas-praticas
RESUMO
Objetivo: Promover análise comparativa da evolução da Prática Pedagógica (PP) da Educação Ambiental (EA) a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) em Escola Estadual no Amapá (Macapá). Relato da Experiência: O universo de pesquisa ocorreu em Escola Estadual em Macapá (Amapá-2018). Considera-se lutas originárias de sobrevivência do ser humano perpassam por conhecer a EA e a sua inclusão em base curricular é de importância para a sociedade de forma que a sua promoção é fundamental. Adota-se uma metodologia híbrida, lastreada na revisão de literatura documental, histórica, qualitativa e quantitativa que, de forma descritiva, em desenho não experimental, com estudo de caso etnográfico, com o uso das técnicas de análise documental, observação participante e estruturada e com instrumento de pesquisa a ficha de desempenho socioambiental bem como diário de campo e entrevistas com alunos, professores, gestora e coordenadora pedagógica. Considerações finais: Consenso da necessidade de profissionais motivados na criação de ambientes de cooperação e mudanças, não como um fim e sim meio para a construção da cidadania socioambiental e de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária ecologicamente falando.
Palavras Chaves: Educação Ambiental, Currículo, Prática Pedagógica, Estudo de Caso Etnográfico.
1. INTRODUÇÃO
O entendimento da grande luta do ser humano para sobreviver contra os ditames da natureza desdobra-se, desde a mais tenra antiguidade, na luta de perpetuação da espécie e a mesma relaciona-se ao saber e conhecer sobre os ditames naturais e as suas nuances (LIMA, 2018; LAYRARGUES; CASTRO, 2020; BRASIL, 2002).
Este relacionamento, aos poucos, traduziu-se em forma de conhecimento através das descobertas e absorção de valores internos e perenes de forma que, a partir do momento em que o ser humano é impulsionado pela necessidade de interagir com o mundo, tem-se as reais demandas do mesmo conhecer e dominar as informações inerentes à EA (CASTRO, 2018; LAYRARGUES; CASTRO, 2020).
Assim questiona-se: onde promover a conjugação destes aspectos, ou seja, a compreensão das questões ambientais enquanto questões sociopolíticas, por intermédio da análise das ciências sociais e a formação de uma verdadeira consciência ambiental? Embora não seja uma questão central ela é fundante na medida em que se analisa a EA como um dos fatores para o desenvolvimento sustentável (FERNANDES; GUERRA, 2017; CAPRA, 2018; LIMA, 2018; LAYRARGUES; CASTRO, 2020).
A proposta pedagógica baseada em um currículo de EA que vem sendo implementada em escola estadual no Amapá (Macapá) que será denominada nesta pesquisa como Escola em Pesquisa (EEP) para manter o sigilo do universo de pesquisa, e, na prática não vem produzindo os resultados esperados, provavelmente por cultivar velhos hábitos pedagógicos dentro de um enfoque tradicional, a saber (ARAÚJO et al., 2013; PORTO, 2018; MORAIS; MORAIS, 2018).
Desta maneira está pesquisa tem como objetivo geral a promoção, através de ações acadêmicas e culturais, da análise comparativa da evolução da Prática Pedagógica (PP) da Educação Ambiental (EA) a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) em escola estadual no Amapá (Macapá).
Se faz necessário os devidos agradecimentos à Diretoria e toda a equipe Docente e de apoio da Escola em relato, que muito colaboraram, de forma direta e indireta, para a consubstanciação desta pesquisa bem como à Secretaria de Educação do Estado por sua costumeira colaboração.
Faço esse registro pela paciência e espírito colaborativo que a Escola teve com o pesquisador em disponibilizar documentos para análise, permitir a observação participante e observação estruturada, possibilitar a entrevista, para estudar de forma sistemática as situações do cotidiano escolar, assim foi possível coletar os dados e também fazer as devidas anotações no diário de campo.
Dessa forma, foi possível desvelar a evolução da Prática Pedagógica (PP) da Educação Ambiental (EA) a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) na referida escola.
2. RELATO DE EXPERIÊNCIA
Para proceder a análise do conteúdo e descrição analítica relata-se que foram adotadas técnicas de análise de conteúdo na investigação psicossociologia e no estudo de comunicações de massa onde se construiu um estudo descritivo através da análise documental, com diário de campo, com entrevista aberta, e observação participante para o estudo de forma sistemática das situações do cotidiano escolar de forma a possibilitar uma visão profunda e ao mesmo tempo ampla e integrada da Prática Pedagógica realizada na Escola com um trabalho de campo intenso e prolongado, o que exigiu do pesquisador tempo, recursos e uma base teórica consistente
A pesquisa foi desenvolvida com 8 (oito) professores do 6º ano do ensino fundamental I, turno da tarde, 1(um) coordenador pedagógico, 1 (um) gestor. A partir de uma população de 120 alunos de 6º ano do turno da tarde, foi extraída uma amostra aleatória de 30 alunos (Turma C2), a qual corresponde a uma margem de erro de 3,3% e na oportunidade foi utilizada a Ficha de Desempenho Socioambiental de forma que os documentos são utilizados no sentido de contextualizar o fenômeno explicando de forma mais profunda, servindo para completar as informações coletadas através de outras fontes.
O posicionamento dos professores, coordenação pedagógica e da gestora em relação ao PCNS quando perguntados: a) A Escola trabalha de acordo com a proposta dos PCNS em relação à Educação Ambiental? b) Você considera em seu planejamento de aula, os objetivos e princípios apontados pelos PCNS referentes à Educação Ambiental?
Frente a estes questionamentos verificou-se que 7 (sete) professores disseram que “não planejam de acordo com os PCNS, pois não identificaram relação dos objetivos referentes a Educação Ambiental com suas disciplinas” e porque não consultam este material ao tempo em que 1 (um) professor (ciências) disse conhecer bem os objetivos dos PCNS em relação a Educação Ambiental, porém sempre que é possível “uma vez por ano” elabora um projeto de acordo com a proposta dos PCNS (MITRE et al., 2018).
Merece também considerar que a Coordenadora disse que “sim, a EA é trabalhada por meio de oficinas, palestras e parcerias com acadêmicos de faculdades e universidades dentro da proposta dos PCNS”; e, a Gestora disse que “sim, a escola recebe apoio da Secretaria de Estado da Educação (SEED) principalmente do núcleo de meio ambiente onde eles vem realizar palestras assim que solicitadas” (SILVA, 2017).
Verificou-se também que as entrevistas realizadas com os professores de todos os componentes curriculares foram feitas com o propósito de identificar a inserção da EA nos conteúdos e práticas educativas no cotidiano da sala de aula, elencadas no Quadro 1 e com registros de entrevistas realizadas com as devidas respostas que retratam as opiniões dos professores entrevistados.
Quadro 1: A Prática Pedagógica desenvolvida pelos professores em cada um dos 8 (oito) componentes curriculares
PROF. DE | O QUE A SUA DISCIPLINA DEVE ENSINAR DE EA? | QUAL A IMPORTÂNCIA DA SUA DISCIPLINA PARA A EA? | COMO INCLUIR O TEMA MEIO AMBIENTE EM SUA DISCIPLINA? |
Língua Portuguesa | Ensinar a língua portuguesa com base em valores humanos e comportamento naturais. | Desenvolver a leitura e produção de texto. | Ensino da gramática aproximando o ensino à realidade do aluno e desfazer preconceito. |
Matemática | Deve ensinar álgebra, aplicar a representação literal dos mesmos critérios utilizados para os números. | É importante como força motivadora para o trabalho como a Álgebra é o uso que se pode fazer dos conhecimentos geométricos | Através da repetição exaustiva de exercícios envolvendo resolução de equações e inequações, que privilegiam as técnicas operatórias |
Ciências Naturais | Ciência como elaboração humana para entender o mundo, esta é a minha meta ncias naturais deve sempre ser voltada para o dia-a-dia e para preparar o cidadão do futuro. | A minha disciplina é importante por que desde os primórdios, o ser humano busca explicações para o mundo | O tema meio ambiente no 6ºano está ordenado no interior de todos os conteúdos das ciências naturais |
História | Relações entre o passado e o presente têm sido habitualmente tratadas. | Para a EA, o ensino de história deve ter como fundamento o domínio dos conceitos de tempo construídos pela sociedade ocidental. | Um dos desafios do ensino de história é o de inserir a dimensão da EA. Através da
afirmação de identidades individuais e coletivas, de enriquecimento de habilidades de pensamento e reflexão crítica |
Geografia | Deve identificar o fato de que a expressão geografia sempre identificou os discursos construídos com o objetivo de desvendar, primeiramente de forma sistemática | O domínio das relações que efetivamente existem entre os lugares. | Como você pode perceber a geografia se confunde com o próprio meio ambiente por esse motivo todas as nossas atividades estão voltadas para as questões ambientais. |
Artes | A minha disciplina deve ensinar conteúdos de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. | As apresentações de danças regionais, além é claro da imponente e abundante natureza presente no Amapá. | Muitos trabalhos de arte falam de problemas sociais e políticos, de relações humanas, de sonhos, medos e dúvidas, documentam fatos históricos e manifestações culturais. |
Educação
Física |
Deve estudar as noções básicas da anatomia, da fisiologia, dos aspectos biomecânicos e bioquímicos do corpo humano. | Educar o corpo é formar o cidadão – as aulas de educação física não se resumem a atividades que movimentam o corpo | O tema meio ambiente está bem presente nas aulas de educação física. Ele deve ser explorado para estimular a reflexão e dessa maneira contribuir para a construção de uma visão crítica |
Língua Francesa | Conhecer valores de outras culturas para desenvolver a percepção a sua própria cultura | É necessário focar a administração e a organização do ensino da língua estrangeira segundo os olhos da garotada.
|
Através da diversão, creio que é a melhor forma de deixar o ensino agradável e eficaz. |
Fonte: RIBEIRO FC, 2018.
Observou-se também um conjunto de hábitos pedagógicos cultivados de forma reiterada de maneira a consubstanciarem, na resistência de alguns professores que negam em realizar novas experiências pedagógicas, o registro de que a Direção da escola não costuma atribuir como prioridade a temática ambiental pois tem outras demandas como a matrícula de alunos, a merenda escolar, o transporte dos alunos, a falta de professores, os ajustes ao ambiente escolar desfavorável.
Além disto, evidenciou-se que a Secretaria Estadual não oferece curso de formação continuada em EA para os professores, não há rotatividade ao tempo em que reconhece-se que a escola precisa mudar em alguns aspectos pois a escola ainda não rompeu com as estruturas ultrapassadas e não adotou postura de cumplicidade, o que em si já dificulta um eventual processo de mudança, não obstante registra-se também que os alunos aguardam a possibilidade de participarem dos processos pedagógicos de EA pois os mesmos organizam-se para tal dentro da escola além de proporcionarem ambientes de vivências onde compartilham e comparam de forma sistêmica suas impressões, suas opiniões e desejos.
3. DISCUSSÃO
Para consolidar o objetivo da pesquisa adotou-se uma metodologia híbrida que é lastreada em estudo de caso etnográfico, se enquadra dentro dos estudos mistos que se fundamenta em, tendo em vista que foi utilizado tanto a metodologia qualitativa como a quantitativa (NEZ; SANTOS, 2017).
Construiu-se um estudo descritivo através da análise documental, diário de campo, entrevista aberta, observação participante e observação estruturada para estudar de forma sistemática as situações do cotidiano escolar, o que possibilitou uma visão profunda e ao mesmo tempo ampla e integrada da Prática Pedagógica realizada na Escola (CARVALHO, 2019; TRIVINOS, 2015; BINSZTOK, 2017; BARROS; LEHFELD, 2019).
A escolha metodológica do estudo de caso etnográfico se deu por conta de querer entender a particularidade da EEPlevando em conta a tradição da escola em discutir e propor projetos de EA e o interesse dos professores em colocar em prática as questões ambientais complexas emanadas pelo MEC (BARROS; LEHFELD, 2019).
Outra razão dessa escolha foi a singularidade da Proposta Pedagógica da Escola que é fundamentada na Filosofia e Metodologia Socioambiental. Em outras palavras, é uma escola que se coloca voltada para a EA, que diz buscar integrar escola e comunidade, visando trabalhar os problemas e a realidade local como ponto de partida do trabalho pedagógico interdisciplinar (LAKATOS; MARCONI, 2020; CERVO; BERVIAN, 2018; BARROS; LEHFELD, 2019).
Estes documentos servem como base para tirar evidências que fundamentam afirmações e declarações do pesquisador, a saber: Projeto Político Pedagógico, Planos de Curso dos Componentes Curriculares, Cadernos dos Alunos, Relatórios de Atividades da Escola e outros como: fotografias, imagens, objetos, canções folclóricas regionais (CERVO; BERVIAN, 2018; BARROS; LEHFELD, 2019).
Desta maneira, de uma forma geral respostas evidenciam o desconhecimento da PNEA, ou restringem a prática da EA a palestras, oficinas, projetos ou ações temáticas, desarticuladas do currículo e das possibilidades de diálogo das áreas de conhecimento com a temática. Outra constatação que aparece com frequência nas observações registradas pelos pesquisadores são as campanhas isoladas ou ações isoladas em datas comemorativas (dia da água, dia do meio ambiente, etc) (ARAÚJO; SILVA; MIRANDA, 2013).
A EA utiliza uma grande variedade de métodos e técnicas didáticas, em função dos objetivos perseguidos em cada circunstância específica. Deve priorizar os métodos ativos, preconizados pela Escola Nova, como os mais adequados para a consecução dos objetivos nos níveis cognitivos, afetivos e técnicos.
A EEP através da coordenação pedagógica e da gestora periodicamente convoca seus professores para participarem de reuniões do Conselho de Classe e do Plantão Pedagógico, conforme está previsto no Calendário da escola. Outro questionamento presente nas entrevistas foi o seguinte: Existe um Planejamento Curricular em relação à EA? Os pesquisadores obtiveram como respostas de 7 professores que afirmam que não existe na escola um planejamento curricular que envolva a Educação Ambiental, 3 professores afirmam não conhecer a proposta curricular da escola, eles dizem que se baseiam no programa curricular geral da SEED e que neste não há especificado o trabalho com Educação Ambiental, ao tempo em que a Gestora afirmou que ao chegar na escola já existia uma proposta de conteúdos sobre Educação Ambiental, mas a escola ainda não desenvolveu um currículo específico e a Coordenadora afirma que existe o planejamento das atividades e projetos a serem desenvolvidos, mas não possuem um planejamento curricular que aborde todas as diretrizes e princípios da Educação Ambiental.
Nos componentes do 6º ano do Currículo Escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos a respeito do tema meio ambiente, todas educam em relação às questões sociais por meio de suas concepções e dos valores que veiculam nos conteúdos e abordagens tratadas pelas pelos professores (GALLOIS; GRUPIONI, 2017; IBAMA, 1998).
As disciplinas da EEP, de uma forma geral em relação a EA, apresentam objetivos genéricos e pouco claros, estratégias imprecisas e dirigidas a ações reducionistas, efêmeras e descontextualizadas, não se baseiam em diagnósticos, ou se concentram em aspectos puramente ecológicos, deixando de lado os fatores culturais, políticos, econômicos e sociais que são parte integrante da temática ambiental (LIMA; 2018; LAYRARGUES; CASTRO, 2020).
Neste contexto em relato não se deve ignorar que a EA está amparada pela Constituição Federal de 1988, pela Lei nº 9.795/1999, pelo decreto de regulamentação (Decreto 4.281/2002) e pela Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012 do Conselho Nacional de Educação (CNE/MEC), que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA) (BRASIL, 2002).
A Constituição Brasileira, de 1988, em Art. 255, no Capítulo VI do Meio Ambiente, Inciso VI, determina a necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988; BRASIL, 2021). Com isto, a Educação Ambiental tornou-se obrigatória em todos os níveis de ensino (BERTOLUCCI et al., 2015).
Na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino, recomenda-se como referência os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se que, ainda de acordo com Brasil (2002), a integração da Educação Ambiental as disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente e a adequação dos Programas já vigentes de formação continuada de educadores.
A institucionalização da Educação Ambiental no Estado do Amapá, deu-se na década de 90, através do Decreto n° 0304 de 18 de dezembro de 1991, o qual aprovou o regulamento da Coordenadora Estadual do Meio Ambiente (CEMA), que tinha como finalidade planejar, coordenar e executar política de Meio ambiente, com vistas a disciplinar o uso racional dos recursos naturais do Estado. Na estrutura organizacional da CEMA criou-se o Departamento de Educação Ambiental e Apoio Técnico, com a missão de planejar, gerenciar, difundir e subsidiar a execução de atividades técnicas e científicas relacionadas a Educação Ambiental, bem como implantar e implementar procedimentos que visassem a melhoria do meio ambiente (CORRÊA; BARBOSA, 2018; REIGOTA, 2009; FRIZZO, 2018).
Com a promulgação da Lei n° 0338/97, o governo do Estado no Amapá fortalece o órgão de meio ambiente CEMA transformando-o em Secretaria de Estado do Meio Ambiente Ciência e Tecnologia (SEMA). Dessa forma, na atual estrutura da Secretaria, a Educação Ambiental passou a ser incumbência da Coordenaria de Difusão e Informação Ambiental, cuja missão é planejar, gerenciar, instituir e avaliar práticas e instrumentos de educação e saúde ambiental. Em consonância com as políticas públicas do Estado do Amapá realizou-se em maio de 1999 um Seminário de Planejamento Estratégico, no qual foi elaborado e implantado o Programa de Gestão Ambiental (PEGA), cujos princípios são tornar mais eficientes o controle do governo e da sociedade civil na proteção ao meio ambiente e na utilização sustentável dos recursos naturais, como forma de atender melhor às exigências ambientais do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA). O programa é coordenado pela SEMA, e a partir de sua implementação, as atividades desta Secretaria passaram a ser orientados pelo PEGA (FRIZZO, 2018).
Merece também considerar que a da Prática Pedagógica da EA na EEP, a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais/PCNS e da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi devidamente consolidada a ponto de nos permitir considerar que a escola restringe a EA à palestras, oficinas e parcerias não contextualizadas, o que demanda de mais ações de forma que as práticas da pedagogia tradicional não possibilitam que os alunos sejam sujeitos de sua aprendizagem, onde, em ato contínuo, recomenda-se conjuntos de procedimentos para reversão deste quadro a ponto de obter-se um aluno com perfil observador, questionador, crítico, reflexivo, cooperativo, íntegro e ético, entretanto, ainda se questiona de como pode-se vislumbrar esse caminho apenas com as práticas tradicionais que prevalecem na escola (ARAÚJO et al., 2013).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o exposto verifica-se que as intervenções e participações dos alunos na sala de aula, com o foco nos conceitos, atitudes e procedimentos e com a intenção de registrar os pontos de vista e modo dos alunos resultou na interpretação de que a escola necessita de profissionais entusiasmados, motivados e criativos (para colocar os projetos em prática) e se faz necessário criar na escola ambientes que favoreçam a cooperação e permitam que cada um se inspire e dê o melhor de si e para tal é preciso melhorar as relações humanas e fortalecer a comunicação e o diálogo construtivo estre as pessoas de forma que haja desenvolvimento e formar de espírito de equipe com estimulo do debate e a construção de novos valores, quiçá de uma nova ética com o exercício da resolução de conflitos e os processos de interação, consubstanciando-se assim a análise das práticas pedagógicas da EA no universo em pesquisa com evidências de que as transformações da realidade na EEP, no tocante a EA, precisam passar necessariamente por uma mudança de perspectiva, em que os conteúdos dos componentes tradicionais deixem de ser encarados como o único “fim” da educação.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, V. P. C.; SILVA, C. R.; MIRANDA, N. A. Escola, Currículo e Cultura. Universidade Paulista-UNIP, São Paulo: 2013.
BARROS, A. J; P de; LEHFELD, N.S. Fundamentos da metodologia: um guia para iniciação científica. 1ª ed. São Paulo: Cultrix, 2019; 212p.
BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Orgs). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2007.
BERTOLUCCI D, et al. Educação Ambiental ou Educações Ambientais? As adjetivações da educação ambiental brasileira. Revista Eletrônica Mestrado Educação Ambiental, 2015; v.15, p. 36-48.
BINSZTOK, J. Principais escolas (vertentes) da (des)ordem ambiental. Revista Território, 2017; 197-210p.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002. Regulamenta a Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. MEC, 2002.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Educação Ambiental. 2021.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Uma proposta indisciplinar de Educação Ambiental: documentos metodológicos. Brasília: IBAMA, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. A Implantação da Educação no Brasil. Brasília: MEC-COEA. 1998.
CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix. 2002.
CARVALHO, ICM. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil, 2019, Vol(2), o. 14.
CASTRO, M.C. Desenvolvimento sustentável e gestão ambiental na formulação de políticas públicas: a experiência do estado do Amapá (CEFORH/SEMA), Porto Alegre: Globo, 2018; 126p.
CERVO ,L; BERVIAN, P. Metodologia científica. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2018, 70-90p.
CORRÊA THB, BARBOSA NAP. Educação ambiental e consciência planetária: uma necessidade formativa Educación ambiental y concienciaplanetaria: una necesidad formativa Environmental education and planetary consciousness: a formative need. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, 35(2), 2018; 125-136.
FERNANDES, M; GUERRA, L (orgs.). Contra–discurso do desenvolvimento sustentável. Porto Alegre: Globo, 2017; 126p.
FRIZZO, T.C.E. Educação e Natureza: os desafios da ambientalização em escolas próximas a unidades de conservação. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 2018. 119p.
GALLOIS, D.T.; GRUPIONI, D.F. Povos indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2017. 237p.
IBAMA. Educação Ambiental: As grandes Orientações da Conferência de Tbilisi. Organizado pela UNESCO. 1998.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos de Metodologia. Científica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2020; 240 p.
LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, R.S. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 2ª ed. São Paulo: Cultrix, 2020; p. 179-219.
LIMA, G.F da. Questão ambiental e educação: contribuições para o debate. Ambiente & Sociedade, 2018; 5(2):135-153.
MITRE, S.M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação professional em saúde: debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva, 2018; 13: 2133-2144.
MORAIS, P.D.; MORAIS, J.D. O Amapá em perspectiva. Macapá: Valcan. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2018, 110p.
PORTO, J.R.; Os territórios federais e sua evolução no Brasil. Revista Presença; 2018, Vol (no 16), 99p.
REIGOTA, Marcos. Fundamentos Teóricos para a Educação Ambiental Popular. INEP Em Aberto. Brasília, ano 10, n° 49, jan. /mar. 1991, p. 03-14.
SANTOS, C.A. Reflexões sobre a metodologia das aulas expositivas na educação básica e superior. Revista de Educação do Vale do Arinos, 2017; 4: 24-36.
SILVA, M.J. Abordagens tradicional e ativa: Uma análise da prática a partir da vivencia no estágio supervisionado em docência. Educere, Anais XIII Congresso Nacional de Educação. Curitiba: Globo, 2017; 126p.
TRIVINOS, A.N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2015; 119p.
[1] Doutor, Mestre e especialista em Educação, Pedagogo e Professor.
Enviado: Junho, 2021.
Aprovado: Junho, 2021.