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As contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento da coordenação motora em crianças autistas na Educação Infantil

RC: 63308
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

AGUIAR, Edijane Moreira de [1]

AGUIAR, Edijane Moreira de. As contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento da coordenação motora em crianças autistas na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 19, pp. 123-136. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/criancas-autistas

RESUMO

O autismo é um Transtorno que não tem cura, mas pode ser feita intervenções para que criança possa desenvolver adequadamente a coordenação motora. A fim de cumprir com os propósitos desta pesquisa de verificar as contribuições da psicomotricidade no processo de desenvolvimento da coordenação motora fina e ampla numa criança com autismo, foi realizada uma coleta de dados bibliográficos pautados nos saberes de: Alves (2003), Cunha (2012), Fonseca (2008), Bueno (2014), Mello (1989), Nogueira (2009). Usou-se a metodologia de Pesquisa descritiva, com análise de dados qualitativos, com coleta de dados por meio de observação de uma Pesquisa de campo. Para a coleta de informações foram elaboradas atividades psicomotoras pelo observador. Foi analisada a partir de observação uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A criança relutou no começo das atividades, mas depois começou a participar ativamente, dentro de suas limitações, das atividades com as outras crianças.

Palavras-Chave: Motricidade, coordenação motora, atividades, autismo.

1. INTRODUÇÃO

A Educação Infantil, a priori primeira etapa da Educação Básica, segundo a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, deve estar centrada no desenvolvimento integral da criança, trabalhando o cognitivo, o social, e o psicomotor, ressaltando que esse segmento possui como objetivo desenvolvê-los e potencializá-los para possuir e utilizar de habilidades específicas para seu crescimento pessoal, social e motriz.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, 2013).

A psicomotricidade na educação infantil é capaz de grande mérito no crescimento das crianças, por tanto, arranjando um ambiente propício para que elas possam se sentir aconchegantes, concomitantemente, irão efetuar várias atividades trabalhando os movimentos do corpo. A Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem, através do corpo em movimento, dando oportunidade o indivíduo a experimentar o mundo social e, ajudando expressar seu mundo particular. A psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurológicos, psicológicos e sociais que intervêm na interação do movimento humano (FONSECA, 2008).

Temos evidências que comprovam a importância da psicomotricidade na vida da criança, pois se buscar por adquirir coordenação motora ampla e coordenação motora fina através do movimento do corpo com atividades dirigidas dentro e fora da sala de aula, onde acaba se tornando muito satisfatório para toda a equipe pedagógica e pais quando ela flui no aluno, assim podendo acrescentar grandes avanços significativos na aprendizagem em crianças autistas, que são crianças com certas limitações na coordenação motora fina.

O autismo é um transtorno do desenvolvimento, persistente por toda vida, pois não possui cura, nem causas constantemente esclarecidas, afetando vários aspectos da comunicação, coordenação motora, além de influenciar no comportamento do indivíduo. Mas existem as intervenções a serem trabalhadas com estas crianças, podendo assim obter avanços no ensino-aprendizagem. (OPAS, 2017)

É de grande importância se trabalhar e estimular a coordenação motora precocemente a esta criança com transtorno autismo, através de brincadeiras dirigidas dentro da sala de aula, ou melhor, ainda quadra da escola, já trabalhando também o movimento da pinça. A coordenação motora ocorre processos de desenvolvimento constates, é ela que nos ocasionam praticar os mais variados movimentos do corpo ordenados, é chamada coordenação motora grossa e fina.

As atividades de psicomotricidade além de proporcionar o educando a coordenação motora, oportuna à socialização, a inclusão, a comunicação entre amplos, sendo assim, trazendo o contato visual desta criança especial para a sociedade a sua volta – que na maioria das vezes é difícil se ter este olhar. Pois ela beneficia o meio de ensino-aprendizagem de maneira lúdica, divertida e prazerosa aos educandos aprender/brincando (CUNHA, 2012).

A dinamicidade tomando assim aulas criativas, inovadoras, para se trabalhar com o corpo e mente, através das brincadeiras e com lúdico acaba por colaborar significativamente para o desenvolvimento efetivo das crianças desde pequenas. É por meio dessas brincadeiras e atividades lúdicas que a criança amplia seus conhecimentos, tornando assim, uma aprendizagem de qualidade e acaba valorizando o desenvolvimento do educando, passando aprender com amor.

Assim, entendemos que o processo de psicomotricidade acaba por ajudar em maneira ampla o pedagogo em sala de aula. Concomitantemente, até que ponto a psicomotricidade auxilia no desenvolvimento da coordenação motora de uma criança autista? Para isso, este artigo vislumbra como objetivo geral para responder esse ponto verificar as contribuições da psicomotricidade no processo de desenvolvimento da coordenação motora fina e ampla numa criança com autismo, sendo seus objetivos específicos, 1) Aplicar atividades lúdicas para crianças com autismo. 2) Analisar o comportamento da criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista). 3) Averiguar se houve avanços na coordenação motora ampla e fina com uma criança autista, e com dificuldades psicomotoras. 4) Observar os avanços com auxílio das aulas de psicomotricidade dentro e fora da sala de aula.

Para alcançar os objetivos, utilizaremos como metodologia uma pesquisa Descritiva, com caráter qualitativo. Assim usaremos um estudo de caso, sendo como instrumento principal para acompanhar coletar as informações a observação de uma criança com TEA de uma escola particular.

Este artigo se divide em cinco partes: A primeira parte trata da introdução contemplando a importância do tema, a problemática, os objetivos gerais e específicos, justificativa e metodologia. A segunda parte trata do referencial teórico que abordará autores conceituados como Passos (2015), Alves (2003), Cunha (2012), Fonseca (2008), Bueno (2014), Mello (1989), Nogueira (2009), entre outros. A terceira parte trata da metodologia importa para alcançar os objetivos. A quarta parte trata da análise de dados apurados na metodologia aplicada dentro e fora de aula. A quinta parte trata das considerações finais do artigo.

2. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Hoje há um conjunto de valores importantes que a sociedade em geral tem como direito previstos, um deles é a educação. Todavia, um dos desafios da educação é gerar uma globalização para que todos os indivíduos estejam dentro do eixo educacional sem qualquer distinção eminente que possam diferenciar cada criança. Com esse intuito a legislação engloba o direito dos autistas a educação, principalmente na educação infantil.

O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (BRASIL, 2013)

Em 2012, entrou em vigor a lei 12.764/2012, onde essa lei acabou por instituir uma Política Nacional voltada a Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, onde estabeleceu algumas diretrizes. Ela considera pessoas com TEA aquelas previstas no item 1 e 2 do parágrafo primeiro:

§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I – Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II – Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. (BRASIL, 2012)

 Estimativas demonstram que existam mais 70 milhões de pessoas autista no mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. No ano de 2019, foi criada pelo governo Federal a Lei 13.861/2019, cujo seu texto faz com que os censos que coletarem os  dados demográficos a partir do ano de 2019 incluirão dentro de suas especificações aquelas inerentes ao transtorno do espectro autista (TEA), sendo um avanço para a sociedade em geral quanto aos assuntos de diversidade humana e psicopedagógicas.

Apesar do relativo alto número de pessoas com TEA, ele só entrou na classificação de doenças internacionais da Organização Mundial da Saúde em 1993, pois a demora deve-se ainda ao pouco saber do diagnóstico do transtorno que acaba por muitas vezes ser impreciso e nem mesmo saber por meio de exames genéticos. (PASSOS et al, 2015).

Em maio de 2014, a 67ª assembleia da OMS, foi aprovada uma resolução que abrangiam os Esforços coordenados para a administração de distúrbios do espectro do autismo (TEA), onde os países e a OMS reconheceram a necessidade de Fortalecer as capacidades dos seus parceiros a promoverem a saúde e o bem-estar de todas as pessoas com TEA, sendo as principais contribuições os compromissos dos governos quanto as ampliações do debate internacional sobre o autismo, Criação de políticas e planos de ação que contemple o TEA em um contexto de saúde mental e incapacidades, além da contribuição de novas evidencias quanto as avaliações e tratamento do TEA. (OPAS, 2017)

Por isso, a importância dos entes públicos a observarem com melhores olhos as condições que pais e sociedade têm para manter a afetividade com as pessoas portadoras de TEA, desenvolvendo assim atividades de lazer e aprendizagem para promover um desenvolvimento ideal e bem-estar da família. Vale aqui lembrar a importância de se trabalhar ações e monitorar desde a educação infantil, como parte dos cuidados de rotina.

É importante que, uma vez identificadas, as crianças com TEA e suas famílias recebam informações relevantes, serviços, referências e apoio prático de acordo com suas necessidades individuais. A cura para o transtorno não foi desenvolvida. No entanto, intervenções psicossociais baseadas em evidências, como o tratamento comportamental e programas de treinamento de habilidades para pais e outros cuidadores, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social, com impacto positivo no bem-estar e qualidade de vida da pessoa. (OPAS, 2017)

Muitas das vezes esse cuidado acaba por gerar uma carga econômica muito grande para as famílias dessas crianças, por isso o trabalho de cuidadores, profissionais da saúde e da pedagogia são muito importantes para o desenvolvimento de intervenção de cuidados para essas crianças. (OPAS, 2017)

3. PSICOMOTRICIDADE

A Psicomotricidade é uma ação pedagógica que entendo o movimento interligado com as interações psíquicas e cognitivas do sujeito (SILVA, 2019). Ao pular, correr, brincar, seja através de jogos ou exercícios elabora a psicomotricidade, pois é um trabalho fértil que contribui significativamente no desenvolvimento da criança. Conforme o aluno apresente dificuldades na coordenação motora fina, logo deve se pensar em ser trabalhado o desenvolvimento psicomotor, que parte também do cognitivo, pois ambos são interligados. Pois a partir do ato psicomotor que são os movimentos do corpo, inclui a inteligência.

Otoni (2007) propõe que o trabalho na educação infantil é de criar oportunidades para que as crianças se vejam criando, movimentando e realizando em várias atividades, sempre em busca de novas experiências e tornando-as cada vez mais confiantes, com mais saúde e em busca de sua autonomia.

Moraes (1989) destaca que embora a psicomotricidade esteja diretamente vinculada à medicina, e ainda entendendo que esta é bastante importante para os diagnósticos, todavia, ele ressalta que, não são suficientes para responder pela completa execução de movimentos e por gerar vários distúrbios psicomotores.

Para que a criança venha a desenvolver melhor as atividades, a identificação mais rápida do TEA, sendo diagnosticado desde antes por especialistas na área de saúde, e o trabalho pedagógico correto e alinhado a um plano de ação pedagógico que trabalhe com a criança maneiras de participar com seu máximo potencial para suas ações na sociedade.

Uma criança desde cedo prática estas atividades e quando chega aos bancos escolares já possui certa coordenação global de seus movimentos. Algumas podem ainda apresentar dificuldades e o professor, antes de tudo, deve levar em conta essas possiblidades, avaliando as aquisições anteriores. Deve observar a relação entre postura e controle do corpo, e se a criança apresenta cansaço ou uma realização deficiente do movimento. Ele precisa, então, corrigir as posturas inadequadas com paciência e dentro de um clima de segurança, para melhor auxiliá-la no sentido de desenvolver uma coordenação mais satisfatória (OLIVEIRA, 2008, p. 42).

Percebe-se da grande relevância do auxílio da psicomotricidade na coordenação motora, a partir daí se ouve a necessidade de estimular mais uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com dificuldade de coordenação. Existem alunos com danos na coordenação motora fina, como também no equilíbrio, lateralidade até mesmo na fala, por não terem presenciado atividades de psicomotricidade na Educação Infantil. A escola é um ambiente pertinente para o treino psicomotor, no intuito a noções do corpo e da compreensão do espaço, na qual são cruciais para a socialização do educando. (CUNHA, 2012).

3.1 COORDENAÇÃO MOTORA FINA

Para Almeida (2006) a coordenação motora fina está diretamente relacionada ao que podem ser executados com as mãos e dedos. O domínio de pequenas atividades por crianças na fase de descobrimento, onde elas estão em desenvolvimento constante, está diretamente relacionada à coordenação motora fina. Escrever, conseguir controlar os movimentos do tato e da visão, movimentar os lábios são alguns dos movimentos que estruturam a coordenação motora fina.

Os indivíduos estão consequentemente em movimento, portanto a psicomotricidade é de extrema importância no desenvolvimento do ser humano, oportunizando a conhecê-lo seu corpo e interagir com o outro no corpo próprio espaço. Para Nogueira (2009) cada indivíduo pode aprender de uma forma diferente da outra, construindo conhecimento com o outro, por exemplo, algumas pessoas têm mais facilidades de aprenderem a mostrar resultados em trabalhos que contemplem a coordenação motora fina como desenhar, pintar, tricotar, outras pessoas tendem a serem excelentes em raciocínio lógico, outras conseguem ser mais criativas, aderem mais a imaginar e refletir o porque das coisas.

A importância que a coordenação motora fina tem no ser humano passa por uma esfera de reconhecimento de outras habilidades que nem sempre agem em conjunto. Para Leite (2012, p. 69), “no ato de escrever exige a criança conquista da coordenação motora fina, no entanto, requer também o desenvolvimento de uma boa coordenação motora óculo-nominal, de modo que a criança possa perceber espaços na folha, as pautas, as margens e guiar os movimentos da escrita”.

Partindo dessa formulação retratada pelos autores, a criança que tem a habilidade de trabalhar as atividades com sua visão, seu tato, acabam por desenvolver melhor as atividades propostas do dia a dia em sala de aula e até na sociedade que estão inseridas. Todavia, as crianças portadoras de TEA não conseguem ter uma máxima ou parte dessa supremacia sobre este tipo de coordenação motora, alterando parte do seu aprendizado e de sua maneira de agir com as pessoas que estão ao seu redor. É necessário que os profissionais da educação entendam a formação complexa dessas crianças e formulem atividades que ajudem essas crianças portadoras de TEA a melhorarem a socialização e o seu aprendizado. (LEITE, 2012)

3.2 COORDENAÇÃO MOTORA AMPLA

Para Bueno (2014) a coordenação motora ampla, também conhecida como coordenação motora global ou geral é o controle de movimentos amplos do nosso corpo, deixando assim a complexidade de contrair os grupos musculares do nosso corpo de forma independente.

Partindo desse principio, o professor deve estimular este tipo de coordenação no educando, para isso ele deve partir de uma simples proposta de trabalho com o aluno para o desenvolvimento de outras mais complexas, partindo do principio que as crianças ter um desenvolvimento diferente da possibilidade de buscar conhecimento, sendo que elas têm que ter o maior conhecimento da realidade posta.

Para um bom desenvolvimento da coordenação dinâmica global as atividades devem seguir uma progressão partindo de proposta simples para outras sucessivas e combinadas, do amplo para o específico. As informações passadas às crianças devem ser o mais simples possível e com poucos estímulos, permitindo a elas buscar seus próprios recursos dentro de suas possibilidades reais, para que se descubra e sinta-se satisfeitas com as próprias descobertas. (BUENO, 2014, P. 82)

Pessoas com TEA, assim como a coordenação motora fina, tendem a ter uma deficiência parcial no uso da coordenação motora ampla. Gorla (1964) expressa à insuficiência desse tipo de coordenação motora, para ele, aqueles que apresentem dificuldades na coordenação estão afetados, diante a reflexos e movimentos fortes e mais amplos que os demais.

4. METODOLOGIA

A presente pesquisa tem uma abordagem qualitativa, pois a reflexão a ser feita entre o sujeito e a realidade vai além da sua realidade numérica, contribuindo com maior eficácia para o desenvolvimento da ciência social da Pedagogia, sendo essencial uma pesquisa descritiva para que sejam alcançados os objetivos deste artigo, com dados primários, baseando-se no referencial teórico e nos dados que foram coletados no estudo de caso. O método de coleta de informações foi à observação.

[…] conceituamos a abordagem qualitativa como sendo um processo de reflexões e análises da realidade através da utilização de métodos e técnicas para a compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico ou segundo a sua estruturação. Esse processo implica em estudos segundo a literatura pertinente ao tema, observações, aplicação de questionários, entrevistas e análise de dados, que se deve ser apresentada de forma descritiva.  (OLIVEIRA, 2007 p. 37)

Como sujeito da pesquisa, foi observada uma criança de três anos de idade, sexo masculino, que está no infantil III de uma escola particular. A turma é composta por 13 alunos, sendo essa criança portadora de TEA. Para essa pesquisa, a amostragem está relacionada ao estudo de campo, com o intuito de desenvolver uma abordagem qualitativa na pesquisa.

As atividades propostas desenvolvidas para a observação foram escolhidas a fim de compreender como a criança portadora de TEA reagiria. As atividades propostas para o grupo de crianças – incluindo a criança com TEA que era o sujeito da pesquisa – foram o Bambolê e o boliche. Ambas trabalham os dois tipos de coordenação motora – Fina e Ampla – e permite que todas as crianças conseguissem socializar e demonstrar o objetivo da pesquisa. Embora o sujeito da pesquisa seja a criança com TEA, as demais crianças têm papel fundamental na pesquisa, pois elas acabam por despertar o papel da socialização da criança com TEA. Para GORLA (2014), temos que levar em consideração os inúmeros níveis de desenvolvimento que pessoas com deficiências intelectuais possam acarretar, daí o problema social consegue reverter-se, e para isso temos que acreditar na possibilidade de socialização do ser.

5. COMPREENDENDO OS ASPECTOS EDUCATIVOS E SOCIAIS NA SALA DE AULA

Ao adentrar á sala de aula percebe-se ações educativas voltadas para o lúdico colocada nas paredes, se tornando um espaço amplo favorável ás atividades das crianças e do sujeito do estudo que era a criança com TEA, onde o objetivo da aula era trabalhar este tipo de coordenação motora das crianças e demonstrar que existem amplos movimentos. Esses primeiros aspectos acabam por auxiliar os alunos a buscarem o conhecimento e perceber as próprias habilidades (LEITE, 2012).

Seguindo com a observação, no início da aula as crianças permaneciam sentadas, brincando com massa de modelar, posteriormente ocorreu o momento de músicas, o qual dentre cantaram e dançaram “cabeça, ombro, joelho e pé”, até aí a criança com TEA não manifestou nenhum interesse, olhou e continuou andando pela sala.

Logo em seguida a professora trouxe bambolês e boliche para as atividades psicomotoras que foram realizadas dentro e fora da sala de aula. A partir daí despertou nele a curiosidade, tocando-o nos objetos, rolando as garrafas no chão, jogando a bola com as mãos. Para a professora da criança com TEA reconhece que é preciso as analisar a essência da criança em sala de aula, e que para isso é necessário conhece-los melhor para aplicar metodologias de ensino direcionadas para cada necessidade, afim de despertar a curiosidade, a participação de cada individuo e a socialização em grupo.

É a partir de um autoconhecimento corporal que a criança possui possibilidades para sua interrelação com o meio que a circunda, interferindo nele e modificando-o de acordo com as suas necessidades e da coletividade na qual está inserida, “[…] à medida que a criança experimenta várias situações que proporcionam o conhecimento total de seu corpo e de suas partes, permite uma comunicação com o meio.” (ALVES, 2008, p.44).

A professora fez a explanação dos objetos na sala e explicou as brincadeiras dirigidas de psicomotricidade que iria ser algumas dentro e outras fora na quadra da escola. Antes das atividades psicomotoras ele não ficava em grupo, passava a maior parte do tempo correndo, tinha receio a massa de modelar, a tinta guache, não tinha coordenação motora fina, pois não utilizava o lápis para rabiscar, ou seja, não tinha o movimento de pinça. A professora salienta que é de grande relevância tornar o ambiente escolar inclusivo acima de tudo, trazendo um ambiente lúdico e inovador, tornando estes momentos prazerosos. Ela ainda ressalta que essas atividades que trabalham com o corpo em movimento proporciona o desenvolvimento gradual da coordenação motora.

6. PRÁTICAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Foram realizadas 02 (duas) atividades que favorecem o desenvolvimento psicomotor, sendo descritas nos tópicos seguintes. A coordenação motora grossa utiliza os movimentos, manipulado através do cérebro, músculos e articulações, fazendo com que a criança exercite o corpo, quando consegue fica de pé sozinha, pular, andar, correr, e a coordenação motora fina oportunizam o educando a pequenos músculos como: manuseio do lápis desenhar, recortar, montar.

6.1 BAMBOLÊ

A brincadeira do bambolê se configura no exercício de movimentos com o objeto (um círculo plástico flexível) sendo desenvolvida de diversas formas de atividades, de acordo com o interesse das crianças e as objetivações do professor. Assim foram espalhados na quadra em 02 (dois) grupos com 04 (quatro) bambolês, utilizando em pares fossem pulando com os dois dentro dos bambolês até alcançarem a marca de chegada. A criança com TEA logo mostrou interesse e com o auxílio da professora foram juntos pular.

Para Mello (1989) quando uma criança que obedece a estímulos motores, seu raciocínio lógico está sendo solicitado e experimentado ao mesmo tempo uma socialização com as demais crianças, possuindo assim, implicações sociais e emocionais.

6.2 BOLICHE

A brincadeira do boliche se caracteriza em jogar uma bola para derrubar o máximo de garrafas possíveis, sendo estas dispostas na quadra, todas juntas, de modo que a criança lançasse a bola e atingisse o máximo que conseguissem, exigindo delas o domínio nos membros superiores. Com essa atividade, desenvolviam a noção espacial, sabendo onde se localizavam e onde deveria atingir com a bola, essa noção espacial é determinante para que consigam escrever posteriormente reconhecendo o limite da folha, pintar dentro dos espaços, além de exercitarem também a força ao arremessarem a bola e trabalharem o tempo.

Concomitantemente, com essa atividade buscou a socialização e concentração do educando com TEA, pois se mostrou empolgando participou, jogando a bola e a professora o auxiliou com as atividades, podendo assim interagir, observar as brincadeiras e aprender/brincando.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fatores existentes relacionados ao processo de desenvolvimento psicomotor na Educação Infantil devem ser refletidos constantemente a fim de que as crianças possam não simplesmente evoluir no sentido etário/escolaridade, mas primordialmente possuir uma formação integral enquanto pessoa humana, conhecedora do próprio corpo e através dessas atividades psicomotoras vai sendo desenvolvida a coordenação motora fina e ampla com as habilidades adquiridas no decorrer do tempo, despertando também o cognitivo da criança.

O professor como também os pais tem uma função determinando nessa evolução, necessitam estar acompanhando o desenvolvimento dessa criança com TEA e respeitando suas limitações em todos os seus aspectos, nesse sentido, o educador necessita estabelecer metodologias que possibilite aos educandos o interesse pelas atividades, portanto crianças com TEA nem tudo vão ser aceito rapidamente, depende da criança então pode levar um tempo sendo praticadas essas atividades psicomotoras somente com as de mais da sala, até ir se adaptando, pois é algo que a desconhece. Mas quando se distanciava da turma tirando a atenção das atividades, logo a professora a incluía junto novamente. Assim, desenvolvia os grandes músculos do corpo, favorecendo o domínio corporal através do equilíbrio dinâmico, também a percepção visual, além da obtenção de progressiva velocidade e agilidade para percorrerem o trajeto.

O desenvolvimento psicomotor na Educação Infantil é um campo de pesquisa muito amplo e necessita ser mais explorado para que a escola possa contribuir significativamente com o desenvolvimento motor das crianças com TEA, o que é determinante para a evolução em todos os aspectos, possibilitando assim, superação de ações fragmentadas, favorecendo uma formação na sua totalidade. O processo de observação transcorreu normalmente e com êxito, contribuindo de forma concreta para conhecer as contribuições da psicomotricidade em criança com transtorno do Espectro Autismo (TEA) na Educação Infantil.

Considera-se que a realização do trabalho é bastante oportuna e de suma importância, por se tratar de coordenação motora com educando autista. O intuito deste tema é de grande relevância esta observação, pois o autismo tem suas limitações em desenvolver coordenação motora fina, então sem ela o aluno terá ausência de lateralidade, equilíbrio, espaço, agilidade, velocidade e muito mais.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em psicomotricidade: Jogos atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 7 ed. Rio de Janeiro: Ed. Wak 2006.160p

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, Ação, e Emoção. 3 ed. Rio de janeiro. Ed. Wak, 2003.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2012]. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm >

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BUENO. Jocian Machado. Teoria e pratica da escola à aquática. 1 Ed. Editora Cortez. São Paulo-SP, 2014.

CUNHA, Eugênio. Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. 2ª ed. São Paulo: Artmed, 2012.

FONSECA. Vitor Da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. 1 ed. Porto Alegre: ed. Armed, 2008. 582 p.

GORLA. José Irinel, Avaliação motora em educação física: Teste KTK. 1 ed. São Paulo: Editora Phorte. 1964.

GORLA, José lrineu. Desenvolvimento de equações generalizadas para estimativa da coordenação motora em crianças e adolescentes portadores de deficiência mental. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2004. Disponível em: < http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/274752/1/Gorla_JoseIrineu_D.pdf > Acessado em 12 de maio de 2020.

LEITE. Vania aparecida Marques. Dimensões da não aprendizagem. Ed. Rev. IESDE, Curitiba-PR, 2012, 100 p. Disponível em < http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/23990.pdf > Acessado em 12 de maio de 2020.

MELLO. Alexandre Moraes. Psicomotricidade, Educação E Jogos Infantis. Ed. IBRASA: São Paulo-SP, 1989. 62 p.

NOGUEIRA. Makeliny Oliveira Gomes. Aprendizagem do aluno adulto. Implicações para a prática docente no ensino superior. Ed. IBIPEX. Curitiba-PR, 2009.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. 13ª ed., VOZES. Petrópolis – RJ, 2008.

OLIVEIRA, Maria Marly. Como fazer uma pesquisa qualitativa. Ed. Vozes. Petrópolis – RJ, 2007.

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OTONI. Barbara, B. Valle. A Psicomotricidade na Educação Infantil. Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 2007. Disponível em < https://www.psicomotricidade.com.br/artigos/psicomotricidade_educacao.htm >  Acessado em 12 de maio de 2020.

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[1] Graduada em Pedagogia.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

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