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Ausência da prática regular de educação física na educação infantil

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MORENO, Milena Farias [1], NETO, Luiz Torres Raposo [2], COSTA, Roberta Oliveira da [3]

MORENO, Milena Farias. NETO, Luiz Torres Raposo. COSTA, Roberta Oliveira da. Ausência da prática regular de educação física na educação infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 06, Vol. 05, pp. 116-137. Junho de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

A Educação Física tem papel fundamental para o desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor do aluno, é através dela que os indivíduos vivenciam diversas práticas corporais no âmbito escolar. Deste modo, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os possíveis impactos da ausência da prática da Educação Física na Educação Infantil, realizando um estudo comparativo do desenvolvimento motor de alunos que vivenciam a prática e alunos que não possuem essa vivência no ambiente escolar, verificando assim, a atuação e potencialização da disciplina. A pesquisa ocorre em duas escolas, ambas da rede privada, todas localizadas na cidade de Fortaleza, Ceará. A amostra do presente estudo foi composta por 20 alunos, sendo 10 da escola que não possuem Educação Física e 10 da escola que possuem Educação Física, as crianças são de ambos os gêneros, com faixa etária de 4 a 5 anos de idade. Para a avaliação foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002), no qual compreende uma bateria de teste diversificadas e de dificuldade graduada, a motricidade global e a motricidade fina, foi a linha de pesquisa do estudo. Os principais resultados apontam 20% dos alunos praticantes ficaram superiores a sua idade motora, 20% obtiveram normal alto e 60% normal médio. Já em relação aos não praticantes os resultados encontrados sofreram variações dos quais 40% alcançaram idade normal médio, 40% normal baixo, 10% ficaram com idades inferiores e os outros 10% muito inferior. Conclui-se que ausência da prática de Educação Física Infantil, está intimamente ligada a um atraso motor na maioria dos alunos que não possuem a prática nas séries iniciais.

Palavras-chave: Desenvolvimento motor, educação física, crianças.

INTRODUÇÃO

A Educação Física tem papel fundamental para o desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor do aluno, é através dela que os indivíduos vivenciam diversas práticas corporais no âmbito escolar, além de uma formação cidadã e de uma construção de valores. A Educação Física ganhou uma atuação de importância na escola, devido à implementação da Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDBEN – (9394/96) que tornou à Educação Física disciplina curricular e obrigatória no processo de ensino – aprendizagem na escola (DARIDO; RANGEL, 2014)

Segundo o Referencial Nacional para Educação Infantil (RCNEI) criado para auxiliar o professor nos conteúdos, objetivos e orientações didáticas escolares, o RCN não tem uma abordagem direta a Educação Física, mas no volume 3 refere-se conhecimento de mundo composto por 6 documentos dos quais traz: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática. Portanto, segundo o RCN, a presença do movimento humano na Educação Infantil é de grande importância para as crianças (BRASIL,1998).

Desta feita, formulou-se a seguinte questão da atividade investigativa, se a Educação Física tem um repertório de práticas culturais a ser perpassado aos alunos da educação infantil, promovendo o desenvolvimento motor através de atividades de equilíbrio, coordenação motora ampla e fina, expressividade, lateralidade, noção de tempo e espaço, e, além disso, oferecem atividades que trabalham socialização, respeito, interferem no cognitivo através de jogos e brincadeiras, ou seja, do lúdico, permitindo as crianças estabelecerem uma compreensão do seu corpo, dos seus limites, da sua autoconfiança. Quais os possíveis impactos da ausência da prática de Educação Física na Educação Infantil?

Pensando de forma hipotética e puramente baseada no conhecimento empírico do pesquisador, pode-se supor que após muitas pesquisas entorno do assunto e das contribuições que a Educação Física traz para a sociedade e para a escola, é evidenciado que o aluno que se ausenta das práticas da Educação Física possa ter um atraso motor, um possível sedentarismo ocasionado pelo mundo moderno em que se encontram e de se tornarem adultos egocêntricos.

Deste modo, a presente pesquisa tem como objetivo analisar os possíveis impactos da ausência da prática da Educação Física na Educação Infantil, realizando um estudo comparativo do desenvolvimento motor de alunos matriculados nas séries iniciais que vivenciam a prática de Educação Física na Educação Infantil e alunos que não possuem essa vivência no ambiente escolar, verificando assim, a atuação da disciplina e sua prática na Educação Infantil, observando a influência que a disciplina pode ocasionar para essa faixa etária.

Em uma busca no sítio eletrônico da Scielo e Pepsic não foi verificado nenhum tema relacionado ao da pesquisa, à alguns temas relacionados com atividade motora e outro com aptidão física na criança, todavia, nenhum foi ambientado no município de Fortaleza tal fato também justifica esta pesquisa. Outro fato é poder vislumbrar os efeitos que a Educação Física, ocasiona no desenvolvimento de uma criança, sendo a educação infantil a primeira etapa da educação básica e a Educação Física um componente curricular obrigatório da mesma, por que há essa carência de aulas de Educação Física infantil? Já que a Educação Física tem um amplo conhecimento a ser repassados aos alunos possibilitando vivenciar inúmeras experiências e práticas motoras que vão ser carregadas por toda a vida.

De acordo com Basei (2008) pesquisar sobre Educação Física na educação infantil se torna relevante, pois, a mesma tem um papel fundamental na Educação Infantil, pela possibilidade de proporcionar às crianças uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e ideias sobre o movimento e suas ações.

O estudo pode vir a ser importante para professores, gestores e estudantes de Educação Física, pois, relata uma pesquisa entorno da importância de um profissional atuando nas séries iniciais da educação básica, verificando os impactos da prática de Educação Física Escolar regular na infância.

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

A Educação Física foi se modificando sofrendo influência ao longo dos anos de tendências que até hoje interfere na formação e, na prática, pedagógica do professor (DARIDO; NETO, 2014). Tendências essas Higienistas, Militaristas, Esportivistas, Recreacionista, que após algumas discussões em torno delas surgiram novas abordagens que tinha o intuito de romper com as antigas, algumas são as abordagens psicomotoras, construtivistas, desenvolvimentistas e críticas.

Durante muito tempo, a Educação Física na escola, teve uma metodologia e uma concepção muito calistênica e tecnicista, os professores que eram muitas das vezes militares, ministravam suas aulas valorizando os alunos mais habilidosos e com porte físico melhor, ou seja, havia uma exclusão dos alunos que não se enquadravam nesses aspectos. Para Prado (2015) historicamente a Educação Física como disciplina escolar ocupou uma posição de desigualdade e marginalidade na hierarquia dos saberes escolares, portanto, por um tempo a Educação Física foi desvalorizada pela escola como disciplina.

Tudo começa a mudar com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) juntamente com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) pela valorização da disciplina no âmbito escolar, e por enxergar a Educação Física como uma disciplina com conhecimentos, pedagogias e objetos a serem desenvolvidos na escola. Portanto, a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDBEN – (9394/96) traz no parágrafo 3.º do artigo 26 que a Educação Física se tornou componente curricular da educação básica, interligada a proposta pedagógica da escola, adequando-se a população escolar e suas faixas etárias, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL,1996).

Com a implementação da lei nº 9.394/96, a Educação Física passou a ser uma disciplina curricular obrigatória na escola. A esse respeito Darido e Rangel (2014, p.55) diz:

Tornar a educação Física aos olhos da lei componente curricular obrigatório é reconhecer que seu ensino tem objetivos de estudo e conhecimento próprio presente nos jogos, esportes, ginásticas, lutas, danças, capoeira e conhecimento sobre o corpo, constituindo então a base que mantém na escola.

Os parâmetros curriculares Nacionais para Educação Física, vieram com uma proposta voltada para uma prática pedagógica mais diversificada, humanizada e democrática, viabilizando um trabalho integrando as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos, buscando retirar essa visão apenas biológica (BRASIL, 1998). Os PCN’s, portanto, não são um documento obrigatório a ser seguido, mas, é um norte ao qual os professores podem recorrer.

Segundo Prado (2015) o objeto de estudo da Educação Física está vinculado ao movimento humano e em todas as suas manifestações, seja da mais simples às mais complexas, tendo sua aplicação desde conhecimento sobre o corpo, exercícios físicos a ginástica, lutas, jogos, esportes, dança e muitas outras atividades.

A Educação Física compreende como conteúdo a cultura corporal de movimento, segundos os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). Como área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física Escolar introduz e íntegra os alunos nessa cultura, permitindo que o cidadão tenha uma formação crítica ao exercitar a sua cidadania e uma qualidade de vida melhor.

De acordo com a compreensão de Darido e Rangel (2014) o objetivo principal da Educação Física Escolar é de introduzir os alunos na cultura corporal de movimento, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio formando cidadãos que vão desfrutar, compartilhar, elaborar, reelaborar e transformar as manifestações que caracterizam essa área.

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR NA INFÂNCIA

Como qualquer outro ser humano, a criança é um ser social e histórico, no qual se encontra inserida numa estrutura familiar, constituindo parte da sociedade, agregada numa determinada cultura, e momento histórico. É fortemente marcado pelo ambiente em que se vive, da mesma forma como também a marca (BRASIL, 1998).

Segundos os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006, p.14) define a criança como:

É um ser humano único, completo e, ao mesmo tempo, em crescimento e em desenvolvimento. É um ser humano completo porque tem características necessárias para ser considerado como tal: constituição física, formas de agir, pensar e sentir. É um ser em crescimento porque seu corpo está continuamente aumentando em peso e altura. É um ser em desenvolvimento porque essas características estão em permanente transformação.

O contexto em que a criança está inserida, determina crucial as potencialidades do seu desenvolvimento, seja no ambiente familiar ou na escola, é preciso que a criança tenha interações sociais. Portanto, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.21) reafirma que “Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem”.

Segundo Malta (2012) dá início a aprendizagem essencial para a vida, utilizando-se de movimentos/expressões corporais para expressar sentimentos, emoções, interações socioculturais, a conviver em comunidade e o meio que a cerca. O movimentar-se está presente na vida da criança desde a concepção através de movimentos reflexos no qual o feto mantém contato com a mãe, esse, portanto, é o primeiro ato de movimento do ser humano e ao logo da sua vida vai sendo desenvolvido novas habilidades e aperfeiçoamentos dos atos motores.

Conforme Kamila, et al., (2010) a estimulação psicomotora é indispensável no desenvolvimento motor, afetivo e psicológico do indivíduo para a sua formação integral, ressaltando que a atividade psicomotora associada a atividades lúdicas, tem grande importância na colaboração do desenvolvimento integral e para que ela possa fortalecer o pré-requisito fundamental para a vida escolar. Dentre os elementos básicos da psicomotricidade encontramos; Coordenação global, Coordenação Fina, Esquema corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e equilíbrio.

De acordo com Gomes, et al., (2015) desde o nascimento, os seres humanos passam por diversas fases do desenvolvimento motor, que iniciam de simples movimentos reflexos, até os movimentos mais maduros. Os primeiros movimentos chamados de movimentos reflexos são movimentos primitivos que desaparecerão e darão origem aos movimentos especializados.

As mudanças que ocorrem ao longo do tempo no comportamento dos movimentos estão interligadas essencialmente no processo do desenvolvimento motor. Todos nós, desde bebês, crianças, adolescentes e adultos, adquirimos conhecimento que irão auxiliar a desempenhar movimentos com controle e competência em relação às mudanças que enfrentamos no dia a dia (GALLAHUE; OZMUN, 2013).

Conforme Basei (2008) a teoria vygotskiana trata dos processos de desenvolvimento psíquicos e fisiológicos de forma integrada, o que permite refletir o desenvolvimento como processos naturais que estão relacionados com os culturais, ou seja, não mantém somente a bases no indivíduo, mas nas relações sociais que estabelece dentro de uma cultura.

O desenvolvimento motor é um processo contínuo, que é relativo à idade cronológica, que traz consigo a relação entre o pressuposto das tarefas, a biologia do indivíduo e as circunstâncias ambientais, sendo inseparável às mudanças sociais, intelectuais e emocionais (ROSA NETO, et al., 2010). Portanto, as habilidades motoras possibilitam as crianças ter uma independência e um domínio na realização de diferentes atividades.

Por isso, a escola tem papel fundamental para criança, pois, vai ser o primeiro contato dela em um ambiente diferente, com outras crianças e sendo acompanhada por profissionais que vão-lhe proporcionar esse desenvolvimento pleno. Contudo, a escola precisa oportunizar diversas experiências, com grandes possibilidades e variações de movimentos, diversificando atividades para que consigam desenvolver-se de forma completa, permanecendo com a criança o seu desenvolvimento motor a vida toda (MALTA, 2012).

De acordo com Freire (2009) a criança ao frequentar a escola ela caracteriza-se basicamente em exercitar intensamente as suas funções simbólicas. Ou seja, ao brincar a criança interiorizar uma representatividade de fantasiar, criar, imaginar, através de objetos. Deste modo, a criança que chega na escola, se não puderem brincar, conviver com outras crianças, explorar diversos espaços, provavelmente as suas competências serão restritas (BRASIL, 1997).

Para Freitas (2010, p.146) sobre função simbólica

Ao jogar simbolicamente, ou imaginar e imitar, a criança cria um mundo em que não existem sanções, coações, normas e regras provenientes do mundo dos adultos, o que possibilita a ela transformar a realidade com o objeto de atender as suas necessidades e desejos.

Segundo, Brasil (1998) as crianças através dos seus esforços buscam entender o mundo em que vivem e as relações divergentes que presenciam, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e os seus anseios e desejos. Logo, ao brincar, soltar a imaginação a criança está desenvolvendo o seu raciocínio lógico ao resolver alguma situação conflitante surgido do momento. Assim, ao correr, saltar, brincar ou mesmo se movimentar está desenvolvendo sua identidade, sua formação como indivíduo sociocultural, se identificando com o ambiente que faz parte, a sua cultura (MALTA, 2012).

Gallahue e Ozmun (2013) descreve, que as fases do desenvolvimento motor se caracterizam por 4 fases: fase motora reflexiva, rudimentar, fundamentais e especializadas. A primeira fase, baseia-se nos movimentos reflexos, que configura os primeiros movimentos humanos, movimentos estes que são realizados involuntariamente que dá subsídios para fase do desenvolvimento motor. A segunda fase rudimentar, caracteriza-se por movimentos voluntários, que se estabeleci devido à maturação, movimentos estes que o bebe adquiri como, controle do pescoço, tarefas manipulativas de agarrar e soltar e locomotoras de arrastar e engatinhar.

A terceira fase motora fundamental, acontece logo após a 2 fase, sendo consequência da rudimentar, neste estágio o desenvolvimento motor da criança representa um período em que ela se encontra envolvidas na exploração e experimentação do potencial de movimentos dos seus corpos. E por último a fase especializada, que representa um período em que os movimentos de manipulação, locomoção e estabilização estarão progressivamente refinados. Ou seja, os movimentos vão ser associados a atividades complexas (GALLAHUE; OZMUN, 2013).

EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A educação infantil é o primeiro contato da criança com esse meio escolar, nessa fase a criança está em constante aprendizado e desenvolvimento e é de suma importância que ocorra estímulos positivos por parte dos educadores de forma a ampliar novos conhecimentos aos alunos.

Conforme a constituição brasileira, a primeira e segunda infância se caracteriza por crianças de 0 a 6 anos. Tendo os seus atendimentos em creches e pré-escola. Com a finalidade de desenvolver integralmente crianças até 6 anos de idade nos aspectos físicos, psicológicos intelectual e social (BRASIL, 2013).

Portanto, segundo Gava et al (2010) a Educação Física é uma disciplina que contribui muito para o desenvolvimento integral da criança, pois, através de atividades prazerosas a criança interage com objetos, pessoas e situações que estarão preparando-a para sua a vida em sociedade. “Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais” (BRASIL, 1998, p.16).

A criança para desenvolver o seu esquema corporal, o seu repertório motor e compreender o seu corpo no tempo e no espaço, é necessário que ocorra estímulos positivos durante o seu processo de aprendizagem desenvolvendo para além do seu aspecto motor, os aspectos afetivos e cognitivos, pois, também são considerados fases indispensáveis para o desenvolvimento integral da criança, constituindo o fundamento da psicomotricidade.

De acordo com Rossi (2012) a psicomotricidade faz parte de todas as atividades que favorecem o desenvolvimento da motricidade nas crianças, contribuindo para o conhecimento e domínio do seu próprio corpo. Deste modo, a escola tem uma função importante no desenvolvimento da psicomotricidade da criança principalmente se está for trabalhada nas séries iniciais. Pois, é na Educação Infantil que a criança busca experiência no seu próprio corpo (ROSSI, 2012).

Assim sendo, a Educação Física tem como conteúdo e área de conhecimento, a cultura corporal de movimento. Segundo, Darido e Rangel (2014) a cultura corporal de movimento parece ser a que mais se adequa da prática pedagógica escolar, ou seja, vai desde das escolhas dos conteúdos até a contextualização das expressões corporais na realização das aulas.

O Referência Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) diz que, é muito grande a influência que a cultura tem sobre o desenvolvimento da motricidade infantil não apenas pelos significados diversos que cada grupo constitui a gestos e expressões faciais, mas também pelos movimentos que são adquiridos no manuseio de objetos específicos presente nas atividades diárias.

Basei (2008, p.5) “A criança se expressa com o seu corpo através do movimento. O corpo possibilita à criança apreender e explorar o mundo, estabelecendo relações com os outros e com o meio”. Sendo assim, é preciso respeitar, compreender e acolher este universo cultural infantil, dentro das práticas escolares, concedendo aos alunos outro modo de produzir conhecimento (BASEI, 2008).

Deste modo, a escola precisa ter concepção de que a Educação Física tem muito a contribuir para a formação e desenvolvimento da criança. E mudar o ensino sistematizado no qual a criança deve permanecer imóvel na carteira desenvolvendo apenas o cognitivo, pois, qualquer ato contrário é tido como desordem. “A impossibilidade de se mover ou de gesticular é que pode dificultar o pensamento e a manutenção da atenção” (BRASIL, 1998, p.18).

De acordo com Mello et al., (2014) ao brincar e jogar as crianças viram sujeitos da sua experiência social, realizando as suas ações e interações fundamentada conforme a sua autonomia, criando regras de convivência social e participando das brincadeiras.

Malta (2012, p.17) considera acerca do brincar:

Ao brincar a criança desenvolve suas habilidades motoras, como coordenação, equilíbrio, agilidade, noções de espaço temporal, lateralidade, etc. Seu aspecto cognitivo como grafia, leitura (com contos e histórias imaginárias), o raciocínio lógico, a atenção, percepção, o seu lado imaginário e além do sócio afetivo, sabendo conviver com outras crianças, a partilhar, a demonstrar sentimentos de carinho.

Assim, a Educação Física tem uma relação direta com a psicomotricidade, para Mattos e Neira (2002) é através dos movimentos, que a Educação Física constitui eixos temáticos, dos quais dividem se em esquema corporal, estruturação espacial e Orientação temporal. Diante disso, é necessário compreender e identificar a importância desses eixos para o desenvolvimento do comportamento sendo pré-requisito essencial para a construção de habilidades e conhecimentos mais complexos de acordo com as vivências dos alunos.

Portanto, faz-se necessário a interligação dos conteúdos da Educação Física e da psicomotricidade, pois, são áreas que estão estreitamente ligadas com o desenvolvimento humano (SANTOS, 2012). Com isso a Educação Física permite desenvolver a aprendizagem das crianças em suas dimensões cognitivas, motoras e sociais da psicomotricidade. Outro fator preponderante da Educação Física é desenvolver as atividades interligadas a Educação Infantil junto a ludicidade, o professor precisa elaborar uma estrutura lúdica que permita a criança ampliar a sua criatividade e interagir com os demais.

Almeida (2009) descreve que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e apesar de ser vista como diversão, ela tem outros fundamentos a ser desenvolvidos se utilizando do aspecto lúdico, por exemplo, ela facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, ou seja, a criança ela aprende brincando de forma prazerosa.

Quanto menor a criança, mais ela precisa de adultos que auxiliem elas compreenderem ao significado dos seus movimentos e expressões ajudando-a na satisfação das suas necessidades (BRASIL, 1998). Portanto, faz-se necessário que o professor de Educação Física que atue como a educação infantil tenha uma boa formação, uma especialização na área, um grau de conhecimento a ser repassado e que possibilite inúmeras experiências de movimento para criança.

METODOLOGIA

A pesquisa se classifica como um estudo de campo, descritivo e transversal com uma abordagem quantitativo. Segundo Gil (2002) o estudo de campo, é realizado com o pesquisador atuando pessoalmente na investigação da sua pesquisa, pois, é ressaltada a importância de o pesquisador ter vivência direta com a situação de estudo. Deste modo, a pesquisa é desenvolvida através da observação direta das tarefas do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. De tal modo, a pesquisa quantitativa “tem as suas raízes no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana” (SILVEIRA, CÓRDOVA, 2009, p.31).

O cenário da pesquisa, ocorre em duas escolas, ambas da rede privada, todas localizadas na cidade de Fortaleza, Ceará, uma delas compreendidas no bairro da Jacareacanga e outra no bairro de Fátima. A escolha das escolas se deu pela facilidade de acesso de ambas escolas. O período de realização ocorreu em fevereiro a maio de 2019.

O universo da pesquisa é composto por alunos de escola privada de Fortaleza, onde se retirou uma amostra de 20 alunos selecionados de forma aleatória, sendo 10 de uma das escolas particulares que não possuem Educação Física e 10 da outra escola particular que possuem a prática da Educação Física, matriculados na educação básica, especificamente na Educação infantil. É importante destacar, que se utilizou como critério de inclusão alunos matriculados na educação infantil com idades referentes a 4 e 5 anos, dos quais tinham alunos que praticam Educação Física e alunos que não praticam e que apresentavam, assiduidade e regularidade nas aulas. Foram excluídos os alunos que estiveram doentes no período da pesquisa e aqueles que porventura não assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido – TALE.

Assim, dos 20 alunos, sendo 10 da escola privada que não praticam educação física na escola onde 1% (5) eram do infantil IV, 1% (5) do infantil V, os outros 10 da escola privada que vivenciam a prática da educação física escolar também se dividiram da mesma forma 1% (5) do infantil IV, 1% (5) do infantil V, sendo 1,6% (8) do sexo feminino e 2,4% (12) do sexo masculino, com média de idades entre 4 a 5 anos. Assim, 2% (10) com 4 anos, 2% (10) com 5 anos.

Para a coleta de dados utilizou-se, do teste motor que segundo Rosa Neto (2012) são ferramentas indispensáveis para a vida dos profissionais da área da Saúde e Educação. Para colhermos os benefícios que os testes podem oferecer, precisamos ter em mente este fator essencial. Qualquer instrumento pode vir a ser um método bem ou mal utilizado. Devido ao ritmo cada vez mais acelerado a testagem está efetivamente ligada as mais variadas áreas da vida cotidiana.

Para a avaliação foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002). A bateria de teste que compõe a EDM compreende um conjunto de provas muito diversificadas e de dificuldade graduada através de testes motores em diversas funções psicomotoras: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização temporal e lateralidade.

Das funções psicomotoras encontradas na EDM, a motricidade global e a motricidade fina, foram a escolhida par ser utilizadas nesta pesquisa. Segundo Rosa Neto (2002, p.16) “ A perfeição progressiva do ato motor implica um funcionalmente global nos mecanismos regulares do equilíbrio e da atitude”. Ou seja, isso leva a criança a adquirir a dissociação de movimentos, possibilitando a mesma ter condições de realizar diversos movimentos ao mesmo tempo, havendo uma conservação de unidade de gestos.

Sobre a motricidade fina Rosa Neto (2002) traz que é um procedimento no qual ocorre uma ação que interliga o ato motor a uma estimulação visual, portanto, a motricidade fina, permiti as pessoas realizarem atividades de pegar, lançar, pintar, recortar, escrever, ou seja, utiliza-se de uma fase de transporte, de agarre e de manipulação de um objeto para a finalização de um resultado.

Os testes encontrados na EDM, seguem um nível de complexidade do desenvolvimento motor do mais simples para o mais complexo, composto por uma bateria de 10 provas que tem uma característica única de acordo com a faixa etária, que se encontra de 2 a 11 anos, os participantes realizaram as provas de motricidade fina e global iniciando de acordo com a sua idade cronológica, aumentando o nível dos testes quando desempenhavam a tarefa corretamente, avançando para uma idade acima da sua, e paravam somente quando não conseguiam mais executar a tarefa. O último teste realizado pela criança caracteriza a idade motora, que a mesma possui, relacionando com a sua idade cronológica permitindo assim, analisar em que nível está o desenvolvimento motor da criança, podendo está inferior ou superior à sua idade cronológica.

A aplicação do teste motor foi realizada no cenário de pesquisa de cada participante, perante a disponibilidade de tempo do aluno e após a assinatura do Termo de assentimento livre esclarecido (TALE). Foi realizada uma breve explicação de como seria aplicado o teste. Os alunos tiveram o tempo que consideraram necessário para ser realizado, tendo apenas que executar o teste.

Todas as informações necessárias sobre a pesquisa estavam presentes no TALE que foram devidamente assinados por todos os pesquisados de forma espontânea e voluntária. Para que o pesquisador pudesse realizar a coleta de dados nas instituições já citadas como cenários de pesquisa, foi solicitada autorização dos responsáveis por meio da assinatura no Termo de Anuência.

Vale reforçar que os participantes tiveram a identidade preservada, puderam desistir a qualquer momento do estudo e não sofreram nenhum risco ou dano físico, mental ou social. A pesquisa está de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, 2012).

O resultado, após aplicação do teste motor, foi feito uma análise através da criação de gráficos e tabelas com os resultados dos testes que será confrontado e comparado com o teste de escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto para ser interpretado segundo os dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados da pesquisa foram obtidos a partir dos resultados coletados através dos da aplicação de testes motor, como forma de melhor representação foi escolhida o uso de gráficos e tabelas. No primeiro gráfico apresenta-se o percentual de idade motora.

Gráfico 1 – Percentual de idade motora

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

O presente gráfico expõe os seguintes resultados que trazem a comparação das porcentagens referentes aos alunos praticantes e não praticantes de Educação Física Infantil, obtendo os seguintes valores, 20% dos alunos praticantes ficaram superiores a sua idade motora, 20% obtiveram normal alto e 60% normal médio. Já em relação aos não praticantes os resultados encontrados sofreram variações dos quais 40% alcançaram idade normal médio, 40% normal baixo, 10% ficaram com idades inferiores e os outros, 10% muito inferior.

Os dados apresentados, confirmam a importância da Educação Física nas séries inicias para o processo de desenvolvimento motor, ressalta-se que as variáveis deste estudo, remete-se a motricidade fina e global. Na pesquisa de Neto et. al, (2010) a fim de verificar a confiabilidade do manual de avaliação motora de Rosa Neto (2002), utilizou na escola com alunos de 6 a 10 anos apresentando como resultado, 96% dos alunos estavam dentro dos padrões de normalidade (Alto, Médio, e Baixo). Apresentando 4% de incompatibilidade dos quais 1% acima da normalidade e 3% abaixo da normalidade.

De acordo com Arruda e Silva (2009) num estudo para analisar os coeficiente motor de alunos com idades de 4 a 6 anos após uma aplicação didática para a pesquisa foi aplicado os testes da avaliação motora de Rosa Neto (2002) dividida em 2º períodos, no primeiro a avaliação ocorreu sem a aplicação das atividades apenas para verificar em que nível estava as crianças antes, e depois no 2º período após a aplicação das atividades, para verificar se ocorrerão alterações ou não, dos quais teve como resultado em relação ao quociente motor geral apresentado como moda, tanto na primeira avaliação como na segunda, a classificação normal médio (71,43% e 80,95%) na moda inferior e normal não obteve resultado e na 2º avaliação no normal médio e normal alto houve uma evolução de 9,52% e 4,76% sucessivamente no reteste.

O gráfico 2, aponta o quociente motor da motricidade fina (QM1), classificados da seguinte maneira 130 ou mais, muito superior; 120-129, superior; 110-119, normal alto; 90-109, normal médio; 80-89, normal baixo; 70-79, inferior; 69 ou menos muito inferior.

Gráfico 2 – Motricidade Fina

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Nos resultados encontrados nos gráficos é possível verificar que o praticante de Educação Física infantil se encontra ao nível de motricidade fina mais elevada que os que não praticam, obtendo valor máximo em 126 referente a uma classificação muito superior à idade cronológica do aluno, e obtendo no valor mínimo 100 referente a uma idade normal alta. Já para os não praticantes encontra-se valor máximo de 111 que corresponde ao normal alto, e no mínimo 68 referentes a uma idade motora muito inferior.

Na pesquisa de Sandroni, Ciasca e Rodrigues (2015), crianças de 5 e 6 anos de idade com necessidades especiais foram submetidas a avaliação do perfil moto na Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto. Após a intervenção psicomotora breve realizada, na motricidade global, as crianças com deficiência intelectual, apresentou evolução na motricidade fina.

Nos achados de Santo e Pimenta (2013), em um estudo que buscou analisar as habilidades motoras de escolares com idades entre 9 e 8 anos que faziam parte de projetos educacionais de atividades diversificadas, alunos de projetos esportivos e os que não participavam de nenhuma atividade programada, realizando uma comparação dos desenvolvimentos através da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, do qual obteve como resultado uma diferença significativa dentro dos grupos participantes de projetos educacionais e esportivo em relação à motricidade fina alcançando índices superiores aos alunos participantes de projetos esportivos.

Os estudos de Sandroni, Ciasca e Rodrigues (2015) e Santo e Pimenta (2013) corroboram com os resultados quando estes relacionados ao aspecto da motricidade fina. No qual os alunos, apresentam índices superiores.

O gráfico 3 aponta o quociente motor da motricidade Global (QM2), classificado da seguinte forma, 130 ou mais, muito superior; 120-129, superior; 110-119, normal alto; 90-109, normal médio; 80-89, normal baixo; 70-79, inferior; 69 ou menos muito inferior.

Gráfico 3 – Motricidade Global

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

O gráfico aponta o quociente motor da motricidade Global (QM2), classificado da seguinte forma, 130 ou mais, muito superior; 120-129, superior; 110-119, normal alto; 90-109, normal médio; 80-89, normal baixo; 70-79, inferior; 69 ou menos muito inferior.

No gráfico acima, é possível verificar os níveis do desenvolvimento motor no quesito motricidade global, de praticantes e não praticantes de Educação Física Infantil, alcançando como resultado para os praticantes, o valor máximo de 126 referente a um quociente motor superior à idade cronológica e no mínimo um quociente normal alto, contudo, os não praticantes encontram-se com valores inferiores comparados aos praticantes, com isso obtendo como valor máximo 111 referente normal alto, e no mínimo 68 correspondente a um quociente motor muito inferior.

Silva et. al, (2016), analisaram crianças praticantes e não praticantes de atividades lúdicas aquáticas por intermédio da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neta. No qual avalia os desempenhos: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, orientação espacial, orientação temporal e lateralidade. Denotando para motricidade global, o melhor desempenho.

De acordo com o estudo de Caetano, Silveira, Gobbi (2005), no qual buscou analisar as mudanças que ocorreram no desenvolvimento motor de crianças com idades entre 3 e 7 anos, utilizando a escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto, avaliou as crianças em 2 etapas decorrendo um período de 13 meses entre uma e outra, do qual obteve como resultado um desempenho motor elevado em todas as motricidades, evidenciando a motricidade global, que atingiu níveis da idade motora iguais às idades cronológicas na primeira avaliação, contudo, na segunda avaliação as idades motoras sobressaíram sobre as idades cronológicas.

Observou-se nos resultados dos estudos que os dados corroboram com a presente pesquisa no qual a motricidade global dos alunos que praticam Educação Física Infantil está tendo progresso no desenvolvimento motor global de forma positiva, superior à sua idade cronológica, apresentando um índice elevado.

A tabela 1, apresenta a idade negativa dos não praticantes de Educação Física escolar, para Rosa Neto (2002), esse resultado é obtido pela diferença da idade cronológica pela idade motora. Vale ressaltar os alunos 3 e 5, apresentaram respectivamente os resultados 1 e 0.

Tabela 1 – Idade Negativa: Não Praticantes

Idade Negativa: Não Praticantes
Alunos Idade Cronológica Idade Motora Idade Negativa
Alunos 1 55 48 -7
Alunos 2 50 42 -8
Alunos 3 53 54 1
Alunos 4 49 48 -1
Alunos 5 54 54 0
Alunos 6 70 54 -16
Alunos 7 64 60 -4
Alunos 8 70 48 -22
Alunos 9 69 60 -9
Aluno 10 63 54 -9

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

De tal modo, na tabela 2, aponta a idade positiva no que praticam Educação Física escolar, no qual é alcançado através da diferença entre a idade cronológica e a idade motora, que segundo Rosa neto (2002), é evidenciado, que ambos alunos apresentaram resultados positivos em relação ao seu desenvolvimento motor.

Tabela 2 – Idade Positiva: Praticantes

Idade Positiva: Praticantes
Alunos Idade Cronológica Idade Motora Idade Positiva
Alunos 1 55 60 5
Alunos 2 48 60 12
Alunos 3 57 60 3
Alunos 4 57 60 3
Alunos 5 57 66 9
Alunos 6 68 72 4
Alunos 7 67 72 5
Alunos 8 67 78 11
Alunos 9 71 72 1
Aluno 10 64 78 14

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Observa-se, nos achados do presente estudo que a maior parte das crianças após avaliação, apresentaram idades cronológicas (IC) maiores que a idade motora geral (IMG) o que aponta que o nível de desenvolvimento das mesmas, estão com idades negativas em relação à idade cronológica, ocasionado aos não praticantes, um atraso motor em suas motricidades, e apenas 2 das crianças desse grupo de não praticante apresentam idades positivas, ou seja, elas estão 1 mês superior à sua idade cronológica.

De acordo com Santo e Pimenta (2013), em um estudo que buscou analisar as habilidades motoras de escolares com idades entre 9 e 8 anos que participantes de projetos educacionais de atividades diversificadas, alunos de projetos esportivos e os que não participavam de nenhuma atividade programada, realizando uma comparação das habilidades motoras através da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, do qual realizou uma média das idades cronológicas e motoras em relação ao desenvolvimento das mesma apontando 110.98 meses e 99.97 meses correspondentemente, o que constituiu uma idade negativa de -11,03.

Corroborando com os outros estudos, tal pesquisa indica uma desigualdade em relação aos alunos que não praticam Educação Física Infantil, em relação às idades motoras que indicam idades negativas superiores aos que possuem à prática de Educação Física. Na pesquisa Camargos et al. (2011), com 13 crianças na idade de 7 e 8 anos idade, nascidas pré-maturas. Visto que esses apresentam déficit motor imperceptível. Logo realizado uma avaliação motora, utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto. No qual resultou em 8 crianças com idade negativa, 4 crianças com idade positiva e 1 na idade cronológica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar os possíveis impactos da ausência da prática da Educação Física na Educação Infantil mediante uma análise comparativa de alunos praticantes e não praticantes de Educação Física. Utilizou-se da escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto no qual verificou quais os níveis de desenvolvimento motor os escolares se encontravam.

Contudo, com os dados coletados na presente pesquisa, revelam que impactos devido à ausência da prática de Educação Física Infantil, está intimamente ligada a um atraso motor na maioria dos alunos que não possuem a prática nas séries iniciais, diferentemente dos demais alunos que vivenciam à prática, a maioria encontra-se num padrão de normalidade e até mesmo superior a sua idade cronológica. O que deixa notório que a Educação Física de fato favorece e potencializa o desenvolvimento motor dos educandos em um trabalho paralelo ao do pedagogo.

Além dos fatores ligados ao desenvolvimento motor, podem interferir de forma crucial na motricidade fina e global dos escolares, para positiva ou negativamente, como: o ambiente em que estão inseridos e os tipos de atividades realizadas no seu cotidiano. Vale ressaltar, que a tecnologia está presente no cotidiano das crianças influenciando no seu desenvolvimento devido, a facilidade destes meios tecnológicos.

Os dados foram coletados através de um teste motor de Rosa Neto, compreendendo a motricidade global e fina. Conclui-se que os alunos que praticam Educação Física apresentaram um padrão de desenvolvimento normal médio e superior à idade cronológica diferentemente dos que não praticam em que o nível de desenvolvimento da maioria atingiu, idade normal médio e baixo e inferiores e muito inferior que aponta um nível de desenvolvimento com atraso. Portanto, as idades negativas e positivas reafirmam as hipóteses de atraso motor dos que não praticam, quando é encontrado de 10 alunos 8 estarem com idades negativas e aos que praticam os 10 apresentarem idades positivas.

Em visto disso, o estudo não finaliza a discussão. Pois, com a era do modernismo se aproximando suponha-se empiricamente com os resultados dos alunos não praticante, estarem dentro dos padrões de normalidades, recomenda novos estudos voltados pra pesquisas aliando o uso das tecnologias seja ela dentro ou fora do ambiente escolar. Recomenda-se que seja ofertado cursos de capacitações para os profissionais que atuam diretamente na educação infantil.

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[1] Graduanda em Educação Física.

[2] Mestre em Ensino na Saúde Pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Graduado em Educação Física Licenciatura pela Universidade Estadual do Piauí (2002). É Mestre em Ensino na Saúde Pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Coordenadora do grupo de Iniciação Cientifica em Educação e Saúde – GINCES.

[3] Mestre em ciências morfofuncionais (UFC). Especialista em dança educação e graduada em Educação Física. Coordenadora do grupo de Iniciação Cientifica em Educação e Saúde – GINCES.

Enviado: Abril, 2019.

Aprovado: Junho, 2019.

 

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Roberta Oliveira da Costa

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