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Livros Acadêmicos

4. Investimento x depreciação de equipamentos de T.I. no setor público

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Sara Stefanie de Oliveira [1]

Francisco Tasso Moreira da Silva [2]

Lemuel Andrade Viana [3]

DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/livros/1809

INTRODUÇÃO

A inclusão de recursos de Tecnologia da Informação (T.I.) na gestão pública vem, nos últimos anos, mudando a estrutura do setor. O sistema econômico global, por sua vez, vem transformando, também, a visão e a forma de como as pessoas trabalham no sistema público, pressionando as entidades a buscarem melhores condições de trabalho, para que, assim, possam manter um serviço com qualidade e transparência.

O mercado digital está mais dinâmico e as inovações tecnológicas estão mais sucessivas e em maior competitividade. Contudo, realizar investimentos sem planejamento pode afetar a saúde financeira da entidade pública, visto que ela conta com verbas e, sendo estas mal aplicadas, pode haver um desgaste e prejuízo à gestão pública.

Como relata Reif e Pereira (2019, p. 3), “análise de investimentos torna-se necessária visando contribuir com os gestores que estão à frente das tomadas de decisões, pois buscam evidenciar os prós e contras de um determinado projeto ou investimento”.

Neste contexto, o presente capítulo tem como objetivo discutir brevemente sobre as questões de investimentos em relação aos equipamentos de T.I. destinados a setores públicos, a fim de demonstrar o quanto é relevante as mudanças no parque tecnológico para a redução de esforços humanos, auxiliando no aperfeiçoamento dos processos e na consecução de melhores resultados. Melhorando, assim, a qualidade do serviço para o cidadão e para a área pública.

Trataremos, ainda, sobre como esses dispositivos se desgastam no decorrer do tempo de utilização, demonstrando o tempo de vida útil e o cálculo de depreciação dos equipamentos de T.I. adotados por gestões públicas, visando demonstrar uma forma de acompanhar o gerenciamento dos equipamentos e realizar uma previsão de investimentos baseada em estimativas da vida útil dos dispositivos.

Para isso, realizou-se uma breve revisão de literatura, buscando no Google Acadêmico materiais que retratassem o tema estudado.

DESENVOLVIMENTO

INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS DE T.I.

Sabe-se que realizar um investimento é aplicar um determinado capital em algo e esperar que isto gere algum retorno. Nesse sentido, realizar investimentos em T.I. pode ser entendido como a aplicação de recursos em equipamentos tecnológicos que trarão melhorias para a organização, contribuindo, por exemplo, com a otimização da prestação de serviços no setor público.

Os investimentos em T.I., tem se tornado um elemento chave na competitividade das empresas, pois “as mudanças tecnológicas começaram a gerar impactos imediatos no encurtamento do ciclo de vida do produto, na reorganização da produção, na redefinição dos segmentos de mercado […]” (ROCHA, 2009).

Assim, entende-se que, com o avanço da tecnologia, os produtos têm se tornado, cada vez mais rápido, obsoletos, pois a cada dia surgem novos equipamentos com novas tecnologias muito mais eficientes do que os anteriores. Portanto, realizar investimentos nesta área pode ser determinante para o sucesso de qualquer organização, uma vez que uma empresa que possui mais tecnologia, será capaz de produzir mais e melhor, atendendo assim, a demanda do mercado e satisfazendo seus clientes.

Assim, para enfrentar os desafios impostos por uma nova realidade, onde a modernização é uma questão de sobrevivência para as organizações, os órgãos públicos procuram cada vez mais montar uma estrutura que lhes proporcionassem o atendimento de suas necessidades na área tecnológica (RORRATO, 2012).

De acordo com a citação acima, percebe-se a necessidade de se realizar maiores investimentos em T.I. no setor público, a fim de que seja possível proporcionar um melhor atendimento ao público, bem como melhor qualidade de vida aos funcionários que atuam nestas organizações.

Nesse contexto, é importante que haja um planejamento adequado para o investimento nestas tecnologias, principalmente no setor público, a fim de se evitar o investimento em tecnologias incompatíveis ou que comprometam a organização (ROCHA, 2009).

O investimento realizado deve ser adequado às necessidades, de forma que as tecnologias possam ser implementadas corretamente dentro dos setores públicos e tragam benefícios às organizações, pois se implementadas de forma incorreta, elas podem ocasionar problemas como: incompatibilidade com o local a ser implementado, perda de dados, utilização errada pelos funcionários, entre outros.

DEPRECIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE T.I.

Depreciação é a perda de valor de um bem, resultante do seu uso, deterioração natural ou pelo fim de sua vida útil. Conforme Camloffski (2014 apud REIF e PEREIRA, 2019, p. 99), “A depreciação nada mais é do que a desvalorização do ativo (veículo, equipamento, móveis, utensílios etc.) em função do seu desgaste ao longo do tempo, valor esse que é apropriado como despesa no Demonstrativo de Resultado do Exercício”.

Tanto nos pequenos negócios, quanto nas grandes multinacionais e nas instituições públicas, a estrutura de informática ou T.I., sem sombras de dúvidas, é fundamental para a realização das atividades. E, é nesse cenário, que a depreciação de computadores tem se tornado uma das grandes preocupações dos gestores de T.I.

Portanto, no momento de planejar os investimentos, deve-se considerar fatores além da economia. Sendo assim, o conhecimento sobre a vida útil dos computadores deve ser um fator decisório, pois facilita o gerenciamento, aumenta o rendimento, evita investimentos desnecessários e viabiliza investimentos mais assertivos.

No entanto, os investimentos de TI devem ser constantes, e é preciso que sejam avaliados com cuidado, pois esse tipo de investimento costuma ser alto, especialmente quando se trata de investimento em equipamentos, contribuindo para que o problema se torne mais complexo, pois a depreciação desses equipamentos acontece de maneira muito rápida. (CAMPELO, 2015)

Quando ocorre uma administração adequada dos ativos de T.I, pode-se projetar com maior certeza em quanto tempo os equipamentos serão utilizados e quando deverão ser trocados. Desta maneira, eles serão melhor aproveitados e tornarão os processos e rotinas de trabalho mais operativos.

Para contextualizar o tema, a figura abaixo demonstra um resumo da tabela que demonstra as taxas de depreciação determinadas pela Receita Federal do Brasil.

Figura 1. Taxa de depreciação

Fonte: Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998.

Conforme demonstrado na figura acima, para computadores e periféricos, a taxa de depreciação anual, segundo a Receita Federal, é de 20%, tendo como base 5 anos de vida útil para este equipamento (BRASIL, 1998).

Mas, afinal, o que causa a depreciação? Para responder a esta pergunta, deve-se observar os fatores que ocasionam a depreciação de computadores, sendo eles: o desgaste pelo uso e a redução da vida útil.

Com o uso, os computadores, equipamentos de T.I, sofrem desgastes e envelhecem. Ademais, deve-se considerar o atual mundo informatizado, onde a todo momento surgem novas tecnologias e atualizações. Um exemplo disso são os computadores mais potentes que foram lançados a 5 anos atrás. Atualmente, estes já não suportam softwares/aplicativos mais atualizados dos dias de hoje, fazendo com que o próprio hardware também sofra upgrades.

Diante disso, fica evidente a necessidade de uma gestão desses equipamentos, a fim de que seja possível acompanhar a sua vida útil e realizar a substituição no momento mais oportuno.

CÁLCULO DE DEPRECIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Ante ao exposto, percebe-se a relevância em se decidir sobre os investimentos corretos a se realizar na área de T.I. no setor público. Para isso, é necessário que os gestores levem em consideração que este investimento deve gerar uma vantagem competitiva sustentável, trazer melhorias para os processos, bem como maior qualidade e eficiência nos atendimentos realizados ao público (ROCHA, 2009).

Em consonância Becker; Lunardi; Maçada (2003), afirmam que: “a TI aparece como um forte indicador de melhoria na performance e na produtividade organizacional, além de representar um importante papel na continuação de esforços das empresas para tornarem os seus processos mais ágeis e produtivos”.

Portanto, entende-se que os investimentos em T.I. no setor público são fundamentais para a melhoria dos serviços prestados.

Sendo assim, para uma melhor compreensão e a fim de elucidar a depreciação no setor público, será apresentado um breve exemplo de como o cálculo da depreciação dos equipamentos pode ser utilizado para indicar a perda de valor do equipamento com o passar dos anos.

Para iniciar o cálculo, deve-se levar em consideração que, de acordo com a Receita Federal do Brasil, a porcentagem de depreciação de computadores deve ser de 20% (BRASIL, 1988). Entretanto, vale salientar que esse valor muda de acordo com o bem que está sendo analisado. Assim sendo, para calcular a depreciação, deve-se diminuir o valor residual do valor do bem novo e dividir o resultado pelo tempo de vida útil em anos.

Cita-se como exemplo a Prefeitura Municipal de uma cidade fictícia. Supõe-se que esta Prefeitura tenha realizado uma licitação para a compra de um computador novo por R$ 2500,00 com vida útil de 5 anos. Para iniciar o cálculo, o primeiro passo é subtrair o valor residual. Entretanto, como, geralmente, os órgãos públicos utilizam os equipamentos até o fim de sua vida útil, o valor residual adotado neste exemplo será zero. Desta forma, 2500–0 = 2500. O segundo passo é dividir o resultado obtido da subtração pelos 5 anos de vida útil. Portanto, 2500/5 = 500. Por meio deste simples cálculo, depreende-se, então, que esse computador sofre uma depreciação de R$ 500,00 ao ano.

Além do cálculo demonstrado acima, há, também, a possibilidade de se calcular a vida útil do dispositivo. Para isso, é necessário multiplicar o tempo de vida do computador em anos pelo tempo em horas que este é utilizado em um ano. Tomando como exemplo o mesmo computador mencionado acima e supondo que ele seja utilizado por 6 horas diárias e em 250 dias por ano, obtêm-se 5*(6*250) = 7500, ou seja, o computador terá uma vida útil de 7.500 horas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os investimentos realizados em equipamentos de T.I. são fundamentais para a boa prestação dos serviços, bem como para uma gestão mais eficiente e segura na administração pública. Entretanto, deve-se levar em consideração que este investimento deve ser planejado, a fim de que não haja prejuízos relacionados a incompatibilidade de sistemas ou falhas de segurança que comprometam a organização.

Também, deve-se levar em consideração a depreciação dos equipamentos, uma vez que seu cálculo contribui para o gerenciamento dos dispositivos de informática, auxiliando para que futuros investimentos sejam realizados no tempo e com valores corretos, pois é a dele que se obtém estimativas que possibilitam a escolha de equipamentos que apresentem melhor custo-benefício.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998. Receita Federal, 1988. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=15004&visao=original. Acesso em 19 de junho de 2022.

BECKER, João Luiz; LUNARDI, Guilherme Lerch; MAÇADA, Antonio Carlos Gastaud. Análise de eficiência dos bancos brasileiros: um enfoque nos investimentos realizados em tecnologia de informação (TI). Revista Produção, v. 13, n. 2, p. 70-81, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prod/a/QDQdV3zsZQwgd47PWQnFC9k/?format=pdf&lang=pt Acesso em 20 de maio de 2022.

CAMPELO, Guilherme Paixão. Análise de Investimento e Depreciação de Software: Implantando Sistemas ERP. 1ª ed. Brusque-SC: Clube de Autores, 2015. 59 p.

REIF, Estelamaris; PEREIRA, Péricles Ewaldo Jader. Análise de Investimentos. Indaial: UNIASSELVI, 2019. 204 p.

ROCHA, Glaysson Gomes. Identificação das principais variáveis no processo decisório para investimentos em TI: um estudo de caso no setor público em Minas Gerais. 2009. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade FUMEC, 2009.

RORATTO, Rodrigo. Um modelo para a análise da viabilidade de projetos de terceirização de tecnologias da informação no setor público: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Maria, 2012.

[1] Graduanda em Engenharia de Produção e em Gestão da Tecnologia da Informação. ORCID: https://orcid.org/0009-0004-5972-211X.

[2] Graduando em Gestão da Tecnologia da Informação. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-6543-2268.

[3] Graduando em Gestão da Tecnologia da Informação. ORCID: https://orcid.org/0009-0005-5017-6201.

Sara Stefanie de Oliveira

Sara Stefanie de Oliveira

Graduanda em Engenharia de Produção e em Gestão da Tecnologia da Informação. ORCID: https://orcid.org/0009-0004-5972-211X.

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