BLOG

Como ser um pesquisador de sucesso? Aprendendo a fazer boas perguntas na pesquisa científica – Aula quatro

Conteúdo

Avalie!

Os componentes básicos para que sejamos pesquisadores de sucesso: acredite, seja humilde e resiliente e faça boas perguntas

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje continuaremos a discutir sobre os princípios básicos que podem nos ajudar a sermos considerados como pesquisadores de sucesso. Como destacamos nos outros três posts anteriores, há alguns aspectos essenciais que podem fazer com que consigamos desenvolver os nossos estudos de uma forma muito mais tranquila e efetiva. O sucesso advém dessas práticas, porém, é preciso conhecer os mecanismos que podem nos levar até esse sucesso. O primeiro aspecto, como vimos, é o ato de acreditar. Acredite que você é capaz, pois todos temos o mesmo potencial para desenvolvermos o nosso intelecto. Ser humilde e resiliente também são práticas que podem ajudar você a lidar melhor com problemas que podem aparecer não apenas ao longo de sua jornada acadêmica, mas em sua jornada de vida. A partir do momento que nos permitirmos ser resilientes, agiremos de uma forma mais efetiva.

Os pressupostos na pesquisa científica

Ao longo desta série estamos apresentando alguns pressupostos que podem lhe ajudar a desenvolver a sua pesquisa da melhor forma possível. Temos, como objetivo, ajudar você a ser reconhecido de uma forma benéfica e saudável, assim como a sua pesquisa. Dentro desse contexto que estamos conversando – o que faz com que um pesquisador seja bom – há uma questão importante: como podemos fazer perguntas de uma forma inteligente? As dicas de hoje visam ajudar você a aprender como fazer boas perguntas. Antes de entendermos os pormenores desta questão é preciso que entendamos o que vem a ser esse processo de fazer perguntas em uma pesquisa. Ao longo de nossos posts, sempre destacamos uma questão essencial: toda pesquisa deve advir de um problema de pesquisa real para que seja contributiva para a sociedade atual em que vivemos. Este problema precisa ater-se a alguns critérios.

Como escolher uma boa pergunta de pesquisa?

Como escolher uma boa pergunta de pesquisa?Toda pesquisa deve partir de um problema de pesquisa que será convertido em uma pergunta que irá guiar todo o seu estudo. Nasce, daí, o que denominamos de pergunta-problema. Toda pesquisa parte da busca e resolução de um dado problema. Com o nosso estudo, apresentamos respostas para essa pergunta-problema. A fim de que propúnhamos uma boa pergunta, é preciso que levemos em consideração algumas variáveis. É preciso que encontremos mecanismos que nos permitam analisar os fenômenos macros e micros que perpassam pelo assunto que estamos investigando. Dentro do contexto que você vive, você terá que escolher um aspecto macro ou micro com o qual irá trabalhar. Assim sendo, ao invés de nos desesperarmos, em primeiro lugar, com a pergunta-problema que irá guiar o nosso estudo, investigue a literatura para descobrir o que tem sido desenvolvido.

Investigue a literatura relacionada ao seu tema

Investigue a literatura relacionada ao seu temaHoje temos milhares de informações que podemos consultar e incluir ou não em nosso estudo. Cada área/linha de pesquisa tem a sua própria literatura, que é muito ampla e repleta de informações. Assim sendo, ao manusear essa literatura, é preciso verificar se esses materiais são capazes de fornecer respostas para o problema de pesquisa que adotou para o seu estudo. Muitas pessoas reiteram o seguinte: “quero responder uma pergunta que seja inédita”. É preciso tomar cuidado, porque, hoje, é muito difícil chegarmos ao ineditismo absoluto, já que a cada poucos segundos uma imensidão de novos materiais científicos são publicados. O conhecimento, hoje, faz parte de um grande fluxo de circulação. Assim, a maior parte das questões já foram levantadas. É aqui que está a questão: elas foram levantadas, mas podem não ter sido capazes de fornecer as respostas necessárias em razão das limitações de pesquisa.

O contexto que norteia as pesquisas

O contexto que norteia as pesquisasCada pesquisa está ligada a um contexto de produção que possui uma série de limitações. São elas que fazem com que uma mesma pergunta possa ser colocada, porém, as respostas para ela são bastante diferentes, pois o contexto é outro. Embora seja possível encontrar uma pergunta que nunca foi feita antes, totalmente inédita, o mais comum é que trabalhemos com questões já existentes, cujas respostas precisam ser atualizadas de tempos em tempos. A dica que damos, portanto, é que você realize uma pesquisa profunda sobre o seu contexto de pesquisa atual. O contexto no qual você está inserido fará com que a sua pesquisa seja inédita, porém, irá se esbarrar com algumas limitações que impulsionarão os estudos futuros. Algo que você precisa tomar cuidado diz respeito às perguntas macro, que viram teses. Principalmente para um pesquisador iniciante, a execução pode não ser possível.

Cuidado com as perguntas macro

Alguns pesquisadores, na euforia, desejam revolucionar por meio de suas pesquisas. Contudo, é preciso que levemos em consideração que pesquisas que possuem pouco tempo para serem desenvolvidas não conseguirão dar conta de chegar às respostas rapidamente. As respostas para a pergunta por você delimitada devem ser coletadas dentro do período posto pelo seu programa para concluir o trabalho. Em geral, os cursos de mestrado costumam durar de dezoito a trinta meses, sendo o tempo ideal o de vinte e quatro meses. Você terá dois anos para fazer uma boa pergunta e encontrar as respostas para ela. A investigação do ambiente no qual você está inserido é de suma importância para que, dentro do tempo disponível, você colete e apresente os dados necessários a essa resolução do problema. Lembre-se que a sua pesquisa precisa ser exequível.

Atenção ao período disponível para desenvolver o estudo

Os doutorados possuem cerca de trinta e seis a quarenta e oito meses, podendo, em alguns casos, haver a prorrogação em seis meses. O mestrado, como vimos, costuma durar vinte e quatro meses. Dentro desse tempo disponível, uma série de atividades acadêmicas deverão ser desenvolvidas de forma paralela, e, ainda, há o tempo para que você qualifique e defenda o seu trabalho. Não é possível defender sem que haja a aprovação na qualificação. A qualificação, portanto, é um momento que antecede a sua defesa. Haverá uma banca composta por três doutores que irão avaliar a qualidade da sua dissertação e se ela atender a todas as exigências e critérios científicos e metodológicos. No caso do doutorado, a tese é analisada por um corpo composto por cinco doutores. Esses professores irão lhe questionar sobre as respostas que você deu para a pergunta que se propôs a investigar na sua dissertação ou tese.

Vantagens quando adotamos boas perguntas

Vantagens quando adotamos boas perguntasQuando partimos de uma pergunta viável, o processo de qualificação e defesa tornam-se mais tranquilos. Uma boa pergunta pode salvar toda a pesquisa. Ela irá fornecer norteamento durante todo o estudo, isto é, caminhos para que a pesquisa não perca o foco. O norteamento ajuda você a propor uma questão real, relevante e de urgência para a sociedade atual na qual vivemos. Esta pesquisa, portanto, precisa ser passível a ser debatida nesse contexto que você está vivenciando. Estamos chamando a sua atenção para esta questão porque diversos pesquisadores propõem questões que não possuem fundamento. É preciso que o seu estudo contribua com a sociedade, com o meio ambiente, com a qualidade de vida etc. É necessário que a existência da sua pesquisa tenha motivos e eles precisam ficar claros ao leitor. Devemos evitar, então, as perguntas esvaziadas de sentido.

Questione-se sempre

Questione-se sempreAssim como a criança que está começando a formular os seus pensamentos e ideias que questiona os outros o tempo todo, o mesmo deve ocorrer na pesquisa científica. A criança, para conhecer o ambiente do qual faz parte, pergunta o tempo todo sobre ele para que possa aprender e se adaptar a essa realidade. Dessa forma, a criança, constantemente, pergunta sobre assuntos que julga como interessantes. Dentre elas, temos “por que chove?”, por que o céu é azul?” e perguntas desse tipo são muito comuns nesse processo de aprendizagem. Essas perguntas para ela, enquanto criança, são importantes para que conheça o mundo ao seu redor, isto é, o contexto de vida do qual faz parte. Ocorre que, com o tempo, acabamos perdendo um pouco desse caráter investigativo. É preciso que o retomemos, pois quem consegue fazer boas perguntas e respondê-las da melhor forma são as pessoas questionadoras e curiosas.

A importância da pergunta nas múltiplas áreas

Cada área do conhecimento e as suas linhas de pesquisa e/ou raciocínio, acadêmicas ou não, podem entender esse processo de proposição de perguntas de formas muito diferentes. As pessoas que trabalham na área da liderança, na área da consultoria e na área do coaching também discutem sobre a relevância das perguntas, porém, elas estão ligadas a uma outra dimensão, a uma outra finalidade. O objetivo é fazer com que uma certa equipe reflita ou, ainda, possa funcionar como uma estratégia para que a pessoa consiga ministrar uma palestra da melhor forma possível. Entretanto, no âmbito da pesquisa, a finalidade de uma pergunta é a de nortear o pesquisador para que ele seja capaz de responder ao seu problema de pesquisa de modo efetivo e contributivo. Essa pergunta irá direcionar o pesquisador, ajudando-o, inclusive, a escolher uma metodologia que caiba melhor nesse tipo de estudo.

Como as perguntas podem lhe auxiliar em uma pesquisa?

Em todo e qualquer tipo de pesquisa, não apenas na científica, saber fazer boas perguntas é fundamental. No caso de um pesquisador que se encontra em um curso stricto sensu, isto é, em um mestrado ou eu um doutorado, essas perguntas irão fazer com que ele chegue a um problema de pesquisa real e necessário hoje. Para chegar a esse problema, além de ter um olhar atento frente aos problemas, fenômenos e demandas sociais, é preciso recuperar o que a literatura tem desenvolvido nos últimos anos nesse assunto. Por outro lado, se você é um profissional que atua no mercado no âmbito das pesquisas, essas perguntas serão fundamentais porque irão lhe nortear no processo de busca por soluções específicas ao nicho de mercado com o qual trabalha. Essas perguntas irão fornecer a base necessária para que você chegue às soluções para os problemas que afligem a sua área de atuação no dia a dia.

As perguntas nas pesquisas de mercado ou de marketing

Para as pessoas que trabalham com pesquisas de mercado ou de marketing, ou, ainda, as pesquisas em qualquer âmbito direcionadas ao mercado, as perguntas sobre as quais estamos conversando têm o objetivo de fazer com que o pesquisador investigar chegue até respostas e soluções mais pontuais, específicas a um contexto de atuação. Por outro lado, se você está no ambiente acadêmico, pode ser que nem sempre essas perguntas sejam tão objetivas como são no ambiente corporativo. Isso ocorre porque quando estamos em um ambiente acadêmico, sobretudo naqueles cursos que operam a partir do formato acadêmico, que, por excelência, são mais teóricos, as questões desta ordem teórica serão muito mais aprofundadas do que as questões práticas. Assim sendo, se você se pergunta porque uma dada classe consome um certo tipo de alimento, a resposta pode não ser tão objetiva como seria no mundo empresarial.

As questões debatidas sobre a ótica acadêmica

Em virtude da lógica conservadora da academia, que é teórica, as questões postas tendem a ser menos objetivas e mais teóricas. Propõem-se mais reflexões do que soluções para os fenômenos que estão sendo debatidos. A lógica é diferente no sentido que as perguntas propostas na seara acadêmica, por não serem pontuais, oferecem respostas muito mais profundas e detalhadas sobre o cenário que está sendo investigado. Nesse sentido, questiona-se sobre os motivos que implicaram este problema, sobre os fatores, sociais, culturais, econômicos e políticos envolvidos, dentre outros pontos. Além disso, segue-se uma linha de raciocínio para tecer-se tais considerações. Elas são as perspectivas teóricas. Cada abordagem tem as suas próprias especificidades.

Essas perspectivas teóricas partem de conceitos estudados por um conjunto de autores que fazem parte de uma linha de raciocínio semelhante. A depender do seu tema de pesquisa, você pode seguir a linha da semiótica, psicanalítica, antropológica e muitas outras. Cada área/linha de pesquisa permite a escolha de uma ampla gama de perspectivas que possuem as suas próprias características. Essas linhas de raciocínio, portanto, possuem algumas diferenças, porém, cabe ressaltar que elas são bastante tênues. Não é uma questão que está relacionada com a capacidade de fazer boas perguntas, mas sim com os formatos de pesquisa que podemos adotar a fim de que cheguemos as respostas para as nossas perguntas. Fazer boas perguntas em qualquer situação é fundamental, porém, conheça a lógica do seu contexto de atuação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita

Confira também...