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Livros Acadêmicos

Dificuldade de aprendizagem: TDAH conceituações e intervenções no contexto escolar, familiar e social

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TIEZI, Edvânia Ferreira do Nascimento [1], NASCIMENTO, Jaqueline Ferreira do [2], CUNHA, Wallance Manoel da [3], MARTINS, Tadeu Aparecido [4], ANDRADE, Nayara Lança de [5], SCHUINDT, Sílvia Elena Panosso [6]

 

CAPÍTULO DE LIVRO

ISBN: 978-65-996464-1-6

CENTRO DE PESQUISA

2022

 

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

 

INTRODUÇÃO 

Esse estudo refere-se aos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e sua dificuldade de aprendizagem e inclusão escolar, visando estratégias para que sejam estabelecidas intervenções, com o auxílio da escola, família e especialistas para uma melhoria no desenvolvimento social e escolar desses alunos.

Segundo Silva (2014), o TDAH é um comportamento derivado do trio básico de mudanças. É precisamente por causa dos sintomas triplos de atenção, impulso e mudanças na velocidade das atividades físicas e mentais que todo o campo do TDAH pode ser elevado, que geralmente fica entre a tolerância criativa e a fadiga cerebral sem fim.

O diagnóstico do TDAH de uma criança geralmente é realizado com uma equipe multidisciplinar, que utiliza de métodos e instrumentos particulares, como a observação, entrevista estruturada, questionários e testes de medição de resultados.

O levantamento desse diagnóstico permite um cuidado histórico clínico e desenvolvimental, partindo de uma avaliação que inclui o levantamento do funcionamento intelectual, emocional, social e acadêmico.

A importância do diagnóstico e tratamento durante a fase escolar possibilita estratégias sobre o planejamento de um trabalho adequado para uma melhoria na inclusão e aprendizagem desse aluno no âmbito escolar, e uma possível verificação de encaminhamento para um especialista juntamente com uma   equipe multidisciplinar para dar seguimento ao tratamento e progresso do aluno.

Destaca-se que é essencial que o professor crie estratégias de acordo com a demanda, com o intuito de dar uma melhoria para o processo de ensino-aprendizagem do estudante com TDAH, tendo o cuidado para não confundir com outros comportamentos e comorbidades.

O psicopedagogo é extremamente importante dentro do contexto escolar, uma vez que ele auxilia através de intervenções, mudanças no cenário familiar e escolar, por meio de orientações ao docente, responsáveis, todos profissionais e educandos que convivem com o aluno na escola.

Neste sentido, é imprescindível que o psicopedagogo conheça o TDAH, a fim de orientar adequadamente a escola e a família em relação ao aluno, para que consigam resultados eficazes.

Uma equipe liderada por psicopedagogos, juntamente com outros profissionais, deve fazer acompanhamentos escolares com a participação das famílias dos alunos, no intuito de orientá-las a respeito do que for preciso, e também, instrui-los em como ajudar e estimular esse aluno com suas dificuldades e potencialidades em relação à escola e ao mundo.

O presente estudo tem como objetivo, estabelecer as conceituações e intervenções sobre o TDAH, compreender a problemática dos prejuízos biopsicossociais, e analisar a relevância de buscar ajuda psicológica a fim de melhorar a qualidade de vida no âmbito social e escolar. É de suma importância a identificação dessas comorbidades, para haver uma inclusão correta dentro do ambiente escolar, portanto, os profissionais e alunos da instituição são prejudicados perante essa problemática existente no sistema educacional.

A justificativa da pesquisa pode se basear na relevância de promover e abranger mais conhecimento sobre o assunto para profissionais e pacientes da área, para que novas pesquisas possam ser realizadas, e o assunto possa ser discutido e esclarecido cada vez mais com a sociedade, possibilitando um tratamento eficaz e precoce.

O atual trabalho utilizou como método de pesquisa, referenciais teóricos de cunho bibliográficos, sendo realizadas diversas pesquisas em sites acadêmicos, livros, artigos, revistas eletrônicas, dentre outros. Essas pesquisas bibliográficas proporcionaram uma maior compreensão acerca da temática envolvida no que concerne ao trabalho.

CONCEITUAÇÕES E INTERVENÇÕES NO ÂMBITO ESCOLAR E SOCIAL

Esta pesquisa, determinou-se decorrente da necessidade de gerar subsídios para auxiliar os profissionais da educação no trabalho com discentes com transtornos de atenção e hiperatividade. Também apontando maneiras de lidar com os obstáculos no aspecto de inclusão e uma aprendizagem eficaz.

Há relatos desde a antiguidade sobre o tratamento estigmatizados oferecidos para pessoas que divergiam do padrão imposto, e esse contato com o diferente era a parte mais cruel da sociedade antiga, visto que, os doentes incuráveis eram jogados ao rio, deficientes e pessoas que nasciam com algum tipo de deformação eram jogadas de cima de montanhas, velhos eram mortos apenas por serem velhos etc. (WENDT, 2001 apud SILVA, 2008).

Então o termo “dificuldade de aprendizagem” foi usado para descrever crianças portadoras de desordens no desenvolvimento da linguagem, da fala, leitura e das habilidades relacionadas à interação social (KIRK, 1963 apud SILVA, 2008).

Portanto elas, correspondem à forma com que as informações são processadas, recebidas e retidas pelo indivíduo. Dessa forma, elas podem ser manifestadas nas áreas da leitura, da fala, da escrita, resolução de problemas, podendo envolver déficits que causam problemas de memória, motores, de linguagem, pensamento e perceptivos. Essas dificuldades podem afetar a forma com que o indivíduo interage com o seu meio social (DÍAZ, 2011).

As dificuldades de aprendizagem são um problema que atinge muitos alunos, e quando os educadores não reconhecem essa dificuldade, pode se tornar um fardo na vida escolar dos discentes. Quando não há diagnóstico, os estudantes são rotulados como preguiçosos pelos colegas, professores e até mesmo pelos próprios familiares. Alguns alunos acham o aprendizado muito difícil e, às vezes, apesar de trabalharem muito, não obtêm sucesso na escola, por isso acabam se sentindo desmotivados e com baixa autoestima (LIMA, 2021).

Para que o indivíduo seja identificado com dificuldade de aprendizagem devem-se observar seus fatores e suas características cognitivas e comportamentais (SILVA, 2008).

Segundo Benczik (2015) o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é considerado uma doença neurobiológica, que afeta de 3% a 7% das crianças no Brasil e em outros países do mundo. Hoje, estima-se que 50% a 80% das pessoas com TDAH na infância continuarão a apresentar sintomas graves na vida adulta, que estão relacionados a grandes obstáculos em várias áreas no dia a dia.

De acordo com De Curso (2017) o TDAH afeta “3% a 30% das crianças em idade escolar”, os meninos são mais comuns do que as meninas e seus tipos de desatenção, ansiedade, hiperatividade e impulsividade afetam de “10% a 60% dos adultos” com os sintomas sendo, assim, prejudicados.

O TDAH é um transtorno com base genética, hereditário podendo passar de pais para filhos devido a fatores genéticos, pode ser consequência de fatores ambientais e exposições a alguns componentes químicos como o chumbo, uso de álcool e drogas pela mãe durante a gestação, são considerados períodos pré-perinatais e pós-natais, e a história familiar importante para o diagnóstico do TDAH (DE CURSO, 2017, p. 09).

Conceituando o Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade de acordo com Silva (2003) o TDAH, é um comportamento que nasce do que se chama trio de base alterada. É a partir desse trio de sintomas- formado por alterações da atenção, impulsividade e da velocidade da atividade física e mental- que se irá desvendar todo o universo de TDAH, que, muitas vezes, oscila entre o universo da plenitude criativa e o da exaustão de um cérebro que não pára nunca.

A teoria científica atual defende que no transtorno do déficit de atenção e hiperatividade existe uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica na área frontal (pré-frontal, frontal motora, giro cíngulo); regiões subcorticais (estriado, tálamo médiodorsal) e a região límbica cerebral (núcleo acumbens, amígdala e hipocampo). Especificamente, as insuficiências nos circuitos do córtex pré-frontal e amígdala, a partir da neurotransmissão das catecolaminas, resultam nos sintomas de esquecimento, distratibilidade, impulsividade e desorganização (GOMES, 2010, p. 244).

Não existem exames específicos para realizar um diagnóstico deste transtorno e é por isso que para um indivíduo ser diagnosticado com TDAH é necessário a realização de uma minuciosa investigação clínica da história do paciente, e também o uso de instrumentos como: entrevistas, escalas e testes psicológicos.

Durante a investigação o profissional deve ficar atento às características primárias da patologia, visto que podem ser observadas em muitas crianças, em várias circunstâncias, sem que se trate necessariamente do TDAH (BENCZIK, 2015).

Segundo Silva (2014) destaca-se o TDAH como um transtorno que possui uma variedade de sintomas que podem variar de pessoa para pessoa, sendo em alguns casos um dos responsáveis pela utilização de álcool e drogas, possuem maior incidência a homicídio, maior índice de divórcio, consequentemente sendo propício à comorbidades ao longo de sua vida, ou seja, adquirir outros transtornos durante sua existência, como o Transtorno Opositor Desafiador (TOD).

O TDAH também conta com sintomas que incluem a falta de disposição para iniciar o dia, a ausência de vontades em relação a leituras prolongadas e variações constantes de humor, problemas de falta de atenção para situações do cotidiano e trabalho, além de serem muito esquecidos e também possuem dificuldade em avaliar o seu próprio comportamento e o quanto isso afeta os que estão à sua volta. Desta maneira é de suma importância a identificação dessas comorbidades, para que assim possua um tratamento específico e um possível prognóstico.

O comportamento hiperativo é mais evidente no período de alfabetização, por decorrência que o aluno precisa estar sentado por muito tempo para a realização de atividades na sala, e também ao efetuar lições em sua casa, por isso a extrema importância de os professores terem conhecimento sobre o transtorno, para que desse modo saibam lidar e ajudar o docente perante suas dificuldades.

De acordo com o DSM – 5 (2014) os sintomas de desatenção perante o TDAH são: dificuldades de se concentrar, dificuldades em seguir instruções até o final ou não concluir tarefas, dificuldade de se organizar para algo ou planejar com antecedência, entre outros. Já os sintomas de hiperatividade e impulsividade, correspondem a: mexer os pés e as mãos constantemente, dificuldade para se permanecer em atividade de lazer, por não conseguir aguardar sua vez etc.

Segundo com De Curso (2017) Alguns dos sintomas podem ser facilmente reconhecidos por professores dentro do ambiente escolar, deve ser analisado por mais de um especialista como psicopedagogos, neurologistas, psiquiatras, psicólogos, em alguns casos com apenas desatenção, muitos alunos não sabem que têm esta doença e na idade adulta, são acompanhadas por comorbidades e comportamentos antissociais, que afetam o diagnóstico não recebendo o tratamento devido.

Portanto, o diagnóstico precoce pode evitar muitos tipos de comorbidades, que pode afetar a adolescência e a idade adulta do estudante. Deste modo, sendo capaz de ajudar no crescimento da pessoa que está sendo tratada para que ela possa ter uma vida social adequada.

Os alunos com TDAH, como todos os outros, têm seu próprio tempo de estudo; no entanto, na maioria dos casos, os educandos com TDAH precisam de mais tempo para internalizar o que está sendo ensinado. Nesse sentido, a intervenção do professor torna-se fundamental para que ele não se sinta inferior em relação ao restante da turma, e a classe não o retrate como lento e esquisito.

De acordo com Maia (2015) é cada vez mais comum encontrar alunos com TDAH na escola, que muitas vezes são confundidos com adolescentes que tenham um mau comportamento, que se opõem às orientações dos professores, que ficam inquietos, irritados e ansiosos em determinada situação.

Por não serem diagnosticados com esse transtorno e, consequentemente, não terem identificado seus problemas na aprendizagem, esses alunos não conseguem se concentrar, fazer perguntas, pensar com cuidado sobre a dificuldade apresentada em aula, deixando-os “regredindo” em seu conteúdo em relação aos outros estudantes.  Nessa situação, aumentam as taxas de reincidência, baixo rendimento escolar, evasão escolar e problemas emocionais e sociais.

Em razão ao desconforto do aluno com TDAH, como sugerido acima, o professor pode organizar atividades extraclasse, e buscar a ajuda desse aluno para se sentir útil e transmitir essa ansiedade, agitação para outro foco de forma benéfica para o processo de aprendizagem. Mesmo que o aluno não tenha total atenção ao realizar as atividades propostas pelo educador, ele pode obter os benefícios que advêm apenas do contato com as informações composta nos materiais dessas atividades.

O desempenho do professor é importante no desenvolvimento do aluno com TDAH, no entanto, se a escola não o apoiar ou não lhe conceder a contribuições necessárias para atingir a meta pedagógica, o esforço e o trabalho até agora alcançados irão regredir ou incapacitar, não atingindo o desenvolvimento desejado de aprendizagem biopsicossocial desses alunos (MAIA, 2015).

Essas estratégias de ensinos adotados beneficiam o próprio professor, e também o aluno com TDAH e seus colegas, uma vez que essa abordagem caracterizada proporcionará um ambiente propício ao aprendizado, estimulará, incentivará e levando a novos horizontes para adquirir mais autoconfiança e conhecimento, o que é importante para uma boa relação em sala de aula.

O intelecto e o emocional controlam o corpo, ou seja, no momento em que o estudante se sente bem em seu ambiente, que recebe incentivo, seja por um elogio ou por resultados positivos, a sua inquietação e agitação diminuem, pois ele estará mais preparado para exercer sobre si o autocontrole, melhorando sua condição (MAIA, 2015, p. 81).

Com isso é necessário um acompanhamento interdisciplinar com esse aluno para ver qual maneira intervir no âmbito escolar e social, de um modo geral, destacam-se três tipos de intervenções mais frequentemente utilizadas em pessoas com TDAH, como o uso medicamentos, a orientação realizada com os pais e professores e as estratégias de desenvolvimento de habilidades que ajudem a melhorar a atenção e o controle da impulsividade.

O uso de medicamentos em TDAH é a busca de melhor qualidade de vida, esse uso costuma produzir resultados eficazes na grande maioria dos casos. Mas para que isso ocorra é de fundamental importância que se definam os sintomas causadores de maior desconforto, pois o TDAH é uma síndrome que pode apresentar-se de maneiras diversas (SILVA, 2003).

Segundo a autora citada acima existem três categorias de medicamentos que podem ser usados no tratamento de TDAH, os estimulantes, os antidepressivos e os acessórios. Muitas vezes é necessária uma combinação dessas categorias para reproduzir o efeito adequado.

As medicações são as mesmas para adultos e crianças. O que diferencia encontra-se na dose. Pode levar algum tempo para o medicamento e a dosagem ideal seja estabelecida.   Porém, a medicação não constitui todo tratamento de TDAH, trata-se de uma etapa para tornar a vida mais confortável e produtiva, sendo assim, um complemento que jamais deve ser considerado isoladamente completo.

De acordo com Desidério (2007), uma ótima opção interventiva para adolescentes com TDAH, baseia-se no atendimento com seus genitores, a fim do desenvolvimento das habilidades sociais do filho, que serão aprimoradas durante esse processo de intervenção com os pais.

Para Rocha (2013), quando os pais atuam como agentes de intervenção, eles podem fornecer oportunidades de aprendizagem contínua e extensa, atuar como modelos de interação social e usar a aprendizagem para fortalecer e motivar os alunos a se desenvolverem em interações sociais positivas.

Os modelos oferecidos pelos pais devem estar correlacionados com determinados momentos vividos do estudante para um bom desempenho das intervenções estabelecidas, sendo discriminado onde e quando podem ocorrer e a forma de se posicionar e falar para que tenha uma boa eficácia no resultado final das intervenções.

Segundo Benczik  (2015) alguns pais relatam dificuldades de conviver com um filho com TDAH, porque enfrentam outro problema: evitar rotinas, atrasar e esquecer rotineiramente as tarefas do dia a dia . Os pais descrevem uma rotina familiar estressante, porque as tarefas mais simples são quase impossíveis para esses estudantes, como tomar banho, escovar os dentes, sentar para comer, arrumar a cama, dormir e fazer a lição de casa.

Os pais tendem a responder com maior orientação, controle, conselho, encorajamento e, finalmente, raiva. Sem a supervisão, o aluno pode iniciar três atividades distintas e não terminar nenhuma que começou, e os genitores rapidamente se desanimam e passam a maior parte do tempo de lazer próprio com o filho, principalmente fazendo lição de casa, que por sua vez é a mais importante inabilidade do estudante com TDAH.

Em alguns casos, os pais podem mudar seu comportamento com base em seu humor ou irritabilidade no momento, entre ser totalmente indiferente e reagir com muita severidade ao comportamento inadequado de seu filho. Quando o estudante começa a mostrar os menores sinais de comportamento perturbador, isso pode facilmente levar a uma reação negativa imediata ou disciplina física severa.

De acordo com Benczik  (2015) em compensação os alunos tendem a ser impulsivos, incoerentes e não têm autocontrole para reclamar, e argumentar diante de exigências excessivas dos pais. Os discentes com TDAH, por sua vez, sentem-se rejeitados por seus pares e familiares devido à falta de habilidades sociais, seja por retraimento ou comportamento agressivo por falta de autocontrole, como relatam os pesquisadores, assim podendo esse aluno com TDAH a entrar em um ciclo de comportamento agressivo persistente.

Recomenda-se aos pais reduzir práticas negativas em relação ao filho e aumentar práticas positivas, ou seja, se torna importante o oferecimento de modelos e reforçamentos ao invés de proibições, gritos, agressões e demais estímulos aversivos ao docente.

Perante as consequências do TDAH no ambiente familiar, nas interações rotineiras, na qualidade de vida e na saúde mental de todos os membros da família, os profissionais devem trabalhar para minimizar essa implicação dessas consequências por meio de pesquisa, enfermagem e programas de psicologia psicossocial. Inclusive estratégias comportamentais, que interagem diretamente com pessoas com a doença, para promover saúde mental, qualidade de vida, e criar possibilidades de relacionamentos mais saudáveis ​​e qualitativamente mais positivos, familiares e sociais.

Para Salviato (2018) é de extrema importância o tratamento correto dos alunos com TDAH no âmbito escolar, para que assim eles possuam orientação familiar, escolar, uso de terapia especializada e medicamentos para a regulação do presente transtorno.

O estudante com o suporte correto, possuirá um desempenho melhor em relação à escola, no que condiz com a interação interpessoal que irá realizar posteriormente com os membros da instituição.

Para que a escola consiga desempenhar seu papel, o discente necessita que seus pais estabeleçam reforçamentos, normas de comportamentos claros e definidos, redução de fatores que podem distrair o aluno no desenvolvimento das tarefas escolares, estabelecimento de horários etc. (DESIDÉRIO, 2007).

Portanto, diferenciar metodologias inseridas a um acompanhamento profissional especializado hesita o caminho mais cuidadoso para o sucesso no decorrer da vida escolar dos alunos portadores de TDAH. O docente precisa ser empenhado, criativo e esforçado, reverenciando as particularidades de cada pessoa e na integralidade com a família. Outro fator importante é que a instituição oferte aos progenitores explicações para que eles possam assessorar seus filhos em suas atividades cotidianas.

A família, seu primeiro ambiente, é a principal responsável pelo apoio e assistência aos alunos, porém, esta deve estar sempre em diálogo com a escola e buscar novos caminhos para atingir seus objetivos, proporcionando assim uma convivência de qualidade, ricas experiências e troca de saberes. Por consequência, ambientes estimulantes possuem características que promovem a aprendizagem significativa. Ao criar este âmbito, será visível o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos alunos.

De acordo com Maia (2015) para ocorrer sucesso com os alunos com TDAH as escolas, professores e pais devem estar comprometidos em proporcionar o melhor para esse aluno, vendo-o não apenas como objeto de trabalho, mas como um indivíduo desafiador e com grande potencial. Neste sentido, não podemos ignorar que escolas e seus funcionários têm uma grande responsabilidade pela vida dos alunos. Quando ambas as partes não cooperam ou se comportam de forma inadequada, os danos serão duradouros à medida que os alunos se desenvolvem, aprendem, socializam e se acostumam com as rotinas do ambiente escolar.

O maior entrave para o tratamento e acompanhamento dos especialistas, principalmente a psicopedagoga, geralmente é à superproteção dos genitores que muitas vezes impossibilitam as crianças de realizar suas atividades e desenvolver sua independência.

Algumas estratégias importantes podem ser sugeridas e passadas aos genitores e professores para facilitar a aprendizagem da criança, podem ser elas: posicionar a criança na frente da sala, transformar textos longos em textos mais curtos sem perder a essência do que se quer trabalhar, sempre lembrar a rotina da sala, solicitar que o aluno registre as atividades e assuntos dados em classe, colocar como lembrete na agenda as atividades de casa e não deixar o aluno perto da janela e porta para não se distrair.

Quando diagnosticados e encaminhados ao processo clínico, cabe ao terapeuta estabelecer intervenções que auxiliem e agreguem ao tratamento do aluno. O terapeuta diante sua atuação clínica ou até mesmo institucional atua tanto no auxílio familiar quanto na escolar. Porém, fazem-se necessárias intervenções diretas com a criança.

Segundo De curso (2017) Outra intervenção que pode ser utilizada, seria o processo lúdico, por meio deste desenvolveria o controle da impulsividade do sujeito, utilizaria de cores, desenhos, criação de uma história para auxiliar na impulsividade, podendo realizar com o paciente jogos com regras a fim de mostrar a esse sujeito que assim como nos jogos, na vida também existem regras que precisam ser seguidas.

Para Gondim (2016) outra estratégia que se pode utilizar para a melhoria do aprendizado e melhor raciocínio da criança, é a intervenção com brincadeiras representativas por meio do psicodrama, ou seja, realizaria troca de papéis proporcionando a criança o desenvolvimento de certas habilidades e faria o uso de atividades construtivas, na qual o sujeito pudesse construir algo iniciando e finalizando.

Segundo De curso (2017), é necessário familiarizar os professores com o transtorno para observar os alunos desatentos e ter um diagnóstico precoce, para que consigam ter um relacionamento adequado com os demais colegas.  Ainda de acordo com alguns autores, incluir esses alunos é um tema que vem sendo questionado, e a forma de trabalhar com eles está sendo estudada para conseguir ter uma inclusão social e escolar de forma biopsicossocial.

Precisa levar em consideração uma série de intervenções, que devem ser analisadas para acontecer as modificações necessárias para o trabalho ser elaborado, levando em consideração as necessidades de cada aluno com TDAH.

A intervenção comportamental pode ser uma parte básica dos alunos com TDAH, porque eles precisam desenvolver um nível de autocontrole, algumas estratégias irão produzir mudanças positivas, como elogios e recompensas. As modificações no ambiente da sala de aula podem ajudá-lo a identificar conteúdos importantes e focar sua atenção nas tarefas que deseja realizar. Algumas sugestões podem ajudar os alunos a reduzir as distrações e manter o foco.

Como os alunos têm dificuldade de concentração, os pontos de vista acima podem ser benéficos para a vida diária dos alunos dentro e fora do ambiente escolar e na vida social, de modo que eles possam perceber e compreender como funcionam suas habilidades e capacidades operacionais. Desta forma, os alunos podem se adaptar a uma vida sem muitas frustrações e ter uma vida mais ideal.

O respeito pelas diferenças de cada aluno está além do escopo de um currículo repleto de atividades e ricas informações, mas para um aluno com TDAH, por se perder em vários momentos do estudo, pode não haver vantagem, por isso o professor precisa dar mais atenção a esse aluno.

As causas educacionais das dificuldades de aprendizagem devem ser estudadas pelo educador, visto que ele trabalha dia a dia com o aprendizado de seus alunos e necessita perceber se algo está comprometendo a aprendizagem desses estudantes. De carácter prático, a raiz poderá estar relacionada aos métodos pedagógicos desenvolvidos em sala de aula que tem levado este grupo de alunos ao fracasso escolar.

Com isso, a definição de aprendizagem e o tempo que leva para aprender têm sido objeto de discussão desde o primeiro estudo de psicologia, o campo responsável por este estudo é a psicologia da aprendizagem. Ao longo de sua evolução histórica, a psicologia da aprendizagem tem buscado conceituar o termo aprendizagem na perspectiva de estudiosos da área, enfatizando os principais aspectos da teoria que busca compreender como ocorre esse processo (NUNES, 2015).

Deste modo, com base no que foi discutido até aqui, compreendemos que para entender a definição, as causas e os tipos de dificuldades de aprendizagem, é necessário analisar como ocorre todos os aspectos envolvendo os ensinamentos, hoje é concebido pelas escolas e pela sociedade (LIMA, 2021).

Analisamos que as dificuldades de aprendizagem são transtornos específicos de aprendizagem decorrentes de déficits no neurodesenvolvimento, caracterizadas por disfunções no processo de aprender, que podem ser responsáveis ​​pelo comprometimento da vida social e acadêmica dos sujeitos como um todo.

As dificuldades de aprendizagem são motivo de muita discussão teórica em ambientes acadêmicos, sendo, portanto, necessário seguir o paradigma de uma entidade internacionalmente reconhecida para diagnóstico e intervenção organizacional, pois a investigação sobre as causas das dificuldades de aprendizagem é essencial, e pesquisas de como a cognição funciona e sua importância para o desenvolvimento infantil (LIMA, 2021).

Segundo os autores do estudo, fica claro que podemos utilizar diversas estratégias para melhorar o desenvolvimento dos alunos com TDAH em sala de aula. Os professores têm a responsabilidade de encontrar a melhor forma de intervir para que os alunos concretizem as suas capacidades, criatividade e sabedoria. Isso permitirá que as pessoas desenvolvam atitudes em relação a diferentes ambientes, vida pessoal, acadêmica e social.

Para superar os obstáculos que dificultam a aprendizagem e formar a identidade dos alunos de forma biopsicossocial, o trabalho dos profissionais da educação precisa ser coletivizado e integrado às políticas sociais e econômicas, pois precisam mudar profundamente atitudes, crenças e práticas para garantir que todos os alunos desfrutam das mesmas oportunidades de aprendizagem sem discriminação e mostrar para cada um deles que é capaz de desenvolver plenamente suas habilidades no contexto escolar e social.

CONCLUSÃO

Em vista dos argumentos apresentados é de suma importância o reconhecimento da dificuldade dos alunos na aprendizagem, o diagnóstico deve escarnecer da instituição os rótulos, sabendo que os estigmas só irão piorar as dificuldades apresentadas pelos docentes. Uma visão aprofundada e estudada sobre o TDAH deve servir para melhor auxiliar na busca por uma intervenção realmente eficaz.

Dado o que foi mencionado e discutido nesta pesquisa, considera-se, portanto, que o processo interventivo para o tratamento do TDAH, as intervenções desempenham um papel fundamental no aluno, para que consiga se desenvolver e estabelecer relações interpessoais. A qualidade de vida de pessoas com TDAH aumenta com o tratamento correto do transtorno, através do uso medicamentoso, do auxílio da comunidade, escola, familiares, professores, etc.

Torna-se relevante o uso de intervenções terapêuticas, através de processos lúdicos para a estimulação do docente, o estabelecimento de regras, conversas e desenvolver habilidades que o TDAH pode prejudicar.

Pode-se pontuar que é extremamente importante estabelecer intervenções adequadas que envolvam não somente o sujeito, mas todo o contexto que o engloba, a fim de auxiliar no processo de tratamento dessas pessoas, com um objetivo de direcioná-las para um convívio social saudável.

A escola é o primeiro ambiente social em que a criança frequenta, é lá que ela aprende a conviver com as diferenças e a seguir regras. A não aceitação de regras, diferenças, pensamentos opostos, pode gerar a exclusão dentro do contexto escolar. Para isso, é necessário ter condições para planejar, executar e avaliar a eficiência de ações que tenham por objetivo reduzir prejuízos nas vivências no âmbito escolar, porque constitui uma demanda básica e necessária nos dias atuais.

Manter o diálogo entre a família e a escola também faz parte do tratamento, levando em consideração que o âmbito social é importante para o desenvolvimento pleno do aluno. Considera-se, portanto, de suma importância o processo interventivo para o tratamento do TDAH.

As intervenções desempenham um papel fundamental do docente, para que consiga se desenvolver e estabelecer relações interpessoais. A qualidade de vida de pessoas com TDAH aumenta com o tratamento correto do transtorno, através do uso medicamentoso, do auxílio da comunidade, escola, pais, professores, etc.

Portanto, há uma urgência em desenvolver programas que incluam intervenções no ambiente domiciliar, pois a condição dos alunos com TDAH pode se desenvolver ou piorar dependendo das condições que lhes são proporcionadas. À medida que as habilidades sociais e o repertório dos pais se afinam para cumprir seus papéis, eles poderão lidar com as diferentes necessidades inerentes às dificuldades do filho no dia a dia.

O uso medicamentoso é um complemento referente a uma vida mais confortável e produtiva para quem possui TDAH. Considera-se essencial o uso de medicamentos, porém devem-se utilizar intervenções complementares para o tratamento satisfatório do TDAH.

Para concluir, quando a família e a escola atuam em conjunto para superar os distúrbios motivados ​​pelo TDAH, o tratamento será eficaz, e as decorrências dessas intervenções serão gratificantes para esse aluno de forma biopsicossocial.

Destaca-se a necessidade de debater mais sobre esse tema, mesmo que ao longo dos anos houve muitos progressos; esse tema ainda enfrenta dificuldades no que diz respeito ao senso comum, ou seja, a falta de informação ainda prejudica o futuro, a promoção e o tratamento de muitas pessoas. Portanto, torna-se essencial discutir sobre o tema a fim de extinguir o preconceito ainda presente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SILVA, Marcelo Carlos da. Dificuldades de aprendizagem: do histórico ao diagnóstico. 2008. Disponível em: . Acessado em 10/08/2022.

CONHEÇA OS AUTORES

[1] Mestrado em Educação (Uniara), Especialização em Gestão Escolar (Faculdade São Luís de Jaboticabal), Graduação em Pedagogia (Unifran), Licenciatura em Filosofia (Centro Universitário Faveni), Licenciatura em Sociologia (Centro Universitário Faveni), Licenciatura em História (Faculdade São Luís de Jaboticabal). ORCID: 0000-0002-2182-4485. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7137375311039875.

[2] Pós-Graduação em Educação especial e inclusiva e neuropsicologia institucional e clínica, Psicóloga pela faculdade ITES. ORCID: 0000-0002-2780-0353.

[3] Mestrado em Educação (UNIARA), Especialização em Gestão Estratégica de Pessoas (Faculdade São Luís de Jaboticabal) e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira (FAMART), Licenciatura em Letras (Faculdade São Luís de Jaboticabal), Licenciatura em Administração (IFSP) e Licenciatura Pedagogia (UNIJALES).ORCID: 0000-0003-2344-087X. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7369721288932461.

[4] Especialização em Matemática pela Universidade Federal de São João del Rey, Especialização em Metodologias e Gestão para a Educação a Distância pela Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto, Licenciado em Matemática com ênfase em Informática pela Faculdade de Educação São Luis de Jaboticabal. ORCID: 0000-0001-6594-2929. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1324668420470908.

[5] Mestrado em Ensino e Processos Formativos (Unesp), Pós graduação em Ensino de Química (Claretiano), Pós Graduação em Gestão Escolar (Focus), licenciatura em Biologia (Unesp), licenciatura em Química (Unimes). ORCID: 0000-0003-0343-7358. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0742084904407782.

[6] Gestão da Educação: Administração Escolar – (Faculdade São Luís de Jaboticabal); Licenciada em Matemática com ênfase em Informática – (Faculdade São Luís de Jaboticabal), Técnico em Assessoria de Gerenciamento Empresarial – CEETESP – (Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza). CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9513273581912051.

Edvânia Ferreira do Nascimento Tiezi

Edvânia Ferreira do Nascimento Tiezi

Mestrado em Educação (Uniara), Especialização em Gestão Escolar (Faculdade São Luís de Jaboticabal), Graduação em Pedagogia (Unifran), Licenciatura em Filosofia (Centro Universitário Faveni), Licenciatura em Sociologia (Centro Universitário Faveni), Licenciatura em História (Faculdade São Luís de Jaboticabal). ORCID: 0000-0002-2182-4485. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7137375311039875.

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