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O que é uma bolsa de iniciação científica? – O cenário do financiamento de pesquisas na graduação – Como funciona esse universo e quais são os tipos de relatórios requeridos aos pesquisadores

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As pesquisas no nível da graduação: compreendendo o cenário da iniciação científica e as variáveis que introduzem o pesquisador nesse mundoAs pesquisas no nível da graduação: compreendendo o cenário da iniciação científica e as variáveis que introduzem o pesquisador nesse mundo

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre o universo da pesquisa científica no âmbito da graduação. Embora muitas pessoas iniciem a sua jornada acadêmica, isto é, enquanto cientistas, pesquisadores, no mestrado, há aqueles que têm essa inclinação desde a graduação, especialmente aqueles que participam de grupos e núcleos de pesquisa que os introduzem nesse universo amplo e repleto de variáveis que é o mundo acadêmico. O que nem todos sabem é que mesmo no nível da graduação é possível desenvolver estudos que muito têm a contribuir para com a ciência e para com a nossa própria sociedade. Também não são todos que sabem que essas pesquisas podem ser financiadas por agências de fomento. Na instância federal, temos as iniciativas científicas financiadas pelo CNPq (PIBIC e PIBITI) ou pelas agências de fomento estaduais (no caso de São Paulo, temos a FAPESP). Iremos explorar esse universo.

As exigências postas a um pesquisador de iniciação científica

Aqueles pesquisadores que conseguem financiamento para as suas bolsas no nível da graduação têm uma série de responsabilidades para com essas agências de fomento. A pergunta que irá guiar nossa discussão de hoje é a seguinte: sou aluno de graduação no curso de Engenharia Cartográfica e Agrimensura na UFAL. Faço parte de um projeto de iniciação científica (PIBIC) e gostaria de saber se posso realizar apenas um levantamento bibliográfico sobre um determinado tema da área e publicar as considerações sobre esse estudo ou se é necessário desenvolver um outro tipo de documento comprobatório. O aluno frisa que a proposta da iniciação científica é a de fazer com que o aluno adentre nesse universo da pesquisa – e das atividades acadêmicas – e, assim, há dúvidas sobre a necessidade de realização de experimentos ou de outros tipos de atividades capazes de comprovar o envolvimento do aluno com a pesquisa.

O universo da iniciação científica

Muitos se questionam se o objetivo da iniciação científica é tão somente a introdução nesse universo ou se já nesse momento o aluno deve desenvolver testes e experimentos (ou outros tipos de atividades típicas a sua área de atuação). Temos nessa declaração uma série de informações sobre a iniciação científica e algumas delas devem ser desmistificadas para que os alunos nesse nível saibam quais são as suas reais responsabilidades para com essas agências de fomento e com as instituições às quais são vinculados. Embora já tenhamos apontado essa possibilidade, gostaríamos de frisar, novamente, que desde o Ensino Médio um aluno pode desenvolver uma pesquisa científica e pode receber bolsas de incentivo para isso. Você deve procurar, portanto, por programas – estaduais e federais – que forneçam esse tipo de bolsa. Assim sendo, acreditamos que é importante sabermos quais são essas agências de fomento.

As agências de fomento estaduais e federais

No caso das agências de fomento estaduais, cada estado tem as suas próprias. No caso de São Paulo, onde nos situamos, temos a FAPESP. Contudo, há aquelas que atuam no âmbito federal, como é o caso das bolsas fornecidas pela CAPES/CNPq. Algumas empresas comprometidas com a ciência e aliadas a essas instituições também podem fomentar e investir nessas pesquisas acadêmicas no nível da graduação. O PIBIC, mencionado pelo pesquisador, é uma dessas possibilidades de bolsas. Ele indica que trata-se de um programa de iniciação científica. Paga-se um valor mensal ao estudante para que ele possa dedicar-se à pesquisa e às atividades acadêmicas dela suscitadas – participação em congressos e publicação de artigos em coautoria, por exemplo. Os valores a serem pagos variam bastante dependendo da agência financiadora. A maior parte delas são governamentais. O dinheiro pago é público.

A prestação de contasA prestação de contas

Como é dinheiro público que está sendo investido em sua pesquisa, de tempos em tempos é preciso prestar contas a essa agência de fomento para que ela saiba que você tem contribuído para com o desenvolvimento não apenas da ciência, mas também da sociedade. Além disso, essa prestação de contas deve ser transparente a essa própria sociedade, que deve ser beneficiada com o seu estudo. Uma das formas mais comuns de prestar contas a essas agências é a apresentação de um relatório. Cada agência tem as suas especificidades, mas é comum que o pesquisador apresente um relatório parcial e um final. Os relatórios apontam o que você fez durante o momento em que foi investido dinheiro público em seu estudo. Querem saber como você investiu esse dinheiro para que a pesquisa chegasse nesse status. Na pós-graduação, o processo de comprovação se dá de uma forma bastante semelhante.

A elaboração dos relatórios de pesquisaA elaboração dos relatórios de pesquisa

A frequência a partir da qual esses relatórios deverão ser desenvolvidos costuma ser semestral. Espera-se, também, que, ao longo desse desenvolvimento, você seja acompanhado, no caso, pelo seu orientador. No caso da iniciação científica, seja no Ensino Médio, seja na Graduação, você terá um professor que irá acompanhar a evolução desse estudo, fornecendo diretrizes e sugestões para esse desenvolvimento. No caso do nosso exemplo – em que o pesquisador aponta a necessidade de uma pesquisa bibliográfica – há dois cenários possíveis. Deve ficar claro que não é porque um pesquisador está fazendo um levantamento bibliográfico que ele não está fazendo ciência. Como frisamos ao longo de nossos posts, há múltiplos modos de se produzir ciência e não há um que seja melhor que o outro. Os artigos de revisão – bibliométrica, sistemática, integrativa etc. – são muito bem-vindos e podem ser apresentados.

Os  artigos científicos no nível da graduação

A contribuição social dos artigos científicos é inegável, e, dessa forma, levar o conhecimento para a população já é uma forma de demonstrar a essa agência de fomento que você leva a sério a pesquisa e que está comprometido com ela. Os artigos de revisão bibliométrica são muito importantes, pois você sintetiza para os pesquisadores que necessitam desse conhecimento quais são os materiais publicados nos últimos anos sobre um dado eixo temático e em uma dada perspectiva teórica-metodológica específica, apontando-se, inclusive, onde esses materiais foram publicados. Assim sendo, ao invés de o pesquisador realizar uma pesquisa ampla, irá resumir, para outros pesquisadores, os principais pontos desses materiais que podem os ajudar no desenvolvimento de suas próprias pesquisas. Um artigo de revisão (em que compilam-se os principais aspectos abordados) é essencial para outros pesquisadores.

A contribuição social dos artigos de revisão

A contribuição dos artigos de revisão é bastante ampla. Esse tipo de material pode ser publicado nos mais diversos contextos ao longo de sua trajetória acadêmica, isto é, desde a graduação até em um mestrado ou doutorado. Até mesmo na pós-graduação lato sensu, ou seja, nos cursos de graduação, a publicação de artigos científicos é estimulada e esperada. Seja você um graduando/graduado ou um doutor/pós-doutor certamente terá muito com o que contribuir com um artigo de revisão em seus mais diversos formatos – integrativa, sistemática, bibliométrica, bibliográfica etc. Recomendamos que mesmo que você já tenha que apresentar um relatório a sua agência de fomento que você publique artigos de revisão. Eles têm muito com o que contribuir para com a sua própria formação acadêmica e intelectual, assim como faz com que você construa uma boa reputação enquanto pesquisador para a academia e sociedade.

A publicação para além de uma mera exigência

Nós, enquanto cientistas, precisamos compreender que o hábito da publicação de artigos, da divulgação de conhecimento, é muito mais do que uma mera exigência. É uma necessidade para que nós, enquanto sociedade, sejamos capazes de evoluir. Esse hábito deve ser naturalizado em nossas rotinas, pois, enquanto pesquisadores, temos um compromisso para com a sociedade, uma responsabilidade da qual não podemos nos desvencilhar. Esse hábito não contribui apenas com a academia, mas com o meio corporativo também, pois, para aprimorarmos as nossas técnicas de trabalho, precisamos aprender sobre. Recorrer a fontes que possam nos ajudar nesse processo é essencial, e, assim, os artigos tornam-se relevantes aos mais múltiplos contextos. Além disso, para que possamos entender uma dada situação, é necessário entendermos os aspectos que a criaram, o que implica leitura e aprendizado.

Os testes e experimentos são obrigatórios na iniciação científica?

Tudo irá depender das exigências da sua instituição, orientador e núcleo de pesquisa, bem como do que foi prometido à agência de fomento em seu projeto de pesquisa. Tudo aquilo que for apontado nesse projeto como objetivo de pesquisa será avaliado quanto ao seu cumprimento ou descumprimento. Também precisamos chamar a atenção para o contexto no qual estamos vivendo. Pode ser que outros pesquisadores em sua instituição tenham realizado esses testes e experimentos, porém, estamos em um contexto pandêmico, e, dessa forma, esse pode ser um fator impeditivo a essa realização. Além disso, precisamos pontuar que, em certas vezes, o graduando recebe essa bolsa e nem sempre, em virtude de razões administrativas, da falta de organização da instituição, do desligamento do professor responsável pela pesquisa do programa, a pesquisa pode assumir outros rumos. Os aspectos práticos podem ser restringidos.

O que fazer em situações desse tipo?O que fazer em situações desse tipo?

Seja em virtude do desligamento do seu professor do programa ou de outros aspectos, é possível lidar com essa situação e manter o seu compromisso perante à agência de fomento. Nunca se esqueça que dinheiro público está sendo investido em sua pesquisa, e, dessa forma, você tem um compromisso firmado com a própria sociedade. Você precisará dar esclarecimentos quanto aos rumos dessa pesquisa, ou seja, deve dar satisfação acerca de como esse dinheiro tem sido investido. Deve ficar claro à agência de fomento, aos acadêmicos, à instituição a qual está vinculado e à própria sociedade o que você fez durante os meses em que recebeu essa bolsa. Se você está com dúvidas, não tenha vergonha. Procure pelos colegas de grupo que também recebem a bolsa e verifique como estão desenvolvendo as suas pesquisas e elaborando esse relatório (e demais aspectos relacionados à prestação de contas).

A importância da colaboraçãoA importância da colaboração

Além de compartilhar dicas e técnicas de pesquisa, algo que pode lhe ajudar a engajar-se com a pesquisa, especialmente se têm dúvidas quanto ao funcionamento desse meio, é a escrita colaborativa de artigos científicos com pesquisadores que trabalham com aspectos semelhantes aos seus, participem em conjunto de eventos científicos importante para a área, dentre outras táticas. Analise quais são as atividades acadêmicas mais esperadas em sua área. A Engenharia, por exemplo, é uma área que costuma aceitar muito bem artigos de revisão bibliométrica. As ciências humanas, por sua vez, permite que os alunos caminhem de uma forma mais individual, porém, nada impede que somem esforços e trabalhem de forma conjunta para divulgar esse conhecimento. Todavia, nas áreas aplicadas, nas “ciências duras”, a escrita colaborativa é bastante vantajosa.

As áreas de pesquisa e suas necessidades acadêmicas

Há áreas de pesquisa que são notoriamente mais práticas, e, dessa forma, precisam demonstrar seus resultados a partir de dados concretos. Nem sempre esses estudos perpassam apenas pelo plano das ideias, pelos aspectos essencialmente teóricos, o que é muito comum no domínio das ciências humanas. Contudo, é importante que você saiba que os materiais de revisão – bibliométrica, sistemática, bibliográfica – podem ser requisitados em todas as áreas, seja no nível da graduação ou da pós-graduação. Independentemente de sua área/linha de pesquisa, esses materiais podem ser requisitados e são essenciais para que você se consolide enquanto acadêmico. Durante toda a sua trajetória acadêmica eles têm muito com o que contribuir. No caso dos experimentos e testes, é impossível o desenvolvimento solitário.

As pesquisas aplicadas, essencialmente, estão ligadas a essa prática coletiva de pesquisa. Além de ser necessária a presença e acompanhamento por parte de um professor responsável, é de suma importância que as pesquisas que caminham por uma mesma abordagem contribuam entre si. Analise como esse professor e o grupo de pesquisa ao qual está vinculado costuma trabalhar antes mesmo de começar a desenvolver essa pesquisa, especialmente nesse contexto pandêmico que estamos vivenciando. Não se esqueça que todo esse processo de pesquisa precisará ser apresentado no relatório e que a falta de detalhes pode ser questionada no momento da prestação de contas. Tenha claro em mente, ainda, o que os envolvidos com seu estudo – coordenação, orientador, agência – esperam de você.

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