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Por que o conhecimento científico deve ser gratuito para todos?

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O universo do conhecimento científico: a importância da leitura, produção e divulgação do conhecimento seguro, gratuito e acessível como forma de promoção da ciência para todos

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos discutir sobre uma questão essencial para toda e qualquer pessoa que consome e produz conhecimento científico. A fim de que possamos discutir sobre essas questões iremos refletir sobre qual é o papel que o pesquisador assume ao ingressar nesse meio, qual é o papel da pesquisa científica, bem como iremos debater sobre a missão social da pesquisa científica, uma vez que tem como intuito fazer com que o mundo se torne melhor para todos. Não são raras as vezes em que nos pegamos pensando sobre como o mundo acadêmico e a sociedade laica podem se interligar, pois, na maior parte das vezes, parece que são coisas muito opostas, o que não deveria ocorrer. Além disso, ainda hoje, as pesquisas não conseguem responder aos problemas sociais e apresentar soluções de maneira rápida, uma vez que os estudos podem levar anos até que fiquem prontos.

A tendência que perdurou por muitos anosA tendência que perdurou por muitos anos

Durante muitos anos, a academia operou a partir de uma mesma tendência, sendo que essa tem reflexos até mesmo nos dias de hoje. Vivemos em um outro contexto, logo, como a sociedade muda muito rápido a cada dia, houve uma mudança no fluxo de informações. Como consequência, hoje, tem sido mais fácil fazer com que a sociedade laica tenha acesso a certos tipos de materiais que sejam capazes de fornecer informações de maneira rápida e efetiva. Ao longo de nossa conversa de hoje visamos a realização de um trabalho conscientizador. Tome consciência acerca de seu papel de pesquisador. Comecemos essa reflexão discutindo sobre algo muito triste. Não são raros os relatos que chegam até nós de alunos que estão fazendo um curso de mestrado ou de doutorado visando tão somente a obtenção de um título. Entretanto, isso não fará com que você tenha uma carreira consolidada, pois é um meio competitivo.

Por que não devemos fazer um curso apenas pelo título?

A partir do momento em que ingressamos em um curso de mestrado ou doutorado com o objetivo apenas de obter o título de mestre e/ou doutor, a nossa carreira está fadada ao fracasso. Também precisamos chamar a sua atenção para o fato de que são poucas as pessoas em nosso país que têm essa oportunidade. Embora essa realidade esteja mudando, hoje, são poucas pessoas que conseguem fazer esse curso, inclusive de forma gratuita. Em virtude disso, devemos pensar um pouco mais sobre o que é ser pesquisador. Sempre ressaltamos que é um exercício que vem da alma. Contudo, essa atividade não precisa ser individualista, focada tão somente em seu ego. Embora seja você o protagonista de sua pesquisa, ela não pode atender apenas aos seus interesses, mas aos da própria coletividade. A fim de que esse sujeito assuma a sua missão, é preciso que esse exercício parta de dentro para fora.

Reflita sobre o seu papel enquanto pesquisadorReflita sobre o seu papel enquanto pesquisador

A fim de que você possa saber se está contribuindo com a sociedade a partir dos seus estudos, é preciso refletir sobre o papel e as responsabilidades que têm assumido em nome de sua pesquisa. O que você precisa manter em mente é se esse trabalho tem contribuído com o mundo real. Essa mentalidade é muito benéfica, pois, mesmo após a conclusão de seu trabalho final, continuará a contribuir com a sociedade, pleiteando a sua emancipação com o acesso ao conhecimento gratuito e de qualidade. Além disso, é preciso que tenha muito claro em mente o que almeja com a publicação desse material científico e o tipo de impacto pleiteado com a sua pesquisa. São esses aspectos que fizeram com que as nossas agências de fomento e a própria CAPES passassem a rever algumas exigências. Com isso, passaram a frisar a necessidade de que as pesquisas devem contribuir de maneira efetiva com a sociedade atual.

O problema de pesquisa de um estudo

Essa questão é fundamental, pois é o problema de pesquisa que fará com que o seu estudo seja ou não relevante para a sociedade. Um pesquisador acaba lidando com uma série de exigências e, consequentemente, ficam mais preocupados com o cumprimento dos prazos ou mesmo com a escolha e aplicação de uma metodologia que esquecem que, antes de tudo, é essencial que se tenha um problema de pesquisa. Não existe pesquisa de qualidade sem um problema. Nesse sentido, um problema de pesquisa é o que o pesquisador deseja mudar no mundo real com o seu próprio estudo. Um dos motivos que fazem com que os artigos retornem aos autores é a falta de um problema (ou de clareza em seu processo de formulação). É preciso que fique claro o que a sua pesquisa pretende trazer de novo e de que forma almeja contribuir com a sociedade.

A contribuição social de um estudoA contribuição social de um estudo

Pensemos em alguns exemplos. Se você é da área da educação, reflita sobre de que modo o seu material pode contribuir com a prática docente de outros professores que estão em nossas salas de aula. A sua pesquisa pode tanto propor uma solução para um certo problema quanto discutir e refletir sobre novas possibilidades. O mesmo vale para os profissionais de mercado. Se você realizou um estudo, atualizou alguma ferramenta ou elaborou um protocolo, sem dúvidas a sua pesquisa é contributiva. Você pode reunir uma série de artigos relevantes sobre um certo assunto e compilar esses dados. Os profissionais podem consultar o seu artigo, sem precisar perder horas em uma base de dados coletando essas informações. Isso pode fazer com que diversos sujeitos se profissionalizem de uma maneira muito mais rápida, porém, é preciso abandonar uma certa postura.

Tome cuidado com o egocentrismo

Ainda hoje, diversas pesquisas nascem dos interesses do próprio pesquisador, do seu orientador ou, ainda, de um núcleo de pesquisa do qual faz parte. Nem sempre esses interesses são os mesmos da sociedade e, como vimos, os interesses coletivos devem ser priorizados. É por esse motivo que defendemos que todo problema de pesquisa deve primar pelo interesse do outro. Suponhamos que a ideia da sua pesquisa seja quantificar o quanto de carbono, bem como de gases poluentes, pode ser restaurado a partir de plantas específicas. O objetivo é o de tornar o ar mais puro, eliminando a maior quantidade possível desses gases poluentes. As áreas verdes são de vital importância, contudo, é necessário levar em consideração que há plantas que atuam na eliminação de gases específicos. O ar de uma empresa, de um condomínio e de uma cidade como um todo pode ser limpo a partir dessas plantas. Mas como justificar tudo isso?

A justificativa de uma proposta inovadoraA justificativa de uma proposta inovadora

Sem dúvidas, a proposta mencionada em nosso exemplo é de suma importância para que a sociedade se torne mais limpa, porém, é preciso que uma pesquisa seja feita da maneira correta para que seja possível comprovar essa questão. Contudo, identificamos que há poucos estudos que têm falado sobre essa questão, o que pode tornar o embasamento da pesquisa um pouco difícil, visto que ainda há poucas bases e subsídios teóricos que se debruçam nisto. Temos em nosso país diversas pesquisas excelentes e que propõem soluções imediatas para problemas urgentes. Com isso, percebemos que há soluções essenciais para a sociedade, mas que ficam escondidas e não chegam ao público geral e, por vezes, os próprios acadêmicos desconhecem. A missão, então, além de fazer com que a própria sociedade tenha acesso a essas informações, é preciso que os agentes, organizações e instituições conheçam para que também contribuam.

A importância da divulgação científica de um estudo

Deve ficar claro aqui em nossa conversa que de nada adianta produzirmos certos tipos de materiais se eles não chegam até as pessoas. Assim sendo, se essa pesquisa não é capaz de sair do espaço da academia e atingir outros tipos de pessoas, outros perfis e interesses, o estudo não terá cumprido a sua missão, que é a de contribuir com a sociedade. Pensemos em uma proposta de pesquisa para refletirmos sobre a contribuição social de um estudo. A sociedade como um todo, não apenas a brasileira, tem lidado com um grande problema, que é a emissão de certos gases tóxicos. Esses gases repercutem de maneira negativa nos mais diversos âmbitos, pois causa danos irreversíveis ao meio ambiente e prejudica a saúde pública, pois, cada vez mais, as pessoas têm sofrido com problemas respiratórios, em virtude da má qualidade do ar. A poluição, então, impacta de maneira negativa não apenas na vida individual, mas no coletivo.

O impacto das pesquisas brasileiras

Temos diversas pesquisas produzidas em todo o país e, por vezes, publicadas em revistas internacionais, que discutem sobre esse problema de saúde pública. Contudo, nem sempre os estudos chegam até a sociedade laica, sendo que é esta que precisa ser emancipada por meio do conhecimento, pois precisa saber o que deve fazer para que esse problema seja resolvido ou, ao menos, amenizado. São pesquisas que calculam quais são as plantas que se alimentam dos gases nocivos, tornando a qualidade do ar muito melhor. O mais triste nesse processo é que os estudos que discutem sobre essa questão estão ficando, de certo modo, adormecidos, pois não são publicados e, quando o são, o autor não investe em estratégias de divulgação, o que faz com que o acesso ao conhecimento seja muito limitado ou até mesmo inexistente. São pesquisas que promovem soluções muito efetivas, como a implantação de plantas em vários tipos de prédios.

Por que propostas importantes não saem do papel?

Há diversas pesquisas que promovem estratégias muito viáveis, aqui, no caso, são representadas pela incorporação do verde nos mais diversos espaços que compõem a cidade, como os tetos verdes em transportes públicos, as plantas em edifícios, dentre outras técnicas, mas por que as pessoas não têm feito isso? Pela falta de acesso a esse conhecimento e, assim, às estratégias que podem aderir para que cidades mais verdes sejam uma realidade em todo o país. Com isso, podemos discutir sobre um problema que pode fazer com que as pessoas não tenham acesso a esse conhecimento valioso. Embora muitas pesquisas sejam produzidas em parceria com professores, instituições e núcleos e grupos de pesquisa brasileiros, na prática, o interesse dessas pessoas é o de divulgar todo esse conhecimento fora do país. Dentre algumas estratégias adotadas, têm-se os artigos publicados em inglês e em base de dados fechadas.

Por que a publicação deve ser acessível?Por que a publicação deve ser acessível?

Há algumas consequências em se publicar sempre em língua inglesa e em bases de dados fechadas. As bases de dados fechadas limitam o acesso ao conhecimento de múltiplas formas. Por exemplo, para que uma pessoa tenha acesso ao artigo, antes de tudo, precisa de uma senha de acesso. Ela apenas pode ser obtida quando o leitor paga por esse acesso, porém, para ler os artigos ali expostos, terá que fazer mais um pagamento, visto que os artigos estão publicados em revistas diversas e cada uma delas cobra um preço específico. Além disso, a fim de que consiga chegar aos materiais que possam contribuir com a sua pesquisa, é preciso saber como utilizar essas bases, o que não é de conhecimento de todos. É preciso ser um pesquisador para conseguir manusear essas bases.

Também devemos chamar a atenção para o fato de que para que uma pessoa pudesse chegar a esses artigos relacionados às estratégias de limpeza do ar, teria que partir de certas palavras-chave, pois a inteligência artificial faz com que tenha acesso apenas aos materiais associados a uma certa palavra-chave. Nem todos dominam esta técnica, o que é, também, um problema que limita o acesso ao conhecimento. Todos esses cuidados exigem de nós, que somos quem exercita a pesquisa, a adesão a um outro tipo de postura, mais inclusive, empática e respeitosa com aqueles que necessitam de um acesso gratuito e rápido ao conhecimento. Em outras palavras, podemos afirmar que o grande desafio de um pesquisador contemporâneo é fazer com que o seu material “faça barulho”, isto é, impacte outras pessoas.

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