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Uso do itálico no artigo científico – Normatizações e suas evoluções (ABNT, Vancouver, APA)

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ContextualizaçãoContextualização

O tema da nossa conversa de hoje se trata das normatizações. Uma dúvida bastante recorrente quando falamos sobre esse assunto diz respeito ao uso do itálico. Muita gente acredita que ele apenas pode ser acionado quando inserimos palavras de outros idiomas, então, nessa conversa de hoje, vamos discutir um pouco sobre as especificidades das normatizações. Essas regras e diretrizes existem para que as pessoas que pertencem, de alguma forma, ao mundo acadêmico, façam uso de uma linguagem científica mais homogênea, pois, dessa forma, as discussões científicas acabam por aparecer de maneira mais sólida e consistente. Antigamente, como não existiam essas regras e diretrizes, as normatizações eram feitas, por exemplo, por meio de cartas que, em muitas das vezes, não continham todas as informações, ou seja, sempre faltava alguma coisa.

Se você pegar alguns escritos mais antigos notará que muitas pessoas trocavam dicas a partir dessas cartas. Elas surgiam a partir de experimentos testados por esses autores em prol de pensar em uma linguagem mais eficiente para todos que fazem parte desse meio. Antes, então, tudo era feito por meio dos experimentos porque não havia, ainda, essa linguagem mais homogênea. Essa falta de sistematização faz com que muitas lacunas se abram, como, por exemplo, quais são os métodos que podem ser utilizados para realizar uma investigação. É apenas por meio dos métodos e das normatizações que eu posso entender quais são as possíveis lacunas com quem eu posso trabalhar para aprimorar. Por exemplo, se eu quero medir a quantidade de pessoas portadoras de HIV em uma determinada população e eu não especifico dados importantes sobre essa região que podem influenciar para que o índice seja alto, eu acabo por não avaliar, precisamente, os motivos para a permanência deste problema.

Tipos de normatizaçãoTipos de normatização

É a metodologia quem dá os devidos parâmetros para escolher uma população mais expressiva para se analisar um determinado fenômeno cultural. É uma forma de se compreender e comprovar, por meio da ciência, um determinado problema de pesquisa, seja ele positivo ou negativo para a sociedade, a partir do estabelecimento de critérios para executar, da melhor forma possível, as etapas que compõem uma pesquisa. Apresentamos essa questão a você para mostrar um exemplo de normalização antes de explorarmos, efetivamente, sobre o uso do itálico que, assim como a metodologia, é um instrumento que passou pelo processo de normatização. É importante que você saiba que existem muitas modalidades de normatização. Por exemplo, se o seu trabalho segue as normas da ABNT, é preciso que você siga uma série de regras que aparecem nas resoluções dessa associação. Elas são atualizadas frequentemente, então é preciso manter-se atualizado.

Existem instituições que podem seguir a outro tipo de normatização. Algumas dessas outras possibilidades são a Vancouver, a AMA, a APA. Cada uma delas possuem as suas próprias especificidades, ou seja, as suas resoluções que podem ser diferentes do proposto pela ABNT. É importante saber que cada tipo de normatização se configurará de formas diferentes, pois possuem aspectos diversos. Algumas dessas especificidades são o tipo da letra, o uso do itálico, formas de citar direta ou indiretamente, tamanho da letra, dentre outros aspectos que precisam ser consultados nessas resoluções da norma aderida pela instituição da qual você faz parte. Essas resoluções que dão forma às normatizações vão se modificando de tempos em tempos para melhor se enquadrarem nas exigências do mundo acadêmico.

Especificidades nas normatizaçõesEspecificidades nas normatizações

É importante que você saiba que cada universidade pode aderir a uma dessas normatizações. Mesmo que a ABNT seja a mais utilizada nas instituições brasileiras, existem algumas delas que podem fazer uso de outras, então é necessário que você se atenha ao tipo de normatização usada pela sua universidade, visto que as resoluções podem ser bastante diferentes. Há casos, ainda, dos professores que fazem uso de apenas uma normatização, pois ele foi ensinado, a vida toda, a fazer uso de regras específicas de uma norma específica. Então é bastante natural que esse uso contínuo seja incentivado na academia, sobretudo quando falamos em termos locais, ou seja, da prática de uma única universidade. Acaba-se, em muitas das vezes, recorrendo-se ao que é mais utilizado e difundido por essa instituição. O importante é que você entenda que existem muitas normatizações, cada qual com as suas regras materializadas em suas resoluções que podem ser mais ou menos usadas a depender da universidade que você está inserido. Nunca se esqueça de averiguar qual é a mais utilizada pelo seu orientador antes de adequar o seu trabalho ao que é, aparentemente, mais utilizado. Cada lugar tem as suas próprias regras.

Exemplos de normatizações parte I: Produzindo textos em 1980

Vamos observar, agora, alguns exemplos. Separamos, para isso, algumas teses da Universidade de São Paulo para que você consiga visualizar como essas regras e diretrizes vão mudando de tempos em tempos. É um exercício interessante porque você notará que os trabalhos antigos obedeciam a critérios bastante diferentes do que temos hoje. A primeira tese que pegamos como exemplo é do ano de 1980. Ela foi intitulada de “Diagnóstico laboratorial da raiva natural em cães. Estudo comparativo entre as técnicas de imunofluorescência direta e de inoculação em camundongos e entre os espécimens de salivas, oculares, de glândulas salivares e de encéfalo”. Esse primeiro estudo se configura de forma diferente, porque a sua formatação obedecia a regras que hoje já não são mais comuns. Antes, não existia, por exemplo, o computador, então a produção era mais lenta, pois escrevia-se nas máquinas de datilografia. Se você errasse não havia como apagar, era necessário usar um corretivo para consertar a palavra digitada errada.

Era bastante complicado escrever nessas máquinas. Você pode notar, também, que a configuração da página era bastante diferente, assim como o espaçamento, tipo e tamanho de letra, sumário, dentre outros aspectos que dão forma ao seu texto. Tudo era feito de acordo com a máquina, então não havia como formatar esse texto de formas muito diferentes, visto que todos os elementos que dão forma a esse texto eram definidos pela máquina de datilografia. Uma curiosidade interessante de ser apontada sobre a citação é que, neste caso, o autor escolheu fazer por meio de sequências, ou seja, inserindo números. Essa numeração aparece, também, ao final, no tópico das referências utilizadas para produzir o trabalho. Como a formatação acabava por ser limitada às funções da máquina, antes permitia-se coisas que hoje não podem, em hipótese alguma, ser feitas na produção do texto científico. Nessas citações não há uma ordenação crescente, os números são colocados de acordo com a ordem escolhida pelo autor, por isso fica, na citação do exemplo, a seguinte ordem: 1, 2 e 27.

Exemplos de normatizações parte II: Produzindo textos em 1990Exemplos de normatizações parte II: Produzindo textos em 1990

O segundo exemplo de normatização que separamos é do ano de 1990. O trabalho também se encontra no repositório da Universidade de São Paulo e foi intitulado de “O fantasma na direção da análise”. Como é um material que foi escrito dez anos após o do primeiro exemplo, você notará que a sua configuração é um pouco diferente do primeiro modelo. Esta tese nos parece que foi escrita já na máquina elétrica. É um dado importante, pois essas máquinas possuíam mais funções do que a primeira. Ela era um instrumento mais eficiente e doía menos para digitar os trabalhos. Além de ser possível digitar mais rápido, você não precisava pressionar com muita força os botões, o que agilizava e muito o trabalho. Devido a essa mudança de máquinas você já consegue notar algumas peculiaridades. Antes você não conseguia inserir as páginas no índice com facilidade, pois qualquer alteração prejudicava o trabalho inteiro. Com essa máquina o sumário era mais acessível e fácil de ser atualizado com essas páginas.

Esse material do exemplo foi disponibilizado online. Então é possível visualizar que algumas folhas estão tortas. Isso ocorre porque, muito provavelmente, o trabalho precisou ser digitalizado para, posteriormente, ser acessado. Diferente do outro trabalho, nesta tese, as citações já se encontram referenciadas em notas de rodapé. Nota-se que sempre que esses autores são mencionados pelo pesquisador, encontram-se, por meio das notas de rodapé, devidamente citados, o que não ocorria no outro exemplo pois ainda não havia essa normatização. Qual é o principal empecilho neste modelo? Se visualizarmos o arquivo como um todo notaremos que ainda não se faz uso do recurso do itálico. Agora você nos pergunta, mas por que? A resposta é bastante simples:

o recurso ainda não existia. É por isso que as normas sempre passam por mudanças: novos recursos são introduzidos, frequentemente- nos editores de texto, o que faz com que essas normatizações precisem ser atualizadas com uma frequência razoável.

Sobre este texto, percebemos, também, que as letras são bastante homogêneas. A única diferença que se pode ver é que elas são ou maiúsculas ou minúsculas. Há um recurso que ainda utilizamos hoje em dia conhecido como nota de rodapé, mas a citação ainda não aparece conforme o modelo que possuímos hoje em dia, ou seja, neste trabalho, há apenas a referenciação a um trabalho, mas não há tanto a citação de até 3 linhas quanto a de mais de três linhas. Esses materiais são interessantes porque preservam o fazer científico de muito tempo atrás e revelam quais são as mudanças necessárias para que a produção da pesquisa seja feita de forma mais eficaz. Eles eternizam o estilo de uma norma em um determinado período de tempo. A única diferença dos trabalhos antigos para os atuais é quanto ao uso das normas, pois o seu conteúdo é de inegável valor para o funcionamento e entendimento da sociedade.

Pensando a letra no formato itálicoPensando a letra no formato itálico

A letra itálica vai ser usada a partir de uma série de especificidades. Um professor, uma instituição ou um núcleo e/ou grupo de pesquisa/estudos podem ter regras e diretrizes específicas para o uso dessa palavra em itálico. No exemplo, a letra itálica era usada, sobretudo, nas citações com mais de três linhas, algo que, de forma geral, não se repete mais hoje em dia. Geralmente a citação com mais de três linhas em trabalhos do começo dos anos 2000 (dois mil) aparecia em itálico e entre parênteses. Hoje em dia, o itálico não é mais usado. Você precisa reduzir a fonte dessa citação para o tamanho dez ou onze (se está escrevendo seu texto no tamanho doze) e mudar o espaçamento para simples (no restante do texto precisa ser de 1,5). Entretanto, é preciso que você saiba que tudo isso dependerá da norma vigente, do seu professor, da sua instituição e do seu núcleo/grupo de pesquisa/estudo.

De forma geral, o itálico, segundo a maioria das normatizações, serve para diferenciar ou destacar uma parte do texto. No caso do trabalho utilizado como exemplo você perceberá que, em todo o texto, o itálico é acionado para diferenciar as citações do restante do texto, juntamente com as aspas. É uma tendência tanto de uma época, quanto de um professor e/ou instituição específicos. É importante que você saiba que ao adotar uma determinada norma você deverá aplicar no texto todo para que este não fique discrepante. Novamente, é importante chamar a atenção para o fato de que esta não é uma tendência tão utilizada nos dias atuais, mas podem ser aplicadas por grupos de pesquisa/estudo, professores ou instituições visto que cada uma dessas entidades pode inserir a sua própria marca nessas normatizações.

O itálico mais “usado” nos dias atuais

Quando se fala na palavra no formato itálico, geralmente, entende-se que ele pode ser usado para destacar uma palavra e/ou expressão de uma determinada língua estrangeira. Entretanto, você pode notar que uma mesma instituição pode mudar e muito as suas regras ao decorrer dos anos. Atualmente, o uso mais corriqueiro é este que acabamos de citar. Essas regras podem aparecer nos conhecidos manuais de normas acadêmicas propostas pelas próprias instituições de ensino, mas, em muitas das vezes, os professores optam por não os seguir, então o pesquisador precisa se adaptar o tempo todo ao seu professor e/ou a sua banca. Para evitar esses infortúnios procure pela tese de seu professor ou pela última que ele orientou para saber como fazer o seu trabalho sem grandes problemas.

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