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Angiotomografia cardíaca na avaliação de DAC

RC: 21195
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SANTOS, Felipe Ferreira dos [1]

Felipe Ferreira, SANTOS. Angiotomografia cardíaca na avaliação de DAC. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 01, pp. 99-111 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

A DAC é comumente a causa mais comum de morte na maior parte dos países afluentes da Europa e américa do Norte, onde ocupa a segunda posição no brasil ficando atrás apenas de doenças cerebrovasculares. O objetivo do trabalho é relatar a contribuição da angiotomografia cardíaca na avaliação da doença da artéria coronária, demonstrando as informações que o método tomográfico proporciona para um estudo anatômica não invasiva das artérias coronárias. Foi-se utilizado artigos publicados em português, no período compreendido entre 2013 a 2017 e artigos que retratassem a angiotomografia na avaliação de DAC.

PALAVRAS-CHAVE: tomografia computadorizada, radiologia, artérias coronárias, doença da artéria coronária.

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são as responsáveis por 17 bilhões de mortes nas últimas décadas, entre elas a doença arterial coronariana (DAC) é a principal causa de morte em indivíduos adultos, representando assim uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, no Brasil a DAC foi responsável por 8,8% das mortes no ano de 2010 (COELHO, 2016).

Atualmente constituem cerca da metade das doenças não transmissíveis, sendo responsável por 17,3 milhões de mortes por ano, estudos revelam que o número poderá aumentar para 23,6 milhões até o ano de 2030. Com o constante aumento no número de vítimas de doenças cardiovasculares, as populações de países de baixa e média renda constituem 80% dessa estatística (FERREIRA, 2013).

As anomalias das artérias coronárias são raras de ocorrer, sendo que a incidência varia entre 1,3% em exames de arteriografia e 0,17% em exames de autopsia. Normalmente essas alterações são assintomáticas, mesmo assim muitas dessas anomalias podem levar a isquemia miocárdica significativa, ou seja, obstrução maior que 50% do vaso, seguida por um infarto agudo do miocárdio e até morte súbita. Os acontecimentos citados são os mais perigosos e intimidantes aos pacientes, sendo normalmente precedidos por atividades físicas em 81% dos casos (MARINI, 2015).

A doença da artéria coronária é uma das principais causas de morbimortalidade no brasil e no mundo. Normalmente se apresentando a aterosclerose coronariana que causa obstrução e com a severidade do caso pode causar ruptura do vaso ou um trombo que consequentemente pode vir a causar um infarto do miocárdio (BARROS, 2015).

A DAC é comumente a causa mais comum de morte na maior parte dos países afluentes da Europa e américa do Norte, onde ocupa a segunda posição no brasil ficando atrás apenas de doenças cerebrovasculares. Estudos revelam que nos Estados Unidos cerca de 80% das mortes por DAC acometem idosos com faixa etária de 65 anos de idade. De modo estatístico é visto que 40% das DACs tem sua primeira manifestação ocasionando infarto agudo do miocárdio, e que de 10% a 20% dos casos apresentam morte súbita (FERREIRA, 2013).

A angiotomografia das artérias coronárias possui alta acurácia na avaliação de DAC obstrutiva, por permitir a visualização tridimensional das artérias, também possibilita a avaliação de DAC não obstrutivas, sempre apresentando com boa relação aos achados em exames de ultrassonografia. Estudos revelam que de 20% a 30% dos pacientes submetidos ao exame de angiotomografia das coronárias possuem aterosclerose, mesmo sendo assintomáticos, e evidenciou-se que esses achados estão relacionados ao aumento das incidências de eventos cardiovasculares (NAUE, 2015).

Atualmente a angiotomografia das artérias coronárias é estabelecida como método não invasivo para avaliação de doença arterial coronariana e de algumas doenças cardiovasculares. Sendo utilizado aparelhos tomográficos de última geração para aquisição das imagens como tomógrafos com dois tubos de raios-x ou tomógrafos de 64 até 320 fileiras de detectores (NETO, 2013).

O objetivo do trabalho é relatar a contribuição da angiotomografia cardíaca na avaliação da doença da artéria coronária, demonstrando as informações que o método tomográfico proporciona para um estudo anatômica não invasiva das artérias coronárias.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, definida como análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Para guiar a revisão integrativa, formulou-se a seguinte pergunta: “qual a contribuição da angiotomografia cardíaca na avaliação de DAC? ”. Utilizou-se então as seguintes palavras-chave “tomografia computadorizada, radiologia, artérias coronárias, doença da artéria coronária”. Esses encontrados no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde) e pesquisadas isoladamente no do google que contam com um banco de dados que oferece grande acervo de conteúdo acadêmico.

Durante a pesquisa foram considerados critérios de inclusão: artigos publicados em português, no período compreendido entre 2013 a 2017 e artigos que retratassem a angiotomografia na avaliação de DAC. Como critérios de exclusão trabalhos de monografias, estudos de casos e teses, artigos acima do período de 10 anos de publicação e aqueles que fugiram do tema proposto.

O instrumento de coleta de dados foi composto de duas partes: uma de caracterização de artigos com as variáveis: Título, Autoria, Revista, Ano e Local, e outra de caracterização de artigos com as variáveis: Objetivos, Resultados e Conclusão.

Após aplicação de coleta de dados, elencou-se 147 artigos, mas somente 11 relativos ao objeto de estudo.

RESULTADOS

Abaixo encontram-se os resultados desse estudo, dividido em duas tabelas. A Tabela 01, de caracterização dos artigos, e a Tabela 02, de análise do conteúdo dos artigos.

A Tabela 01 apresenta 45,5% dos artigos publicados na Arquivo brasileira de cardiologia, 18,2% revista brasileira de cardiologia, 9,1 Revista mineira de enfermagem, 9,1 Revista HUPE, 9,1 Revista Einstein e 9,1 NOTHEAST NETWORK. Os artigos foram publicados nos anos de 2013, 2015, 2016 E 2017, representando 36,4% o ano de 2013, 45,5% o ano de 2015, 18,2% o ano de 2016 e 9,1% o ano de 2017, todos os artigos utilizados como referência foram feitos no Brasil.

TABELA 01: Caracterização dos artigos. N=11. Teresina, 2017.

TÍTULO AUTORIA                        FORMAÇÃO PROFISSIONAL REVISTA ANO LOCAL
Prognóstico da Coronariopatia Aterosclerótica Não Significativa Detectada pela Tomografia de Coronárias BARROS, M. V. L. et al. NÃO DEFINIDO REVISTA BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2015 MINAS GERAIS
Angiotomografia como Método Diagnóstico Complementar nas Anomalias de Coronárias: Relato de Caso MARINI, M. B.; MAGNO, H. L. M.; SANTI, G. L. NÃO DEFINIDO REVISTA BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2015 MINAS GERAIS
Critérios de segurança na administração de contraste na angiotomografia cardíaca: percepção da enfermagem ACAUAN, L. V.; RODRIGUES, M. C. S. NÃO DEFINIDO REVISTA DA REDE DE ENFERMAGEM DO NORDESTE 2015 DISTRITO FEDERAL
Relação entre Cintilografia Miocárdica e Angiotomografia na Avaliação da Doença Coronariana AZEVEDO, J. C. et al. NÃO DEFINIDO ARQUIVO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 2013 RIO DE JANEIRO
Mudanças no Manejo Clínico após Angiotomografia Coronariana NAUE, V. M. et al. NÃO DEFINIDO ARQUIVO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 2015 MANAUS
A doença arterial coronariana e o envelhecimento populacional: como enfrentar esse desafio? FERREIRA, A. G. et al. NÃO DEFINIDO Revista HUPE 2013 RIO DE JANEIRO
Angiotomografia computadorizada de coronárias com tomógrafo com 320 fileiras de detectores e utilizando o AIDR-3D: experiência inicial NETO, R. S. et al. NÃO DEFINIDO REVISTA EINSTEIN 2013 SÃO PAULO
Fatores de risco da doença arterial coronariana dos familiares conviventes de indivíduos com síndrome coronariana aguda COELHO, A. C. et al. NÃO DEFINIDO REVISTA MINEIRA DE ENFERMAGEM 2016 SÃO PAULO
Angiotomografia de Coronárias na Avaliação da Dor Torácica Aguda na Sala de Emergência PRAZERES, C. E. E. et al. NÃO DEFINIDO ARQUIVO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 2013 SÃO PAULO
Fatores Associados com Progressão da Doença Arterial Coronariana Avaliada por Angiografia Coronariana por Tomografia Computadorizada Seriada CAMARGO, G.C. et al. NÃO DEFINIDO ARQUIVO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 2017 RIO DE JANEIRO
Avaliação de Isquemia Miocárdica pela Tomografia Computadorizada com Múltiplos Detectores FERNANDES, F. V.; CURY, R. C. NÃO DEFINIDO ARQUIVO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 2015 SÃO PAULO

A tabela 2 apresenta os principais objetivos dos temas destacando-se avaliação de isquemia 18,2%, segurança com meios de contraste 9,1%, obstrução coronariana 27,3%, DAC em população idosa 9,1%, fatores de risco 9,1% e DAC por angiotomografia 27,3%. Dentre os resultados 27,3% destacam como ocorre as manifestações clinicas dos pacientes com DAC, 45,5% relaram a importância do método de angiotomografia cardíaca das artérias coronárias e 27,3% enfatiza como as obstruções se apresentam no paciente de acordo com os exames de angiotomografia.

TABELA 02: Análise de conteúdo dos artigos. N= 11. Teresina, 2017.

Nº DO ARTIGO                    OBJETIVOS PRINCIPAIS RESULTADOS                  CONCLUSÃO
01 Avaliar o valor da TC na predição de eventos adversos em pacientes com suspeita de DAC e obstrução coronária não significativa. Dos 440 pacientes estudados, foi encontrada obstrução não significativa em 152 A obstrução não significativa à TC apresentou associação com desfechos clínicos adversos. A detecção de obstrução aterosclerótica não significativa pela TC mostrou associação com a presença de eventos adversos em pacientes com suspeita de DAC, podendo se mostrar útil na estratificação de risco desses pacientes.
02
Anomalia de artéria coronária circunflexa com origem no seio de Valsalva direito, evidenciada por uma cineangiocoronariografia realizada devido à necessidade de investigação de episódio de isquemia documentada por dor precordial típica associada à elevação dos marcadores de necrose miocárdica. Paciente masculino, 41 anos, foi verificada a presença de uma anomalia da artéria coronária circunflexa com origem em ângulo oblíquo no seio de Valsalva direito e trajeto retroaórtico entre o átrio esquerdo e a aorta. A angiotomografia de coronárias é, atualmente, a ferramenta de imagem ideal para o diagnóstico e delimitação de anomalias das artérias coronárias, sendo particularmente essencial para esclarecer a relação entre elas e os grandes vasos e a correta posição do óstio
03 Apreender a percepção da equipe de enfermagem sobre os critérios de segurança adotados no uso e administração do meio de contraste iodado na angiotomografia cardíaca Duas categorias temáticas emergiram da análise: práticas seguras no uso e administração do meio de contraste iodado e utilização de tecnologias leves para assistência segura no uso do meio de contraste iodado. Para se promover cuidados efetivos e de qualidade centrados na segurança do paciente, protocolos e orientações devem ser estabelecidos para transpor possíveis barreiras inseguras
04 Avaliar se a presença de DAC e o grau de obstrução coronariana avaliados pela Angio TC se associam com alterações no exame de Cintilografia de Perfusão Miocárdica A média de idade foi 62 ± 11,4 anos. Dos 67 territórios que apresentaram DAC significativa pela Angio TC, 44,8% apresentaram CPM alterada. Considerando-se o grau de estenose, CPM alterada esteve presente em 18,7% dos territórios com estenose não significativa A Angio TC é um bom método para exclusão da DAC. No entanto, sua utilização para avaliação da gravidade da estenose e sua repercussão funcional não demonstrou boa correlação
05 Avaliar se a fenotipagem da DAC por AngioTC Cor influencia na tomada de decisão sobre o início da terapêutica cardiovascular e seu impacto nos níveis séricos de colesterol não HDL Um total de 97 pacientes foram incluídos, A AngioTC Cor revelou que 18 (18%) pacientes não tinham lesões detectáveis, 38 (39%) tinham lesões não obstrutivas < 50%, e 41 (42%) tinham ao menos uma lesão obstrutiva ≥ 50%. Esses dados sugerem que o resultado da AngioTC Cor foi utilizado para a titulação terapêutica de pacientes com DAC, sendo o tratamento intensificado especialmente em DAC obstrutiva ≥ 50%.
06 A doença arterial coronariana em populações idosas está associada à maior frequência de apresentações clínicas atípicas, a peculiaridades na investigação diagnóstica e à necessidade de cuidado redobrado na abordagem terapêutica No idoso, as manifestações clínicas da doença arterial coronariana podem ser diferentes e atípicas, sendo a dispneia de esforço mais comum que a angina pectoris. As estratégias terapêuticas e diagnósticas farmacológicas ou invasivas devem ser criticamente selecionadas face ao maior potencial iatrogênico observado nos pacientes idosos
07 Neste trabalho, apresentamos nossa experiência inicial na angioTC de coronárias utilizando o 320-CT e o Adaptive Iterative Dose Reduction 3D (AIDR-3D). Apresentamos ainda as indicações mais comuns desse exame na rotina da instituição. Indicações mais comuns desse exame na rotina da instituição bem como os protocolos de aquisição da, angioTC de coronárias com as atualizações relacionadas a essa nova técnica para reduzir a dose de radiação. Concluímos que a dose de radiação da angioTC de coronárias pode ser reduzida seguindo o princípio tão baixo quanto razoavelmente exequível, combinando a indicação de exame com técnicas bem documentadas para a diminuição da dose de radiação
08 Identificar os fatores de risco da doença arterial coronariana e associá-los ao perfil sociodemográfico dos familiares conviventes de pacientes com síndrome coronariana aguda. Os fatores de risco foram avaliados mediante entrevista, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, etilismo e tabagismo foram os fatores de risco mais encontrados Estilo de vida inadequado associado aos fatores sociodemográficos e às comorbidades já existentes demonstram a necessidade de educação em saúde também para esses familiares conviventes.
09 Apresentar os dados do uso da angiotomografia de coronárias na estratificação de risco de pacientes com dor torácica na sala de emergência, o seu valor diagnóstico, prognóstico e custo-efetividade e uma análise crítica dos recentes estudos multicêntricos publicados Vários estudos, incluindo três randomizados, mostraram resultados favoráveis ao uso dessa tecnologia no pronto-socorro para pacientes com baixa a intermediária probabilidade de doença arterial coronariana o cenário da dor torácica aguda, a utilização da angiotomografia de coronárias nos grupos de baixo a intermediário risco revela-se como um método eficiente, efetivo e seguro.
10 Identificar os fatores associados com a progressão da DAC em pacientes submetidos à avaliação sequencial por ACTC. De uma população final de 234 pacientes, um total de 117 (50%) pacientes apresentaram progressão da DAC. Em um modelo considerando os principais fatores de risco para DAC e outras características basais, apenas a idade mostraram uma relação independente com a progressão da DAC. Uma história de ICP com implante de stent esteve independentemente associada a um aumento de 3,7 vezes na chance de progressão da DAC, excluindo a restenose intra-stent. Idade e intervalo entre avaliações também foram preditores independentes de progressão.
11 Descrever a avaliação de isquemia miocárdica pela tomografia computadorizada com múltiplos detectores. A angiografia coronária por tomografia computadorizada já está amplamente consolidada para estratificação da doença arterial coronária. A angiotomografia permite a identificação simultânea da carga de aterosclerose, presença de redução luminal coronária, um método rápido, prático e seguro.

DISCUSSÃO

As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morbimortalidade no mundo. Segundo a organização mundial de saúde, no Brasil cerca de 300 mil pessoas morrem anualmente, sendo a doença arterial coronariana umas das principais causas de morte. É importante a identificação de indivíduos com maior risco ou indícios de desenvolver DAC para diminuição das taxas de morte por doenças cardiovasculares (ACAUAN, 2015).

O curso clínico da DAC crônica normalmente é a aterosclerose. A angiotomografia tem a capacidade de fenotipar de forma não invasiva a DAC, proporcionando assim um bom desempenho diagnostico e detecção de DAC obstrutivas, sendo capaz de detectar ainda a doença mesmo que com mínimo estreitamento luminal (CAMARGO, 2017).

Na maioria dos acontecimentos os pacientes com anomalias nas artérias coronárias são assintomáticos e possuem seus exames físicos normais, esses pacientes permanecem sem sentir nada por longos períodos de vida, e as razões mais comum para procura ao médico são as síndromes torácicas agudas ou dor atípica (MARINI, 2015).

A angiotomografia das coronárias possui relevância na avaliação prognostica, possibilitando melhor classificação de eventos cardiovasculares comparado aos fatores de risco clássicos, influenciando na conduta terapêutica medicamentosa a curto prazo, assim diminuindo as chances de complicações em eventos cardiovasculares proporcionados por DAC obstrutivas ou não obstrutiva (NAUE, 2015).

Com o avanço da tecnologia, foi-se desenvolvimento métodos não invasivos que melhor visualizassem as artérias coronárias, atualmente a angiotomografia de coronárias tem desempenhado papel importante na avaliação e diagnostico de DAC, com uma boa qualidade de imagem (AZEVEDO, 2013).

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NA DETECÇÃO DE DAC

A tomografia computadorizada das artérias coronais é um método de imagem não invasivo, que consiste na aquisição de imagens seccionadas para avaliação de placas ateroscleróticas e estenoses, utilizando-se do meio de contraste iodado para visualização das artérias que levam o sangue oxigenado e com nutrientes ao coração (BARROS, 2015).

Com o avanço tecnológico ao longo das últimas décadas, a qualidade de imagem cardíaca por tomografia computadorizada tem melhorado bastante, com o aumento da velocidade de rotação do tubo de raios-x com velocidade inferior a 500ms e o aumento no número de fileira de detectores de 4 para 64 ou mais, dessa forma adquirindo imagens com espessuras de corte mais finos, proporcionando um incremento significativo na avaliação diagnostica da doença arterial coronariana por angiotomografia das coronárias, principalmente na avaliação anatômica da parede e do lúmen das artérias coronarianas com alta sensibilidade e especificidade (PRAZERES, 2013).

Os exames cardíacos somente são realizados com tomógrafos de 64 fileiras de detectores ou mais, onde por exemplo em um aparelho com 64 fileira de detectores possui uma limitação pois faz uma cobertura de apenas 4 cm, exigindo várias rotações do gantry para a aquisição das imagens de todo coração, precisando de pelo menos 8 a 10 segundos de apneia. Com os novos aparelhos utilizados como os de 320 fileira de detectores o exame é bem mais rápido fazendo cobertura de 16 cm, ou seja, possibilita fazer as imagens do coração com apenas uma rotação do grantry, assim precisando de apenas de 1 a 2 segundos de apneia e sem a necessidade do movimento da mesa, tendo ainda uma redução da dose de radiação em até 10 mSv em relação aos tomógrafos de 64 fileira de detectores (FERNANDES, 2015).

Com a função de caracterizar a   o grau de estenose no vaso e a presença de placas de ateromas, a angiotomografia das coronárias também avalia a parede dos vasos com caracterização da placa. Estudo revelam que na detecção de doença coronariana obstrutiva significativa (redução do lúmen >50%) pela angiotomografia mostra boa exatidão com alta sensibilidade cerca de 82% a 99% e alta especificidade 94% a 98%, que se mostra útil na exclusão de obstruções significativas, tornando assim a angiotomografia coronariana uma excelente ferramenta não invasiva para avaliação das artérias coronárias (FERNANDES, 2015).

REALIZAÇÃO DO EXAME

Para realização da angiotomografia das artérias coronárias é utilizado o meio de contraste iodado, uma substancia radiodensa que possibilita a avaliação interna das artérias com melhor qualidade, como na TC as imagens são adquiridas por coeficiente de atenuação do feixe de raios-x, quando maior foi a concentração de contraste na região melhor a qualidade de imagem, não extrapolando a dose, seguindo o protocolo de dose que varia de 1,5 a 2 ml/kg (ACAUAN, 2015).

Os meios de contraste mais aceitos no Brasil assim como nos EUA são os de baixa osmolalidade, que se mostram seguros e eficientes, se mostrando ainda com redução no custo. É importante que o meio de contaste seja aquecido a temperatura corporal cerca de 37°C para administração no paciente, assim o tornando mais tolerável e injeção mais fácil devido a temperatura diminuir a viscosidade, outra recomendação é o armazenamento do medicamento, onde deve ficar em temperatura entre 15°C e 30°C, o recomendado é que se fique armazenado longe dos raios-x (ACAUAN, 2015).

É importante antes da utilização dos meios de contraste a anamnese do paciente, para se saber as procedências, por exemplo, alguma alergia, asma, pois o meio de contraste iodado como os outro utilizados na radiologia em geral podem acarretar em efeitos adversos, ocorrendo na frequência de 1% a 12%. Essas reações podem ir de leves como náuseas, vômito, tontura, até reações mais graves como parada cardiorrespiratória, edema de glote, arritmia cardíaca, insuficiência renal, que precisam de intervenções medicamentosas (ACAUAN, 2015).

Se faz necessário uso de betabloqueadores que tem a função de diminuir os batimentos cardíacos, assim favorecendo para a ausência de algum artefato de movimento, onde é administrado por via oral ou intravenoso, para que atinja cerca de 60 bpm. Alguns autores evitam a utilização de betabloqueadores pois acham que podem esconder algum tipo de isquemia miocárdica, mas de acordo com estudos recentes nenhum efeito na reserva coronariana foi evidenciado em estudos de estresse farmacológico, assim a utilização do betabloqueador deve ser considerada para uma melhor qualidade de imagem (FERNANDES, 2015).

FATORES DE RISCO/MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Existem várias indicações para realização da angiotomografia de coronárias, mas a maioria dos pacientes encaminhados ao setor para realização do exame apresentam como principal indicação exames cardiovasculares com resultados conflitantes, como teste ergométrico de esforço e tomografia por emissão de fóton único (SPECT) usado em cintilografia de miocárdio (NETO, 2013).

Por se tratar de um evento agudo é importante a identificação de indivíduos predispostos a desenvolver essa patologia e posteriormente prevenir, por isso é necessário a identificação dos fatores de riscos. Esses fatores são componentes que podem contribuir para o desenvolvimento da doença, dessa forma podem ser prevenidos evitando o desempenho e manutenção de agravos na saúde.  Os fatores de riscos para o desenvolvimento de DAC estão inclusos: tabagismo, hipertensão arterial, colesterol e diabetes (COELHO, 2016).

Normalmente diagnosticada em paciente mais idosos, a DAC significativa é evidenciada em exames como angiografia coronariana, infarto agudo do miocárdio documentada, história típica de angina com isquemia diagnosticada por exames de estresse (FERREIRA, 2013).

Em relação a manifestações clinicas normalmente pacientes idosos tendem a se queixar de dispneia e não de angina, pelo fato de que a isquemia pode causar um aumento transitório da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo. Pelo fato de idosos possuírem limitações físicas para realização de atividades físicas como os jovens, o aparecimento de quadros de angina é menos associado a exercícios, por isso eles se queixam menos de dores subesternal ou descrevem a dor com menos intensidade e por menos tempo, em alguns casos pode ocorrer até queimação epigástrica pós-prandial, dor torácica posterior e nos ombros (FERREIRA, 2013).

OUTROS MÉTODOS QUE AUXILIAM NA AVALIAÇÃO

Para o estudo fisiológico do miocárdio e também para avaliação de estenoses em artérias coronárias é utilizado a cintilografia de perfusão miocárdica, que avalia a funcionalidade das regiões do coração que possui isquemia, um estudo revelou que em comparação aos exames de angiotomografia de coronária e CPM, em lesões obstrutivas não significativas (<50%) tem baixo valor para identificação de isquemia em CPM, onde 44,6% de exames com lesões graves ou moderadas vistos em angio TC de coronárias se mostraram anormais em CPM. Entre os exames de angio TC e CPM existem controversas que são atribuídas as limitações que a angio TC possui na avaliação fisiológica de estenose coronariana, assim utilizando somente a gravidade da estenose por placas ateroscleróticas, desconsiderando outros fatores como tônus vascular, integridade da microcirculação além da presença de estenoses em série, que afetam o fluxo sanguíneo onde não são avaliados por métodos morfológicos como a angiotomografia, assim tendo melhor achado em exame funcional como a cintilografia (AZEVEDO, 2013).

Com a introdução de aparelhos tomográficos com 64 fileira de detectores possibilitou a avaliação por angiotomografia das coronárias, havendo assim uma melhora na qualidade dos laudos comparados ao exame de angiocoronariografia invasiva (CATE), onde em estudo desde 2003 constatou-se que em relação a sensibilidade e especificidade houve uma variância de 91% e 99% e 74% a 96% respectivamente (PRAZERES, 2013).

Tanto a angiotomografia quando a angiografia invasiva (CATE), proporcionam dados anatômicos das artérias coronárias, mas não informam se a redução luminal promove repercussão hemodinâmica, onde pode haver a possibilidade de uma isquemia. Na atualidade a avaliação isquêmica se dá por exames não invasivos como perfusão miocárdica por ressonância magnética, ecocardiograma com estresse e cintilografia de perfusão miocárdica com estresse (FERNANDES, 2015).

Normalmente o exame padrão ouro para avaliação da anatomia das artérias é a angiocoronariografia invasiva (CATE), mas percebeu-se que a identificação das artérias anormais é frequentemente difícil, assim a angiotomografia de coronárias é, atualmente a melhor forma de avaliação por imagem das artérias coronárias e suas anomalias (MARINI, 2015).

CONCLUSÃO

Contudo foi verificado a boa acurácia que a angiotomografia cardíaca tem para diagnóstico de DAC, tento maior valor de importância em pacientes assintomáticos não significativos, proporcionando a possibilidade do tratamento no começo da patologia, assim diminuindo as chances de agravos cardiovasculares.

REFERÊNCIAS

BARROS, M. V. L. et al. Prognóstico da Coronariopatia Aterosclerótica Não Significativa Detectada pela Tomografia de Coronárias. Revista brasileira de cardiologia v. 28 n. 3 p. 169-174, 2015. Disponível em http://departamentos.cardiol.br/dic/publicacoes/revistadic/revista/2015/portugues/Revista03/07_artigo%20original_94_port.pdf> Acesso out. 2017.

MARINI, M. B.; MAGNO, H. L. M.; SANTI, G. L. Angiotomografia como Método Diagnóstico Complementar nas Anomalias de Coronárias: Relato de Caso. Revista brasileira de cardiologia v. 28 n. 4 p. 244-246, 2015. Disponível em http://departamentos.cardiol.br/dic/publicacoes/revistadic/revista/2015/portugues/Revista04/15_relato%20de%20caso_108_port.pdf> Acesso out. 2017.

ACAUAN, L. V.; RODRIGUES, M. C. S. Critérios de segurança na administração de contraste na angiotomografia cardíaca: percepção da enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste v. 16 n.4 p.504-513, 2015. Disponível em < http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/2742/2125> Acesso out. 2017.

AZEVEDO, J. C. et al. Relação entre Cintilografia Miocárdica e Angiotomografia na Avaliação da Doença Coronariana. Arquivo brasileiro de cardiologia v. 100 n.3 p. 238-245, 2013. Disponível em < http://observatorio.fm.usp.br/bitstream/handle/OPI/2362/art_ROCHITTE_Correlation_between_Myocardial_Scintigraphy_and_CT_Angiography_in_2013_por.PDF?sequence=2&isAllowed=y> Acesso out. 2017.

NAUE, V. M. et al. Mudanças no Manejo Clínico após Angiotomografia Coronariana. Arquivo brasileiro de cardiologia v. 105 n. 4 p. 410-417, 2015. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/abc/v105n4/pt_0066-782X-abc-20150088.pdf> acesso out. 2017.

FERREIRA, A. G. et al. A doença arterial coronariana e o envelhecimento populacional: como enfrentar esse desafio? Revista HUPE v. 12 n. 1 p. 13-24, 2013. Disponível em < http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/7079/5038> Acesso out. 2017.

NETO, R. S. et al. Angiotomografia computadorizada de coronárias com tomógrafo com 320 fileiras de detectores e utilizando o AIDR-3D: experiência inicial. Revista Einstein v. 11 n. 3 p. 400-404, 2013. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/eins/v11n3/a25v11n3.pdf> acesso out. 2017.

COELHO, A. C. et al. Fatores de risco da doença arterial coronariana dos familiares conviventes de indivíduos com síndrome coronariana aguda. Revista mineira de enfermagem v. 20, 2016. Disponível em < http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=BDENF&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=29844&indexSearch=ID> Acesso out. 2017.

PRAZERES, C. E. E. et al. Angiotomografia de Coronárias na Avaliação da Dor Torácica Aguda na Sala de Emergência. Arquivo brasileiro de cardiologia, online, 2013. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/abc/2013nahead/aop_5790.pdf> Acesso out. 2017.

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[1] Técnico em Radiologia, Graduando do curso de Tecnologia em Radiologia, instituição UNINOVAFAPI.

Enviado: Janeiro, 2018.

Aprovado: Setembro, 2018.

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Felipe Ferreira dos Santos

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