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Inclusão e alfabetização da criança com TDAH um desafio

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CONTEÚDO

OLIVEIRA , Gleslei Moraes de [1], SILVA, Rômulo Terminelis da [2]

OLIVEIRA, Gleslei Moraes de; SILVA, Rômulo Terminelis da – Inclusão e Alfabetização da criança com TDAH: Um desafio. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, Ano, 1, Vol.7, p. 91-108. Agosto de 2016.  ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente artigo aborda o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O TDAH é uma das principais preocupações em crianças na idade escolar. A pesquisa investigou a aprendizagem da criança com TDAH na fase de alfabetização no 3º ano na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete em Resplendor – Minas Gerais, Brasil. Tendo como objetivo esclarecer sobre o TDAH para profissionais da educação, familiares e áreas afins, visando amenizar a angústia dos alunos e os aspectos que dificultam sua aprendizagem. Despertar o interesse de capacitação dos professores para o trabalho com crianças com TDAH e a participação de programas de atendimento humanizador e acompanhamento às famílias. Foi realizada pesquisa bibliográfica e de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa, o nível de investigação descritivo, correlacional e não experimental. Os instrumentos utilizados foram questionários e observação, tendo como sujeitos da investigação alunos do 3° ano portadores de TDAH. Esse estudo viabiliza discussões e análise sobre a prática docente junto à criança portadora do transtorno, oportunizando reflexão e ações para dirimir dificuldades na fase da alfabetização para um processo de ensino aprendizagem efetivo.

Palavras-Chave: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Dificuldades. Intervenções. Inclusão. Alfabetização

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo se pauta na investigação sobre a inclusão e alfabetização da criança com TDAH. Tendo como objetivo esclarecer sobre o transtorno para profissionais da educação, familiares e áreas afins, visando amenizar a angústia dos alunos diagnosticados com o transtorno e os aspectos que dificultam sua aprendizagem.

O tema proposto justifica-se pelo fato desse transtorno ser uma das principais preocupações apresentadas nas crianças em idade escolar, em especial no período da alfabetização.

Nesse contexto, considerando o impacto das características do TDAH na aprendizagem e alfabetização da criança, esta investigação tem uma abordagem quantitativa e qualitativa, o nível é correlacional, e descritivo.

Esse estudo busca propiciar a superação das dificuldades e o desenvolvimento de competências sociocognitivas das crianças com TDAH.  A investigação é não experimental, estuda o fenômeno no contexto natural em que ele ocorre, para analisá-lo, descrevê-lo e examiná-lo.

A pesquisa de campo foi realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete, Resplendor – MG/Brasil. A escola oferece a Educação Infantil 1º e 2º Períodos e Ensino Fundamental do 1º ao 5º Ano, nos turnos matutino e vespertino.

Foi realizado um levantamento sobre os alunos com TDAH nas salas de 3º ano. Os dados foram coletados para alcançar os objetivos propostos tornando os resultados mais visíveis e permitindo a evidência das dificuldades e possíveis soluções no contexto escolar, visando observar a inclusão dos alunos, analisar a ação do professor e avaliar a intervenção do educador na sala de aula. Foi abordada a importância de esclarecimento aos pais e programas de capacitação aos profissionais da educação sobre o transtorno para a identificação das dificuldades de aprendizagem, atendimento e acompanhamento dos alunos e famílias.

O processamento de dados foi executado através de pesquisa bibliográfica, corroborando os dados coletados e vinculados à investigação, analisados com fundamentação na teoria pertinente, reunindo informações para responder os objetivos e solução para o problema investigado.

Esta pesquisa é: relevante por se tratar de um problema que atinge crianças de todas as idades e classes sociais; é pertinente por contribuir para a educação e sociedade na conscientização da existência do TDAH; viável, pois a escola oferece condições para a execução de atividades direcionadas para alunos portadores do transtorno.

Com base nos estudos realizados sobre o tema Inclusão e alfabetização da criança com TDAH: um desafio. Há antecedentes que mencionam investigações sobre o TDAH. Contudo, na Escola campo investigada não há antecedentes de estudos específicos como o desenvolvido neste trabalho.

Este estudo buscou embasamento nos teóricos Barkley, Mattos, Rohde, e Vygotsky, entre outros cujos legados podem fundamentar esta investigação. Foi aplicado um questionário para dez professoras da Escola campo sobre as dificuldades encontradas na inclusão e alfabetização dos alunos com TDAH. Conforme constatação são perceptíveis as alterações na aprendizagem e mudança no comportamento da criança com TDAH através de procedimentos pedagógicos, tendo como ferramentas os encaminhamentos psicológicos e clínicos, permitindo novas possibilidades para a construção do conhecimento, reconhecendo as diferenças e peculiaridades na contribuição para a eficácia da aprendizagem de alunos com TDAH.

2. CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO TDAH

2.1 CONCEITO DO TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), denominado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) ou SDA (Síndrome do Déficit de Atenção). É conhecido em inglês como ADD, ADHD (Attention Deficit/Hyperactivity) Disorder (ADHD) ou de AD/HD. Nos anos 60 era definido como uma síndrome de conduta.

“Virgínia Douglas, uma pesquisadora canadense, na década de 70 começou a dedicar um olhar mais abrangente sobre os sintomas associados à DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção) e graças aos seus estudos a partir da década de 80 essa síndrome foi rebatizada com o nome de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) despertando o interesse de muitos pesquisadores sobre o assunto” (HALLOWEL E RATEY, 1998, p. 27). Na década de 80, passou a ressaltar aspectos cognitivos da definição de síndrome principalmente o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle.

Para Rohde e Benczik (1999, p. 12) TDAH é um problema de saúde mental que se caracteriza por desatenção, agitação ou hiperatividade e impulsividade. Afirmam que podem acarretar dificuldades emocionais, familiares, sociais e escolares.

O TDAH é reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos portadores de TDAH como também seus familiares.

Goldstein (1998, p. 35), define o TDAH como Distúrbio biopsicossocial caracterizado pela falta de atenção, hiperatividade e impulsividade, causada por fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais. Interfere na habilidade de manter a atenção, de controlar as emoções e o nível de atividade, de enfrentar consequências e, na habilidade de controle e inibição.

Segundo Barkley (2002, p. 35), (…) Um transtorno do desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e o nível de atividade. (…) Esses problemas são refletidos em prejuízos na vontade da criança ou em sua capacidade de controlar seu próprio comportamento relativo à passagem do tempo – em ter em mente futuros objetivos e consequências. Não se trata apenas (…) de uma questão de estar desatento ou hiperativo.

De acordo com o DSM-5, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento, que são caracterizados por dificuldades no desenvolvimento que se manifestam precocemente e influenciam o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal.

Estudos usando metodologias clínicas concordam que o TDAH parece ser uma doença de origem multifatorial, com componentes genéticos e ambientais, onde provavelmente vários genes anômalos de pequeno efeito em combinação com um ambiente hostil, formatariam um cérebro alterado em sua estrutura química e anatômica. Os circuitos cerebrais envolvidos são os relacionados ao controle da atenção e dos impulsos – fronto-estriatais, límbicos e cerebelares – e as estruturas neuroquímicas são os sistemas dopaminérgicos e noradrenérgico (BARKLEY, 2002).

2.2 CARACTERÍSTICAS DO TDAH

O TDAH é caracterizado por sintomas distintos que podem se manifestar juntos ou isoladamente na primeira infância.

De acordo com CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) as principais características do TDAH (Capítulo V F00-F99: Classificação de Transtornos Mentais e Comportamentais. USP, 1988, p. 59) são: a falta de persistência em atividades que envolvam cognitivo, tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma, junto com uma atividade excessiva, desorganizada e mal controlada. Esses problemas usualmente persistem através dos anos escolares e mesmo na vida adulta, mas muitos indivíduos afetados mostram uma melhora gradual na atividade e na atenção.

Segundo Rohde e Benczik (1999, p. 20) as causas do TDAH, ou seja, o funcionamento ineficaz dos neurotransmissores pode ser causado por: hereditariedade quando a criança herda uma predisposição para o transtorno somando-se às influências ambientais; problemas na gestação e parto e problemas familiares, que podem agravar o quadro de TDAH mais do que a sua causa.

Paulo Mattos (2003, p. 71) afirma que a experiência clínica tem mostrado que em algumas crianças com TDAH os sintomas aparecem após sete anos, causando tantas dificuldades quanto às crianças que começaram tê-los antes dessa idade. As causas do TDAH podem ser várias como: conflitos emocionais e ou do relacionamento familiar e outros problemas de saúde mental. Inúmeros são os problemas emocionais que podem ter como consequência desatenção, hiperatividade ou impulsividade.

Segundo Hallowel w Ratey (1988, p. 7), com relação à desatenção os sintomas característicos são: dificuldade de prestar atenção ou errar por descuido; de organização; ser distraído, esquecer e perder coisas facilmente; não seguir instruções e não terminar tarefas que exijam esforço mental constante. No caso da hiperatividade, as características são: agitar mãos ou pés; remexer e levantar da cadeira; correr em demasia; dificuldade de brincar em silêncio; falar demasiadamente. Os sintomas de impulsividade são: dificuldade em esperar vez; dar respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas; interromper ou se meter em assuntos de outros.

Estes autores (1998, p. 45),  alegam que trabalhar de forma integrada pais, professores e profissionais da saúde é de fundamental importância para o correto diagnóstico do TDAH.

Conforme Abram Topczewski (1999, p. 02), existem duas abordagens para o tratamento o TDAH, a psicológica e a biológica, onde explica: Medicamento corrige o comportamento, a reestruturação individual necessita de outra abordagem. O medicamento age de modo agudo na hiperatividade e o tratamento psicológico necessita de longo prazo, o resultado será tardio, e nesse período o indivíduo continua inadaptado, apresentando os mesmos problemas do início. O medicamento pode melhorar a parte comportamental, mas o tratamento psicológico é necessário e até mesmo obrigatório nesses casos.

Segundo Hallowel e Ratey (1999, p. 66), “Os medicamentos mais utilizados para o controle dos sintomas do TDAH são os psicoestimulantes, 70% a 80% das crianças e dos adultos com TDAH apresentam uma resposta positiva”. No caso do problema específico das crianças com TDAH os medicamentos apresentam uma melhora significativa, com redução do comportamento impulsivo e hiperativo e aumento da capacidade de atenção.

Rohde e Benczik (1999, p. 66) corroboram a afirmação dos autores acima citados, “vários estudos cuidadosos demonstraram claramente que mais de 70% das crianças e adolescentes com TDAH apresentam melhoras significativas dos sintomas de desatenção, de hiperatividade e/ou impulsividade na escola e em casa com o uso correto dos remédios”.

Cypel afirma ser utilizada uma das medicações dos três grupos: 1- Estimulantes: Ritalina, Dexedrina e Cylert; 2- Antidepressivos: Tofranil, Norpramine; 3- Antipsicótico (Melleril) e anticonvulsivante (Tegretol). A intervenção medicamentosa é utilizada para a melhora dos sintomas do TDAH, sendo o psicoestimulante a medicação que mais beneficia a atenção, o controle da impulsividade e do comportamento. As abordagens terapêuticas auxiliam o portador de TDAH, contudo o aspecto mais importante em qualquer estratégia de tratamento do transtorno é o reforço positivo do comportamento esperado.

3. O PORTADOR DO TDAH NO AMBIENTE ESCOLAR

Cada vez mais os professores se preocupam com o TDAH, pois além de causar dificuldades na aprendizagem, o aluno apresenta comportamentos inadequados em sala de aula.

Conforme Miguel (1995, p. 25) “A desmoralização e baixa autoestima podem estar associadas às dificuldades de aprendizagem. A criança com dificuldades de aprendizagem muitas vezes é rotulada, sendo chamada de perturbada, incapaz ou retardada”. A escola tem papel relevante no resgate da autoimagem e responsabilidade em desvendar o significado e o sentido do aprender. Preparar os professores para atender essas crianças através de metodologia adequada.

Segundo Rohde e Benczik, as crianças portadoras do TDAH tendem a apresentar em geral, inteligência média ou acima da média. Porém apresentam alguns problemas na aprendizagem ou no comportamento, associados aos desvios das funções do sistema nervoso central, ocasionando dificuldades na percepção, conceitualização, linguagem, memória, controle de atenção, função motora e impulsividade. O ensino é uma prática social que culmina no processo de educação mediado pelo educador que ocorre de maneira espontânea, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e afetivo respeitando as limitações.

A escolha das tarefas deve ser feita no sentido de possibilitar que ela seja bem sucedida. Tornar as tarefas interessantes e fazer a recompensa valer a pena parece ser extremamente importante para as pessoas com TDAH. “Antes de tudo, deve-se a certeza de que está lidando com TDAH; o professor deve ter o apoio da escola e dos pais; estabeleça regras e repita as diretrizes; olhe sempre nos olhos e seja firme; Divida as grandes tarefas em tarefas menores; Sair da sala de aula por alguns instantes; Alimente as crianças com TDAH com encorajamento e elogios” (HALLOWEL E RATEY, 1998, p. 74-75).

De acordo com Fernandez (1990, p. 67) “Quando o fracasso escolar se instala, profissionais (fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, psicopedagogos) devem intervir, ajudando através de indicações adequadas”.

A tarefa da escola é relevante no que se refere ao resgate da autoimagem da criança.

3.1 TDAH E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As dificuldades perpassam pela inclusão do aluno portador de TDAH nos projetos educacionais de uma escola regular.  Na Tailândia, em Jomtien em 1990, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e outros organismos internacionais iniciaram um projeto visando solucionar o problema de discriminação de milhões de crianças sem oportunidade de educação em nível mundial.

A inclusão é um movimento social em defesa das pessoas excluídas, foram criadas leis e programas visando garantir os direitos, como a Política de Educação inclusiva (BRASIL, 1994).  A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº. 9394/96) estabelece a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e recomenda que a educação de alunos com necessidades especiais ocorra nas escolas da rede regular de ensino.

A avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar médica, psicológica, pedagógica e relacional para diagnóstico de TDAH constata a relevância de representações sociais no ambiente escolar, pois conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1996) “Art.1º – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

A LDB, Lei nº 9.394 de 1996, em seu Art. 58 entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. No Art. 59 os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais – inciso I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades.

Os sintomas de TDAH se manifestam de forma perceptível no ambiente escolar. No início da vida escolar surgem as maiores dificuldades, pois a criança por não adaptar-se a rotinas e regras a seguir, atrai a atenção negativamente causando desordem em sala de aula, pelo comportamento agitado, desatento e impulsivo. O TDAH pode comprometer a leitura, a escrita e outras áreas afetando a aprendizagem cognitiva do aluno.

Para desenvolvimento do aluno nessa condição é necessário que o educador esteja focado no potencial da criança, porque conforme Vygosky (1992) “é impossível apoiar-se no que falta a uma criança, naquilo que ela não é. Torna-se necessário, ter uma idéia, ainda que seja vaga sobre o que ela possui e sobre o que ela é”.

 3.1 ACOMPANHAMENTO DO PROFESSOR

O professor tem papel de mediador da aprendizagem e orientador da produção da criança. O estímulo deve ser o foco do trabalho, o acompanhamento efetivo é importante para dar segurança ao aluno. A relação adequada entre aluno/professor é de suma importância para que haja aprendizagem.

Segundo Rohde e Benczik (1999), há necessidade de um acompanhamento pedagógico realizado pelo professor, visando prevenir lacunas na aprendizagem.  Observa-se que o professor deve estar atento às dificuldades apresentadas. O transtorno afeta vários aspectos da vida da criança, podendo apresentar melhoras em alguns sintomas. O encontro da realidade traz conceitos que podem ajudar no entendimento dos conflitos, a percepção, a compreensão do diferente, a aceitação da inclusão.

A utilização de estratégias auxilia o professor no controle do comportamento do aluno em sala de aula: valorização dos pontos fortes, regras, recompensas e motivação. A escola busca desenvolver um trabalho coerente à realidade dos alunos focada no trabalho em conjunto, oportunizando a interação com o apoio de abordagens, espaços de convívio como instrumentos no auxílio de alunos e professores, nos processos cognitivos, a fim de promover a aprendizagem alicerçada na valorização e respeito humano.

“A criança desenvolve inteligência pela sua capacidade de interação com o meio em que vive, seu desenvolvimento intelectual acontece gradativamente, podendo ser lento ou rápido dependendo da troca estabelecida com o próprio meio em que está inserida” (PIAGET, 1978, p. 29).

O professor conivente das ansiedades dos pais e da criança, abre espaço para a esperança e confiança que predispõem ao esforço para vencer as dificuldades. Crianças são perceptivas e precisam de um ambiente acolhedor e amável para produzirem resultados satisfatórios.

3.2  ACOMPANHAMENTO CLÍNICO

O Neuropediatra tornou-se um profissional requisitado a reconhecer crianças com alterações em áreas do desenvolvimento como aprendizagem e comportamento, estes encaminhamentos associam-se a dúvidas dos pais ou professores sobre a origem do problema, se decorre de um quadro orgânico que comprometa funções cerebrais importantes para as relações acadêmicas e sociais da criança.

O TDAH pelo fato de ser uma doença neurobiológica pode causar um comprometimento generalizado do processamento de informações pelo Sistema Nervoso Central, é necessário que as crianças sejam submetidas a uma investigação minuciosa de funções cerebrais como comportamento, atenção, percepção, linguagem, coordenação e memória. Estas avaliações devem integrar a opinião de profissionais das diversas áreas multidisciplinares. As informações de familiares e professores, aplicados os critérios operacionais do DSM-IV e realizados testes específicos para identificação das funções cerebrais comprometidas.

Os procedimentos de avaliações multidisciplinares resolvem as dificuldades de interpretar os sintomas na maioria dos casos. Dependendo da necessidade a investigação deve ser finalizada com a realização de exames complementares. O diagnóstico diferencial envolve o uso de Escalas de Comportamento e a aplicação dos critérios do DSM-IV.

Um adequado fluxo para o diagnóstico pode ser resumido da seguinte forma:

  1. 1 – Uma história clínica minuciosa para averiguar se as suspeitas de TDAH são pertinentes;
  2. – Coleta de dados com os pais sobre o histórico da criança – Gestação, Parto, Doenças pregressas pessoais e familiares, comportamento, cognição, como estabelece vínculos com outras pessoas;
  3. – Coleta de dados com a criança sobre a impressão que ela tem de suas capacidades e comportamento e o que isto provoca nas pessoas com quem ela se relaciona;
  4. 2 – Exame físico para identificar possíveis sinais de doenças sistêmicas;
  5. 3 – Exame neurológico evolutivo para identificação de déficits cerebrais específicos;
  6. 4 – Exames complementares para diagnósticos diferenciais com outras patologias;
  7. 5 – Questionários com itens do DSM-IV respondidos pelos pais, professores e criança para diagnóstico operacional;
  8. 6 – Avaliação psicoeducacional – capacidades acadêmicas, testes psicométricos;
  9. 7 – Avaliação fonoaudiológica – funções linguísticas e processamento fonológico;
  10. 8 – Integração do diagnóstico entre os profissionais;
  11. 9 – Orientação aos pais e a criança sobre o diagnóstico e os recursos terapêuticos disponíveis;
  12. 10 – Emissão de laudo para escola.

4. METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa, nível de investigação descritivo, correlacional e não experimental. Os instrumentos utilizados foram questionários e observação, buscando identificar as dificuldades de aprendizagem e alfabetização de quatro alunos portadores do TDAH do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Conselheiro Lafaiete, Resplendor – MG.  Educação Básica – Educação Infantil 1º e 2º Períodos e Ensino Fundamental do 1º ao 5º Ano.  Os dados foram coletados visando alcançar os objetivos propostos. Gráficos e Quadros demonstrativos foram executados para análise e discussão.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo buscou embasamento nos teóricos Barkley, Mattos, Rodhe, e Vygotsky, entre outros, para fundamentar esta investigação. Foi aplicado um questionário para dez professoras da Escola campo sobre as dificuldades encontradas na inclusão e na alfabetização dos alunos com TDAH.

Gráfico 1 – Na sua formação acadêmica adquiriu conhecimentos sobre Inclusã?

Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal
Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal

O resultado mostra que a maioria dos professores pesquisados tem conhecimento sobre a inclusão em sua formação acadêmica.

A inclusão é uma realidade nas instituições de ensino, conforme documento “Educação Especial: um direito assegurado” – Secretaria de Educação Especial – MEC (1994).

“Inclusão é dar condições para que as crianças com necessidade educacionais se apropriem do conhecimento e sejam capazes de desenvolver as estruturas humanas fundamentais do pensamento, através das interações sociais em seu ambiente escolar” (VYGOTSKY, 1996).

Gráfico 2 – Que recursos estão à disposição da escola para a inclusão?

Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete
Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

O resultado mostra que os recursos humanos estão à disposição da escola para a inclusão.

As Diretrizes Curriculares da Educação Especial na Educação Básica, em conformidade com a LDB e a Política Nacional de Educação Especial (1994), garantem que serão oferecidos os serviços nas escolas na forma de equipamentos materiais e humanos capazes na atuação da prática pedagógica assegurando uma resposta educativa de qualidade às necessidades educacionais especiais.

Gráfico 3 – A Prefeitura oferece suporte para a escola na administração da educação inclusiva?

Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete
Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Segundo resultado, 40% afirmaram que a Prefeitura oferece suporte à educação Inclusiva, por disponibilizar uma psicóloga e professores de apoio para alunos especiais. 40% alegaram que às vezes, porque uma psicóloga não atende a demanda das escolas da cidade.

A insegurança para enfrentar as dificuldades leva a sentimentos conflitantes para que se cumpra a função da educação.  A educação especial é oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais conforme capítulo V, artigo 58 da LDB com o compromisso de oferecer a todos os alunos um ensino de qualidade. Porém, as propostas e leis formalizadas e legalizadas nem sempre são cumpridas.

Gráfico 4 – A escola oferece apoio pedagógico para facilitar seu trabalho com os alunos portadores de TDAH?

 Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete
Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Segundo resultado, a escola oferece apoio pedagógico para o trabalho com alunos com TDAH e problemas simultâneos.

De acordo com o Art. 8º As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: I – professores das classes comuns e da educação especial, capacitados e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos.

Gráfico 5 – Quais as maiores dificuldades para alfabetizar os alunos com TDAH?

Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete
Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Segundo resultado as maiores dificuldades são: 33% falta de informação e empenho dos pais, 27% necessidade de encaminhamento dos alunos ao especialista, 20% capacitação dos professores 13% atendimento individualizado aos alunos e 7% outros.

As dificuldades apresentadas na aprendizagem e alfabetização dos alunos com TDAH ocasionam vários conflitos. Nota-se a importância da intervenção pedagógica para encaminhar estes alunos para um possível diagnóstico, para que o transtorno não fique apenas na desconfiança ou rotulações (ROHDE, 1999, p.65).

Gráfico 6 – Em sua opinião, o sistema de inclusão na Escola de ensino regular tem deixado resultados positivos?

Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete
Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Conforme resultado, 60% das professoras declararam que às vezes o sistema de inclusão na Escola de ensino regular deixa resultados positivos.

“A educação inclusiva pode ser considerada uma nova cultura escolar: uma concepção de escola que visa ao desenvolvimento de respostas educativas que atinjam a todos os alunos” (GLAT E BLANCO, 2007, p. 16).

Quadro 1: Que ações de intervenção são utilizadas para a inclusão do aluno com TDAH?

PROFESSOR RESPOSTA
P1 Gosto de organizar o ambiente da sala de modo diferenciado, mudando as crianças de lugar a cada semana para socialização das mesmas.
P2 Tento aproximá-los dos demais alunos através de brincadeiras.
P3 Mantenho o aluno com dificuldade sempre próximo de mim para evitar tumulto na sala.
P4  Trabalho a inclusão dessa criança com as demais ajudando a superar os seus medos e dificuldades.
P5 Coloco na carteira mais próxima da minha mesa e preparo brincadeiras para socialização dos alunos.
P6 Faço atividades de em duplas para interação dos alunos.
P7 De imediato tenho uma conversa para entender o que está acontecendo, após faço uma dinâmica de grupo para a inserção de todos os alunos.
P8 Faço o trabalho de conscientização das crianças a respeito da inclusão com histórias e pequenos textos.
P9 Trabalho em conjunto com a professora de apoio.
P10 Preparo atividades em grupo para que haja interação com as outras crianças da sala.

Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Segundo as professoras as ações de intervenção para a inclusão denota socialização. Vygotsky (1996) declara que a interação social é condição fundamental para o desenvolvimento humano.

Para Barkley (2002) as intervenções devem ser aplicadas de forma coerente, incluir estratégias proativas de como saber manipular eventos antecedentes para evitar comportamentos desafiadores e estratégias reativas, como fornecer consequências, por exemplo, dando reforço positivo imediatamente ao comportamento desejado.

“A educação inclusiva pode ser considerada uma nova cultura escolar: uma concepção de escola que visa ao desenvolvimento de respostas educativas que atinjam a todos os alunos” (GLAT E BLANCO, 2007, p. 16).

Quadro 2: Você utiliza metodologia diferenciada no processo de alfabetização dos alunos com TDAH?

PROFESSOR RESPOSTA
P1 Planejo as aulas adequadas ao nível dos alunos e utilizo recursos didáticos para facilitar o aprendizado do aluno com TDAH.
P2 Eu trabalho as atividades normais com todos os alunos.
P3 Não, porque tem uma professora de apoio pedagógico na sala para acompanhar os alunos com dificuldades de Aprendizagem.
P4 Trabalho com atividades diferentes e metodologias que consistem em facilitar a resolução das tarefas pela criança com TDAH.
P5 Preparo atividades em grupo para que haja interação cognitiva, intelectual e afetiva dos alunos.
P6 Faço o plano de aula com atividades atrativas para atrair a atenção do aluno portador de TDAH, estimulando-o para o processo de ensino aprendizagem.
P7 Incentivo o aluno TDAH através de recompensas e elogios a cada progresso alcançado.
P8 O acompanhamento individual do aluno com TDAH é realizado pela professora de apoio na sala de aula.
P9 Busco sempre trabalhar os conteúdos com metodologia diferenciada para motivar os alunos com TDAH conforme suas potencialidades.
P10 Procuro apresentar os conteúdos de forma lúdica para melhor compreensão.

Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

Conforme resultado, a maioria das professoras apresenta os conteúdos buscando alcançar todos os alunos da sala de aula, utilizando metodologia diferenciada no processo de alfabetização dos alunos com TDAH.

Segundo Barkley (2002, p. 244) “a atenção dos alunos pode ser melhorada com um estilo de aula mais entusiasmada, breve e que permita a participação ativa da criança”. A aprendizagem acontece pela interação, as atividades devem ser adequadas, a criança deve ser estimulada e as regras claras.

“A criança desenvolve inteligência pela sua capacidade de interação com o meio em que vive, seu desenvolvimento intelectual acontece gradativamente, podendo ser lento ou rápido dependendo da troca estabelecida com o próprio meio em que está inserida” (PIAGET, 1978, p. 29).

Alguns alunos apresentam problemas simultâneos como deficiência auditiva e visual comprometendo ainda mais a aprendizagem. “O processo de alfabetização das crianças com TDAH deve ser trabalhado de forma a atender sua especificidade, sem realçar sua deficiência, pela ausência de estímulos necessários para seu desenvolvimento psicossocial” (VYGOTSKY, 1996).

Materiais concretos devem auxiliar no processo ensino-aprendizagem, através do lúdico é possível trabalhar a atenção, concentração, coordenação motora e memória.

Segundo Goldstein (1998, p. 45) “é preciso tornar as tarefas interessantes e fazer a recompensa valer a pena parece ser extremamente importante para as pessoas com TDAH”.

DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa mostra o TDAH como um transtorno que afeta a aprendizagem causando dificuldades na alfabetização da criança, gerando insegurança e ansiedade. Professoras e pais reconhecem e responsabilizam o transtorno do TDAH pelos comportamentos apresentados pelos alunos, o que pode ser verificado no desenvolvimento cognitivo e intelectual dos mesmos, pois “o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é um transtorno real, um problema real e, frequentemente, um obstáculo real” (BARKLEY, 2002, p.35).

Vygotsky (1996) alega que o desenvolvimento depende do contexto familiar, social e escolar em que a criança está inserida. Os pais são os principais agentes da socialização da criança, a escola e o professor tornam-se parte do contexto da criança e de sua família.

A observação e análise dos dados permitiram melhor compreensão em relação ao aprendizado e desenvolvimento das crianças com TDAH:

  1. a) Aspectos que dificultam a alfabetização dos alunos com TDAH: na fase escolar a falta de atenção se manifesta com mais frequência, quando a atividade cognitiva é mais exigida. A impulsividade e a hiperatividade se manifestam pela agitação e precipitação, interrupções e dificuldades para esperar sua vez. O diagnóstico de TDAH é clínico e considerado definitivo somente por um profissional da área de saúde mental.
  2. b) Ação do professor diante do comportamento do aluno portador do TDAH: a convivência entre as crianças com TDAH e as demais é relevante, pois para Vygotsky (1996) socializar significa estabelecer pontes de mediação/interação para construção do conhecimento e não simplesmente ocupar um lugar naquele ambiente e ter de se adequar aos padrões pré-estabelecidos historicamente, sem que modificações mais profundas ocorram na estrutura organizacional e pedagógica do ambiente escolar.
  3. c) Ações de intervenção para a inclusão do aluno com TDAH: a interação social é condição fundamental para o desenvolvimento humano. Nesse contexto, professores e pais são mediadores sociais para a formação das funções psicológicas superiores que são alcançadas através da construção social, a aprendizagem é desenvolvida na criança quando ela interage com pessoas em seu ambiente.

IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Os alunos portadores do TDAH foram identificados como: A1, A2, A3 e A4 e a professora de apoio como PA.

Quadro 3: Os alunos do 3º ano com o diagnóstico de TDAH

ALUNOS DIAGNÓSTICO
A1 Portador do TDAH, Laudo Médico: O A1 tem 8 anos de idade, foi diagnosticado como portador do TDAH, disritmia cerebral e atraso no desenvolvimento mental, deficiência auditiva e baixa visão, faz uso de medicação (Tegretol). Acompanhamento clínico com: psicólogo, otorrinolaringologista, neurologista, oftalmologista e fonoaudióloga.
A2 Portador do TDAH, Laudo Médico: O A2 tem 8 anos de idade, diagnosticado com TDAH atitudes impulsivas, dificuldade em focar, atenção, dispersão mental. Tônus muscular com leve hipotomia que interfere na fala e coordenação visomotora. Faz uso de medicação (Tegretol).  A Psicóloga encaminhou para terapia ocupacional, a fonoaudióloga solicitou atendimento neurológico e avaliação psicológica para verificação do nível de inteligência geral e compreensão linguística. O neurologista indicou acompanhamento psicológico, psicopedagógico e professor de apoio.
A3 Portador do TDAH, Laudo Médico: O A3 tem 8 anos de idade, foi diagnosticado com TDAH e necessita de acompanhamento individualizado em sala de aula. Faz uso de medicação (Tegretol). A psicóloga atestou que o aluno apresenta deficiência intelectual leve e a fonoaudióloga diagnosticou audiometria tonal e vocal.

Segundo relato da mãe tem antecedentes, dois tios maternos com problemas psicológicos. A3 foi acometido de ataque de epilepsia aos 7 meses e aos 6 anos necessitando de oxigênio.

A4 Portador do TDAH, Laudo Médico: O A4 tem 8 anos de idade, foi transferido da APAE com diagnóstico do psicólogo para frequentar conforme legislação vigente a rede pública de ensino. De acordo com seus direito deve ser acompanhado por professores especializados para que haja progresso em seu aprendizado.

Fonte: Pesquisa realizada na Escola Municipal Conselheiro Lafaiete

A pesquisa observou questões que envolvem a aprendizagem e desenvolvimento cognitivo das crianças com TDAH no ambiente escolar, foram abordados os seguintes pontos: a inclusão e as dificuldades na alfabetização dos alunos do 3º ano do Ensino fundamental.

“A observação apresenta como principal vantagem, em relação a outras técnicas, a de que os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação. Desse modo, a subjetividade, que permeia todo o processo de investigação social, tende a ser reduzida” (GIL, 2002, p. 109).

As comorbidades estão associadas ao TDAH. A angústia e ansiedade ocasionadas pelo excesso de desatenção, esquecimentos e hiperatividade no paciente com diagnóstico de TDAH podem agregar novos sintomas e o aparecimento simultâneo de outros transtornos.

Estudos epidemiológicos realizados em crianças portadoras de TDAH documentam uma incidência elevada de distúrbios psiquiátricos comórbidos (RODHE E BENCZIK, 1999).

O tratamento do TDAH se torna mais eficaz quando realizado por uma equipe multidisciplinar, entre profissionais de saúde e educação, com vistas à melhoria da qualidade de vida da criança.

Relatório Cognitivo/comportamental dos alunos A1, A2, A3 e A4:

A1 – aluno assíduo e alfabetizado. Possui deficiência visual e auditiva, mas que não compromete a realização das atividades básicas. A percepção visual é afetada, tem dificuldade em atividades que envolvam a memória visual. A percepção e memória auditiva necessitam de apoio, para melhorar a audição, usa o aparelho auditivo, diariamente, conectado ao microfone da professora regente. É inquieto, se levanta para comunicar com colegas, demonstra interesse pelo ensino e realiza as atividades propostas em sala de aula, pede o auxílio da professora de apoio quando tem dúvidas. Apresenta uma boa leitura, bom relacionamento com os colegas e profissionais da escola, respeitando-os e tratando a todos com educação.

A2 – aluno assíduo, tem dificuldade em concentrar-se nas atividades propostas em sala de aula e  cumprir as regras. Não realiza as tarefas em sua totalidade aparentando desânimo e cansaço, porém logo parte para brincadeiras e outras atividades. Tem dificuldade na leitura e interpretação.

A3 – aluno assíduo, realiza as atividades propostas quando é monitorado pela professora, apresenta dificuldade de concentração. Escreve palavras com sílabas simples e lê pequenos textos. O aluno necessita do auxílio da professora de apoio, uma vez que se distrai com facilidade. Este acompanhamento acontece diariamente e as intervenções são realizadas de acordo com as necessidades do aluno.

A4 – aluno assíduo e convive em harmonia com colegas, apresenta desenvolvimento lento em relação à sua idade. Não domina as habilidades de leitura, escrita e interpretação. Revela coordenação motora fina e grossa, sequência lógica, percepção visual inadequada à sua idade. O aluno apresenta dificuldades em ouvir e entender o comando, necessitando de concentração do olhar para entendimento dos fatos. Apresenta dificuldades de dicção, o que também pode estar comprometendo seu rendimento escolar.

Dos alunos observados o A1 apesar das dificuldades referentes ao TDAH, em relação aos conteúdos trabalhados, dentro de suas limitações, acompanha o nível dos demais alunos de sua sala. O A2 se mostra desatento, gosta de realizar as atividades em dupla com o A1 por se sentir protegido pelo mesmo.  A3 o mais hiperativo dos alunos pesquisados. O A4 demonstra maior dificuldade na retenção da aprendizagem.  De acordo com a PA (Professora de Apoio) a avaliação dos alunos pesquisados é realizada através de PDI (Plano de Desenvolvimento individual). O trabalho da professora de apoio é de extrema importância e contribuição no processo de desenvolvimento do aluno com TDAH, acompanhando-o junto aos demais alunos na sala.  Verificou-se que a professora de apoio oferece aos alunos com TDAH uma educação diferenciada na sala de reforço.

A observação apresenta como principal vantagem, em relação a outras técnicas, a de que os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação. Desse modo, a subjetividade, que permeia todo o processo de investigação social, tende a ser reduzida. (GIL, 2002. p. 109)

CONCLUSÃO

Face ao exposto conclui-se que os efeitos do TDAH e as dificuldades apresentadas na fase da alfabetização podem ser amenizados, possibilitando às crianças o desenvolvimento cognitivo, afetivo e emocional através de metodologias e intervenções que valorizam suas potencialidades e criatividade. Para tanto, é fundamental conhecer a história do aluno e suas dificuldades.  O papel da família, escola e professor é fundamental no sentido da inclusão da criança portadora do TDAH. É essencial a aplicabilidade da inclusão através da intervenção do professor, oportunizando a interação com os demais alunos no enfrentamento de situações diversas na sala de aula como conflitos, diálogos, resolução de problemas e limitações.

Nesse contexto, as intervenções proporcionam a compreensão das regras, permitem a execução de atividades e estimulam a confiança mútua, reforçam comportamentos positivos e estimulam a participação, inibindo as características do TDAH, contribuindo para a redução da desatenção e impulsividade, fortalecendo a concentração, persistência e autoconfiança.

O acesso a realidade da criança possibilita a constatação das dificuldades do aluno com TDAH, canalizando ao conhecimento de fatos e situações manifestas na convivência social oferecendo uma resposta satisfatória a esta questão. O registro das informações proporcionado pela interação professor-aluno corrobora a importância da metodologia empregada, envolvendo aspectos cognitivos, comportamentais, sociais e afetivos, considerando cada aluno como um ser social.

O estudo possibilitou elementos para responder ao problema de pesquisa, favoreceu a constatação das hipóteses, facilitando a obtenção dos dados dos objetos estudados, canalizando ao conhecimento de fatos e situações manifestas na convivência social oferecendo uma resposta satisfatória a esta questão. O registro das informações levou em consideração os objetivos da pesquisa.  Portanto, a contribuição para a escola campo foi mostrar que a inclusão é imprescindível no processo de ensino-aprendizagem, bem como na alfabetização da criança.

A valorização da criança com TDAH e sua educação devem ser priorizadas em todos os seguimentos da vida, pois é um processo de formação onde a família, a escola e a sociedade são responsáveis.

REFERÊNCIAS

ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Cartilha DIREITO DOS PORTADORES DE TDAH (Doutrina – Jurisprudência). Disponível em: http://www.tdah.org.br/images/stories/site/pdf/cartilha_legislacao.final.pdf. Acesso em: 27 junho 2016.

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CID-10. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Capítulo V F00-F99: Classificação de Transtornos Mentais e Comportamentais. USP, 1988.

CYPEL, Saul. Déficit de Atenção e Hiperatividade. São Paulo: Lemos Editorial, 2001.

DSM-IV-TR- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed, Porto Alegre, 2002.

FERNANDEZ, A. A inteligência aprisionada: Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

GLAT, Rosana; BLANCO, Leila de M. V. (org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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HALLOWEL, E. & JOHN RATEY (Trad. CARVALHO, André) Tendência a discussão: identificação e gerência do distúrbio do déficit de atenção da infância à vida adulta. Rio de Janeiro: 1998.

MATTOS, P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno o Déficit de Atenção e Hiperatividade em Crianças, Adolescentes e Adultos. São Paulo: Editora Lemos, 2003.

PIAGET, Jean. Problemas de Epistemologia Genética. (Tradução de Célia E. A. Di Piero). In: Piaget/Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

ROHDE, L. A. & BENCZIK, E. B. P. Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade. O que é? Como posso ajudar? Porto Alegre: Artmed /editora, 1999.

ROHDE, Luís A.; MATTOS Paulo e cols. Princípios e Práticas em Transtorno do Déficit de atenção/Hiperatividade. Porto Alegre: ARTMED, 2003.

TOPCZEWSKI, Abram. Hiperatividade: como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

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VYGOTSKY, L. S. Obras completas: fundamento de defectologia. Cuba-Havana: Editorial Pueblo e Educacion, 1989, v. 5.

VYGOTSKY, L.S. A Formação social da mente. 5ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

[1] Graduada em Pedagogia, Pós-graduada em Psicopedagogia, Mestranda em Ciências da Educação pela Unigrendal.  Rua Pe. André Colli, 35 – Bairro Nossa Sra. de Fátima – Resplendor/ MG, Brasil. E-MAIL: [email protected]

[2] Doutor em Educação, professor da The Grendal College And University – GCU

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Gleslei Moraes de Oliveira

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