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Movimento pro-ana e pro-mia na internet: uma análise a partir dos webblogs brasileiros

RC: 21118
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CONTEÚDO

ESTUDO DE CASO

MESQUITA, Lucas rocha [1]

MESQUITA, Lucas Rocha. Movimento pro-ana e pro-mia na internet: uma análise a partir dos webblogs brasileiros. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 09, Vol. 12, pp. 40- 48 Setembro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por graves alterações do comportamento alimentar, sendo os principais a anorexia e bulimia nervosa. O movimento pró-anorexia (PRO-ANA) e pró-bulimia (PRÓ-MIA) trata da adoção da anorexia e da bulimia, como estilo de vida, difundindo, debatido com outras adeptas a partir da internet. O presente trabalho objetiva analisar o crescimento de weblogs voltados ao movimento PRO-ANA e PRO-MIA mediante pesquisa realizada no motor de busca Google®, utilizando a ferramenta de pesquisa avançada por blogs brasileiros no período de 2006 a 2016. Encontrou-se 59 weblogs, 17 ainda ativos, observa-se um crescimento do número de blogs sobretudo a partir de 2011, dado a popularização da internet no país. Alguns destes blogs chegam a obter 200 mil visitas, mostrando sua capacidade de alcance, influência e procura. A influência da internet no desenvolvimento de transtornos alimentares baseia-se no fato dos usuários verem e disseminarem estes transtornos como estilo de vida e não como uma patologia. O crescimento de blogs que tratam os transtornos alimentares como um estilo de vida representa, sua procura e difusão representa um importante problema de saúde pública, dado as consequências associadas tais como a influência destas informações sob o desenvolvimento destes transtornos em pessoas predispostas.

Palavras-chave: Ciências da Saúde, Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos, Comportamento Alimentar, Mídias Sociais, Saúde Pública

INTRODUÇÃO

Os transtornos alimentares são definidos como distúrbios psiquiátricos caracterizados por graves alterações do comportamento alimentar e que afetam, na sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, podendo originar sérios prejuízos biológicos, psicológicos e aumento da morbidade e mortalidade, os dois principais transtornos alimentares atualmente são anorexia e bulimia nervosas (BORGES, 2006).

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar, caracterizado pela perda de peso intensa à custa de dietas rígidas auto-impostas em uma busca desenfreada da magreza, o transtorno cursa ainda com distorção da imagem corporal e frequentemente amenorreia (ABREU; CANGELI FILHO, 2004).

Já a bulimia, pode ser definida um transtorno alimentar caracterizado pela excessiva ingestão de alimentos de forma muita rápida e com a sensação de perda de controle, quadro conhecido por episódio bulímico, estes são seguidos de métodos compensatórios como forma de controle de peso, como vômitos auto-induzidos, uso de medicamentos, dietas, exercícios físicos, abuso de cafeína ou uso de cocaína (ABREU; CANGELI FILHO, 2004).

De um modo geral, estes transtornos variam para anorexia entre 0,5 e 3,7% e para bulimia de 1,1% e 4,2% na população mundial (PINZON; NOGUEIRA, 2004) e tem por fatores predisponentes traços de personalidade (baixa autoestima, obsessão, perfeccionismo, impulsividade e instabilidade afetiva, transtornos de ordem psiquiátrica como depressão, ansiedade e dependência de substancias, tendência a obesidade, fatores familiares como rigidez, intrusividade e evitação de conflitos, desorganização e falta de cuidados e fatores socioculturais, como o ideal cultural de magreza como padrão absoluto de beleza (MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002)

O movimento pró-anorexia (PRO-ANA) e pró-bulimia (PRÓ-MIA) data do início dos anos 2000 e trata-se de uma forma abrangente da adoção da anorexia e da bulimia, conhecidos transtornos alimentares, de repercussões severas à saúde, como um estilo de vida, adeptos do movimento realizam a difusão, debate e interação entre outras adeptas, simpatizantes, curiosos e público em geral que busca informações sobre essa ideologia a partir da internet (REIS, 2008).

No Brasil, o movimento tem início em 2002, com a criação dos webblogs, e potencializando-se a partir de 2004 com a criação e popularização dos sites de relacionamento (SOARES; ARAGÃO, 2006).

Conforme SILVEIRA JR; REIS (2009) o movimento PRO-ANA e PRO-MIA apresenta características fundamentais que permitem sua difusão e perpetuação no meio virtual permite, as principais são o caráter de anonimato que o espaço virtual e o apoio mutuo, muitas vezes conferindo até mesmo caráter de sociedade secreta entre estas comunidades virtuais.

Neste contexto, o presente artigo tem por objetivo analisar o crescimento de páginas virtuais (webblogs) voltadas ao movimento PRO-ANA e PRO-MIA no período de 2006 a 2016.

METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de um levantamento bibliografico de caráter descritivo. Os resultados aqui mostrados foram obtidos a partir de pesquisa realizada no motor de busca web Google®, utilizando como meio de filtrar e especificar os resultados a ferramenta “Pesquisa Avançada” do próprio motor de buscas.

Os critérios para a corrente pesquisa foram as palavras chave: “pro mia” “pro ana” “pro-mia” “pro-ana” “blogs pro ana pro mia”; idioma português; região de pesquisa Brasil no período de 2006 a 2016.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Utilizando as palavras-chave citadas foram encontrados 59 webblogs diretamente relacionados aos critérios pesquisados, sendo que destes 17 tiveram atualizações até 2016.

Gráfico 1: Blogs ativos x inativos

Fonte: autor

É relevante também ressaltar que de 2006 a 2010 foram encontrados 19 blogs, de 2011 a 2016 este número dobrou (40) fato que provavelmente se dá como fruto da popularização do acesso à internet, sendo que até 2009, o país possuía 67,7 milhões de brasileiros com acesso à internet (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, 2010) enquanto em 2016 esse número saltou para 120 milhões de usuários (UNITED NATIONS ORGANIZATION, 2016).

Alguns destes blogs chegam a obter desde sua fundação até 200 mil visitas, mostrando o poder de difusão e alcance dessas publicações, bem como a influência e procura por este tipo de conteúdo.

Gráfico 2: Blogs criados conforme ano

Fonte: autor

Em todos os resultados obtidos, a autoria do blog é atribuída a indivíduos do sexo feminino, os dados corroboram com os achados na literatura que, em sua grande maioria, caracterizam como principais portadores de distúrbios alimentares mulheres adolescentes ou adultas com idade entre 18 e 30 anos (LEAL et al., 2013).

Outro fato que chama bastante a atenção é a queda progressiva tanto do número de webblogs criados quanto o abandono dessas ferramentas, tal fato pode ser explicado pela avassalador surgimento e popularização dos smartphones e redes sociais populares nesses aparelhos tais como Instagram®, Facebook® e Whatsapp® em 2016 estimou-se que 58% das residências brasileiras dispunha de aparelho celular com acesso à internet (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, 2016).

Gráfico 3: Blogs ativos conforme ano

Fonte: autor

Em 2015, o Projeto de Lei do Senado nº 562, define como crime a disponibilização, em rede internet ou em qualquer rede de computadores, de informações, mensagens ou imagens, subliminares ou explícitas, que induzam ou incitem a anorexia ou bulimia, o projeto segue em tramitação (BRASIL, 2015).

Entretanto mesmo que aprovada a adequada fiscalização da lei anteriormente citada se faz demasiado difícil, dado que determinadas redes sociais permitem a criação de grupos que restringem o acesso as informações apenas aqueles usuários que fazem parte daquela determinada comunidade virtual o que deixa ainda mais evidente o caráter de apoio mutuo e anonimato característico de indivíduos adeptos de comportamentos restritivos como aqueles encontrados nas redes PRO-ANA e PRO-MIA.

CONCLUSÕES

O crescimento de blogs que tratam os transtornos alimentares como um estilo de vida, representam certamente um importante problema de saúde pública, considerando-se as consequências associadas a este quadro, bem como o crescimento e difusão dessas informações, a procura por este tipo de conteúdo na web é outro fato que se configura como outro importante problema de saúde pública haja visto a influência que estas informações podem ter sob outras pessoas predispostas a este transtorno.

Os dados mostrados neste trabalho são, certamente, apenas uma fração muito pequena do que realmente representam os dados divulgados via web, atualmente com as ascensão e disseminação das mais diversas redes sociais, torna-se praticamente impossível se saber como e onde essas informações chegam, entretanto, fica claro aqui que a movimento PRO-ANA e PRO-MIA ainda é um fato presente na internet no Brasil e que mecanismos e políticas de saúde pública voltadas a estra problemática são de extrema relevância.

REFERÊNCIAS

ABREU, Cristiano Nabuco de; CANGELLI FILHO, Raphael. Anorexia nervosa and bulimia nervosa: a psychotherapeutic cognitive-constructivist approach. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 31, n. 4, p. 177-183, 2004.

BORGES, Nádia Juliana Beraldo Goulart et al. Transtornos alimentares-quadro clínico. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 39, n. 3, p. 340-348, 2006.

BRASIL, Senado Federal. Projeto de Lei do Senado nº 562 de 2015. Define como crime a disponibilização, em rede internet ou em qualquer rede de computadores, de informações, mensagens ou imagens, subliminares ou explícitas, que induzam ou incitem a anorexia ou bulimia. Senado Federal. Brasília, 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, Brasilia, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Brasilia, 2016.

LEAL, Greisse Viero da Silva et al. O que é comportamento de risco para transtornos alimentares em adolescentes?. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 62, n. 1, p. 62-75, 2013.

MORGAN, Christina M; VECCHIATTI, Ilka Ramalho; NEGRÃO, André Brooking. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 24, supl. 3, p. 18-23, Dec. 2002.

PINZON, Vanessa; NOGUEIRA, Fabiana Chamelet. Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 31, n. 4, p. 158-160, 2004.

REIS, V. A. Ana e Mia na “nova” rede: comunidades reúnem anoréxicas e bulímicas na Web 2.0. Rumores, São Paulo, v.1, n.2, p. 1-10, 2008.

SILVEIRA JR, Potiguara Mendes da; REIS, Vanessa Alkmin. Vínculos no ciberespaço: websites pró-anorexia e bulimia. Revista FAMECOS, v. 1, n. 39, 2009.

SOARES, A. H. R.; ARAGÃO, P. M. Ame não o que você é, mas o que você pode se tornar: a identidade da rede pró-ana e pró-mia na internet. Polêmica: Revista Eletrônica, Rio de Janeiro, p.1-5, 2006.

UNITED NATIONS ORGANIZATION. Information Economy Report 2017: Digitalization, Trade and Development. United Nations Conference on Trade and Development. Nairobi, 2016.

[1] Nutricionista Residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência (Santa Casa de Misericórdia de Sobral/Centro Universitário INTA – UNINTA). Pós-graduado em Nutrição Clínica e Esportiva (2016) pela Faculdade Futura. Pós-graduando em Bioquímica e Fisiologia na Nutrição (2017) pelo Centro Universitário Mauricio de Nassau (UNINASSAU), Obesidade e Emagrecimento pela Faculdade Unyleya (UNYLEYA) e Nutrição nas Doenças Crônicas não Transmissivéis pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL). Formação em Life Coaching pelo VIVA Coaching. Bacharel em Nutrição pelas Faculdades INTA (2016). Possui aperfeiçoamentos em Atenção Domiciliar pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA/UNASUS) (2016), Gerontologia e Vigilância Sanitária pelo Centro Educacional de Desenvolvimento Profissional (CEDEP) (2018) e Saúde Pública pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo (FAMEESP) (2018). Foi monitor da disciplina de Dietoterapia II no semestre 2015.2,; (2015-2016). Autor de cursos na plataforma de ensino à distância (EAD) Buzzero.com (2015). Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em: nutrição clínica, doenças crônicas, terapia nutricional, informática aplicada à nutrição, educação alimentar e nutricional, dietoterapia, saúde pública, saúde coletiva e saúde do idoso. Atendimento nutricional nas clínicas Climev (Varjota – CE) e Ortoclinic (Sobral – CE) com foco em obesidade e emagrecimento e doenças crônicas não transmissíveis.

Recebido: Janeiro, 2018
Aprovado: Setembro, 2018

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Lucas Rocha de Mesquita

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