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Diagnóstico das Variações Socioambientais Decorrentes da Mudança da Matriz Energética em Manaus

RC: 13342
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CONTEÚDO

NASCIMENTO, Mário Jorge Andrade do [1], VIEIRA, Raimundo Kennedy [2]

NASCIMENTO, Mário Jorge Andrade do; VIEIRA, Raimundo Kennedy. Diagnóstico das Variações Socioambientais Decorrentes da Mudança da Matriz Energética em Manaus. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 01, Vol. 03, pp. 197-213, Janeiro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

A história da matriz energética da cidade de Manaus se inicia quando ainda era consumido combustíveis somente para iluminação residencial e cocção através de lenha, gorduras animais e óleos vegetais. Após esse período inicia a iluminação pública em meados do século XIX, através de querosene e gases combustíveis derivados de petróleo, e em seguida a produção de vapor pela queima de lenha para acionamento de bombas hidráulicas, para armazenamento e distribuição de água potável e transporte coletivo nos bondes a vapor. No final do século XIX, inicia a produção de energia elétrica para transporte coletivo urbano em bondes elétricos e iluminação pública já em lâmpadas de arco voltaico, e daí em diante dá-se somente a substituição de lenha por óleo combustível derivado de petróleo, até a construção da hidrelétrica de Balbina em 1989. Em 2009 inicia a utilização de gás natural em substituição ao óleo combustível para consumo nas usinas termelétricas, feita gradativa pela demora de construção de tubulação de distribuição e conversão de máquinas que até esta data segue sendo feita. Em 2013 a cidade é interligada parcialmente com 100 MW de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN) através da hidrelétrica de Tucuruí, que quando estiver totalmente interligada disporá de 2500 MW de energia. Este artigo tem como objetivo avaliar as alterações de CO2 na mudança da matriz energética do Município de Manaus. Trata-se de uma pesquisa documental, onde utilizou-se periódicos, artigos científicos, livros e banco de dados de instituições que detenham conhecimentos relacionados aos assuntos abordados no artigo. O resultado da pesquisa constatou que a partir de 2014, houve uma regressão na emissão de CO2, ocasionado pelo consumo de energia do SIN, o que beneficia e muito a população da capital.

Palavras-Chave: Matriz Energética, Manaus e SIN.

1. INTRODUÇÃO

A cidade de Manaus cresceu muito a partir da instalação da Zona Franca de Manaus (ZFM) no final da década de 1960, com a vinda de pessoas de outras partes do Estado do Amazonas e de outros estados brasileiros, que em busca de trabalho se instalaram em uma cidade que não oferecia estrutura para abrigar a todos com condições ideais de vida.

Para suprir a carência do Distrito Industrial de Manaus e também da cidade pelo aumento populacional, por energia elétrica, foi construída a hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo com capacidade de 250 MW de potência, a única fonte de geração de energia elétrica diferente da fonte predominante do parque termoelétrico da Eletronorte e produtores independentes movidos a óleo combustível até o ano de 2013.

Mas a cidade continuou a crescer e o parque industrial em poucos anos necessitou de mais energia para atender o crescimento industrial e populacional, o qual foi aumentando o parque termoelétrico movido a óleo combustível.

Com a descoberta da reserva de gás natural em 1986, na bacia de Urucu no município de Coari, surgiram muitas oportunidades ao Estado do Amazonas e a mais imediata delas é a mudança de sua matriz energética, que já ocorre parcialmente, e dá também prioridade para outros seguimentos como: industriais, comerciais, domésticas, transportes e de serviços.

A exploração do gás natural de Urucu iniciou na década de 90 e seu transporte a partir de novembro de 2009 através do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, para a cidade de Manaus, tem nesta data como ponto inicial da utilização do gás natural para produzir energia elétrica, em substituição ao óleo combustível (MENEZES, 2011).

O Estado do Amazonas, somente agora está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica, pois a partir de 2013 passou por Manaus o linhão da hidroelétrica de Tucuruí, mais conhecido como Tucuruí-Manaus-Macapá (VIEIRA, 2013).

Isso abre um leque maior de opções de fornecimento de energia elétrica para Manaus, o que tinha como fonte energética até a década de 1970, somente termoelétrica a óleo combustível, tem agora a conexão do SIN, a hidrelétrica de Balbina e termelétricas a gás natural, além de algumas máquinas a óleo combustível que não foram convertidas para gás por questões logísticas.

A temática “Diagnóstico das variações socioambientais decorrentes da mudança da matriz energética em Manaus” tem como objetivo avaliar as alterações de CO2 na mudança da matriz energética do Município de Manaus.

O desenvolvimento deste artigo justifica-se pois informações que envolvam aspectos ambientais e sociais ocasionados por mudança de performance energética no município de Manaus, é útil para conhecimento da situação socioambiental da capital do Estado mais preservado do Brasil e que além disso, é sede do único polo industrial do país com benefício de incentivos fiscais, e ainda que por conta disso é chamado de paraíso fiscal, e que na defesa do modelo ZFM nossos políticos usam como justificativa para a preservação ambiental aqui existente e apontam que esta preservação é devido ao polo industrial aqui estabelecido.

Como vemos, são mudanças importantes e transitórias que necessitam serem pesquisadas, e os dados obtidos serem divulgados para conhecimento da sociedade e da comunidade científica, que pode aproveitar as informações envolvendo o âmbito social e ambiental como emissões de gases de efeito estufa, emprego e renda, internações hospitalares, economia e renda, oferta de energia, transporte, etc., para tomada de providências úteis para a melhoria de qualidade de vida do povo Manauara.

Portanto, justifica que assunto de tamanha importância, tenha oportunidade de ser aplicado tempo de estudo e trabalho, pois providências úteis de benefício social e ambiental podem ser adotadas.

2. REVISÃO DA LITERATURA

No início da segunda metade do século XX, a crescente preocupação de ambientalistas da comunidade científica e de ativistas com a contínua degradação ambiental, fez com que acontecessem as primeiras tentativas de organizar eventos globais com líderes governamentais com poder de decisão para discutirem medidas para a preservação do meio ambiente.

Após a Conferência de Estocolmo em 1972, que teve participação de 113 representantes governamentais (BARSANO, 2012), teve início a gradativa compreensão de melhorias ambientais no mundo, e os seguimentos industriais despertaram para a realidade de que o planeta Terra está sufocando com tanta poluição e, caiu em descrédito a crença de recursos naturais infinitos, tendo início então a tomada de atitudes ambientais na tentativa de reduzir o ritmo de poluição ambiental.

A matriz energética brasileira é composta de mais de 70% de energia hidrelétrica que ainda hoje é um meio muito almejado de uso, mas que é muito criticada pelos ambientalistas que consideram um meio de produção de energia de muito impacto ambiental (MOREIRA, 2005).

O Brasil iniciou a interligação elétrica, como forma de melhor aproveitamento e planejamento energético que iniciou nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste e expandiu na região Norte através da hidroelétrica de Tucuruí interligando Manaus e Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN) (MERCEDES et al., 2015).

Manaus iniciou a interligação a partir de 2013 e está sendo gradativamente alimentada por energia elétrica produzidas por termelétricas a gás natural, diesel, óleo combustível e por hidroeletricidade e para cada modalidade de produção de energia, há o aspecto ambiental envolvido e também aspecto social (LIMA, 2014).

É notório que a matriz energética atual na cidade de Manaus está bem diferente da matriz energética praticada no início, consequência das disponibilidades das novas tecnologias, escala de demanda, busca e uso de combustíveis mais limpos, cumprimentos de legislação ambiental e programas energéticos dotados de muita atenção política, dentre outras questões.

2.1 ILUMINAÇÃO PÚBLICA/BONDE ELÉTRICO

A iluminação pública na cidade de Manaus teve início na segunda metade do século XIX utilizando candeeiros e lampiões alimentados com óleos vegetais, querosene e gases combustíveis com objetivo de dar segurança à população Manauara no período noturno (LEMOS, 2007). Manaus importou o máximo de beleza moderna da época, implantando aqui iluminação pública elétrica, entre tantas modernidades, despontando como uma das primeiras cidades do Brasil a ter luz elétrica para essa finalidade (SOUZA, 2013).

O sistema de transporte da capital do Amazonas predominantemente era realizado por tração animal, quer seja de carga ou de pessoas até surgirem os primeiros bondes a vapor e logo em seguida os bondes elétricos. Em 1896, na administração do governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, foi inaugurado de forma provisória em 24 de fevereiro o transporte coletivo da cidade por bondes de tração a vapor, implantados pelo engenheiro Frank Hirtst Heblethwaite (MAGALHÃES, 2009).

2.2 HIDROELETRICIDADE

No governo de Eduardo Ribeiro, iniciado em 1892, foi elaborado um plano para coordenar o crescimento da cidade de Manaus, ocasionado pela produção e exportação da borracha e que contava com serviços de transportes coletivo, telefonia, eletricidade e água encanada (ALHO, 2013).

O apogeu do ciclo da borracha na Amazônia foi de 1905 a 1912, pois a partir daí iniciou a produção de borracha na Ásia a preços menores do que os preços da borracha da Amazônia o que teve início a crise econômica no Estado do Amazonas (ALHO, 2013). Durante a escassez financeira, o governo federal fez algumas tentativas para alavancar economicamente a Amazônia, mas no Estado do Amazonas o que teve efeito econômico positivo foi o modelo ZFM (BARBOSA, 2012).

Com a ZFM a cidade se expandiu e para suprir a carência energética do crescimento populacional e atrair mais industrias para o Polo Industrial de Manaus (PIM), foi construída a hidrelétrica de Balbina no lago do Uatumã, no município de Presidente Figueiredo. A hidrelétrica paralisou a sua construção em 1987, dando novamente início em 1989, que embora planejada para produzir 250 MW de energia, produz em média anual 112 MW, contribuindo com apenas 10,5% energia consumida pela cidade de Manaus (RODRIGUES, 2013).

2.3 GÁS NATURAL

O Estado do Amazonas pôde vivenciar nos últimos anos a esperança de uma mudança histórica em seu ciclo de desenvolvimento econômico e social. Trata-se da constatação de uma enorme jazida de gás natural em seu território, em Urucu no município de Coari, distante 670 km por traçado próprio da fonte até a cidade de Manaus (MELO, 2011).

Diante da abundância da reserva, logo foi idealizado o uso como combustível em substituição ao óleo combustível derivado de petróleo utilizado nas termoelétricas de Manaus para produção de energia elétrica, sendo o gás mais limpo e mais barato do que o óleo combustível.

Assim, a Amazonas Energia (AmE) idealizou a conversão das máquinas que consumiam óleo combustível para consumo de gás natural, as de sua responsabilidade e também as de responsabilidade de produtores independentes, o que deixa um alívio financeiro muito significante para a concessionária comparando a substituição de combustíveis, conforme um cenário do ano de 2012 de R$ 1 bilhão feito pela concessionária (FROTA et al., 2011).

2.4 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN)

Segundo Cataia; Silva (2015), o Estado do Amazonas é o maior sistema energético isolado do país, somente Manaus está conectada parcialmente ao SIN a partir de 2013. A conexão de Manaus será gradativa conforme a construção das oito subestações ao longo do traçado do linhão de Tucuruí- Manaus que dimensionado para transporte de até 2.500 MW quando totalmente concluído.

Mas mesmo quando Manaus estiver totalmente interligada ao linhão de Tucuruí, está orientado a não abrir mão da hidrelétrica de Balbina, nem das termelétricas da AmE e também dos produtores independentes, pois haverá necessidade desta energia ser conectada ao SIN no período sazonal energético brasileiro (LIMA, 2014).

2.5 DIÓXIDO DE CARBONO

A sociedade atual tem dependência primordial pela energia elétrica, para acionamento de forças produtivas e a qualidade de vida da população. Mas para a produção de energia elétrica, por qualquer que seja a fonte, de algum modo produz impacto ao meio ambiente.

Dentro desse contexto está incluso a geração de energia elétrica através de usinas termelétricas que são importante fonte de gases de efeito estufa (GEE), que dentre esses gases o de maior volume gerado é o CO2 (COELHO 2014) e o gás que este artigo se propõe a quantificá-lo no período de 2009 a 2015 para a geração de energia elétrica por queima de óleo combustível e gás natural além de hidroeletricidade e SIN.

O dióxido de carbono é um gás incolor, inodoro, não inflamável, atóxico e levemente ácido nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), apresenta as seguintes propriedades físicas e químicas: massa molecular : 44,01 g/mol, densidade relativa 1,519 g/L a 21°C, temperatura crítica = 30,9°C, pressão crítica = 75,34 kgf/cm2 , volume específico= 0,55 m3/kg, temperatura de ebulição = – 78°C, temperatura de sublimação = – 56,6°C, massa específica a 21° CEA 1 atm = 1,833 Kg/m3 (CARVALHO, 2015).

A poluição atmosférica pode ser definida como qualquer substância presente no ar e que, pela concentração, possa torná-la nocivo à saúde, impactante ao meio ambiente, prejudicial à segurança, ao uso da propriedade e atividades normais.

Conforme a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 003 de 8 de junho de 1990, poluente atmosférico é qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem estar público; danoso aos materiais, à fauna e flora; prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (BRASIL, 1990 ).

O CO2, é o gás de efeito estufa antrópico mais importante, sua concentração na atmosfera terrestre aumentou do período pré-industrial de cerca de 280 ppm para 379 ppm em 2005. Essa concentração ultrapassa em muito a faixa natural dos últimos 650.000 anos (180 a 300 ppm), determinado de amostras testemunhos do gelo. A taxa de aumento da concentração do dióxido de carbono na atmosfera foi a maior medida durante os últimos 10 anos (de 1995 a 2005: 1,9 ppm por ano. Comparada com a medida realizada desde o início das medições (média de 1960 a 2005: 1,4 ppm por ano), embora haja oscilações de um ano a outro nas taxas de aumento (ALBUQUERQUE, 2012).

Com o emergir das economias de países em desenvolvimento, o consumo de energia pode duplicar o triplicar nas próximas décadas, e a produção de energia é o principal contribuinte do efeito estufa por emissão de CO2, conforme acreditam os cientistas.

A utilização de combustíveis fósseis não tem previsão de redução em futuro próximo, o que é necessário a utilização de meios diversos para que haja crescimento de consumo de energia, sem com isso crescer a emissão de CO2.

Há diversificação de modos produtivos de energia elétrica por fontes renováveis que cresce no Brasil em ritmo animador, mas não existe a intenção de abrir mão de consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, mas existe alternativas tecnológicas para sequestro de carbono nos processos de combustão de combustíveis fósseis, como medida de mitigação a crescente redução de CO2 no decorrer deste século, na tentativa de manter o efeito estufa controlável, pois depende da emissão de dióxido de carbono (REIS, 2013).

3. METODOLOGIA

O artigo tem natureza de pesquisa aplicada, pois é um trabalho teórico que visa gerar conhecimento para aplicação prática no sistema local, para posteriores tomadas de decisão da matriz energética de Manaus, com objetivos explicativos, pois visa entender o porquê das coisas e identificar os fatores que contribuem para tal ocorrência.

Trata-se de uma pesquisa documental, pois foi realizada em bibliotecas, periódicos, artigos científicos, livros e banco de dados de instituições que detenham conhecimentos relacionados aos assuntos abordados no artigo.

As abordagens são quantitativas pois os dados coletados são quantificáveis, o que significa traduzir em números para classificá-los e analisá-los (PRODANOV, 2013). Os procedimentos para elaboração da pesquisa são de estudo de caso que requerem amplo e detalhado conhecimento do assunto coletado através de pesquisa bibliográfica de período longitudinal.

4. RESULTADOS OBTIDOS

Realizado a identificação das demandas energéticas consumidas na capital do Amazonas no período de 2009 até 2015. A medição retrata diversidade da fonte da energia produzida no intervalo identificado, houve substituição gradativa da matriz energética, que foi a substituição de óleo combustível por gás natural e continua sendo alterada pois algumas máquinas ainda consomem óleo combustível por motivo de prevenção em acidentes no gasoduto, conciliado pela idade da máquina, avaliado o custo da adaptação para queima de gás metano em substituição ao óleo combustível, pela idade e a capacidade, algumas máquinas ainda queimarão óleo.

Também houve no período demandado a interligação gradual ao SIN, o que ainda não está concluída, por conta da construção das subestações ao longo ao percurso de 1.800 km da linha de transmissão de Tucuruí a Manaus. Assim, ao longo do tempo o óleo combustível será totalmente substituído pelo gás natural, que é o hidrocarboneto mais limpo utilizado como combustível na produção de energia termelétrica, que mesmo sendo limpo, será usado para complemento à demanda de consumo que ultrapassar a energia abastecida pelo SIN.

Na realização dos cálculos que iniciaram em 2009, ainda incompletos das mesmas informações existentes a partir de 2010, somente houve alterações da quantidade de energia produzida, mas não houve substituição dos combustíveis, fato ocorrido somente a partir de 2014, que já inclui energia produzida por gás natural e SIN em substituição ao óleo combustível.

Para calcular a quantidade do poluente dióxido de carbono emitida pela combustão de óleo combustível e gás natural foi utilizado fatores de conversão a ser multiplicado pela quantidade de GWh de energia consumida anualmente na cidade de Manaus. Para a produção de energia elétrica através da hidrelétrica de Balbina é considerado zero de emissões atmosféricas, assim também como a energia fornecida pela hidrelétrica de Tucuruí através do SIN não emite poluentes atmosféricos pois entra em Manaus sem ter havido nenhuma interligação a termelétricas e assim é considerado sem emissão de poluentes atmosféricos.

A partir de 2014, o índice de poluição de dióxido de carbono por emitido por GWh de energia produzida ficou abaixo de 180t, quantidade menor de todas as que houve medição desde 2009, ano em que iniciou a medição do quadro energético da capital. Tal redução se deu pelo uso do gás natural em substituição parcial do óleo combustível, e também a interligação inicial da rede energética do SIN à rede elétrica de Manaus.

Em 2015, o índice de poluição atmosférica por CO2, ficou abaixo de 145t por GWh de energia produzida, o que reflete uma significante redução do poluente na atmosfera. Tanta redução se deu pela ampliação do uso do gás natural, um pouco acima de 10% sobre 2014, e de uma grande ampliação no consumo de energia elétrica da rede do SIN que continuará ainda a cumprir mais interligação até atingir 2.500 GWh, o que ainda vai reduzir ainda mais o índice de poluição do meio ambiente em curto espaço de tempo, mas que grandes hidrelétricas na Amazônia já têm seu limite defendido acirradamente pelos ambientalistas que defendem que causa impacto ao meio ambiente.

Avaliando o gráfico de emissão de CO2 no período, há redução de poluição muito acentuada no período medido, acima de 30% de redução na emissão e com garantia do uso por muito tempo de gás natural do Urucu que tem reserva ainda por algumas décadas, mas que nós seguimos interligados ao SIN, que produz energia termelétrica e hidráulica  mas que o Brasil é um dos países que mais investem em produção de energia renovável, permitindo aos poucos a substituição da matriz energética de energias não renováveis por energia renovável.

Tabela 1 - Matriz energética de Manaus de 2009
Tabela 1 – Matriz energética de Manaus de 2009

(1) em 2009, não se monitorava separadamente os dados da Geração Térmica e Térmica locação.

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 2 - Matriz energética de Manaus de 2010.
Tabela 2 – Matriz energética de Manaus de 2010.

(2) inclui consumo próprio [próprio + interno].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 3 - Matriz energética de Manaus de 2011.
Tabela 3 – Matriz energética de Manaus de 2011.

(2) inclui consumo próprio [ próprio + interno ].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 4 - Matriz energética de Manaus de 2012.
Tabela 4 – Matriz energética de Manaus de 2012.

(2) inclui consumo próprio [ próprio + interno ].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 5 - Matriz energética de Manaus de 2013.
Tabela 5 – Matriz energética de Manaus de 2013.

(2) inclui consumo próprio [ próprio + interno ].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 6 - Matriz energética de Manaus de 2014.
Tabela 6 – Matriz energética de Manaus de 2014.

(2) inclui consumo próprio [próprio + interno].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Tabela 7 - Matriz energética de Manaus de 2015.
Tabela 7 – Matriz energética de Manaus de 2015.

(2) inclui consumo próprio [próprio + interno].

Fonte: Elaboração pelo autor com dados retirados de relatórios socioambientais da Eletrobrás Amazonas energia dos anos de 2009 a 2015, adicionado aos cálculos de emissão de CO2.

Não há poluição por CO2 na matriz energética de Manaus por energia hidráulica e pelo SIN porque no fator de emissão do submercado Norte não existe térmicas interligadas na entrada para alimentação da capital, conforme sistemática de cálculo dos fatores de emissão de gás carbônico desenvolvidos em cooperação entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Ministério de Minas e Energia (MME), aprovado pelo conselho executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do protocolo de Quioto (METODOLOGIA ACM0002).

4.1 PLANO DE MITIGAÇÃO DO CO2

Em junho de 1992, durante a ECO 92 no Rio de Janeiro durante a conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, conhecida como “Cúpula da Terra”, foi negociada e assinada por 175 países mais a União Europeia a convenção do quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima, como “uma preocupação da humanidade”.

Em Quioto-Japão, foram estabelecidas metas e prazos relativos à redução ou eliminação das emissões futuras de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa. Tendo em vista o combate ao efeito estufa, o setor elétrico brasileiro age positivamente na preservação ambiental, contribuindo para a sua redução.

A metodologia utilizada para o cálculo das emissões de GEE foi recomendação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), baseia-se principalmente na quantificação do volume de combustíveis fósseis queimados no período a ser medido, transformando esse valor para energia térmica gerada e calculando então o total de emissões, para cada tipo de combustíveis, conforme descrito na Equação 1.

Equação 1 → Ec = Cc*PC*FE

Onde:

  • E= Emissão ( t );
  • Cc= Consumo de combustíveis ( t );
  • PC= Poder calorífico dos combustíveis ( TJ/t );
  • FE= Fator de emissão dos combustíveis ( t/ TJ );

Devido ao processo de combustão não ser completo, tem sempre um residual de carbono que não é oxidado na combustão. Para compensação basta multiplicar o valor das emissões pela fração de carbono oxidado por tipo de combustível, conforme a Tabela 8.

Tabela 8 – Fração de carbono oxidado.

Fração de Carbono Oxidado
Carvão1 0.98
Óleo e produtos de óleo 0.99
Gás 0.995

Fonte: IPCC (1996).

¹Esse valor é uma média global, mas isso pode variar para diferentes tipos de carvão.

Nas estimativas de emissões do parque termelétrico brasileiro, optou-se pela utilização dos fatores de emissão recomendados pelo IPCC. A Tabela 9 apresenta os fatores de emissão considerados.

Tabela 9 – Fatores de emissão de CO2 por unidade de energia medida

Unidade Gás Natural Óleo Combustível
tC/TJ 15,3 21,1
tC/Tcal 64,0 88,3
tCO2/Tcal 234,7 323,7
tCO2/GWh 201,9 278,7
MtCO2/TWh 449,0 773,0
Eficiência térmica 45% 36%

Fonte: Adaptado de La Rovere (1999)

Para a realização do cálculo de emissões de CO2 da energia produzida em Manaus para consumo do município, foram utilizados dados da Tabela 8 e 9, feito a multiplicação da unidade de energia elétrica medida no período de avaliação, pelo fator do combustível utilizado, resultando em quantidade de CO2 emitido no período avaliado, conforme Tabela 10.

Tabela 10 – Fatores de Emissão de CO2 pelo consumo de energia em Manaus.

Unidade Gás Natural* Carvão** Óleo Diesel Óleo Combustível
tCO2/ GWh 210,9 345,7 266,5 278,7

Fonte: Adaptado da Tabela 5.2 (MOLLICA, 2003, p.70)

*Plantas de ciclo combinado. **Carvão das Minas de Jacuí e Candiota (RS).

Segue abaixo Gráfico onde são demonstrados a emissão de dióxido de carbono na matriz energética de Manaus em tCO2/MWh de energia consumida.

Fonte: Dados do quadro da matriz energética de Manaus, elaborado pelo autor (2017).
Gráfico 1. Fonte: Dados do quadro da matriz energética de Manaus, elaborado pelo autor (2017).

Nota-se que a partir de 2014, houve uma regressão na emissão de CO2, ocasionado pelo consumo de energia do SIN, o que beneficia e muito a população da capital.

CONCLUSÃO

Evoluímos na produção de energia, assim como evoluímos na redução da emissão de dióxido de carbono pela substituição do óleo combustível pelo gás natural, e pela interligação da cidade ao SIN, mas que tal diferença logo será alcançada com o aumento de consumo de energia e voltaremos aos mesmos níveis de emissões de 2013, ano anterior às mudanças da matriz energética na capital.

Mas agora existe grande resistência dos ambientalistas na proteção ao meio ambiente à construção de hidrelétricas, principalmente na Amazônia e à produção de vegetais para produção de biocombustíveis, haja vista que os mesmos defendem que existem grandes impactos ao meio ambiente causados pelas hidrelétricas e que para produção de biocombustíveis vegetais há ocupação de grandes áreas agrícolas, que poderiam estar sendo utilizadas para produção de alimentos para a população.

Necessitamos crescer na produção de energia renovável, como por exemplo a energia solar, e aproveitar o alto grau de insolação que temos e tirarmos proveito ambiental da situação privilegiada naturalmente, requerendo da nossa parte planejamento econômico para investimento no setor energético em energia renovável que não cause impacto ao meio ambiente.

A nossa situação energética é bem confortável atualmente, a melhor que já tivemos, mas não devemos nos acomodar, esperar para aproveitar bem esta situação, e sim partirmos já para novas e limpas conquistas energéticas para produzirmos com menos poluição, e aguardarmos a evolução dos veículos elétricos, para reduzir também a poluição provocada pelos meios de transporte, sendo que o carro elétrico já é uma realidade, e substituir gasolina por energia elétrica produzida por energia renovável, que não causa impacto ao meio ambiente.

Assim, a Amazonas Energia (AmE) idealizou a conversão das máquinas que consumiam óleo combustível para consumo de gás natural, as de sua responsabilidade e também as de responsabilidade de produtores independentes, o que deixa um alívio financeiro muito significante para a concessionária comparando a substituição de combustíveis, conforme um cenário do ano de 2012 de R$ 1 bilhão feito pela concessionária (FROTA et al., 2011).

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, L. Análise crítica das políticas públicas em mudanças climáticas e dos compromissos nacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa no Brasil,

ALHO, M.C. O processo do desenvolvimento regional no estado do Amazonas, 2013.

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CARVALHO, E.C. Efeito do uso do dióxido de carbono na fabricação do queijo prato. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2015.

CATAIA, M.; SILVA S.C. Grandes obras hidráulicas no Brasil: novo front de modernização na fronteira Amazônica. III Simposio Internacional de Historia de la Electrificación Ciudad de México, 17 al 20 de marzo de 2015.

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[1] Graduação em Licenciatura Plena em Química pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM, mestrando em Engenharia de Produção pela UFAM, Manaus-AM

[2] Graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestrado em Engenharia Química – Departamento de Engenharia Química e doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente professor da UFAM.

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Mário Jorge Andrade do Nascimento

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