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Manutenção preventiva como instrumento de Segurança em edificações industriais

RC: 24285
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

ALMEIDA, Emerson Douglas [1], CARNEIRO, Gerson Simão [2]

ALMEIDA, Emerson Douglas. CARNEIRO, Gerson Simão. Manutenção preventiva como instrumento de Segurança em edificações industriais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 12, Vol. 06, pp. 136-152 Dezembro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

O artigo objetiva demonstrar como a manutenção preventiva pode se revelar um eficaz instrumento para a segurança de edificações industriais. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória; descritiva e explicativa. No que diz respeito aos meios, é documental e bibliográfica. O artigo começa versando sobre a edificação e a sua durabilidade, explicando como a segurança de uma edificação depende muito da sua vida útil, a qual pode ser estendida através da manutenção preventiva. Após, a manutenção é explorada, iniciando-se por sua história e evolução, conceitos que diversos autores citaram sobre ela, seus tipos – com um foco especial na manutenção preventiva -, e seus custos. Na sequência, pesquisou-se sobre a manutenção preventiva em edificações industriais e suas normas, para, então, imergir na manutenção como instrumento de segurança. Finalmente, apreendeu-se que a inexistência de manutenção nos edifícios causa prejuízo funcional aos sistemas, perda precoce do desempenho e consequente redução da vida útil, o que resulta em maiores gastos com reparos corretivos e reformas, além de comprometer a segurança de uso das instalações e sistemas.

Palavras-chave: Edificações industriais, Manutenção Preventiva, Segurança.

INTRODUÇÃO

Este artigo objetiva demonstrar como a manutenção preventiva pode se revelar um eficaz instrumento para a segurança de edificações industriais.

O trabalho proposto consiste em uma revisão bibliográfica acerca da manutenção, tipos e sua aplicabilidade nas edificações industriais, e foi elaborado com base em artigos, livros, trabalhos e resenhas de diversos autores, bem como consultas a normas e leis.

Assim sendo, a presente pesquisa caracteriza-se como exploratória; descritiva e explicativa. É exploratória por constituir-se na busca de conhecimentos na área de estudo sobre a manutenção preventiva, pesquisa, observação, análise, classificação e interpretação dos fatos coletados e, ainda é descritiva porque se pretendeu expor uma das características das metodologias da manutenção como instrumento de segurança em edificações industriais (VERGARA 2005).

No que diz respeito aos meios, Vergara (2005), qualifica a pesquisa como documental e bibliográfica. Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho realizou-se uma investigação com base nas publicações dos artigos, livros, revistas, jornais e redes eletrônicas dos conceitos aplicados na gestão da manutenção.

O artigo inicia tratando sobre a edificação e a sua durabilidade, comentando como a segurança de uma edificação depende muito da sua vida útil, a qual pode ser estendida através da manutenção preventiva. Em seguida, a manutenção é explorada, iniciando-se por sua história e evolução, conceitos que diversos autores trouxeram sobre ela, seus tipos – com um foco especial na manutenção preventiva -, e seus custos. Na sequência, pesquisou-se sobre a manutenção preventiva em edificações industriais e suas normas, para, então, mergulhar na manutenção como instrumento de segurança. Finalmente, podem ser lidas as considerações finais a que se chegou a partir das pesquisas ora apresentadas.

1. EDIFICAÇÃO E SUA DURABILIDADE

Conforme Ambrosio (2017), a caracterização da vida útil das edificações aconteceu na década de 1990, onde surgiu a necessidade da avaliação do desempenho econômico e da durabilidade de tais empreendimentos, que, segundo Isaia (2011), é a capacidade do produto em manter seu desempenho, características, resistência, condições normais de serviço para as quais foi planejado, durante certo período de tempo, anteriormente especificado.

A durabilidade da edificação, consoante Ambrosio (2017), depende da vida útil adotada em projeto e das manutenções realizadas no imóvel, evidenciando-se a importância da realização periódica da manutenção predial a fim de ampliar a durabilidade do edifício e de todos os seus componentes e sistemas.

Para Ferreira (2010), uma edificação apresenta uma característica que a diferencia dos demais bens, uma vez que a mesma apresenta uma vida útil consideravelmente grande, e para que esse prazo seja realmente alcançado com um bom funcionamento dos sistemas que a compõe, é fundamental a prática da manutenção.

2. MANUTENÇÃO

2.1 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO

Logicamente, a história da manutenção acompanha o desenvolvimento industrial da humanidade. Otani e Machado (2008) contam que no fim do século XIX, com a mecanização das indústrias, surgiu a necessidade das primeiras restaurações. Até 1914, a manutenção tinha importância secundária e era executada pelos operários.

Foi a partir da década de 50 que, nos Estados Unidos, urgiu o desenvolvimento tecnológico pós-guerra, o que ocasionou a divisão das áreas da produção e da manutenção (OTANI; MACHADO, 2008). A partir daí, a manutenção foi só evoluindo, podendo-se ser dividida em três gerações, como pode se ver na figura abaixo:

Figura 1 – Etapas da evolução da Manutenção

FONTE: OTANI; MACHADO, 2008.

Na figura acima lê-se que (MORAES, 2004):

1ª geração (1930 a 1940): é caracterizada pelo conserto após a falha ou manutenção emergencial;

2ª geração (1940 a 1970): é caracterizada pela disponibilidade crescente e maior vida útil dos equipamentos, pelas intervenções preventivas baseadas no tempo de uso após a última intervenção, pelo custo elevado de manutenção quando comparado aos benefícios, pelos sistemas manuais de planejamento e registro das tarefas e ocorrências de manutenção e posteriormente pelo início do uso de computadores grandes e lentos para execução dessas tarefas;

3ª geração (desde 1970): é caracterizada pelo aumento significativo da disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos, pela melhoria na relação entre o custo e o benefício da manutenção, pelas intervenções nos equipamentos baseadas na análise da condição e no risco da falha, pela melhor qualidade dos produtos, pelo controle dos riscos para a segurança e saúde do trabalhador, pela preocupação com o meio ambiente, por computadores portáteis e rápidos com potentes softwares para intervenções e gerenciamento da manutenção, além do surgimento dos grupos de trabalho multidisciplinares.

Percebe-se, através disto, que a manutenção tem procurado novos modos de pensar técnicos e administrativos, já que as novas exigências de mercado tornaram visíveis as limitações dos sistemas de gestão de cada época.

2.2 CONCEITO DE MANUTENÇÃO

De acordo com Monchy (1987, p.3), “o termo manutenção tem sua origem no vocábulo militar, cujo sentido era manter nas unidades de combate o efetivo e o material num nível constante de aceitação“.

Manutenção é definida como o “conjunto de atividades a serem realizadas ao longo da vida total da edificação para conservar ou recuperar a sua capacidade funcional e de seus sistemas constituintes de atender às necessidades e segurança dos usuários” (NBR 15575-1, 2013).

SLACK et al. (2002, p.644) classificam os seguintes objetivos da Manutenção:

1) Redução de Custos: através da Manutenção Preventiva podem-se reduzir defeitos, impactando em menos ações corretivas, as quais têm valor de custo mais elevado que as ações de prevenção;

2) Maior Qualidade de Produtos: equipamentos em estado perfeito de funcionamento garantem a qualidade dos produtos finais;

3) Maior Segurança: setor produtivo limpo e em boas condições de operação propicia maior segurança, confiança e motivação aos trabalhadores;

4) Melhor Ambiente de Trabalho: ambiente de trabalho limpo, seguro e organizado através de atividades da Manutenção Autônoma, melhoram o nível de trabalho dos funcionários;

5) Desenvolvimento Profissional: o programa de Manutenção Produtiva Total desenvolve novas habilidades e também crescimento profissional aos trabalhadores pelo seu envolvimento direto nas decisões de aumento de produtividade da empresa;

6) Maior vida útil dos equipamentos: o programa objetiva o aumento da vida útil dos equipamentos, através de ações de prevenção e melhorias específicas nos equipamentos;

7) Maior confiabilidade dos Equipamentos: equipamentos bem cuidados têm intervalos de tempo maiores de uma falha para outra, o que resulta em maior disponibilidade e velocidade de produção;

8) Instalações da Produção com maior valorização: instalações bem mantidas têm maior valor de mercado;

9) Maior Poder de Investimento: a redução de custos obtida através da TPM tem relação direta com o aumento de investimentos, o que beneficia os acionistas os funcionários e a comunidade ao entorno da empresa;

10) Preservação do Meio Ambiente: com o bom regulamento das máquinas, advindo da TPM, há economia de recursos naturais e diminuição dos impactos ambientais.

Dessa maneira, diante dos objetivos supracitados da manutenção, Monchy (1989) demonstra como ela mantém interface com os outros setores da instituição:

Figura 2 – Interfaces da manutenção.

FONTE: MONCHY (1989, p. 5).

A manutenção é considerada estratégica para as organizações, pois ela garante a disponibilidade dos equipamentos e instalações com confiabilidade, segurança e dentro de custos adequados (XAVIER, 2003).

Já a manutenção de edificações industriais – objeto deste estudo – compreende questões muito além de manter a edificação em bom estado, como questões legais, sociais, econômicas e ambientais sendo algumas variáveis que estão envolvidas no processo de manutenção (FERREIRA, 2010).

Destaca-se, portanto, que ao mesmo tempo em que o procedimento de manutenção de edificações contribui para a garantia da vida útil de um imóvel, o mesmo é importante para a preservação das fontes de recursos naturais, à medida que esse processo evita a necessidade de construção de um novo empreendimento.

2.3 TIPOS DE MANUTENÇÃO

Segundo Xavier (2003), são estes os tipos de manutenção:

  • Manutenção corretiva é a atuação para correção de falha ou do desempenho menor que o esperado. É oriundo da palavra “corrigir”.

A norma da ABNT (NBR 5462-1994) escreve que a manutenção corretiva é a manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item em condições de executar uma função requerida.

Segundo SLACK et al. (2002, p. 645), a manutenção corretiva ”significa deixar as instalações continuarem a operar até que quebrem. O trabalho de manutenção é realizado somente após a quebra de o equipamento ter ocorrido […]”.

Conforme Xavier, a manutenção corretiva pode ser dividida em duas fases (XAVIER, 2003):

Manutenção corretiva não planejada – correção da falha de maneira aleatória, ou seja, é a correção da falha ou desempenho menor que o esperado após a ocorrência do fato. Esse tipo de manutenção implica em altos custos, pois, causa perdas de produção e, em consequência, os danos aos equipamentos é maior;

Manutenção corretiva planejada – é a correção que se faz em função de um acompanhamento preditivo, detectivo ou até mesmo pela decisão gerencial de se operar até ocorrer à falha.

Manutenção Preditiva – é um conjunto de atividades de acompanhamento das variáveis ou parâmetros que indicam o desempenho dos equipamentos, de modo sistemático, visando a definir a necessidade ou não de intervenção.

Manutenção preditiva, conforme a norma da ABNT (NBR 5462-1994), são as manutenções que permitem garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de amostragem para reduzir a um mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva.

Esse tipo de manutenção é conhecida como CBM — CONDITION BASED MAINTENANCE — ou manutenção baseada na condição. Essa manutenção permite que os equipamentos operem por mais tempo e a intervenção ocorre com base em dados e não em suposições (XAVIER, 2003).

Manutenção Detectiva – é a atuação efetuada em sistemas de proteção ou comando, buscando detectarem falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção (XAVIER, 2003).

Manutenção Preventiva – é a atuação realizada para reduzirem falhas ou queda no desempenho, obedecendo a um planejamento baseado em períodos estabelecidos de tempo.

A manutenção preventiva, conforme a norma da ABNT (NBR 5462 – 1994) é a manutenção efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item.

“(…) Visa eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas por manutenção (limpeza, lubrificação, substituição e verificação) das instalações em intervalos de pré-planejados” (SLACK et al., 2002, p.645).

Segundo Monchy (1987, p.39), “é a manutenção efetuada com intenção de reduzir probabilidade de falha de um bem ou a degradação e um serviço prestado”.

Para Xavier (2003), um dos segredos de uma boa preventiva está na determinação dos intervalos de tempo.

Destaca-se que, segundo Xavier (2003, p. 5), “a organização que utilizar a manutenção corretiva, mas incorporando a preventiva e a preditiva, rapidamente estará executando a engenharia de manutenção”.

2.4 CUSTO DA MANUTENÇÃO

Conforme Zen (2008), o custo é um dos principais indicadores da atividade de manutenção, representando a somatória básica das seguintes parcelas: custos de intervenção de manutenção (recursos materiais, sobressalentes e mão de obra), custos próprios (internos) da equipe de manutenção, tais como administração, treinamento, etc.. e os custos de perdas de produção (se houver), além do custo da perda de oportunidade pela falta do produto se houver demanda.

A NBR 15575-1 explica que a manutenção é economicamente relevante no custo global do empreendimento, não podendo ser realizada de modo improvisado, sendo entendida com um serviço técnico especializado.

3. MANUTENÇÃO PREVENTIVA EM EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS

Depois de discorrer sobre os tipos de manutenção, pôde-se perceber que, de acordo com a tendência mundial, entender o tipo de manutenção adequada para cada organização é fator de sucesso, garantia de otimização nos processos e, por conseguinte, à atividade receber lucros, ou seja, não apenas garantir a sobrevivência das organizações, mas possibilitar-lhes crescimento e expansão.

Sobre isso, pode-se dizer que, para cumprir sua função atendendo aos requisitos mínimos de desempenho, uma edificação deve obrigatoriamente sofrer interferências de manutenção ao longo de sua vida útil. Essas atividades são propostas pela NBR 5674, que trata de manutenção de edificações.

Em estudo realizado pelo IBAPE (2012), constatou-se que, no ano de 2012, 66% dos acidentes prediais têm como provável causa de origem a falta de manutenção, considerando edifícios com mais de 30 anos e dados publicados pela imprensa e cadastrados no Corpo de Bombeiros, do estado de São Paulo.

O IBAPE (2012) ainda ressalta que a manutenção feita de forma inadequada e sem critérios técnicos, pode ser falha e acarretar gastos sem os benefícios esperados, com prejuízo aos usuários, desvalorização acentuada do imóvel, impedimento ao uso, ações judiciárias por negligência, entre outros danos.

Segundo Gomide (2009), a verba média necessária à manutenção predial representa cerca de 1% do custo total da edificação ao ano. Significa que a estimativa da taxa condominial média no Brasil é a metade do que seria se fossem incluídos os valores destinados à manutenção predial.

De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2013), a falta do sistema de manutenção pode causar redução precoce da vida útil de um sistema, sendo necessário salientar a importância da realização integral das ações de manutenção pelo usuário para se atingir a vida útil de projeto dos sistemas.

Vale salientar que a NBR 5674/2013 determina que qualquer procedimento de

manutenção deve atender às especificações do manual de uso, operação e manutenção da edificação, sendo este, entre outros, parte integrante da estrutura de documentação e registro de informações permanentemente atualizados que o sistema de manutenção deve possuir, como se vê na figura a seguir.

Figura 3 – Desempenho ao longo do tempo

FONTE: NBR 15575

A NBR5674/2012 estabelece os requisitos para o sistema de gestão de manutenção de edificações. O objetivo é orientar sobre os procedimentos a serem tomados para se programar o sistema de manutenção, visando a proteção ou recuperação das condições ambientais adequadas a seu uso. Tais procedimentos não devem alterar a função de uso da edificação, e sim prevenir ou corrigir a redução do desempenho causada por deterioração, ou suprir novas necessidades dos usuários.

Segundo a NBR 5674/2012, são três os tipos de manutenção: a Manutenção Rotineira, caracterizada por serviços de menor complexidade e padrão definido, com fluxo constante de serviços, podendo ser executados por mão de obra de contratação permanente da edificação; Manutenção Preventiva, que exige planejamento prévio para execução dos serviços, com a consideração das solicitações dos usuários e do programa de manutenção, tratando das condições de durabilidade e deterioração dos componentes em questão; Manutenção Corretiva, que inclui serviços emergenciais ou essenciais, que necessitam intervenção imediata para que a edificação não deixe de atender os critérios mínimos de desempenho e segurança ao usuário (NBR 5674/2012).

Já a NBR 14037/2014 apresenta diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações. Ela estabelece os requisitos mínimos necessários para a elaboração e apresentação dos conteúdos do manual de uso, operação e manutenção das edificações. Conforme o escopo da referida norma, os manuais devem ser elaborados e entregues pelo construtor e/ou incorporador, com objetivo de informar ao consumidor as características técnicas da edificação, bem como descrever os procedimentos adequados e obrigatórios para uso e manutenção da edificação e operação dos seus equipamentos, visando a prevenção de falhas ou acidentes decorrentes do uso inadequado, e alcançar a vida útil de projeto da edificação.

Também é apresentada a estruturação exigida na elaboração dos manuais. Esta norma estabelece os objetivos que os manuais deve obrigatoriamente cumprir (NBR 14037, 2014):

a) Informar aos proprietários e ao condomínio as características técnicas da edificação construída;

b) Descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para à conservação, uso e manutenção da edificação, bem como para a operação dos equipamentos;

c) Em linguagem didática, informar e orientar os proprietários e o condomínio

com relação às suas obrigações no tocante à realização de atividades de manutenção e conservação, e de condições de utilização da edificação;

d) Prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes decorrentes do uso inadequado;

e) Contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto.

Conforme a já citada NBR5674/2012,

o programa consiste na determinação das atividades essenciais de manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de referência, referências normativas, e recursos necessários, todos referidos individualmente aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos, componentes e equipamentos.(ABNT, 2012).

Segundo Zanotto et al (2015, p. 284), a manutenção deve receber devida importância na fase de concepção do empreendimento, à partir da crescente demanda dos usuários por imóveis mais duráveis e a preocupação com a redução dos custos de manutenção ao longo da vida útil da edificação.

A NBR 15575 (ABNT, 2013) estabelece como critérios de manutenção o favorecimento das condições de acesso para inspeção e manutenção predial. Condição que se define pela elaboração de um sistema de manutenção organizado e adequado às operações de usos da edificação e a correta informação ao proprietário do imóvel através do Manual de Uso, Operação e Manutenção.

4. MANUTENÇÃO COMO INSTRUMENTO DE SEGURANÇA

Respeitando o objetivo deste estudo, que é demonstrar como a manutenção preventiva pode se revelar um eficaz instrumento para a segurança de edificações industriais, vale destacar o que Silva (2013) afirma sobre o assunto.

Segundo o autor, a estrutura da edificação se caracteriza por ser a parte mais resistente de uma construção, desempenhando um papel essencial para a manutenção da segurança e da solidez da edificação (SILVA, 2013). Desta forma, a estrutura tem por função garantir a forma espacial idealizada garantindo integridade à edificação, merecendo manutenção preventiva periódica.

Oliveira (2013), por sua vez, fala sobre as vedações. Segundo ele, as vedações constituem um subsistema da edificação formado pelos elementos que definem e limitam verticalmente o edifício e seus ambientes internos e controla a passagem de agentes indesejáveis. “Esse sistema está associado ao cumprimento e alguns requisitos de desempenhos como: segurança estrutural, isolação térmica, isolação acústica, estanqueidade, segurança ao fogo, durabilidade e economia” (OLIVEIRA, 2013, p.16).

Para a manutenção do desempenho e das características as quais esse sistema foi concebido, algumas orientações são importantes de serem seguidas, a fim de preservar e garantir a vida útil das vedações da edificação, levando em consideração aspectos técnicos de estabilidade, segurança, conforto térmico, acústico e estanqueidade (OLIVEIRA, 2013).

Sobre outro ponto da edificação, Rebelo (2010) destaca que o desempenho dos revestimentos em uma edificação não depende somente da relação dos materiais empregados e suas técnicas de aplicação, mas é fundamental a manutenção após a aplicação de acordo com o uso a que se destina. “A manutenção desse sistema está associada a uma série de atividades programadas que devem prolongar sua vida útil de minimizar os custos desse processo” (REBELO, 2010 p. 10).

As instalações elétricas da edificação, conforme Silva (2013), são os componentes do sistema destinado a distribuir a energia elétrica de forma segura e controlada em uma edificação, conforme projeto específico elaborado dentro dos padrões descritos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Quase que obviamente, deve-se adotar alguns cuidados importantes para a manutenção e preservação desse sistema.

Tais pontos da edificação salientados pelos autores demonstram como para o fator segurança, a manutenção preventiva é o caminho que deve ser tomado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda edificação, seja ela industrial, ou não, é concebida para atender ás necessidades de seus usuários por um longo período de tempo. Porém, normalmente, estes não se planejam para atender as necessidades do seu imóvel ao longo do tempo. Portanto, é de suma importância o planejamento de um sistema de manutenção de modo a orientar ao usuário para corrigir e antever falhas nos sistemas construtivos de sua edificação.

Percebe-se que a inexistência de manutenção nos edifícios causa prejuízo funcional aos sistemas, perda precoce do desempenho e consequente redução da vida útil, o que resulta em maiores gastos com reparos corretivos e reformas, além de comprometer a segurança de uso das instalações e sistemas.

Após este estudo, confirma-se que é importante levar em conta o processo de manutenção preventiva das edificações desde o momento da sua concepção, pois são nas etapas anteriores à entrega da edificação que importantes decisões, que podem influenciar na segurança da edificação, são tomadas.

Deste modo, todos os projetos que compõe o empreendimento devem ser desenvolvidos já levando em conta facilitar as manutenções ao longo da vida útil da obra, de modo a manter um bom desempenho durante a utilização e atender às necessidades de segurança dos usuários.

REFERÊNCIAS

AMBROSIO, Henry Luan Lira. Proposta para elaboração do manual de uso, operação e manutenção para unidade autônoma residencial de uma edificação/ Henry Luan Lira Ambrosio ; orientador, Humberto Ramos Roman, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14037: Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção de edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro, 2011.

______. NBR 15575: Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

______. NBR 12721: Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.

______. NBR 5674: Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.

______. NBR 12721: Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento. Rio de Janeiro, 2007.

______. NBR 16280:Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos. Rio de Janeiro, 2014.

FERREIRA, H.C. A manutenção predial em face a norma NBR 5674/1999 – Manutenção de Edificações – Procedimento. 2010, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

GOMIDE, T. L. F. Reflexos do Planejamento de Manutenção Predial. Téchne, São Paulo, ed. 145, abril 2009. Disponível em http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/145/artigo286584-2.aspx . Acesso em: 11 maio 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA – IBAPE-SP. Cartilha de Inspeção Predial: A saúde dos edifícios. São Paulo, 2012.

MONCHY, François. A Função Manutenção. São Paulo: Durban, 1987.

MORAES, Paulo Henrique de Almeida. Manutenção produtiva total: estudo de caso em uma empresa automobilística. Taubaté: UNITAU, 2004

OLIVEIRA, D. R. B. Estudo comparativo de alternativas para vedações internas de edificações. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2013.

OTANI, Mario; MACHADO, Waltair Vieira. A proposta de desenvolvimento de gestão da manutenção industrial na busca da excelência ou classe mundial. Revista Gestão Industrial. UFAM: Manaus, 2008.

REBELO, André. Desempenho, durabilidade e vida útil das edificações: Abordagem geral. In: Revista Técnico-Científica do CREA-PR. Ed. 1, 2010.

SILVA, G.V.da. Manual do Proprietário: para operação, uso e manutenção das edificações residenciais. São Paulo: Editora Santarém, 2013.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa científica em administração. 6ª ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2005.

XAVIER, Julio Nascif. Manutenção: Tipos e Tendências. Disponível em: http://www.engeman.com.br/site/ptb/artigostecnicos.asp/manutencaotiposetendencias.zip , 2003. Acesso em 28 Mai. 2018.

ZANOTTO, G. et al. Atendimento ao requisito manutenibilidade da NBR 15575:2013 em um empreendimento habitacional. In: SIBRAGEL ELAGEC. São Carlos, 2015.

ZEN, Milton Augusto Galvão. Indicadores de manutenção. Disponível em: http://www.mantenimientomundial.com/sites/mmnew/bib/notas/indicadoresBR.pdf .

Acesso em: 22 mai. 2018.

[1] Pós-graduando do Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), da cidade de Ponta Grossa – PR, 2018.

[2] Professor orientador no Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), da cidade de Ponta Grossa – PR, 2018.

Enviado: Novembro, 2018

Aprovado: Dezembro, 2018

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